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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
PRÁTICA DE PESQUISA II
Natanael Nathan Pereira da Silva
Para chegar ao seu lugar de destino, na Cidade de Deus, a autora Alba Zaluar relata que passava por diversos bairros chiques de Jacarepagua, até chegar aquele lugar simples e que na ocasião era bem reconhecido pelos notíciários policiais, pelo intenso trafico e a violência sempre presente, ela relata que ao chegar no bairro, se deparou com a dificuldade de encontrar o seu contato na periferia e que saiu de porta em porta, buscando encontra-lo, as notícias eram “desabonadoras” e as quadrilhas que ali se intalaram um ano atrás se matavam. As ruas esburacadas, lugares fétidos, um lugar marcado pelo esquecimento dos órgãos públicos, mas relata que não demorou muito para adquirir familiaridade, mesmo percebendo as distâncias que giravam em torno de sua formação e pelo seu pertencimento a outro local na sociedade. 
	Vale ressaltar as notícias nos jornais naquela altura, que era de grande teor sensacionalista. Assaltos e um clima de guerra tomavam conta daquele espectro nos bairros pobres onde atuavam as quadrilhas, a Cidade de Deus era alvo do tráfico de drogas e vista como a primeira no ranking em relação ao comércio de maconha. Nesse período inicial foi importantíssimo para a pesquisadora contar com três informantes que a possibilitavam o deslocamento na periferia e uma consequente segurança para que não fosse molestada. Ela estava empenhada em, “recolher as representações dos moradores acerca da pobreza vinculada ao consumo nas unidades domésticas.”
	Ora recebida com desconfiança, noutrora recebida com esperança de que teria sido enviada pelo governo e antecederia os sacos de feijão que deveriam vir mais tarde, segundo a Alba, essa desconfiança era fruto de uma estigmatização que a comunidade vinha sofrendo pelos jornais e fez com que ela desistisse de entrevistar a associação de moradores pois eles negavam-se a abrir alguns dados da história da comunidade, além do mais segundo Alba, eles tinham menos inserção na comunidade do que outros grupos como agremiações carnavalescas e os times de futebol.
	Foi aí que ela conheceu um grupo carnavalesco que acabara de se formar e faziam atividades na praça. Fez laços incríveis com aquele grupo e relatou como ajudou em relação ao desfile, histórias das mais inusitadas possíveis. Em alguns momentos sentiu-se como se não tivesse grande serventia além de emprestar sua posição de quando solicitada. Através das fotografias ela conta em diversos relatos como conseguiu perceber características que se confirmavam como por exemplo a centralidade que buscavam os líderes em momentos de registros fotográficos, ou como era repudiado o ato de uma mulher ser fotograda ao lado do marido de outra. 
Através das gírias ela voltou no tempo e se viu novamente como uma aluna, e pôde aprender mais sobre o que eles achavam em “relação a violência, do banditismo, do poder, da polícia, da política e dos políticos.” É perceptível a preocupação dos moradores em relação ao fato dela carregar sempre a câmera e o gravador, pois isso seria um fato que identificaria as semelhanças de profissões entre a de pesquisadora e a de jornalista, a qual sempre fazia questão de estigmatizar os moradores, por consequência da violência que havia sido instaurada. A familiaridade de Alba, sua câmera e seu gravador com os integrantes do bloco de carnaval foi tamanha que por vezes ela se viu posta num papel que não lhe cabia enquanto pesquisadora, mediadora de conflitos e até juíza, como nessa situação lhe coube saber sair adequadamente de forma que não comprometesse seu objetivo ali.

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