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APOSTILA DE INTRODUÇÃO AO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO II UNIDADE 1

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APOSTILA DE INTRODUÇÃO AO DIREITO PÚBLICO E PRIVADO
(E-mail da Turma do 2º Período 2016.2 - )
(Obs.: Esta apostila foi preparada pelo Prof. Ivanildo dos Santos Pereira, docente da FAGA, o qual utilizou na sua compilação artigos publicados em várias obras literárias, conforme indicações bibliográficas do programa adotado, bem como artigos publicados na internet, incluindo o trabalho publicado por Drª Andrea Melo de Carvalho, e tem como finalidade exclusiva: servir de apoio ao educando em seus estudos.)
UNIDADE II –DIREITO PÚBLICO
2. Bens
Toda relação jurídica se estabelece entre pessoas, tendo por objeto um bem jurídico. Para que um bem seja jurídico, é necessário que ele seja suscetível de apreciação em dinheiro. 
Todo direito tem o seu objeto. Como o direito subjetivo é poder outorgado a um titular, requer um objeto. Sobre o objeto desenvolve-se o poder de fruição da pessoa. Em regra esse poder recai sobre um bem. Bem em sentido filosófico é tudo que satisfaz uma necessidade humana. Juridicamente, o conceito de coisas corresponde ao de bens, mas nem sempre há perfeita sincronização entre as duas expressões. As vezes coisas são o gênero e bens, a espécie; outras, o contrário; e, muitas vezes, são utilizados como sinônimos, havendo entre eles coincidência de significação.
2.1.Conceito
- são coisas materiais ou concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação;
- são os valores materiais ou imateriais que servem de objeto a uma relação jurídica (Clóvis Beviláqua);
- são elementos que podem constituir o patrimônio de alguém;
2.2. Classificação
Móveis – são os suscetíveis de movimento próprio, de locomoção, podendo ser transportados de um local para o outro. Ex.: veículos, cadeira, cavalo (que tb é semovente)
Imóveis – são os que não podem ser transportados, sem que seja alterada sua substância.Ex.: terreno, casa. Subdivide-se em imóveis por:
por natureza – Ex.: solo, mar, subsolo, espaço aéreo.
por acessão – Ex.: construções, sementes lançadas à terra.
por destinação – Ex.: utensílios agrícolas, animais, fazenda de porteiras fechadas.
por disposição legal – Ex.: penhor agrícola, sucessão aberta, navio.
Semoventes – São as coisas que têm movimento próprio. Ex.: animais
Fungíveis – são os que podem ser substituídos por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade – Ex.: uma dúzia de laranja-lima, 5 metros de tecido, 20 sacas de milho, dinheiro.
Infungíveis – são os que não podem ser substituídos. São os bens a que se atribui valor pela sua individualidade. Ex.: tela de Portinari, coroa de D. Pedro II, cavalo de corrida.
Consumíveis – são os que deixam de existir à medida que vão sendo usados. Ex.: alimentos, bens destinados a alienação (art. 86, CC).
Inconsumíveis – são os bens duráveis, ou seja, as coisas destinadas para uso e não para consumo. Ex.: veículos, livro, máquina.
Divisíveis – são os bens que podem ser repartidos. Podem ser partidos em porções reais e distintas, formando cada qual um todo perfeito. Ex: queijo, terreno, dinheiro (e não a cédula).
Indivisíveis – são os bens que não podem ser divididos sem prejudicar sua integridade. Ex.: caneta, relógio, cavalo, mesa, livro.
Singulares – são os bens que podem ser individualizados. São as coisas consideradas de per si, independentes dos demais. Ex.: livro, abelha, boi, casa, relógio.
Coletivos – são os bens considerados em sua totalidade. São as coisas agregadas num todo.São chamadas de universalidades. Ex.: biblioteca, colméia, boiada.
Principal - é a coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Ex.: árvore em relação ao fruto, o imóvel em relação aos móveis.
Acessórios – são as que dependem da existência do principal e a eles estão vinculados. Ex.: galhos em relação à árvore, os móveis em relação ao imóvel. O acessório segue a sorte do principal (art. 92, CC). Subdividem-se em:
- Benfeitorias Necessárias – Ex.: conservação do imóvel
Úteis - Ex.: melhoramentos do imóvel
Voluptuárias - Ex.:embelezamento do imóvel
- Frutos Naturais - Ex.:provenientes de árvores
Industriais - Ex.: provenientes de atividades ou cultura
Civis - Ex.: rendimentos, juros, dividendos
Públicos – são os bens que pertencem a toda a coletividade. São os bens do domínio nacional, pertencentes à União, aos Estados ou Municípios. Não estão sujeitos a usucapião.(arts. 100 a 102, CC). Subdividem-se em:
De uso comum do povo – podem ser gratuitos ou retribuídos, conforme for estabelecido legalmente pela entidade cuja administração pertencerem. Ex.:mares, rios, estradas, ruas e praças.
De uso especial - Ex.: edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal .
Dominicais - Ex.: são os que constituem o patrimônio da União, dos Estados ou dos Municípios, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades (art. 99).
Particulares – são os bens das pessoas físicas ou jurídicas
Alienáveis ou no comércio – são os bens que podem ser negociados (arts. 43 a 69, CC)
Inalienáveis ou fora do comércio – são os bens que não podem ser vendidos. São os bens insuscetíveis de apropriação. Ex.: luz solar, ar atmosférico, todas as coisas inalienáveis, por destinação ou por lei: bens públicos de uso comum do povo, os de uso especial, bem de família. 
Corpóreos – são os bens físicos. Ex.:mesa
Incorpóreos – são os bens abstratos. Ex.: direito
OBS.: os bens públicos dominicais podem ser vendidos, desde que desafetados do serviço público, observados os preceitos legais para tal fim.
3. Negócio Jurídico
3.1. Conceito 
a)’Fato Jurídico 
- é o acontecimento decorrente da natureza (fato natural) ou da ação humana (ato jurídico), que possa interessar ao direito. Ex.: chuva (fato natural), mas se estiver relacionada a um contrato de seguro, passa a ser um fato jurídico. A morte natural é um fato natural.
- É o acontecimento em que a relação jurídica nasce, se modifica e se extingue. Independe da vontade humana. Ex.: nascimento, morte
b) Ato Jurídico 
- é quando o fato decorre de ação humana e interessar ao direito; 
- é o fato proveniente da ação humana, de forma voluntária e lícita, com o objetivo de adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. É espécie de fato jurídico;
Subdivide-se em:
*Lícitos:
Ato jurídico em sentido estrito –quando a lei delineia quase que inteiramente a forma, os termos e as decorrências ou as conseqüências do ato, restando ao agente pouca margem deliberativa. Ex.: reconhecimento de filho;
Negócio jurídico – o agente tem um campo mais amplo de deliberação. Ex.: contrato; é a declaração de vontade da pessoa de adquirir, modificar, alterar ou extinguir uma relação jurídica. Ex.: compra de um bem (adquire), cessão de direitos (modifica), novação (altera), pagamento (extinção), distrato de sociedade (extinção). É espécie de ato jurídico lícito;
* Ilícito – é o ato material que infringe o dever legal e causa dano a outrem. Tem como conseqüência a responsabilidade civil, que consiste no dever de indenizar o ressarcir o dano (art. 927). (SPM). È o ato contrário ao direito, do qual resulta dano para outrem.
3.2. Elementos Essenciais (Requisitos para a validade do negócio jurídico)
a) Agente capaz – pessoa capaz para os atos da vida civil, ou seja, aquele que completou 18 anos ou foi emancipado
b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável – o alcance visado pelo negócio jurídico não pode ofender a ordem jurídica. Os fins devem ser legítimos, possíveis, determinados ou determináveis.
Objeto ilícito não dão validade à relação jurídica. Ex.: contrabando, tráfico de drogas, jogo do bicho, contrato de um assassinato, casamento para obter vantagens pecuniárias.
Objeto possível é o materialmente realizável. Ex. de impossível: compra de um disco voador, de um fantasma, saci pererê, mula sem cabeça.
Objeto ilegal é o que ofende a lei. Ex.: contrato de trabalho para matar pessoas, escravo.
Objeto determinado é o especificado. Ex.: comprar veículo Fiat, modelo Palio, motor 1.6.
Objeto determinável é o determinado
apenas no momento do cumprimento da obrigação.
c) Forma prescrita ou não-defesa em lei – todo negócio jurídico tem uma forma. A vontade manifestada pelas partes pode ser verbal, escrita ou através de gestos. Às vezes a lei exige forma especial (art. 107, CC). É a prevista em lei, não proibida pela lei. Ex.: casamento civil realizado por juiz.
A falta de algum dos elementos essenciais leva a prática de ato NULO.
3.3. Defeitos
a) Ausência total de vontade – Quando não há consentimento, não há manifestação de vontade, nem na forma escrita nem na falada. Ex.: pessoa que vende um imóvel sobre efeito de hipnose.
b) Vícios de vontade – São causas que podem desvirtuar o processo de formação da vontade.:
- Erro ou Ignorância (art. 138, CC) – é uma falsa ideia da verdade entre aquilo que o agente pretendia e aquilo que realizou, ou seja, importa em uma divergência entre a vontade declarada e aquela que manifestaria se, porventura, tivesse conhecimento do fato. O erro deve ser espontâneo, sem provocação interesseira de terceiro, pois se houver alguma influência malévola, surge a figura do dolo. Ex.:compra por locação; aquisição de terreno que pensa ser perto do centro quando na verdade é longe (M&E). È a falsa noção a respeito de alguma coisa. Erro de fato é o que decorre do fato. Erro de direito é o proveniente da norma jurídica. (art. 3º, LICC). Para anular o ato deve ser substancial ou essencial (é aquele que interessa à natureza do ato, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais). (SPM).É a falsa noção sobre alguma coisa. Equivale a ignorância, que é a ausência de conhecimento (M&E).
- Dolo civil (art. 145, CC) – é o emprego de um artifício ou ardil malicioso, destinado a induzir alguém à prática de um erro que o prejudique, em benefício do autor do dolo ou de terceiro. É um erro provocado por intermédio de malícia ou ardil, visando ao benefício de alguém (autor do dolo ou terceiro).(art. 147, CC). Uma pessoa induz outra a praticar o ato que prejudica a segunda e beneficia a primeira. Ocorre quando uma pessoa induz em erro outra, por malícia ou astúcia. No erro, a própria pessoa avalia incorretamente os elementos do negócio jurídico. (SPM). É o artifício empregado para enganar alguém.
* Dolus bonus – para os romanos era o artifício sem finalidade de prejudicar. Ex.: empresário que, por intermédio da publicidade ou propaganda, exagera as qualidades de seus produtos. 
* Dolus malus – é o dolo propriamente dito, utilizado para prejudicar alguém.
* Dolo acidental – quando a seu despeito o negócio seria realizado, embora de outro modo.
- Coação moral (art. 151, CC) – é a pressão, exercida sobre alguém através de uma operação psicológica. Existência de uma ameaça, de uma intimidação que coloca pessoas numa situação tal que, levadas pelo temor, emitem declaração de vontade que não corresponde à sua vontade real; é um estado de espírito em que o agente, perdendo a energia moral e a espontaneidade do querer, realiza o ato, que lhe é exigido. (Clóvis Beviláqua). É a violência moral que impede a pessoa de manifestar livremente sua vontade. É a violência moral que impede alguém de proceder livremente (art. 151, CC).
Não é considerado coação o temor reverencial e o exercício normal de um direito (art. 153, CC)
OBS.: coação física –quando há emprego de força física ou material. Neste caso, impossibilita completamente a expressão da vontade e torna o ato nulo. É a violência física que impede a pessoa de manifestar livremente sua vontade. É a violência física que impede alguém de proceder livremente
- Estado de Perigo – quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Caracteriza-se quando uma pessoa assume obrigação excessivamente onerosa, para salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano, conhecido pela outra parte (art. 156).
Lesão – quando uma pessoa, sob premente necessidade (em relação ao contrato), ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (art. 157, CC).
c) Vício social – Embora não atinja diretamente a vontade na sua formação, conduz a idênticos resultados, anulando o negócio jurídico:
- Fraude contra credores – afeta diretamente o negócio jurídico, com a intenção de violar direito de terceiro. A ação competente é a pauliana ou revocatória (art. 158, § 2º). Envolve desfalque do patrimônio do devedor, que aliena bens com o objetivo de não pagar suas dívidas. São artifícios usados pelo devedor visando prejudicar a outra pessoa. Quando o devedor insolvente, ou na iminência de o ser, desfalca seu patrimônio, onerando ou alienando bens, subtraindo-os à garantia comum dos credores (arts. 158 a 165, CC).
- Simulação – consiste na realização de um negócio jurídico aparente, que não corresponde à real intenção das partes. Trata-se de ação bilateral, para enganar terceiros o contornar a lei. Pode ser absoluta quando as partes não desejam realizar negócio algum. Ex.: compra e venda fictícia, entre amigos, só para ludibriar credores. E relativa, também chamada de dissimulação, ocorre quando o negócio jurídico é um disfarce, para a obtenção dos efeitos de um outro negócio, constitutivo do verdadeiro objetivo das partes. Ex.: compra e venda para disfarças uma doação. 
A existência de vício (de consentimento ou social) leva a prática de ato ANULÁVEL, salvo a simulação.
4. Contrato
a) Conceito - é a convenção estabelecida entre 2 ou mais pessoas para constituir, regular ou extinguir entre elas uma relação jurídica patrimonial. Se forma pela proposta e aceitação. Considera-se celebrado no lugar em que foi proposto. É o negócio jurídico entre 2 ou mais pessoas sobre obrigação de dar, fazer ou não fazer, visando criar, extinguir ou modificar um direito.
OBS.: a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Essa função envolve harmonia entre as partes, concessões mútuas, evitando demandas futuras. A função social do contrato implica a composição de interesses individuais e coletivos e a prevalência do social sobre o individual. A boa fé deve existir na pré-contratação, no desenvolvimento da relação contratual, na sua extinção e após o término do contrato. Boa fé objetiva implica conduta honesta, leal, diz respeito ao comportamento das partes.
b) Proposta de contrato – em princípio, a proposta de contrato e a oferta ao público vinculam proponente. Salvo em certos casos, previstos nos arts. 427 a 429 do Código Civil.
c) Classificação dos contratos
- Bilaterais/Sinalagmáticos – há obrigações para ambas as partes. Há direitos e obrigações recíprocas das partes envolvidas. Ex.: compra e venda
- Unilaterais – apenas uma das partes se obriga em relação à outra. Há apenas obrigações para um dos contraentes e direitos para o outro. Ex.: doação pura, mandato, comodato, mútuo.
- Onerosos – ambas as partes têm obrigações patrimoniais. Um dos contraentes paga um valor para obter uma coisa. Ex.: compra e venda
- Gratuitos – apenas uma das partes se compromete economicamente. Apenas uma das partes sofre um sacrifício patrimonial. Ex.: doação pura.
- Comutativos – cada uma das partes recebe uma contraprestação mais ou menos equivalente.Já se sabe de início quais são os direitos e obrigações das pessoas envolvidas. Ex.: compra e venda; locação de imóveis
- Aleatórios – uma das partes se arrisca a não receber nenhuma contra-prestação patrimonial efetiva e equivalente. Uma das partes não sabe de quanto será o montante da prestação que irá receber em troca de sua obrigação. Ex.: seguro; aposta 
- Instantâneos/ De execução instantânea – são os de cumprimento em uma só prestação. È o que sua execução é efetuada de imediato, sem qualquer outro ato. Ex.: compra e venda a vista 
- Sucessivos/ De execução diferida – são os que se cumprem em várias prestações sucessivas. Envolve o cumprimento da obrigação no futuro Ex.: compra e venda a prazo; locação de serviços.
- Formais/Solenes – são os em que a lei exige que sejam feitos de determinada forma. É o que depende de forma prevista em lei para ter validade. Ex.: compra e venda de imóvel que exige escritura pública.
- Não formais/ Não solenes – são os de forma livre, ou seja, os que podem ser feitos como os contraentes quiserem, à vontade, tanto por escrito como verbalmente. São os que se aperfeiçoam independentemente de qualquer formalidade, sendo estabelecidos de forma livre. Ex.:compra e venda de bens móveis.
- Principais – são os contratos que têm vida própria e existem de modo independente. Independe da existência de qualquer outro para ter validade. Ex.: locação; penhor.
- Acessórios – só existem em razão de um outro, que é o principal. É o que depende do anterior para ter validade. Ex.: fiança em relação à locação; penhor em relação ao empréstimo.
- Paritários - ambas as partes estão em pé de igualdade e debatem livremente todos os aspectos do negócio, escolhendo livremente o outro contratante. Há paridade de ajustes, sendo que ambas as partes elaboram o contrato, sem que exista imposição de uma parte em relação à outra.Ex.: compra e venda de móveis; troca.
- De adesão – uma das partes detém o monopólio de um determinado serviço, e impõe todas as cláusulas, em bloco, cabendo à outra aderir ou não ao estipulado. Uma das partes impõe previamente todas as clásulas sem que a outra possa discuti-las, o que é feito em bloco. Ex.:transporte urbano; fornecimento de água, gás, energia elétrica; seguro. 
- Consensuais – completam-se com simples consentimento das partes. São os que independem de formalidade, bastando o mero ajuste de vontades. Ex.: compra e venda; contrato de transportes.
- Reais – além do consentimento, exigem a entrega da coisa para se completarem. Existe a necessidade da entrega de uma coisa. Ex.:empréstimo; depósito; penhor; compra e venda; comodato.
OBS.: Ex.: contrato de compra e venda de uma mesa a vista: bilateral, oneroso, comutativo, instantâneo, não formal, principal, paritário, consensual.
c) Estipulação em favor de terceiro – quando uma pessoa convenciona com outra certa vantagem em benefício de terceira, que não toma parte no contrato. Ex.: testamento (art. 438, CC).
d) Promessa de fato de terceiro – a pessoa faz o contrato comprometendo-se a obter determinado fato de terceiro. Ex.: venda de imóvel indiviso, prometendo-se que um dos co-proprietários, ainda menor, venderá também a sua parte quando se emancipar.
e) Vícios Redibitórios – são defeitos ocultos na coisa, que a tornam imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor. Ex.: uma máquina têxtil, com um defeito que não podia ser percebido pelo comprador. Pode ser alegado em qualquer contrato comutativo. O prejudicado pode rescindir o contrato e exigir a devolução da importância paga (ação redibitória) ou apenas um abatimento de preço (ação quanti minoris). O prazo de reclamação é de 30 dias (bens móveis) e 1 ano (bens imóveis), contados da entrega efetiva (art. 445, CC). Caso o defeito que só se percebe mais tarde, conta-se o prazo a partir da constatação do defeito, até 180 dias (móveis) e 1 ano (imóveis) (art. 445, § único, CC). Redibição é a devolução da coisa.
OBS.: o prazo no Código de Defesa do Consumidor (CDC) é de 30 dias (produtos não duráveis) e 90 dias (produtos duráveis), a partir da constatação (art. 26, CDC).
f) Evicção – quando o adquirente de uma coisa se vê total ou parcialmente privado da mesma, em virtude de sentença judicial, que a atribui a terceiro, seu verdadeiro dono (art. 447, CC). É a garantia jurídica decorrente da perda da coisa, em decorrência de decisão judicial.
g) Arras ou Sinal – é o adiantamento de quantia em dinheiro ou outra coisa fungível (consumível) entregue por um a outro contraente, com o objetivo de assegurar o cumprimento da obrigação. Pode ser considerado o princípio do negócio e de seu pagamento.
h) Extinção dos contratos (Resolução, resilição, rescisão)
- Resolução – é a extinção do contrato, por uma das seguintes causas: cumprimento; descumprimento; termo final; advento de um fato ou uma condição.
- Resilição – é o desfazimento do contrato por vontade das partes. Se for bilateral, chama-se distrato. Se for unilateral, chama-se resilição unilateral ou denúncia(art. 473, CC).
- Rescisão – é termo genérico que abrange tanto a resolução como a resilição, sendo mais empregada na extinção por via judicial.
h) Cláusula Resolutiva – considera-se que em todos os contratos existe implícita ou tacitamente uma cláusula que rescinde o pacto no caso de descumprimento. O fato deve ser objeto de interpelação judicial, desnecessária, porém, se a cláusula constar expressamente do contrato (art. 474, CC).
i) Exceção do contrato não cumprido – nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprir a sua obrigação, pode exigir o cumprimento da do outro (art. 476, CC).
j) Resolução por onerosidade excessiva – quando a prestação aumentar desmedidamente, por causa de fatos extraordinários e imprevisíveis (art. 478,CC). Baseia-se na teoria da imprevisão que se contém na cláusula rebus sic stantibus (enquanto as coisas ficarem como estão), implícita a todos os contratos. Ex.: eclosão de uma inflação repentina e inesperada.
5. Responsabilidade civil (arts. 186-188; 389; 927-954, CC)
a) Conceito 
– consiste na obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependem (Rogério Marrone)
- não basta para gerar o dever de indenizar, a prática de um ato lesivo aos interesses de outrem. È indispensável a ilicitude. Por outro lado, só acarretará a obrigação de indenizar a conduta ilícita que causar dano a outrem.
b) Culpa e Responsabilidade – Só se pode cogitar de culpa quando o evento é previsível.
-culpa latu sensu abrange o dolo (pleno conhecimento do mal e perfeita intenção de o praticar).
- culpa stricto sensu (aquiliana) é a violação de um dever que o agente podia conhecer e observar, segundo os padrões de comportamento do homem médio.
- a culpa pode resultar de:
*negligência – é a falta de atenção, a ausência de reflexão necessária, em virtude da qual deixa o agente de prever o resultado que podia e devia ser previsto; pelo art. 186 do CC, a negligência abrange a ideia de imperícia, pois possui um sentido lato de omissão ao cumprimento de um dever.
*imprudência - consiste em agir o sujeito sem as cautelas necessárias e implica sempre pequena consideração pelos interesses alheios.
*imperícia – consiste sobretudo na inaptidão técnica, na ausência de conhecimento para a prática de um ato; é, em suma, a culpa profissional.
c) Imputabilidade e Responsabilidade – Para que alguém pratique um ato ilícito e seja obrigado a reparar o dano causado, é necessário que tenha capacidade de discernimento, era o previsto no CC/1916 e mantido no CC/2002 no art. 186, contudo, houve uma certa mitigação desse entendimento.
- responsabilidade dos loucos – de acordo com o art. 928 do CC, foi proposto o princípio da responsabilidade mitigada e subsidiária, de forma que se a vítima não conseguir receber a indenização da pessoa encarregada da guarda do louco (curador), poderá o juiz, se o louco for abastado, condená-lo ao pagamento de uma indenização eqüitativa. Pelo art. 933, o curador só não responderá se não tiver condições, pois terá essa obrigação mesmo quando não agir com negligência.
- responsabilidade dos menores – segue a regra prevista acima da responsabilidade mitigada, pois o art. 928 refere-se a incapaz de forma geral, abrangendo tanto loucos como menores. Assim, em primeiro lugar devem responder as pessoas responsáveis pelo incapaz, caso não tenham meios, o incapaz abastardo responderá. No que diz respeito a emancipação, somente a voluntária, feita pelos pais, os isenta de responsabilidade, as demais, por ex.: casamento, não os isenta (art. 5º, § único).
d) Tipos de Responsabilidade
- Civil – o interesse diretamente lesado é privado; a responsabilidade é patrimonial, é o patrimônio
do devedor que responde por suas obrigações; só há prisão civil no caso do depositário infiel e do devedor de alimentos; em muitos casos, há responsabilidade por ato de outrem (art. 932, CC); incapazes podem ser responsabilizados, de forma mitigada.
- Penal – o agente infringe uma norma penal, de direito público; o interesse lesado é da sociedade; a responsabilidade é pessoal, intransferível; o réu responde com a privação de sua liberdade; a pena não ultrapassa a pessoa do delinquente; somente os maiores de 18 anos podem ser responsabilizados.
- Subjetiva – é a responsabilidade quando se esteia na ideia de culpa (art. 186, CC).
- Objetiva/Legal – é a responsabilidade sem culpa; a lei impõe, em determinadas situações, o dever de reparar o dano cometido sem culpa; é objetiva porque prescinde da culpa e se satisfaz apenas com o dano e o nexo de causalidade (Teoria do Risco) (Ex.: 936-940; 929-930; 927; 933, CC).
Imprópria – quando a culpa é presumida, invertendo-se o ônus da prova (Ex.: art. 936, CC).
Própria -
- Contratual – é a que advém do prejuízo causado por alguém que descumpriu obrigação contratual. Ex.: cantor que não comparece ao show no dia marcado. Deve tal prejuízo ser indenizado (art. 389, CC).
- Extracontratual/Aquiliana – quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta (dever legal) imposto genericamente no art. 186 do CC.
e) Pressupostos da Responsabilidade Extracontratual
ação ou omissão – a responsabilidade pode derivar de ato próprio (art. 940, 953, CC), de ato de terceiro que esteja sob a guarda do agente (art. 932) e de danos causados por coisas (art. 937), animais (art. 936) que lhe pertençam .
culpa ou dolo do agente – culpa é a falta de diligência que se exige do homem médio; dolo é a violação deliberada, intencional, do dever jurídico.
relação de causalidade – é o nexo causal entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado (art. 186).
dano – pode ser patrimonial (material) ou extrapatrimonial (moral), ou seja, sem repercussão na órbita financeira do lesado.
6. Coisas
Direito das Coisas é a parte do direito civil que trata dos direitos reais. Direitos Reais. São direitos reais: a propriedade, a superfície, as servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito do promitente comprador de imóvel, o penhor, a hipoteca e a anticrese.
Classificação dos direitos reais
Sobre coisa própria propriedade
usufruto
Sobre coisa alheia de gozo uso
habitação
penhor
de garantia 
hipoteca
6.1. Direitos Reais sobre coisas alheias
a) Conceito – são os direitos subjetivos de ter, como seus, objetos materiais ou coisas corpóreas ou incorpóreas; é o direito de receber, por meio de norma jurídica, permissão do seu proprietário para usa-la ou tê-la como se fosse sua, em determinadas circunstâncias, ou sob condição de acordo com a lei e com o que foi estabelecido, em contrato válido (Goffredo Telles Jr. citado por MHD, v. 4)
6.2. Garantias 
a) Penhor – o devedor oferece ao credor, como garantia, um determinado bem (em regra, móveis), sobre o qual o credor terá preferência em relação a todos os outros credores, para ser pago com o produto da venda judicial desse bem (arts. 1.431 e 1.473, CC). A coisa, em regra, é entregue ao credor (tradição). É a tradição efetiva, que, em garantia do débito, ao credor, ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de um objeto móvel, suscetível de avaliação.
OBS.: PENHOR – direito real de garantia sobre coisa móvel; PENHORA – garantia da execução no processo.
b) Hipoteca - o devedor oferece ao credor, como garantia, um determinado bem (em regra, imóveis), sobre o qual o credor terá preferência em relação a todos os outros credores, para ser pago com o produto da venda judicial desse bem (arts. 1.431 e 1.473, CC). A coisa, em regra, fica com o devedor e é registrada. É o direito real de garantia sobre bens de propriedade do devedor, visando ao cumprimento de uma obrigação. Geralmente incide sobre bens imóveis (exceção: navio). Pode ser legal, convencional ou judicial.
c) Anticrese - o devedor transfere o usufruto de um imóvel ao credor, em compensação da dívida, e até o limite da mesma. O credor vai se autopagando com os rendimentos do imóvel cedido, até o esgotamento de seu crédito (art. 1.506, CC). É a transferência da posse do imóvel para que sejam percebidos os frutos e rendimentos e dar por cumprida a dívida.
6.3. Gozo/ Fruição
a) Superfície – é o direito de plantar ou construir em solo alheio, por prazo determinado, mediante concessão do dono, por escritura pública registrada. Findo o prazo, restabelece-se a propriedade plena do proprietário, o qual fica com as plantas ou construções remanescentes, sem obrigação de indenizar, salvo acordo em contrário (art. 1.369, CC).
b) Servidão – É um vínculo entre imóveis, em que um deles (prédio serviente), por concessão do dono, proporciona a outro (prédio dominante) algum proveito ou facilidade. Ex.: direito de passar pelo prédio em certo trecho, esgoto. É o direito real sobre coisa alheia, em que é imposto ônus em proveito de outro imóvel. O imóvel que suporta a servidão é denominado de serviente. Dominante é o imóvel beneficiado.
OBS.: servidões aparentes podem ser adquiridas por usucapião (art. 1.379, CC).
c) Usufruto – consiste no direito de usar coisa alheia, móvel ou imóvel, e de colher para si os frutos ou os rendimentos por ela produzidos (art. 1.390, CC). O dono fica apenas com o direito abstrato de propriedade, sendo por isso chamado de nu-proprietário. É o direito de se utilizar temporariamente de um bem alheio como se fosse proprietário, não podendo alterar-lhe a substância. Pode ser temporário ou vitalício.
d) Uso – atribui apenas o uso da coisa, para si e sua família,sem direito, porém, à administração e aos frutos (art. 1.412, CC). Permite-se, porém, a percepção dos frutos exclusivamente para sustento próprio do usuário e seus familiares. É o direito de utilizar-se da coisa de acordo com as necessidades da pessoa ou de sua família.
e) Habitação – restringe-se ao direito de morar em determinado prédio alheio (art. 1.414, CC). Ex.: art. 1.831, CC.
f) Compromisso de compra e venda de imóvel – registrado no Registro de Imóveis, garante ao promitente comprador, contra o vendedor e terceiros, o direito real de adquirir o imóvel, com a respectiva escritura definitiva, ou adjudicação judicial, no caso de recusa (art. 1.417, CC).
DIREITO PÚBLICO
1. Direito Constitucional
- É o ramo do Direito Público que estuda os princípios, as regras estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais.
- É o ramo do direito público interno que disciplina a organização do Estado, define e limita a competência de seus poderes, suas atividades e suas relações com os indivíduos, aos quais atribui e assegura direitos fundamentais de ordem pessoal e social (Vicente Ráo).
Estado
a) Conceito 
– é a sociedade política e juridicamente organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob um governo, para a realização do bem comum do povo.
- é a pessoa jurídica formada por uma sociedade que vive num determinado território e subordinada a uma autoridade soberana.
b) Elementos do Estado
-Povo – é o componente humano ou pessoal. É o conjunto de pessoas que se encontram adstritas, pela ordem jurídica estatal, a sua jurisdição, que compreende tanto o que reside no Estado, como o que está fora dele. É o conjunto dos nacionais. 
OBS.: 
POPULAÇÃO é o número total de habitantes que vivem num país, incluindo nacionais e estrangeiros. É expressão numérica das pessoas que vivem num país. Exprime um conceito aritmético, de caráter quantitativo, compreendendo tanto os nacionais como ainda os estrangeiros e os apátridas;
NAÇÃO é uma comunidade de base histórico-cultural, pertencendo a ela, em regra, os que nascem em certo ambiente cultural feito de tradições e costumes, geralmente expresso numa língua comum, tendo um conceito idêntico de vida e dinamizado pelas mesmas aspirações de futuro e os mesmo ideais coletivos.
SOCIEDADE é a união de indivíduos que têm um objetivo comum.
RAÇA é o complexo de caracteres somáticos que identificam um determinado grupo humano e são transmitidos hereditariamente.
SOBERANIA – é o poder de organizar-se juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas decisões nos limites dos fins éticos de convivência.
- Território – é o elemento material, espacial ou físico do Estado. Compreende a superfície do solo que o Estado ocupa, seu subsolo, seu mar territorial (estende-se a 200 milhas da costa) e o espaço aéreo. É a delimitação da soberania. É a parte delimitada da superfície terrestre, sobre a qual vigora a ordem jurídica do Estado. Compreende, também, o subsolo e o espaço aéreo correspondente à superfície; e o mar territorial que, no caso do Brasil, se estende a 12 milhas marítimas da nossa costa.
- Governo (Poder Soberano) – é a organização necessária para o exercício do poder político. É o poder que tem o Governo de efetivar a sua ordem jurídica, sem qualquer subordinação a outra ordem.
OBS.: 
1. Formas de Estado:
1.1. Simples ou unitário – só existe uma única fonte de Direito, que é de âmbito nacional, estendendo-se uniformemente sobre todo o seu território. Ex.: França, Bélgica, Itália e Portugal.
1.2. Composto – é uma reunião de 2 ou + Estados, sob o mesmo governo, formando uma união. Ex.: antiga União Soviética=Rússia + Ucrânia etc; Iugoslávia = Bósnia + Croácia + Dalmácia. Divide-se em:
a) Federação (os Estados-membros não detêm qualquer parcela de soberania);
b) Confederação (os Estados-membros conservam plena soberania).
2. Formas de Governo:
2.1. Antiga:
a) Legítimas – tinham o bem geral como meta a ser alcançada:
- Monarquia – governo de um só; do soberano; poder vitalício;
- Aristocracia – governo de classe, de poucos; geralmente nobres;
- Democracia – governo de todos; do povo.
b) Ilegítimas – bem da coletividade em segundo plano:
- Tirania – corrupção da monarquia; governo sem lei;
- Oligarquia – corrupção da aristocracia; governo de uma minoria poderosa;
- Demagogia – corrupção da democracia; governo com predomínio de facções populares.
2.2. Moderna:
a) Monarquia - conforme tenham limite ou não os poderes do rei:
- Absoluta – governo cabe a um único indivíduo que possui poderes ilimitados, fazendo e aplicando as leis;
- Limitada – quando o exercício do poder é feito por elementos aristocráticos e democráticos
b) República – coisa pública; forma de governo democrática exercitada pelo povo, em seu benefício; mandados políticos são temporários e não há sucessão hereditária:
- Parlamentar – o governo é exercido por um Conselho de Ministros chefiados pelo 1º Ministro; parlamento representa o Estado. O primeiro Ministro exerce função de confiança, podendo ser destituído do cargo. O Governo é estabelecido por um colegiado, com direção do 1º Ministro; chefe de Governo=1º ministro; chefe de Estado=rei (Ex.; Inglaterra; Espanha) ou presidente (Ex.: Itália) (não tem responsabilidade política); 
- Presidencial – o governo é exercido pelo Presidente da República auxiliado pelos Ministros, escolhidos livremente por ele; presidente governa durante mandato. Não pode dissolver o Congresso, nem se por ele destituído. Eleito direta ou indiretamente. Apenas em Estado Republicanos (Ex.: Brasil, EUA, França). Presidente é o chefe de Governo e o do Estado;
- Colegiada – o governo é exercido por um grupo de pessoas.
1.2. Constituição
a) Conceito 
– é o conjunto de princípios e regras relativas à estrutura e ao funcionamento do Estado.
- é um conjunto de normas, escritas ou costumeiras, que regem a organização política de um país.
b) Denominação da Constituição – Carta Magna, Carta Política, Norma Ápice, Lei Fundamental, Lei Magna, Código Supremo, Estrutura Básica, Estatuto Fundamental, Estatuto Supremo.
c) Classificação:
Quanto ao conteúdo:
Material – é o conjunto de normas que irão disciplinar a organização política do país;
Formal – é a norma escrita.
Quanto à forma:
Escrita - é a codificada e sistematizada num único documento; é aquela cujos dispositivos estão reunidos num instrumento. Ex.: CF/88.
Não escrita/Costumeira – é o conjunto de regras que não são prevista num único documento, mas são decorrentes de leis esparsas, costumes, convenções; é aquela que vai se formando aos poucos, pela reiterada prática de certos atos; Ex.: Const. Inglesa.
Quanto ao modo de elaboração:
Dogmática – é a constituição escrita e sistematizada pela Assembléia Constituinte, de acordo com princípios;
Histórica – é a decorrente da formação paulatina da norma no curso do tempo, de acordo com tradições de um povo (Ex. const. Inglesa).
Quanto à origem:
Promulgada – é a votada pela Assembléia Constituinte. São normas democráticas; é a elaborada por uma Assembléia Constituinte, eleita pelo povo especialmente para este fim. Ex.: CF/1946.
Outorgada – é a imposta, geralmente pelo ditador, sem que sejam votadas; é a imposta à coletividade por determinada pessoa ou determinado grupo de pessoas. Ex.: CF/1824.
Quanto à estabilidade/consistência:
Imutável – é a que não pode sofrer qualquer alteração;
Rígida – é a que não pode ser alterada, salvo critérios especiais; é aquela que só se altera mediante processos especiais, caracterizando-se pela prevalência de seus preceitos aos das leis ordinárias. Ex.: CF/88.
Flexível – é a que pode ser alterada segundo critério de modificações da lei ordinária; é aquela que se altera mais facilmente, através do processo legislativo ordinário, e que se caracteriza pela inexistência de qualquer hierarquia entre Constituição e Lei Ordinária. Ex.: Const. Da Itália.
Semi-rígida – é a que possui uma parte rígida e outra flexível.
Quanto à extensão e à finalidade:
Analítica – é a norma constitucional detalhista, que trata de muitos assuntos (Ex.: CF/88);
Sintética - é a constituição que trata apenas de princípios e normas gerais, estabelecendo direitos e garantias fundamentais.
Direitos e Garantias Fundamentais
a) Direitos x Garantias
- Direitos são aspectos, manifestações da personalidade humana em sua existência subjetiva ou em suas situações de relação com a sociedade ou os indivíduos que compõem.
- Garantias são os instrumentos para o exercício dos direitos consagrados na Constituição. Ex.: hábeas corpus, mandado de segurança, mandado de injunção e o hábeas data. (art. 5º, CF/88)
1.4. Ordem Econômica, Financeira e Social
a) Ordem Econômica – a CF/88 (art. 219) prevê que “o mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País”. O mercado é um bem coletivo, que corresponde ao centro de geração da eficiências produtivas, em prol da satisfação das necessidades de consumo da população e do desenvolvimento econômico. Para que haja uma concorrência salutar e se preservem os interesses dos consumidores, é imprescindível que o mercado seja protegido, de forma a viabilizar o fluxo de relações econômicas. (CF, art. 170 e ss) (Mª Eugenia Finkelstein)
Princípios reguladores da ordem econômica:
soberania nacional – é o poder exercido pelo governo em um determinado território, ao qual se sujeitam aqueles que estão sob a tutela do Estado.
propriedade privada – a essência da proteção constitucional da propriedade é impedir que, sem ter sua ação embasada na proteção do interesse público=desapropriação, o Estado aproprie-se dos bens econômicos pertencentes aos particulares ou sujeite-os a um processo de confisco.
função social da propriedade – tem como escopo fixar que a fruição da propriedade por particulares deve compatibilizar-se com fins sociais mais amplos (interesse coletivo)
livre concorrência – consiste na disposição dos agentes produtores em concorrer com seus rivais, em diversos segmentos de atividade. Seus efeitos são refletidos tanto no preço das mercadorias ou serviços, como na quantidade e qualidade dos mesmos. É com ela que se consegue preços justos e a otimização
dos recursos econômicos.
defesa do consumidor – tem como fulcro reconhecer a importância da figura do consumidor para o desenvolvimento da atividade econômica. A relação de consumo faz parte da cadeia produtiva
defesa do meio ambiente – está fundada no fato de que apenas com a utilização responsável
redução das desigualdades regionais e sociais - 
BIBLIOGRAFIA
1. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro – direito das coisas. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2002, v.4.
2. DOWER, Nelson Godou Bassil. Instituições de direito público e privado. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2005.(*)
3. FINKELSTEIN, Maria Eugenia. Direito empresarial – série leituras jurídicas. São Paulo: Atlas, 2005, v.20.
4. FÜHRER, Maximilianus C. A.; MILARÉ, Edis. Manual de direito público e privado. 15 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
5. GONÇALVES, Carlos Roberto.Sinopses jurídicas. São Paulo: Saraiva, 2002, v.1 e 6, tomo II.
6. MARTINS, Sérgio Pinto. Instituições de direito público e privado. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2006.
7. SAMPAIO, Rogério Marrone de Castro Sampaio. Direito civil – responsabilidade civil- fundamentosjurídicos. São Paulo: Atlas, 2000.
8. VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito. São Paulo: Atlas, 2005.

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