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MANUAL CASEIRO DIREITO CIVIL I

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MANUAL CASEIRO 
– Direito Civil – 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
CARREIRAS JURÍDICAS CERS 
DIREITO CIVIL 
MÓDULO I 
Profº Cristiano Chaves 
– MANUAL CASEIRO – 
@dpeemconstrução 
 
– AULA 01 – 
 
1. Noções gerais sobre o Decreto-Lei nº 
4.657/42: Lei de Introdução ao Código Civil: trata-
se de um código de normas (uma norma legal 
sobre as normas legais). 
Lei de introdução a toda e qualquer norma. 
Espécie de código de normas. 
Estrutura da Lei de Introdução às Normas do 
Direito Brasileiro 
 
 Vigência das Normas 
 Obrigatoriedade das Normas 
 
Estrutura da 
LIND 
Integração das Normas 
Interpretação das Normas 
 Aplicação da norma no Tempo 
 Aplicação da norma no Espaço 
 
2. Vigência da Norma Legal 
Qual o momento que marca a existência da norma 
jurídica? A partir do instante de sua promulgação. 
Com a promulgação a lei passa a existir, porém, 
ainda não poderá ser aplicada, somente após a 
publicação, momento em que virá a vocatio legis 
(lapso temporal exigido para que a sociedade tome 
conhecimento da referida lei, de modo que possa 
posteriormente vim a cumpri-la) é que a norma 
passará a ser de cumprimento obrigatório. 
Desse modo, contemplamos que com a 
promulgação a lei ganha existência, mas ainda não 
terá vigência. 
A vigência de uma lei só é alcançada depois de 
cumprida o denominado período da vocatio legis. 
Em regra, toda lei precisa da vocatio legis 
(período razoável de tempo para que dela se tenha 
amplo conhecimento). 
Exceção 
Lei complementar 95/98 
Art. 8º: A vigência da lei será indicada de forma 
expressa e de modo a contemplar prazo razoável 
para que dela se tenha amplo conhecimento, 
reservada a cláusula “entra em vigor na data de 
sua publicação” para as leis de pequena 
repercussão. 
Atenção! Somente pode conter a referida cláusula 
as leis de pequena repercussão. 
Em sentido contrário, leis que não são de pequena 
repercussão não poderão entrar em vigor na data de 
sua publicação, por exemplo, o Código Civil de 
2002, o Novo Código de Processo Civil (2016), 
Lei de Crimes Hediondos, lei que modifica o 
sistema tributário, haja vista que são exemplos 
clássicos de lei de grande repercussão. 
Novo CPC, Art. 1.045. Este código entra em vigor 
após decorrido 1 (um) ano da data de sua 
publicação oficial. 
Contagem do período da vacatio legis: nº de dias. 
Lei complementar 95/98. Art. 8º, §2º: As leis que 
estabeleçam período de vacância deverão utilizar a 
cláusula “esta lei entra em vigor após decorridos (o 
número de) dias de sua publicação oficial”. 
Assim, o período de vocatio legis deve 
corresponder ao número de dias para que se tenha 
amplo conhecimento daquela lei. 
Em que pese a referida norma, o Código Civil, 
bem como, o Código de Processo Civil consagrou 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
o período de vocatio legis em ano, violando assim, 
o dispositivo supra. 
Ausência de previsão expressa do período da 
vocatio legis: 
Dispõe o art. 1º da LINDB: Salvo disposição em 
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 
quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada. 
Art. 1º, §1º Nos Estados estrangeiros, a 
obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, 
se inicia três meses depois de oficialmente 
publicada. 
Ausência do Período de Vocatio Legis 
Território Nacional 45 dias 
Território Estrangeiro 3 meses 
 
Contagem do período da vocatio legis 
Ordinariamente, os prazos do direito são 
computados nos moldes do art. 132 do Código 
Civil1. 
Data a data – em ano. 
Dias – dia a dia, excluindo o 1º e incluindo o 
último. 
Em que pese a regra disposta no código civil, a 
contagem do período da vocatio legis, tem 
regramento próprio. 
Lei Complementar 95/98: Art. 8º, §1º. A contagem 
do prazo para entrada em vigor das leis que 
estabeleçam período de vacância far-se-á como a 
 
1 Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, 
computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do 
vencimento. 
§ 1 Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á 
prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. 
§ 2 Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3 Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do 
de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. 
§ 4 Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
inclusão da data de publicação e do último dia do 
prazo, entrando no dia subsequente à sua 
consumação integral. 
 
 Inclui o 1º 
 Inclui o último 
 Só entra em vigor no dia subsequente ao 
término (a consumação integral). 
- Alteração da norma durante o período de vocatio 
legis 
Uma lei em período de vocatio legis, só pode ser 
alterada por outra, posto que ela já exista 
(existência ocorre com a promulgação). Assim, 
caso seja alterada nesse lapso temporal será 
considerada lei nova, sendo necessário novo 
período de vocatio legis. 
LINDB, Art. 1º. §3º. Se, antes de entrar a lei em 
vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, 
destinada a correção, o prazo deste artigo e dos 
parágrafos anteriores começará a correr da nova 
publicação. 
Atenção! O novo período de vocatio legis 
começará a correr somente “para a parte da nova 
publicação”. 
Novo período de vocatio legis SOMENTE para 
as partes alteradas, de modo que, referente ao 
restante, prossegue o período de vocatio legis 
originária. 
Lei Nova 
LINDB, Art. 1º, §4º. As correções de texto de lei já 
em vigor consideram-se lei nova. 
Mesmo para corrigir erros materiais, será 
necessária lei nova, isso porque já cumpriu o 
período de vocatio legis. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Princípio da continuidade das normas 
O Ordenamento Jurídico adota o princípio da 
continuidade das normas, pelo qual se entende que 
até que venha lei posterior, superveniente que 
revogue a mesma, a referida continuará em vigor. 
Nesse sentido proclama o teor do art. 2º da LIND. 
LINDB, Art. 2º. Não se destinando à vigência 
temporária, a lei terá vigor até que outra a 
modifique ou a revogue. 
Exceção: leis temporárias e excepcionais 
Modificação da Lei 
LINDB, Art. 2º, §1º A lei posterior revoga a 
anterior quando expressamente o declare, quando 
seja com ela incompatível ou quando regule 
inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. 
a) expressa: quando a lei expressamente declare a 
revogação. 
b) tácita: quando o texto da lei nova é 
INCOMPATÍVEL com a anterior, ou ainda, 
quando REGULE INTEIRAMENTE a matéria que 
tratava a lei anterior. 
Desse modo, contemplamos que duas são as 
formas de manifestação da revogação: 1º) de modo 
expresso; 2º) de modo tácito. 
Cuidado! 
LINDB, Art. 2º, §2º A lei nova, que estabeleça 
disposição gerais ou especiais a par das já 
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
*a par = ao lado. 
Assim, uma lei nova que estabeleça disposições ao 
lado das já existentes, NÃO REVOGA e nem 
MODIFICA, pois só revoga se expressamente o 
declare, ou seja, com ela incompatível, de modo 
que, se é ao lado, não se poder-se-á falar em 
incompatibilidade. 
Repristinação 
A revogação da lei revogadora não restabelece os 
efeitos da lei revogada. 
O Ordenamento Jurídico brasileiro não admite o 
fenômeno da repristinação. 
LINDB, Art. 2º, §3º. Salvo disposição em 
contrário, a lei revogada NÃO se restaura por ter a 
lei revogadora perdido a vigência. 
Exceção | Admissão dos Efeitos Repristinatórios: 
Controle de Constitucionalidade Concentrado 
quando houver adeclaração de 
inconstitucionalidade da lei revogadora. 
(Lei nº 9.868, art. 272): Admite a modulação dos 
efeitos da decisão em controle de 
constitucionalidade. Sendo o caso de modulação, a 
lei ficará revogada. Em contrário, (não sendo 
aplicada a modulação dos efeitos) ocorrerá o 
fenômeno da repristinação (a lei declarada 
inconstitucional será tratada como se nunca tivesse 
produzido efeitos). 
 
Aplicação prática: 
1. (31º Concurso MP/SC) Responda objetivamente, 
indicando, se for o caso, os dispositivos legais que 
fundamentam as respostas, mantendo a ordem de 
numeração que se encontra abaixo: (...) – quando 
 
2 Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de 
excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, 
por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos 
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de 
seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser 
fixado. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
entra em vigor a lei promulgada que nada dispõe 
sobre sua vigência? Referido questionamento pode 
ser respondido através do estudo do art. 1º, §1º da 
LIND, o qual esquematizadamente propõe os 
referidos prazos: 
Território Nacional 45 dias 
Território Estrangeiro 3 meses 
 
2. (Concurso MPF) Repristinação, que não é 
aceita pelo sistema jurídico brasileiro, significa: a) 
a eficácia anteriormente produzida por uma lei que 
veio a ser revogada; b) a possibilidade de uma lei 
revogadora produzir efeitos retroativos; c) a 
restauração da lei revogada pela perda de vigor da 
lei revogadora; d) a perda temporária da eficácia de 
uma lei revogadora. 
Lembre-se: No OJ Brasileiro não se admite a 
repristinação, com exceção da declaração de 
inconstitucionalidade da norma. 
3. (CESPE/07) A lei nova que estabelece 
disposições gerais revoga as leis especiais 
anteriores que dispõem sobre a mesma matéria, 
pois não pode ocorrer conflito de leis, ou seja, 
aquele em que diversas leis regem a mesma 
matéria. ERRADA! 
4. (CESPE/08) A derrogação é a supressão total da 
lei. 
Derrogação Revogação parcial. 
Ab-rogação Revogação total. 
 
Obs.: Memorizando - o nome que é separado (ab-
rogação) é revogação total, ao contrário que nome 
em conjunto (derrogação) é parcial. Trocadilho. 
5, (CESPE/08) Considerar-se-á revogada uma lei 
até então vigente quando uma lei nova, aprovada 
segundo as regras do processo legislativo, passar a 
regulamentar inteiramente a mesma matéria de que 
tratava a lei anterior , correto! Trata-se de 
revogação tácita, hipótese em que ainda que a lei 
nova não o declare expressamente, por ser 
incompatível, haverá a revogação. 
Trata-se, em caso, da chamada revogação tácita, 
que ocorrerá em duas hipóteses: 1º quando o texto 
for incompatível; 2º quando regulamente 
inteiramente a matéria que se tratava a lei anterior. 
Revogação 
Expressa Tácita 
Expressamente o 
declare. 
Seja incompatível; ou. 
Regulamente a matéria 
total anterior. 
 
2. Obrigatoriedade das Normas 
LINDB, Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a 
lei, alegando que não a conhece. 
Ninguém pode se eximir do cumprimento de uma 
lei, alegando o seu desconhecimento. Existe uma 
presunção de conhecimento geral das leis. 
Proibição de alegação de erro de direito. 
A referida presunção é relativa, admitindo-se, 
excepcionalmente, a alegação de erro de direito. 
Admissibilidade excepcional do erro de direito 
(CC 139, III, CC 1.561 – autoriza o denominado 
“casamento putativo”, Lei de Contravenções 
Penais, art. 8º e CP 65, II) 
Podemos citar, como exemplo, o disposto ao teor 
do art. 65, II, do Código Penal, o qual prevê como 
circunstância atenuante o desconhecimento da lei. 
Art. 65. São circunstâncias que sempre atenuam a 
pena: II – o desconhecimento da lei. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Novidade! 
CC, art. 139: “O erro é substancial quando: (...) III 
- sendo de direito e não implicando recusa à 
aplicação da lei, for o motivo único ou principal do 
negócio jurídico.” 
O erro como vício de vontade, pode ser o erro do 
direito, e haverá erro de direito para fins de 
caracterização do erro com vício de vontade, como 
defeito do negócio jurídico. 
Exemplo: A pessoa celebra o contrato 
desconhecendo o que proclama a lei. 
- Compra de imóvel na paradisíaca Petrópolis, 
adquiriu com a finalidade de residir, construindo 
em seguida. A Prefeitura veda a construção 
naquela área. Comprador poderá ajuizar ação 
anulatória da compra e venda, posto que o mesmo 
só comprou porque deseja construir no terreno. 
TJ/RJ. 
Leis Cogentes e Leis Dispositivas 
 
 
Leis cogentes 
São aquelas em que não 
se admite a modificação 
de seu teor por 
disposição da parte. 
 
 
 
 
Leis dispositivas 
São aquelas em que se 
permitem as partes a 
modificação de se 
conteúdo. 
 
Art. 4903, CC. 
Despesas no contrato de 
compra e venda. 
 
Conforme a regra do art. 490, CC, todo o custo de 
transmissão está à conta do comprador, contudo, os 
 
3 Art. 490, Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas 
de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do 
vendedor as da tradição. 
custos de entrega, estão a cargo do vendedor. Esta 
disposição pode ser alterada pela via contratual. 
Diante da possibilidade de alteração entre as 
partes, contemplamos que se refere a uma lei 
dispositiva. 
Aplicação prática: 
6. (CESPE/07): As leis, por serem preceitos de 
ordem pública, ou seja, de observância obrigatória, 
sejam cogentes ou dispositivas, têm força 
coercitiva e não podem ser derrogadas por 
convenção entre as partes. ERRADA. 
As leis dispositivas admitem convenção entre as 
partes, sendo, inclusive, essa sua característica que 
a classifica como tal. (possibilidade de convenção 
entre as partes). 
Esquematizando 
Leis cogentes NÃO admitem convenção entre as 
partes. 
Lei dispositivas ADMITEM convenção entre as 
partes. 
4. Integração da norma jurídica 
Integrar significa colmatação, preenchimento da 
lacuna das leis. 
O Ordenamento Jurídico não contém lacunas, 
posto que adota-se a proibição do non liquet (juiz 
não pode se eximir de julgar, sob a argumentação 
de falta de lei ou desconhecimento dela) em 
decorrência disso, é que o Código Civil prevê 
formas/meios de integração da norma. 
A vedação ao non liquet imposta ao juiz. A 
inexistência de lacunas no sistema jurídico. 
NCPC, Art. 376. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Art. 376. A parte que alegar direito municipal, 
estadual, estrangeiro ou consuetudinário provar-
lhe-á o teor e a vigência, se assim o juiz 
determinar. 
O juiz não está obrigado a conhecer lei municipal, 
estadual ou estrangeira (com exceção dos países 
integrantes do Mercosul). 
Caberá as partes a prova. 
O juiz não poderá alegar desconhecimento da lei 
(salvo as hipóteses acima delimitadas, em que 
caberá as partes o ônus), assim como, não poderá 
deixar de aplicar a lei sob alegação de lacuna. 
Se não há lei expressa, o juiz decidirá de acordo 
com a analogia, costumes e princípios gerais de 
direito. 
Métodos de colmatação (integração): analogia, 
costumes e princípios gerais de direito. Ordem 
hierárquica e preferencial. 
Atenção! ORDEM PREFERENCIAL – 1º 
analogia; 2º Costumes e 3º princípios gerais do 
Direito. 
7. (CESPE/13): Em caso de lacuna ou obscuridade 
da lei, o juiz deve recorrer, primeiramente, aos 
princípiosgerais do direito, uma vez que são esses 
princípios que orientam todo o ordenamento 
jurídico: ERRADO, deve recorrer primeiramente a 
analogia, costumes e por ultimo, aos princípios 
gerais do direito. 
Esquematizando 
1º Analogia; 
2º Costumes; 
3º Princípios gerais do Direito 
 
Memorizando: a ordem sequencial obedece a 
ordem alfabética. A-C-P! 
São formas de interpretação de uma norma. 
Analogia – é a colmatação pela comparação. 
Compara-se uma situação não prevista em lei com 
uma outra situação que está tratada em lei. 
Analogia legis: comparação de uma situação 
regulamentada em lei, com outra circunstância não 
tratada em uma lei específica. 
Anologia jus: compara-se uma situação não tratada 
em lei com o ordenamento jurídico/sistema 
jurídico como um todo. Ocorria com a relação a 
união homoafetiva e seu caráter familiar (questão 
já solucionada no STF). O exemplo aplicava tanto 
a analogia legis, quanto a analogia jus. 
Ex.: Art. 499, CC: regulamenta a compra e venda 
entre os CONJUGES, na constância do casamento, 
de bens particulares. Por analogia “legis”, aplica-se 
a referida norma a união estável. 
Atenção! 
No campo do DIREITO PENAL e tributário não se 
admite analogia in malam partem, admitindo-se 
somente a favorável (in bonam partem). 
Costumes 
Secundum legem: quando a própria lei ordena a 
aplicação dos costumes. Nesse caso, estamos 
diante de simples ordem de aplicação da lei. 
CC, Art. 445, §2º, Tratando-se de venda de 
animais, os prazos de garantia por vícios ocultos 
serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta 
desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no 
parágrafo antecedente se não houver regras 
disciplinando a matéria. 
Denota-se que a própria lei ordena a aplicação dos 
costumes. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Contra legem: os costumes desafiam o texto de lei. 
O costume é contrário a norma, e constitui-se em 
abuso de direito. 
Praeter legem (para além da lei): quando os 
costumes são utilizados para outros sentidos. É 
utilizado como meio de integração da norma. 
Diante do exposto, contemplamos que somente o 
costume praeter legem é método de colmatação 
propriamente. 
Princípios Gerais do Direito – (não lesar a 
ninguém, dar a cada um o que é seu e viver 
honestamente) e a distinção com os princípios 
fundamentais do Direito. 
Princípios gerais do Direito (meramente 
informativos) e princípios fundamentais não são 
sinônimos. 
Princípios gerais do 
Direito 
Princípios 
Fundamentais 
São meramente 
informativos. 
Possuem força 
normativa; Ex.: 
princípio da presunção 
de inocência. 
Meios de integração. 
 
Obs.: Humberto Avila 
denomina de meros 
postulados. 
A própria norma prevê 
o princípio e lhe 
confere força 
normativa, obriga, 
vincula. 
 
Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o 
caso de acordo com a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito. 
Equidade 
A equidade difunde a ideia de justiça, possuindo 
alto grau de subjetividade, razão pela qual, só se 
admite o uso da equidade quando previsto em lei, 
quando houver autorização legal. 
A admissibilidade excepcional do uso da equidade. 
A equidade judicial como método integrativo 
excepcional, em verdade substitutivo (CLT 8º). A 
equidade legal (CF 194, Parágrafo Único, V, CC 
944 e 413 – STJ, REsp.48.176/SP). 
Exemplo1: CC, art. 944: “A indenização mede-se 
pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver 
excessiva desproporção entre a gravidade da culpa 
e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização.” 
O juiz pode reduzir o valor da indenização por 
aplicação da equidade, ante a compreensão de 
haver desproporção entre a extensão do dano e o 
valor da indenização. 
Redução quantitativa da indenização. 
Exemplo2: CC, art. 413: “A penalidade deve ser 
reduzida eqüitativamente pelo juiz se a obrigação 
principal tiver sido cumprida em parte, ou se o 
montante da penalidade for manifestamente 
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a 
finalidade do negócio.” 
Poderá aplicar a equidade, ante a previsão em lei. 
8. (TRF-4 a Região) Quando pode ser aplicada a 
analogia na solução do caso concreto? Cite, pelo 
menos, uma área de exceção à sua aplicação. 
Poderá ser aplicada quando não houver lei 
específica (lei for omissa), trata-se de método de 
integração das normas previstas ao teor do art. 4º 
da LIND, e que não será admitida a sua aplicação, 
em sendo maléfica, na seara do direito penal, bem 
como, do direito tributário, visando proteger o 
acusado, e contribuinte, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
9. (CESPE/13) Entende-se por analogia a 
aplicação, a determinado caso concreto, de uma 
norma próxima ou de um conjunto de normas 
próximas, a despeito da existência de norma 
prevista para o referido caso. 
Será aplicada a analogia, somente na hipótese de 
ausência de norma. Se houver, aplica-se a mesma. 
10. (MP/DFT/ 93) A aplicação de norma jurídica 
existente, destinada a rever caso semelhante ao 
previsto na lei, constitui o emprego de: a) analogia 
legis; b) analogia juris; c) eqüidade; d) princípios 
gerais do direito; e) aplicação do costume, 
secundum legem. 
11. CESPE/13) A proibição do non liquet não é 
dirigida ao juiz. 
A proibição do non linquet é direcionado, 
justamente, ao magistrado, viabilizando a 
aplicação da lei através dos métodos de 
colmatação. 
12. (CESPE/13) O costume secundum legem é 
forma de integração da norma jurídica. Trata-se de 
mera aplicação da lei. Será integração da norma 
quando for costumes praeter legem. 
(2x) Revendo  Somente o costume praeter legem 
é método de colmatação propriamente. 
 
5. Interpretação da Norma Jurídica 
Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins 
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem 
comum. 
A interpretação é a busca do sentido e alcance da 
norma, isto significa que toda aplicação da norma é 
precedida de interpretação. 
O art. 5º estabelece que toda interpretação deve ser 
TELEOLÓGICA/SOCIOLÓGICA: porque toda 
interpretação deve atender os fins para os quais ela 
se destina. 
A finalidade social a que se dirige a norma jurídica 
(STJ, REsp.41.110/SP). A interpretação ampliativa 
(direitos fundamentais), restritiva (fiança, aval, 
renúncia e privilégio – CC 114, CC 819 e CCom 
257 e STJ 214) e declarativa (norma de Direito 
Administrativo). 
O resultado da interpretação normativa, pode ser: 
a. ampliativo: amplia-se o sentido das normas 
(direitos fundamentais). 
b. restritiva: (aval, fiança, na seara penal); 
c. declarativa: somente irá declarar, é o caso das 
normas de D. Administrativo. 
6. Aplicação da Norma no Tempo 
Conflito de leis no tempo e os métodos de solução 
hermenêutica. 
Art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, 
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito 
adquirido e a coisa julgada. 
Consagra o princípio da irretroatividade da lei, a 
lei nova aplica-se aos fatos pendentes e futuros, 
mas não se aplica aos fatos pretéritos. Os fatos 
pretéritos não são alcançados pela lei nova, que 
terá efeito imediato e geral, SALVO expressa 
disposição em sentido retroativo. 
Se houver expressa disposição, poderá a lei 
retroagir, observando-se, todavia, a 
parametricidade disposta ao teor do caput, art. 6º. 
Corresponde ao art. 5º, XXXVI, da CF: garantia 
constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Deve respeitar: 
 Ato jurídico perfeito: já exauriu todos os seus 
efeitos. 
 Direito adquirido: já se incorporouao 
patrimônio do titular. 
OBS: não há direito adquirido em face do texto 
constitucional (originário e derivado). 
 Coisa julgada: é a qualidade que reveste os 
efeitos de uma decisão judicial, contra qual não 
cabe mais recurso. 
OBS: Relativização da coisa julgada nas ações 
filiatórias. Podem ser propostas novamente, em 
havendo prova nova. 
 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado 
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos 
que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, 
como aqueles cujo começo do exercício tenha 
termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida 
inalterável, a arbítrio de outrem. 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a 
decisão judicial de que já não caiba recurso. 
Regra específica: intertemporal 
Art.2.035: A validade dos negócios e demais atos 
jurídicos, constituídos antes da entrada em vigor 
deste Código, obedece ao disposto nas leis 
anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus 
efeitos, produzidos após a vigência deste Código, 
aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver 
sido prevista pelas partes determinada forma de 
execução. 
Código Civil para Concursos: O direito 
intertemporal é regido, neste artigo, por dois 
pontos fundamentais: a regra tempus regit actum se 
aplica para a validade especificando que a lei 
antiga continuará a regulá-lo, contudo, os efeitos 
desde ato, desde que não atrelados à validade, 
deverão respeitar a nova lei. 
ESQUEMATIZANDO 
 Existência e 
validade  
Norma do tempo da 
celebração CC/16 
Art.2.035 
 
Eficácia  
Norma atualmente 
em vigor 
CC/2002. 
Aplicação prática: 
13. (79. Concurso MP/SP) Do princípio da 
retroatividade das leis decorre: 
a) que a lei nova não preservará aquelas situações 
já consolidadas em que o interesse individual 
prevalece; 
Comentário: Falso, posto que a norma tem efeito 
imediato, e será aplicada aos fatos pendentes e 
futuros, não sendo os pretéritos alcançados. 
b) impossibilidade de aplicação imediata da lei 
nova; 
Comentário: Falso, a lei tem aplicação imediata. 
c) que a lei velha continuará regrando os casos 
ainda não julgados; 
Comentário: Falso, aos fatos pendentes e futuro 
aplicar-se-á a lei nova, e não mais, a lei velha. 
d) respeito ao direito adquirido, ao ato jurídico 
perfeito e à coisa julgada; Correto, trata-se dos 
limites impostos. 
e) repristinação dos efeitos da lei velha para 
alcançar negócios de execução já iniciada, mas 
ainda não concluída. 
14. (CESPE/13) A respeito da eficácia da lei no 
tempo e no espaço, julgue os itens a seguir. No 
curso de uma relação contratual civil, caso surja lei 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
nova que trate da matéria objeto da relação jurídica 
entabulada, essa nova lei deverá ser aplicada à 
referida relação se apresentar regra mais favorável 
ao devedor. 
Comentário: Falso, a ideia de aplicação da lei mais 
favorável é utilizada na seara penal e no direito 
tributário. 
7. Aplicação da norma no espaço 
No que concerne a aplicação da norma no espaço, 
o direito brasileiro adota uma regra geral, e ao lado 
desta, exceções, em virtude disso, fala-se na 
adoção da territorialidade mitigada. 
 
 
Regra Geral 
Territorialidade: 
no território 
brasileiro, se 
aplica a lei 
brasileira. 
Aplicação da 
Norma no Espaço 
 
 
Exceções 
Territorialidade 
mitigada (Art. 
7º). Admite-se a 
aplicação da lei 
brasileira no 
estrangeiro, ou 
da estrangeira 
no Brasil. 
 
A excepcional possibilidade de aplicação da lei 
brasileira pelas autoridades consulares, mesmo no 
exterior (a nova Lei n.12.874/13). 
Art. 18, §§1º e 2º, LINDB: as autoridades 
consulares podem celebrar separação e divórcio de 
brasileiros no estrangeiro, sem interesse de 
incapazes e dês que assistidas por advogado e de 
modo consensual. 
Brasileiros que estiverem no estrangeiro poderão 
realizar sua separação consensual, sem interesse de 
incapaz, e assistidas por advogados. 
Por outro lado, existem hipóteses em que se admite 
a aplicação da lei estrangeira no território 
brasileiro: estatuto pessoal. 
 Nome 
 Capacidade 
 Personalidade 
 Direito de família. 
Aplica-se, nesses casos, a lei do estatuto pessoal. 
- Norma do domicílio. 
Art. 7º. A lei do país em que for domiciliada a 
pessoa determina as regras sobre o começo e fim 
da personalidade, o nome, a capacidade e os 
direitos de família. 
A aplicação do estatuto pessoal pressupõe uma 
filtragem constitucional, para respeitar a soberania 
brasileira: aferição de compatibilidade da norma. 
Exceções específicas 
Critérios específicos da LINDB: 
bens imóveis: LOCAL EM QUE O BEM 
ESTIVER SITUADO. 
bens móveis que o titular tiver consigo, penhor: 
APLICA-SEA LEI DO DOMÍCILIO DO 
TITULAR. 
lugar dos contratos: Art. 9, §2º4. RESIDÊNCIA 
DO PROPONENTE. 
sucessão: a lei sucessória mais favorável. Art.10, 
LINDB. 
A filtragem constitucional: respeito à soberania. 
Revogação do Parágrafo Único, art. 15, LINDB 
 
4 § 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no 
lugar em que residir o proponente. 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
(STF, Pleno, Petição Avulsa 11/MG, rel. Min. 
Celso de Mello, Informativo STF 121). 
15. (CESPE/13): A lei do país em que a pessoa 
tenha nascido determina as regras acerca do 
começo e do fim da personalidade. 
Comentário: Falso, aplicar-se-á a do domicílio, e 
não do nascimento. 
- Cartas rogatórias ou decisão judicial estrangeira 
podem ser cumpridas/ executadas no Brasil 
Aplicação de decisão judicial estrangeira e o 
exequatur do STJ. Requisitos para a homologação 
de decisão estrangeira: trânsito em julgado (STF 
420), compatibilidade com o ordenamento interno 
e cumprimento das formalidades legais-
processuais. Impossibilidade de homologação de 
decisão estrangeira sobre partilha de bens situados 
no Brasil e conflitos relativos a imóveis situados 
no território nacional. 
- prova do trânsito em julgado; 
- homologação de sentença estrangeira: NCPC 
artigos 960 a 965, CPC: estabelece formalidades 
que precisam ser cumpridas para o exequartur. 
16. (CESPE/13) Em razão da aplicação do 
princípio da justiça universal, as sentenças 
proferidas no estrangeiro terão eficácia no Brasil 
ainda quando ofenderem os bons costumes. 
Comentário: Falso, por violação a soberania do 
Estado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
CARREIRAS JURÍDICAS CERS 
DIREITO CIVIL 
MÓDULO I 
Profº Cristiano Chaves 
– MANUAL CASEIRO – 
@dpeemconstrução 
 
– AULA 02 – 
 
INTRODUÇÃO AO DIREITO CIVIL 
1. Quadro evolutivo do Direito Civil 
1.1 Do Direito Romano até a Revolução Francesa: 
divisão do Direito Civil e Direito Penal. O direito 
romano dividia o sistema jurídico em duas grandes 
dimensões, direito civil e penal, logo, tudo que fosse 
extrapenal, seria direito civil. 
Assim, direito processual civil, direito empresarial, 
direito administrativo, direito do trabalho, etc, 
estavam todos englobados no direito civil. Não 
possuía uma conformidade disciplinar, porque era 
tudo que não fosse penal. Esse contexto prevaleceu 
até a época da Revolução Francesa. 
Corpus iuris civilis (Justiliano): grande estrutura 
legislativa, com inúmeros artigos, e com uma 
percepção clara, tudo que não fosse penal, eradireito 
civil. 
1.2 Revolução Francesa (Code de France, 1804): 
divisão do Direito em Público e Privado 
Com a evolução Francesa inaugura-se um novo 
período. Napoleão (patrocinado pela Burguesia 
emergente), a Burguesia tinha o dinheiro, mas não o 
poder social/político. 
Com a queda da Bastilha e consequente ascensão da 
Burguesia, Napoleão de pose do poder, leva as 
reinvindicações da Burguesia: 1º propriedade 
privada; 2º Pacta sunt servanda "os pactos devem ser 
respeitados". 
Burguesia: não interferência Estatal; os contratos 
fossem livres e a propriedade fosse privada. 
Assim, nesse cenário, Napoleão encomendou um 
novo Código Civil, o direito ganhou uma nova 
estrutura, não mais dividido em civil e penal, mas 
sim em público e privado, de modo que onde não 
havia interesse do Estado prevalecia o direito 
privado. Direito civil: público x privado. 
Após acolher as reinvindicações da Burguesia, mas 
de modo a proteger o poder do Estado, Napoleão 
ascendeu a ideia de Supremacia do Interesse Público 
sobre o Privado, assim sempre que tiver interesse do 
Estado, este prevalece em face do interesse do 
particular. 
Supremacia do Interesse Público sobre o Privado 
- Interesse público: prevalecia a supremacia do 
interesse público sobre o privado. Assim, onde não 
houvesse interesse público prevalecia a autonomia 
da vontade (autonomia privada). 
Interesse do Estado  direito público. 
Sem interesse do Estado  autonomia da vontade/ 
direito privado: era o Direito Civil por excelência. 
1804 – Code de France; 
1896 – Código civil da Alemanhã: BGB. 
Códigos da era Moderna. 
- Codificação: técnica legislativa de nova norma 
para regulamentar determinada matéria, de forma 
sistemática. É valorativa. 
Eram códigos individualistas e patrimonialistas. 
Brasil 
*1916 – Código Civil Brasileiro: individualismo e 
patrimonialismo. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1.3 Constituição Imperial e o Direito Civil. 
A Constituição Imperial determinou que no lapso 
temporal de um ano deveria ser produzido um 
código criminal (1832) e um código civil (somente 
em 1855). 
CC – 1855: Elaborado por Teixeira de Freitas. 
- 1862 entregou ao governo esboço do Código, o 
qual tratava entre seus temas a tutela jurídica do 
nascituro, revisão judicial de contratos e dissolução 
do casamento. 
O governo brasileiro rejeitou a proposta de 
Teixera, porém, foi aceito na Argentina, se 
tornando o código civil do país. 
CC – 1899 Clóvis Beviláquia, apresentando o 
Código Civil nos 6 meses subsequentes. 
O projeto ficou 16 anos em trâmite, sendo 
posteriormente aprovado, com a característica de 
ser um código individualista e patrimonialista. 
Exemplo da característica do individualismo: 
Tutela – 24 artigos regulamentava a tutela, entre os 
quais, 23 deles eram direcionados a proteção do 
patrimônio do tutelado, e um se preocupada com a 
pessoa do tutor, e nem da pessoa do tutelado. 
O Direito civil se apresentava em duas faces: 
 
 
 
 
Parte 
Geral 
- elementos gerais de uma 
relação jurídica: 
sujeito/objeto e vinculo 
jurídico (pessoas, bens e 
fatos). 
Direito Civil 
 Parte 
Especial 
- trânsito jurídico 
(circulação de riquezas: 
direito obrigacional). 
- relações de titularidade: 
direitos reais. 
-relações afetivas: direito 
das famílias. 
Código Civil 1916 
Foi elaborado com uma ideia individualista; 
patrimonialista, e após sua edição, foram surgindo 
novos conflitos, o que demandou a elaboração de 
determinadas leis, à titulo de exemplo, o Estatuto 
da Mulher Casada, Lei de Registros Públicos, 
Estatuto dos Menores, Código de Águas (...). 
Inúmeras leis sobre relações privadas. 
 
Nesse cenário, diante de tantas outras normas, o 
código civil ficou em segundo plano, deixando de 
ser genérico e completo. 
Perdeu sua generalidade e completude. 
Desse modo, somente uma “RE”unificação poderia 
organizar o sistema do código civil, para que assim 
o D. civil ganhasse novamente uma expressão 
genérica, e só quem conseguiria alcançar essa 
unificação seria um texto superior, no caso, a 
Constituição. Norma superior tratando de Direito 
Civil. 
Assim, surge o que denominamos de “Processo de 
Constitucionalização”. 
2. O Direito Civil-Constitucional (A 
Constitucionalização do Direito Civil). 
A nova tábua axiológica imposta pelo Texto 
Constitucional (papel reunificador do Direito 
Civil). 
Itália – 1º país do mundo a promover o movimento 
de constitucionalização do D. Civil (Natalino Irti): 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
reunificação do D. Civil a partir de uma ótica de 
constitucionalição. 
Com o referido movimento, as constituições que 
eram neutras, passaram a tratar do D. Civil. 
O eixo fundamental do D. Civil deixou de ser o 
código, passando a ser a Constituição. 
Até 1988 todas as Constituições eram indiferente 
ao D. Civil. O CC 1916 manteve-se intocável 
durante as mudanças de todas as constituições 
anteriores a de 1988. 
A Constituição de 1988 abandona a neutralidade e 
indiferença de todos os textos antecedentes com 
relação ao ramo do D. Civil, alterando sua técnica, 
trazendo para si a responsabilidade de 
regulamentar o D. Público e D. Privado. 
Constitucionalização do D. Civil. 
Atenção! 
Distinção entre Constitucionalização do D. Civil e 
Publicização do D. Civil: 1º Constitucionalização é 
a interpretação dos institutos do direito civil à luz 
da Constituição. 2º Publicização do D. Civil é a 
presença do Estado em uma relação privada, com 
vistas a assegurar a igualdade entre as partes, por 
exemplo, a atuação das agências regulamentadoras. 
O fenômeno da publicização do D. civil é também 
denominada de “dirigismo contratual”. 
 
Constitucionalização 
do D. Civil 
Publicização do D. 
Civil 
Interpretação das 
normas de direito civil 
de acordo com os 
valores da constituição. 
É a presença do Estado 
em uma relação 
privada, com vistas a 
assegurar a igualdade 
entre as partes. 
 
Obs.: pode ocorrer em uma relação jurídica a 
incidência de ambos os fenômenos. Exemplo: D. 
do trabalho e do D. do consumidor. 
Tábua axiológica CF/88: dignidade da pessoa 
humana; liberdade; igualdade substancial e 
solidariedade social. 
Atenção! 
Não existirão dois direitos civis distintos, com 
aplicação do D. Constitucional e outro sem, o que 
haverá no caso, são as normas de direito civil 
sendo interpretadas conforme os valores dispostos 
na Constituição, sendo a Constituição o centro a 
luz do qual todas as demais normas deverão ser 
interpretadas. 
 
O direito civil vive um novo momento, momento 
de REpersonalização, preocupação central com a 
dignidade da pessoa humana, e não mais do 
patrimônio. 
Lembre-se: embora se admita a intervenção do 
Estado nas relações privadas, esta deverá ocorre 
tão somente para assegurar a igualdade das partes: 
garantias direitos fundamentais (intervenção do 
Estado deve ser mínima). 
Aplicação prática: 
1. (XL Concurso MP/MG) Dissertação: Em poucas 
linhas, elabore dissertação, respondendo à seguinte 
pergunta: “O Direito Civil está em crise?” 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Se a expressão crise for tomada no sentido de 
alteração de paradigma, nesse contexto, podemos 
afirmar que sim, o direito civil está em crise, posto 
que esta abandonando o paradigma do código para 
se fundamentar no paradigma da Constituição. 
Passando a ser a norma de referência. 
3. O Código Civil de 2002 e os seus paradigmas 
(diretrizes): eticidade, operabilidade e socialidade 
(BOBBIO e Da estrutura à função)Quais os valores que inspiraram o Código Civil de 
2002? 
Os paradigmas são as diretrizes, sendo eles: 
 Socialidade: função social – os institutos 
do direito civil devem cumprir uma função 
social, um alcance social. 
 Eticidade: devem os institutos trazerem 
valores éticos. 
 Operabilidade: facilidade na utilização 
dos institutos, não devendo ser complexo, 
sendo facilmente exercidos. 
Aplicação prática: 
2. (TJ/GO, 06) De acordo com os dizeres de 
CRISTIANO CHAVES DE FARIAS e NELSON 
ROSENVALD, “o Código Civil de 2002 persegue 
três grandes paradigmas: a socialidade, a eticidade 
e a operabilidade”. 
Discorra sobre o significado de cada um destes 
“paradigmas” e sobre a sua aplicabilidade no 
Direito das Obrigações. 
Exemplos de aplicação dos valores do CC/2002: 
função social do contrato, boa-fé objetiva e a 
distinção entre prescrição e decadência. 
Obs.: O direito civil é direito privado, e está tem 
por base a autonomia privada. Nesse contexto, 
questiona-se, a autonomia privada pode ser 
limitada pelos direitos e garantias fundamentais da 
Constituição? 
Os direitos e garantias fundamentais incidem nas 
relações privadas? 
4. A incidência direta dos direitos fundamentais 
nas relações privadas. Eficácia horizontal dos 
direitos fundamentais. STF, RE 201.819/RJ, rel. 
Min. Gilmar Mendes (o caso da associação dos 
compositores). 
O Supremo reconheceu a incidência dos direitos 
fundamentais nas relações privadas, ficou 
conhecida como “eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais”. 
De acordo com o referido entendimento, a norma 
de direito civil não pode violar direitos e garantias 
fundamentais. Assim, mesmo que aplicadas as 
relações privadas, devem observar os direitos 
fundamentais. Todos os valores constitucionais se 
aplicam nas relações privadas. 
Ex.: Art. 1.336, §2º. Multa ao condômino 
antissocial. 
 5. A aplicação direta dos direitos sociais nas 
relações privadas. Eficácia horizontal dos 
direitos sociais. 
Não só os direitos fundamentais possuem uma 
eficácia horizontal, mas também passou a ser 
aplicada aos direitos sociais, merecendo respeito e 
proteção, igualmente, aos direitos fundamentais. 
Socialidade – preocupação com os direitos sociais. 
Exemplos: 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
STJ 302: É abusiva a cláusula contratual de plano 
de saúde que limita no tempo a internação 
hospitalar do segurado. 
STJ 364: O conceito de impenhorabilidade de bem 
de família abrange também o imóvel pertencente a 
pessoas solteiras, separadas e viúvas. 
Aplicação prática: 
3. (MPF/05) Constitucionalização e personalização 
do Direito Civil. Esboço histórico e fontes. A 
eficácia privada dos direitos fundamentais. 
6. A incidência direta dos tratados e convenções 
internacionais no âmbito das relações privadas. 
O controle de convencionalidade do Direito 
Civil (Convencionalização do Direito Civil). 
Eficácia dos tratados internacionais sobre 
direito privado, devem ser percebida em três 
níveis: 
1) os tratados internacionais que não versam sobre 
direitos humanos: serão incorporados em sede 
infraconstitucional. 
Tratados internacionais que não versam sobre 
direitos humanos: prevalência da norma especial 
interna. Ex: afastamento da Convenção de 
Varsóvia para aplicação do CDC, STJ, REsp. 
169.000/RJ. 
Já que não versa sobre direitos humanos, sendo 
uma norma como as demais, aplicar-se-á o CDC 
em detrimento da Convenção. 
2) tratados internacionais que versam sobre direitos 
humanos e que foram incorporados de acordo com 
a EC 45: SÃO INCORPORADOS EM SEDE 
CONSTITUCIONAL, isto porque o art. 5º, §3º da 
CF (norma de expansão dos direitos fundamentais) 
proclama que os direitos ali presentes, não 
eliminam outros. 
Tratados internacionais que versam sobre direitos 
humanos e forma aprovados na forma da EC 45: 
Convenção de Nova Iorque (Decreto Legislativo 
186/08): 
3) Tratados e convenções internacionais que 
versam sobre direitos humanos, mas não foram 
aprovados na forma da EC 45. A eficácia 
supralegal das normas do Direito Civil (STF, RE 
466.343/SP e STF, HC 87.585/TO). 
Tratados e convenções internacionais que já 
existiam antes da Emenda de 45. 
Pacto de São José da Costa Rica. 
Esses tratados não podem ser incorporados em 
sede constitucional, pois não preenchem os 
requisitos previstos na CF. 
Exemplo: 
Súmula Vinculante STF 25: “É ILÍCITA A 
PRISÃO CIVIL DE DEPOSITÁRIO INFIEL, 
QUALQUER QUE SEJA A MODALIDADE DO 
DEPÓSITO”. Revogação da Súmula 619, STF. 
Súmula 419, STJ. Descabe a prisão civil do 
depositário judicial infiel. 
7. A interpretação das normas do Direito Civil 
(normas gerais) e a possibilidade de diálogo das 
fontes (diálogo de conexão ou 
complementaridade) 
Surgiu a necessidade de interpretar o direito civil 
através da técnica do diálogo das fontes ou de 
conexão/complementariedade. 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Afastamento episódico da prevalência da 
especialidade. Ex: Direito do Trabalho e no Direito 
do Consumidor. 
Se a norma do Direito Civil for mais favorável, 
afasta-se episodicamente as referidas normas 
específicas, ou seja, o principio da especialidade e 
garante-se a aplicação da norma mais protetiva. 
Aplicação da norma mais protetiva ao sujeito de 
direito, mesmo que esteja na norma geral (no 
código civil). 
Exemplo: CDC (arts. 26 e 27) prevê o prazo de 30 
e 60 dias para reclamação de vícios redibitórios. 
Contudo, o Código Civil, ao teor de seu art. 445, 
§1º estabelece que esse prazo será de 180 dias, 
móvel, e 1 ano se imóvel, contados da descoberta 
do vício. Denota-se que o prazo do CC é mais 
favorável do que o do CDC. Utilização do diálogo 
das fontes. 
8. Interpretação do Direito Civil: regras e 
princípios 
Norma jurídica: norma princípio (tem força 
normativa | norma de conteúdo aberto | valorativa) 
+ norma regra (normas de conteúdo fechado | 
descritiva). 
CC, Art. 442. Os contratantes devem se tratar com 
boa-fé (princípio). CC, Art. 449. Os contratantes 
podem excluir a garantia da evicção (regra: 
descritiva, não valorativa). 
8.1. Colisão entre norma-regra e norma-
princípio: a interpretação conforme a Constituição 
e controle de constitucionalidade em concreto (CC 
422 e 448 – a questão da boa-fé objetiva como 
princípio geral). 
Regra x princípio: aplica-se a regra, pois esta é 
específica, salvo se for incompatível com o 
princípio. 
8.2. Colisão entre norma-princípio e norma-
princípio: a técnica da ponderação de interesses 
(proporcionalidade como técnica). 
STJ, REsp.226.436/PR (relativização da coisa 
julgada na ação de reconhecimento de filhos). 
STJ 309: “O débito alimentar que autoriza a 
prisão civil do alimentante é o que compreende as 
três prestações anteriores ao ajuizamento da 
execução e as que se vencerem no curso do 
processo”. 
8.3. Colisão entre norma-regra e norma-regra: a 
utilização dos clássicos métodos hermenêuticos. A 
excepcional possibilidade de derrotabilidade 
(defeseability) da norma-regra. STJ, REsp 
799.431/MG (reprovação de aluno com nota 7.955 
ao invés da nota mínima – 8.0) STF, ADIn 
2240/BA (caso criação do municipio Luís Eduardo 
Magalhães). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
CARREIRAS JURÍDICAS CERS 
DIREITO CIVIL 
MÓDULO I 
Profº Cristiano Chaves 
– MANUAL CASEIRO – 
@dpeemconstrução 
 
– AULA 03 – 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE: Parte I 
 
1. Noções Conceituais 
 
Ao iniciarmos o estudo sobre os direitos da 
personalidade,torna-se necessário estabelecermos 
alguns pontos importantes: 
- Diferenças entre personalidade e capacidade 
(referidos conceitos não podem ser confundidos); 
- Importância dos direitos da personalidade; 
- Evolução da proteção do patrimônio para a tutela 
jurídica avançada da pessoa humana. 
1.1 Diferenças entre personalidade e capacidade 
 
Historicamente os conceitos personalidade e 
capacidade fora visto de forma indevida, isto 
porque eram conceitos entrelaçados, a capacidade 
era visto como a medida de personalidade. 
CC de 1916 – toda e qualquer relação jurídica era 
patrimonial. 
Toda pessoa tinha personalidade jurídica. E a 
personalidade jurídica era a aptidão para titularizar 
direitos. 
Ter personalidade era ter aptidão para ter direito, e 
a capacidade jurídica, por sua vez, era a medida da 
personalidade. 
Superveniente, Pontes de Miranda faz uma crítica a 
essa junção dos conceitos, sob o argumento de que 
existem entes despersonalizados (por exemplo, 
condomínio edilício), e mesmo assim, é sujeito de 
direitos, praticando atos jurídicos, porém ser 
personalidade. 
Assim, nos conceitos trabalhados (personalidade e 
capacidade) em conjunto só poderia ter capacidade 
quem tivesse personalidade, não se enquadrando 
nesse caso, os entes despersonalizados. 
Os entes despersonalizados praticam atos jurídico, 
mas não tinha personalidade e capacidade? 
Assim, questiona-se a imperfeição dessa correlação 
entre – personalidade e capacidade. 
 
Esquematizando 
Toda Pessoa era detentora de  personalidade 
jurídica e, a personalidade gerava atribuição de 
poder praticar atos da vida civil, pois eram 
conceitos trabalhados conjuntamente. 
CC de 2002 – Nova formulação 
Com o advento do “novo” código civil, muda-se de 
percepção. 
- Conceito de Pessoa 
Para o direito civil, o conceito de pessoa é 
personalidade jurídica. Assim, pessoa é quem 
dispõe de personalidade jurídica, e assim o sendo, 
por essa condição, necessita de proteção 
fundamental, que é a proteção dos direitos da 
personalidades. 
Os direitos da personalidade concretizam a 
proteção fundamental à pessoa. 
- Capacidade 
A Capacidade Jurídica, por sua vez, é aptidão para 
ser sujeito de direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
O conceito de capacidade se atrela as 
relações patrimoniais, já o conceito de 
personalidade se atrela as relações existenciais. 
Assim, quem tem personalidade, também 
capacidade, porém, nem todo aquele que tem 
capacidade possui também personalidade, por 
exemplo, entes despersonalizados, os quais 
possuem capacidade (aptidão para ser sujeitos de 
direitos), mas não possuem personalidade jurídica. 
Quem tem capacidade (poder de titularizar 
relações patrimoniais), não terá necessariamente 
personalidade. Exemplo: condomínio edilício. 
Os direitos da personalidade correspondem a 
proteção elementar de toda e qualquer pessoa. 
Assim, os direitos da personalidade se apresentam 
como o fundamento da proteção de uma pessoa. 
Os direitos da personalidade se apresentam 
como o elemento estrutural fundamental do D. 
Civil. Todo o direito civil é, atualmente, 
solidificado com base nos direitos da 
personalidade. 
Os direitos da personalidade correspondem a 
tudo que é necessário para ter vida digna em uma 
relação privada. 
1.2 Importância dos Direitos da Personalidade 
- Mas afinal, o que são os direitos da 
personalidade? 
São direitos subjetivos extrapatrimoniais, 
caracterizando uma relação existencial e 
garantindo o exercício de uma vida digna nas 
relações privadas. 
Corroborando ainda, segundo Cristiano Chaves de 
Farias (Código Civil para Concursos) “São direitos 
da personalidade os direitos subjetivos 
reconhecidos a pessoa para a garantia de sua 
dignidade, vale dizer, para a tutela de seus 
aspectos físicos, psíquicos e intelectuais, dentre 
outros não mensuráveis economicamente, porque 
dizem respeito à própria condição de pessoa, ou 
seja, ao que lhe é significativamente mais íntimo”. 
Na seara do D. público, os direitos da 
personalidade se operalizam no âmbito dos direitos 
fundamentais. 
Alguns dos direitos da personalidade 
constituem também em direitos fundamentais, 
por exemplo, direito a imagem. Assim, nada obsta 
que os direitos da personalidade tenham ponto de 
intercessão com os direitos fundamentais. 
- Eficácia horizontal dos Direitos Fundamentais 
Aplicação direta dos direitos fundamentais nas 
relações privadas, conforme entendimento já 
consagrado pelo STF (RE, 201.819 RJ). Leading 
Case – afirmou a eficácia horizontal dos D. 
Fundamentais. 
Informativo 405, STF. 
Os direitos fundamentais operam tanto no campo 
público, quanto no campo privado, enriquecendo 
assim a proteção da pessoa, os quais se operam 
através da proteção dos direitos fundamentais e os 
direitos da personalidade. 
 
- Qual a natureza do rol dos direitos da 
personalidade? 
O ROL DOS DIREITOS DA 
PERSONALIDADE É EXEMPLIFICATIVO, 
porque é direito da personalidade tudo aquilo que é 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
necessário para viver com dignidade nas relações 
privadas. 
Cristiano Chaves de Farias (Código Civil para 
Concursos): o rol dos direitos da personalidade 
apresentado no CC/02 é meramente 
exemplificativo, ou seja, não se limita aos 
expressamente mencionados. 
O Ordenamento Jurídico Brasileiro comporta uma 
cláusula geral de proteção da personalidade. 
A cláusula geral de proteção da personalidade 
(não taxativa dos direitos da personalidade). A 
dignidade da pessoa humana como fundamento da 
proteção da personalidade jurídica. 
A cláusula geral de proteção encontra-se na 
Constituição Federal e corresponde a dignidade da 
pessoa humana (art. 1, III), a qual corresponde 
ainda um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil. 
 
 
 
 
 
 
- Mas o que seria dignidade da pessoa humana? 
Determinadas expressões e conceitos são abertos. 
Nesse sentido, embora não consiga definir em um 
conceito fechado dignidade humana, é possível 
estabelecer o conteúdo da dignidade, no sentido do 
seu núcleo duro. 
NÚCLEO DURO DA DIGNIDADE HUMANA: 
conteúdo do princípio da dignidade 
Ter dignidade é ter mantida a: 
a. integridade física e psíquica: 
Podemos citar, por exemplo, a Lei 11.346/2006, a 
qual contempla o conceito e direito à alimentação 
adequada: direito reconhecidos nas creches, 
hospitais. 
O direito à alimentação é uma projeção ao direito a 
integridade física e psíquica. 
b. liberdade e igualdade: 
- Reconhecimento da união homoafetiva como 
entidade familiar, ao reconhecer tal direito estava-
se reconhecendo a dignidade. STF, Adin 4277 | 
DF. 
c. o direito ao mínimo existencial: (TEORIA DO 
PATRIMÔNIO MINÍMO): deve-se proteger o 
mínimo da proteção do patrimônio daquela pessoa. 
- Impenhorabilidades no processo de execução. No 
processo de execução, determinados bens são 
impenhoráveis, por exemplo, imóvel em que o 
sujeito reside. 
Novo CPC defende que quando se tratar de bens 
móveis de elevado valor é possível a penhora, pois 
o patrimônio a ser resguardo é o “patrimônio 
mínimo”. 
A questão da penhora do bem móvel de elevado 
valor, que deverá resguardar o mínimo. O STJ 
entende que esse conceito não poderá ser aplicado 
ao bem imóvel. Resp. 715.259 de SP. 
Parte da doutrina defende ainda a possibilidade de 
penhora de bem imóvel de elevado valor 
(entendimento minoritário). 
O entendimento do STJ e da doutrina majoritária é 
que os IMÓVEIS de elevado valor são 
impenhoráveis.Enunciado da Jornada 274 de Direito Civil: 
“os direitos da personalidade, regulados de 
maneira não exaustiva pelo código civil, são 
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa 
humana, contida no art. 1º, III, da Constituição 
Federal”. 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
Aplicação prática: 
AGU 2007 – questionou sobre dignidade humana e 
homoafetividade. 
As relações homoafetivas podem produzir efeitos 
típicos do direito de família, sim, e o pano de 
fundo é a dignidade da pessoa humana. 
Lembrar que a dignidade tem um aspecto negativo, 
pois ela limita a atividade dos poderes públicos e 
tem o aspecto positivo, pois impõe tarefas impostas 
ao Estado – deve atuar para garantir a dignidade 
das pessoas. 
 
(MP/MG/06) Dentro do contexto nacional, 
diversos autores, entre eles Pontes de Miranda, 
Orlando Gomes, Caio Mário, Antônio Chaves, 
Serpa Lopes e outros, definiram os direitos da 
personalidade como direitos subjetivos, 
relacionados, intimamente, com o ser humano, 
bens e valores essenciais à sua pessoa. O Código 
Civil, inovando, dedica um capítulo a esses 
direitos, alicerçado no Direito Civil-Constitucional. 
Tomando por base esses direitos de construção 
recente, formule sua dissertação considerando: a) 
conceitos gerais; b) características; c. 
classificações. O texto deverá ter, no máximo, 
cinquenta linhas. 
Direitos da personalidade versus liberdades 
públicas. Correlações. Exemplo: direito de 
locomoção e habeas corpus. 
Os direitos da personalidade são direitos subjetivos 
necessários a vida digna em uma relação privada. 
Os direitos da personalidade constituem tudo 
que é necessário para ter dignidade em uma relação 
privada. 
As liberdades públicas correspondem as 
obrigações positivas ou negativas impostas ao 
poder público para que garantam o exercício do 
direito da personalidade. 
São as obrigações imposta pelo Estado para 
viabilizar o direito da personalidade aos seus 
titulares. 
Ex.: O habeas corpus é uma liberdade pública 
necessária como instrumento garantidor para o 
exercício do direito de ir e vim. 
 
Momento aquisitivo dos Direitos da 
Personalidade 
Mas afinal, a partir de quando se adquire os 
direitos da personalidade? Qual seria o momento 
aquisitivo dos direitos da personalidade? 
Cuidado: Não se deve confundir o momento 
aquisitivo dos direitos da personalidade com o 
momento em que se adquire a própria 
personalidade. 
 
O momento aquisitivo dos direitos da 
personalidade é da concepção. 
Quem já está concebido, titulariza os 
direitos da personalidade, o que significa que o 
natimorto é titular dos direitos da personalidade, 
isto porque o natimorto já fora concebido. 
Exemplo: direito à imagem. 
 
 
 
 
 
Enunciado da Jornada 1 de Direito Civil: a 
proteção que o código defere ao nascituro 
alcança o natimorto, no que concerne aos 
direitos da personalidade, tais como, nome, 
imagem e sepultura. 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Desde a concepção o nascituro titulariza os direitos 
da nacionalidade. 
Os direitos da personalidade são garantidos desde a 
concepção, porém, os efeitos patrimoniais, como 
por exemplo, procedências em ação indenizatória 
por violação ao direito de imagem dependem do 
nascimento com vida. 
Em síntese: o nascituro possui direitos da 
personalidade desde a concepção. Todavia, no que 
tange aos direitos de cunho patrimonial, como por 
exemplo, indenização por violar a sua imagem, 
ficará condicionado ao seu nascimento. 
Esquematizando 
Direitos da 
Personalidade 
Direitos Patrimoniais 
São conferidos desde a 
concepção. 
Ficam condicionados 
ao nascimento com 
vida. 
 
JURISPRUDÊNCIA 
STJ reconheceu a legitimidade do nascituro para 
promover ações de conteúdo patrimonial, a qual 
ficará condicionada o seu recebimento ao 
nascimento com vida. 
Por outro lado, reconheceu o direito dos pais de 
receber indenização pela morte do nascituro. 
A incidência dos direitos da personalidade a partir 
da concepção (STJ, REsp.399.028/SP). Proteção 
da personalidade do nascituro (relações 
existenciais). 
Direito dos pais de receber indenização por danos 
pessoais causados pela morte do nascituro (STJ, 
REsp 1.120.676/SC). 
 
Embrião de Laboratório 
 
- A proteção aos direitos da personalidade 
aplica-se aos embriões já concebidos em 
laboratório, enquanto ali permanecerem? ou 
seja, merecem a proteção dos direitos da 
personalidade? 
 
 
 
 
 
 
O STJ entendeu que não se aplica ao embrião de 
laboratório a proteção dos direitos da 
personalidade. Essa proteção se inicia com a 
concepção uterina. 
Lei 11.105 de 2005 – Biossegurança, art. 5º: 
estabelece que o embrião de laboratório ficará 
guardado no prazo máximo de três anos. Após esse 
lapso: o casal pode implantar para fins 
reprodutivos ou descarta (enviado para pesquisas 
com células troncos). A possibilidade de descarte 
do embrião demonstram que não possuem direitos 
da personalidade. 
Possibilidade de pesquisas com células-tronco 
congelados (STF, ADIn 35/10 do DF). 
Em síntese: o alcance dos direitos da 
personalidade é a partir da concepção uterina, não 
se aplicando ao embrião de laboratório. 
 
Alimentos gravídicos 
A Lei 11.804 de 2008 confere a possibilidade de 
cobrança de alimentos gravídicos. 
Enunciado da Jornada 2 de Direito Civil: 
“sem prejuízos dos direitos da personalidade 
nele assegurados, o artigo 2º do Código Civil 
não é sede adequada para questões emergentes 
da reprogenética humana, que deve ser objeto 
de um estatuto próprio”. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
A legitimidade para requer os alimentos gravídicos 
é da gestante. 
O art. 1º, da Lei 11.804 dispõe: esta lei disciplina o 
direito de alimentos da mulher gestante e a forma 
como será exercido. 
Por outro lado, o art. 6º propõe “convencido da 
existência da paternidade, o juiz fixará alimentos 
gravídicos que perdurarão até o nascimento da 
criança, sopesando necessidades da parte ré. 
Parágrafo único: Após o nascimento com vida, os 
alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão 
alimentícia em favor do menor até que uma das 
partes solicite revisão”. 
Da interpretação dos dispositivos acima 
mencionados, chegamos a conclusão de que “a 
titularidade dos alimentos gravídicos é do 
nascituro, mas a legitimidade para requerer é da 
gestante”. 
Momento extintivo dos direitos da 
personalidade 
- Qual seria o momento extintivo dos direitos da 
personalidade? 
A morte apresenta-se como limite dos 
direitos da personalidade, posto que a 
personalidade extingue-se, inclusive, com a própria 
morte. 
Em que pese a extinção dos direitos da 
personalidade jurídica com a morte, existe a 
possibilidade de proteção jurídica mesmo após a 
morte. 
No direito penal, por exemplo, o art. 212 do 
Código Penal (crime de vilipêndio de cadáver). Por 
outro lado, o art. 623 do CPP, contempla a 
legitimidade dos familiares para requerer revisão 
criminal, posto que pode ser interesse dos 
familiares obter absolvição daquela pessoa, 
comprovando a inocência de seu familiar já morto. 
 
PROTEÇÃO JURÍDICA APÓS A MORTE: 
situações especiais de proteção jurídica depois da 
morte 
A) Sucessão Processual 
Art. 110, do novo CPC – Sucessão Processual 
Ocorrerá a sucessão processual quando a parte 
falece no curso do processo. Os herdeiros irão se 
habilitar nos autos para dá prosseguimento a ação. 
 
B) Transmissão do Direito de requerer 
indenização 
Dispõe o artigo 943, CC: “o direito de exigirreparação e a obrigação de prestá-la transmitem 
com a herança”. 
 O artigo em comento deixa nítido a 
transmissibilidade do direito à reparação e da 
obrigação de indenizar, ressaltando, destarte, o 
caráter impessoal. 
Atenção! No tocante a prescrição, a morte não irá 
interromper a referida. Assim, o artigo 943 
pressupõe a não ocorrência da prescrição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Enunciado 454 da Jornada de Direito Civil: 
“O direito de exigir reparação a que se refere o 
artigo 943 do Código Civil abrange inclusive os 
danos morais, ainda que a ação não tenha sido 
iniciada pela vítima”. 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
C) Lesados Indiretos 
 
- Quem são os lesados indiretos? Bem, os 
lesados indiretos são aqueles que foram atingidos 
indiretamente pela lesão que foi diretamente 
atingida por uma pessoa morta. 
O Ordenamento tem interpretado que ofensas 
direcionadas a pessoa morte atingem de forma 
reflexa seus familiares, mas quais familiares? O 
art. 12 do Código Civil contempla os referidos, 
senão vejamos. 
Art. 12. Parágrafo único, CC: Em se tratando de 
morto ou ausente*, terá legitimação para requerer 
a medida prevista neste artigo o cônjuge ou 
companheiro* sobrevivente ou qualquer parente 
em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
Esquematizando: Legitimados - Lesados Indiretos 
 Cônjuge; 
 Companheiro; 
 Qualquer parente em linha reta até o quarto 
grau 
 Parente em linha colateral até o quarto grau 
 
Obs.: O Código Civil em sua redação não 
contempla o ausente e nem o companheiro, 
todavia, referidos devem ser lidos assim como fora 
exposto acima, ante a necessidade de interpretação 
constitucional à luz dos novos paradigmas. 
 
 
 
 
 
 
A legitimidade dos lesados indiretos é uma 
legitimidade autônoma, ou seja, ordinária, pois vão 
pleitear em nome próprio, direito próprio, e não em 
situação de substituição processual. 
 Nesse caso, os familiares, por exemplo, 
sofreram indiretamente lesão ao que fora 
ocasionado ao morto. Assim, tem legitimidade 
ordinária. 
Caso: STJ, RESP 521.697/RJ. 
A tutela dos direitos da personalidade da pessoa 
morta, em favor de seus familiares vivos (lesados 
indiretos). 
CASO GARRINCHA 
Sobre o caso. Garrincha teve uma biografia não 
autorizada publicada, a qual segundo consta da 
biografia o mesmo teria um órgão genital 
avantajado. Familiares do referido aduziu que 
referidas informações acabará por violar a 
intimidade do referido. 
Seus filhos ajuizaram uma ação na qualidade de 
lesados indiretos. 
Obs.: Não se aplica aos lesados indiretos a ordem 
de vocação hereditária, pois cada lesado 
indiretamente tem legitimidade própria pela ofensa 
indireta que sofreu. Desde que provando o dano 
próprio sofrido. 
 Segundo o professor Cristiano Chaves, os 
lesados indiretos não seria os restritos lançados no 
rol do artigo 12, tratando-se em verdade de um rol 
exemplificativo, desde que mostrada uma relação 
de vinculação com o falecido. 
 ATENÇÃO! – Quando se tratar de direito 
da personalidade do direito de imagem, os 
Enunciado 140 da Jornada de Direito Civil, - 
Art. 12 e 20: o rol dos legitimados de que 
tratam os arts. 12, parágrafo único e art. 20, 
parágrafo único, do Código Civil também 
compreendem o companheiro. 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
colaterais não estão inseridos no rol dos lesados 
indiretos, é o que dispõe o artigo 20, § único do 
CC: “em se tratando de morto ou de ausente, são 
partes legítimas para requerer essa proteção o 
cônjuge, os ascendentes ou os descendentes”. 
 Os colaterais até o quarto estão excluídos 
do rol de lesados indiretos, quando a proteção aos 
direitos da personalidade for referente à imagem. 
 
 
 
 
 
 
 
R.: É plenamente possível a tutela inibitória para 
proteger direitos da personalidade, ainda que de 
pessoa morta, é o que aconteceu no caso do 
Garrincha. Nesta hipótese, a legitimidade é dos 
denominados lesados indiretos, que são os 
familiares do falecido que foram de forma 
reflexa/indiretamente atingidos pela lesão (art. 12, 
parágrafo único, do Código Civil). 
 Já caiu: é possível a tutela judicial dos 
direitos da personalidade de pessoa 
morta. 
Diante do consignado, chegamos a 
conclusão de que não existem direitos da 
personalidade do morto, posto que a morte 
extinguiu a sua personalidade, e 
consequentemente, os direitos da personalidade. 
Todavia, se pode falar em tutela jurídica dos 
direitos da personalidade do morto. 
 
Fontes dos direitos da personalidade: 
Jusnaturalistas X Positivistas (direitos da 
personalidade como direitos inatos) 
Prevalece o entendimento majoritário de que a 
fonte dos direitos da personalidade seria o 
JUSTNATURALISMO. 
Os direitos da personalidade seriam inatos, 
inerente a condição humana, e reconhecidos por 
uma ordem pré-concebida pelo direito. 
A maioria da doutrina entende que a fonte é o 
JUSNATURALISMO, entre elas, Maria Helena 
Diniz, que defende que os direitos da 
personalidade são inatos a condição humana, logo, 
são naturais. 
Decorreriam de uma ordem jurídica pré-concebida. 
 Já caiu: o reconhecimento dos direitos da 
personalidade sofreu influência do 
cristianismo e sua ideia de dignidade da 
pessoa humana (MP/DFT/02). 
Por outro lado, para Pontes de Miranda, os 
direitos da personalidade não são naturais, mas sim 
positivas porque é o sistema jurídica que os tutela. 
Ex. os direitos autorais não são naturais, mas sim 
criados. 
Teoria Majoritária: os direitos da personalidade 
são naturais. 
 
Jornada de Direito Civil, 5: 1) as disposições 
do art. 12 tem caráter geral e aplicam-se, 
inclusive, às situações previstas no art. 20, 
excepcionados os casos expressos de 
legitimidade para requerer a medidas nele 
estabelecidas (...) 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Os direitos da personalidade e a pessoa jurídica. 
- Pessoa jurídica dispõe de direitos da 
personalidade? 
Direitos da personalidade e dignidade da pessoa 
humana. Inaplicabilidade às pessoas jurídicas, 
embora mereçam proteção. 
Por outro lado, dispõe o Artigo 52, do CC – aplica-
se as pessoas jurídicas, no que couber, a proteção 
dos direitos da personalidade 
 
 
 
 
 
Súmula 227 do STJ: pessoa jurídica pode sofrer 
dano moral. (no que couber). 
A pessoa jurídica não tem direitos da 
personalidade, todavia, a referida merece proteção 
dos direitos da personalidade, como é o caso da 
eventual ocorrência de dano moral por ofensa a 
honra objetiva. 
Trata-se de uma técnica de elastecimento. 
O STJ possui entendimento sumulado no 
sentido de que a pessoa jurídica pode sofrer dano 
moral. 
O Código Civil NÃO reconhece a possibilidade 
das pessoas jurídicas serem titulares de direitos da 
personalidade, o que o código resguarda é a 
proteção de direitos da personalidade. 
 
 
Lembre-se!!! Pessoa jurídica NÃO tem honra 
subjetiva, mas tem honra objetiva que é o objeto de 
lesão quando ocorre o dano moral. Tem direito ao 
nome, à imagem (retrato e atributo) e ao segredo. 
A pessoa jurídica pode sofrer dano moral quanto à 
sua honra objetiva e não em relação à honra 
subjetiva. 
STJ, REsp.433.954 (dano moral por protesto 
indevido de duplicata). 
Conclusão: Pessoa jurídica não titulariza direitos 
da personalidade, posto que esses possuam como 
base a dignidade da pessoa humana. Todavia, 
embora não seja titular dos direitos da 
personalidade, recebe proteção jurídica. 
 Já caiu: o STJ possui entendimento 
sumulado no sentidode que a pessoa 
jurídica pode sofrer dano moral. 
(Informativo 508, 2012) 
Direito Administrativo. Responsabilidade Civil. 
Dano Moral. Pessoa Jurídica. Honra objetiva. 
Violação. Pessoa jurídica pode sofrer dano moral, 
mas apenas na hipótese em que haja ferimento à 
sua honra objetiva, isto é, apenas ao conceito de 
que goza no meio social. Embora a Súmula 227 
preceitue que “a pessoa jurídica pode sofrer dano 
moral”, a aplicação do enunciado é restrita às 
hipóteses em que há ferimento à honra objetiva da 
entidade, ou seja, às situações nas quais a pessoa 
jurídica tenha o seu conceito social abalado pelo 
ato ilícito [...]. REsp 1.298.689, rel. Min. Castro 
Meira. 
 
Obs.: STJ entendeu que pessoa jurídica de 
direito público não pode sofrer dano moral: não 
Enunciado 286, Jornada de Direito Civil: os 
direitos da personalidade são direitos inerentes 
e essenciais à pessoa humana, decorrentes de 
sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas 
titulares de tais direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
cabe indenização por dano moral em favor de 
pessoa jurídica de direito público. 
 
Possibilidade de colisão entre os direitos da 
personalidade e a liberdade de comunicação 
social (liberdade de expressão + liberdade de 
imprensa). 
A liberdade de expressão e de pensamento e a 
liberdade de imprensa podem eventualmente 
colidirem. 
Diante dessa situação, é necessário buscar a 
solução pelo uso da técnica de ponderação de 
interesses. 
 Não existe direto que seja absoluto na era da 
ponderação. Os direitos da personalidade devem 
ser sopesados com outros direitos, valores e 
princípios, inclusive, com outros direitos da 
personalidade. 
Corroborando ao exposto, Enunciado 279, da IV 
Jornada de D. Civil: 
 
 
 
 
 
 
 
 
STJ 221: “São civilmente responsáveis pelo 
ressarcimento de dano, decorrente de publicação 
pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o 
proprietário do veículo de divulgação”. 
STJ 281: “A indenização por dano moral não 
está sujeita à tarifação prevista na Lei de 
Imprensa.” 
Inexistência de censura. 
Aplicação do entendimento à liberdade de 
expressão. Inadmissibilidade do hate speech 
(manifestações de ódio, desprezo, intolerância) no 
direito brasileiro. 
Não se admite no Ordenamento Jurídico a 
manifestação com caráter absoluto da liberdade de 
expressão. 
O caso Ellwanger (STF, HC 82.424/RS). 
A questão do direito ao esquecimento. A técnica de 
ponderação de interesses estabelecida pelo STJ, 
REsp. 1.335.153/RJ (Aída Curi) e REsp. 
1.334.097/RJ (Chacina da Candelária). 
A questão da biografia não autorizada (STF, ADIn 
4815) pelo biografado ou familiar, é possível. 
Importante! Por unanimidade, o STF julgou 
procedente a ADI e declarou que não é necessária 
autorização prévia para a publicação de biografias. 
Os direitos da personalidade e as pessoas 
públicas (celebridades). Terceiros-acompanhantes 
das pessoas públicas e o seu tratamento (O caso 
Chico Buarque). Relativização. Responsabilidade 
civil das pessoas notórias por material publicitário. 
Os direitos da personalidade das pessoas 
públicas, no tocante ao seu direito de imagem, por 
terem maior nível de exposição, serão 
relativizados, por exemplo, não precisa pedir 
autorização para publicar uma foto sua. 
 
Enunciado 279, Jornada de Direito Civil: A 
proteção à imagem deve ser ponderada com 
outros interesses constitucionalmente tutelados, 
especialmente em face do direito de amplo 
acesso à informação e da liberdade de 
imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em 
conta a notoriedade do retratado e dos fatos 
abordados, bem como a veracidade destes e, 
ainda, as características de sua utilização 
(comercial, informativa, biográfica), 
privilegiando-se medidas que não restrinjam a 
divulgação de informações. 
 
 
 
 
Para que seja publicada uma biografia não é necessária 
autorização prévia do indivíduo biografado 
 
Biografias 
Um dos gêneros literários mais lidos em todo o mundo são as chamadas biografias, 
livros nos quais o autor narra a vida e a história de uma pessoa. 
 
Ocorre que ao mesmo tempo em que as biografias geram paixão e interesse dos leitores, 
algumas vezes despertam também polêmicas. 
 
Isso porque existem duas espécies de biografias: 
 
a) AUTORIZADA: na qual o indivíduo que será retratado no livro concordou com a sua 
divulgação (ou seus familiares, se já tiver falecido) e até forneceu alguns detalhes para 
subsidiar a obra. Geralmente são obras menos interessantes porque representam a 
“versão oficial” da vida do biografado, ou seja, apenas os fatos e circunstâncias que ele 
quer que sejam mostrados, perdendo um pouco da imparcialidade do relato. 
 
b) NÃO-AUTORIZADA: quando o biografado (pessoa que está sendo retratada) não 
concordou expressamente com a obra ou até se insurgiu formalmente contra a sua 
edição. São esses os livros que geram maior interesse porque nele são trazidos fatos 
polêmicos e as vezes pouco conhecidos da vida do biografado, circunstâncias que 
muitas vezes ele não queria ter exposto. 
 
As biografias não-autorizadas eram permitidas no Brasil? 
NÃO. Segundo a posição tradicional, as biografias não-autorizadas seriam proibidas 
pelos arts. 20 e 21 do Código Civil por representarem uma forma de violação à imagem 
e à privacidade do biografado. Confira: 
 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a 
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser 
proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe 
atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins 
comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para 
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do 
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato 
contrário a esta norma. 
 
Veja, portanto, que o art. 20 afirma expressamente que a divulgação de escritos ou a 
publicação da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento. 
 
Quando o art. 20 fala em “imagem”, ele não está apenas se referindo à imagem 
fisionômica do indivíduo (seu retrato). A palavra “imagem” ali empregada tem três 
acepções: 
 
 
 
 
a) Imagem-retrato: são as características fisionômicas da pessoa, ou seja, o seu desenho, 
sua pintura, sua fotografia. A imagem-retrato é captada pelos olhos. 
 
b) Imagem-atributo: são as características imateriais (morais) por meio das quais os 
outros enxergam aquela pessoa. É a personalidade, o caráter, o comportamento da 
pessoa segundo a visão de quem a conhece. A imagem-atributo é captada pelo coração. 
 
c) Imagem-voz: são as características do timbre de voz da pessoa. É a identificação da 
pessoa pela voz. O exemplo típico é o dos locutores de TV, como Gil Gomes e 
Lombardi. A imagem-voz é captada pelo ouvido. 
 
Em uma interpretação literal do art. 20, as biografias não-autorizadas seriam proibidas, 
já que elas constituiriam na divulgação ou publicação da imagem-atributo do biografado 
sem que este tenha dado seu consentimento. 
 
Diante disso, o biografado poderia, invocando seu direito à imagem e à vida privada, 
pleitear judicialmente providências para impedir ou fazer cessar essa publicação (art. 21 
do CC). Em outras palavras, o biografado poderia impedir a produção da biografia ou, 
se ela já estivesse pronta, a sua comercialização. 
 
O exemplo mais emblemático de disputa judicial envolvendo o tema

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