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1 Régis Gonçalves Pinheiro Penal III – Parte Especial Nota de Aula nº 07 – 2ª PARTE CORRUPÇÃO PASSIVA Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Corrupção, peita, suborno. Corrupção ativa: inerente a conduta do corruptor (art. 333, CP) Corrupção passiva: envolve atuação do funcionário público corrompido (art. 317, CP) Corrupção passiva própria: negociação de um ato ilícito; Corrupção passiva imprópria: negociação de um ato lícito; Corrupção passiva antecedente: a vantagem indevida é recebida antes do ato do funcionário público; Corrupção passiva subsequente: a vantagem indevida é recebida depois do ato do funcionário público. A corrupção é um crime bilateral ou de concurso necessário, pressupondo a convergência de vontades entre o funcionário público corrupto e o particular corruptor. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: vantagem indevida. Obs.: não se aplica o princípio da insignificância; 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.1: o tipo penal informa “em razão da função” e não “em razão do cargo”: assim não FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA Centro de Ciências Jurídicas – CCJ Curso de Direito 2 há necessidade do agente ser titular de cargo público, basta ser exerça, ainda que transitoriamente e sem remuneração, uma função pública, ex.: mesários eleitorais. Obs.2: é possível coautoria e a participação de terceiros (particulares ou funcionário públicos). Contudo, ao particular que oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário público deve ser imputado o crime de corrupção ativa (art. 333, CP). Obs.3: não há corrupção passiva se o ato de não é do FP que o solicitou; poderá restar caracterizado crime de tráfico de influência (332); Obs.4: não há corrupção passiva, mas exploração de prestígio (357), quando FP ou qualquer pessoa, solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha. Obs.5: caracteriza o crime de estelionato (171), o exemplo em que o agente, FP ou particular, solicita ou recebe vantagem ilícita, para influir ou obter de FP, benefício prometido a alguém. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “Solicitar” (pedir, requerer), “receber” (obter, entrar na posse ou detenção), e “aceitar” (concordar ou anuir). Obs.1: crime de ação múltipla ou conteúdo variado; Obs.2: a solicitação de vantagem indevida deve guardar relação com a função pública; Obs.3: na concussão o funcionário público exige vantagem indevida intimidando a vítima, por sua vez, na corrupção passiva o funcionário público solicita ou recebe vantagem indevida, ou aceita promessa de sua entrega (vantagem indevida). Concussão – art. 316 ≠ Corrupção Passiva – art. 317 EXIGIR = DETERMINAR SOLICITAR = PEDIR Na CORRUPÇÃO PASSIVA: - o FP limita-se a manifestar o seu desejo de receber alguma vantagem indevida; - o particular pode ou não atender aos anseios do FP; - o particular não se sente atemorizado; - se o particular cede aos anseios do corrupto, o faz livre manifestação de vontade, uma vez que pretende obter benefícios em troca da vantagem prestada; Na CONCURSSÃO: - o FP exige a entrega da vantagem indevida; Obs.5: no tocante ao crime de corrupção, há uma exceção a regra do art. 29, caput, do CP (Teoria Monista), pois há dois crimes distintos para as pessoas que concorrerem para o mesmo resultado: corrupção passiva (317) e corrupção ativa (333); 3 Obs.6: é possível a ocorrência se de ocorrência de somente corrupção passiva, sem corrupção ativa, na modalidade solicitar ... quando o extraneus não anui: Corrupção Passiva – art. 317 ≠ Corrupção Ativa – art. 333 Solicitar è Não há verbo correspondente Receber è Oferecer Aceitar promessa è Prometer Obs.7: Corrupção passiva e crime contra a ordem tributária: art. 3º, II, Lei 8.137/90; Obs.8: Jurados podem cometer corrupção passiva; Obs.9: Corrupção passiva e crime penal militar: art. 308, do CPM; Obs.10: Falso testemunho e falsa perícia: vide arts. 342, § 1º e 343, ambos do CP; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido do elemento subjetivo específico “para si ou para outrem”. Obs.1: não se admite a modalidade culposa. Obs.2: não corrupção passiva quando a vantagem é para o acervo da própria administração pública; Obs.3: não há corrupção passiva em presentes de pequena monta; importante ressaltar de que não se trata de aplicação do princípio da insignificância; o melhor é alegar a ausência de dolo. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento em que o funcionário público solicita, recebe ou aceita proposta de vantagem indevida. Obs.1: crime FORMAL; Obs.2: nas modalidades “solicitar” e “aceitar promessa”, não há a exigência de entrega da vantagem indevida; A tentativa é possível. 06) Causa de aumento de pena: art. 317, § 1º § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. 07) Corrupção passiva privilegiada: art. 317, § 2º § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: è O móvel do agente consiste em atender os pedidos de amigos e pessoas próximas, ou então agradável às pessoas influentes que solicitam os seus préstimos, sem o recebimento de vantagem. Corrupção passiva privilegiada – art. 317, § 2º ≠ Prevaricação – art. 319 4 Cede a pedido ou influência de outrem Satisfação de interesse ou sentimento pessoal 08) Ação Penal. Pública incondicionada. FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334): Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: a mercadoria contrabandeada e os tributos não recolhidos no caso do descaminho. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.1: somente pode ser cometido pelo FB dotado do especial dever funcional de impedir o contrabando ou o descaminho; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “Facilitar” (auxiliar, tornar mais fácil, simplificar). Obs.1: pode ser por ação ou omissão. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade especifica. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento em que o funcionário público facilita o contrabando ou o descaminho, pouco importando se a outra pessoa (agente do crime 334, CP), logrou êxito; Obs.: crime FORMAL; A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. Competência da JF. PREVARICAÇÃO Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa delei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 5 Infidelidade ao dever de ofício, à função exercida, o não cumprimento pelo FP das obrigações que lhe são inerentes, em razão de ser guiado por interesses e sentimentos próprios. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: ato de ofício. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.1: não se admite coautoria, somente participação. Obs.2: jurados podem praticar prevaricação; Obs.3: FP que recebe ordem judicial e se recusa a cumprir (ordem referente a ato de sua atribuição legal), responde por prevaricação, desde que presente a finalidade específica de satisfazer interesse ou sentimento pessoal; - lembre-se que o art. 330, CP, crime de desobediência somente pode ser praticado por particular, e excepcionalmente, por FP, que receba ordem não relacionada às suas atribuições; - FP que recebe ordem referente a ato de sua atribuição, e se recusa a cumprir, ausente a finalidade específica de satisfazer interesse ou sentimento pessoal (fato atípico). Subsiste ato de improbidade administrativo, art. 11, II, Lei 8.429/92. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “retardar”, “deixar de praticar”, e “praticar”. Obs.1: crime de ação múltipla ou conteúdo variado; Obs.2: nas modalidades “retardar” e “deixar de praticar” há o elemento normativo “indevidamente”: não há prevaricação, quando o FP deixa de agir em razão da ausência - de norma jurídica que o obrigue à prática do ato, ou então quando motivos fortuitos ou de força maior legitimem a omissão ou a demora; Obs.3: na modalidade “praticar” exige elemento normativo, pois o FP há de praticar o ato “contra disposição expressa em lei”; Obs.4: Militar, art. 319, CPM; Obs.5: Crime contra Sistema Financeiro Nacional, art. 23, Lei 7.492/86; Obs.6: Eleitoral, art. 345, CE; Obs.7: Crime contra a Economia Popular, art. 10, § 4º, Lei 1.521/1951; Obs.8: Política Nacional do Meio Ambiente, art. 15, § 2º, Lei 6.938/1981; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido do elemento subjetivo específico “para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. Obs.1: não se admite a modalidade culposa. Obs.2: interesse pessoal é qualquer proveito ou vantagem obtido pelo agente, seja patrimonial ou moral; 6 05) Consumação e Tentativa Nas modalidades “retardar” e “deixar de praticar” consuma-se no momento em que o funcionário público retarda ou deixa de praticar indevidamente o ato de ofício. Na modalidade “praticar” consuma-se no momento em que o funcionário público pratica o ato de ofício contra disposição expressa em lei. Obs.: crime FORMAL; A tentativa é possível, somente na modalidade comissiva – modalidade “praticar”. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Rúbrica Criminal ou Rúbrica marginal ou nomen iuris: PREVARICAÇÃO IMPRÓPRIA, PREVARICAÇÃO NOS PRESÍDEOS, etc. Obs.: a Lei 11.466/07, que inseriu o art. 319-A no CP, também acrescentou o inciso VII, no art. 50 da LEP, que considerada falta grave a posse, uso ou fornecimento de celular ou similar. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: aparelho telefônico, fixo ou móvel, rádio ou similar. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.1: somente diretor de presídio, ou agente público, este aqueles incumbidos do dever funcional de evitar o acesso de aparelhos de comunicação entre os presos. Obs.2: o preso flagrado com aparelho de comunicação, não comete o crime do 319-A, mas infração grave, Art. 50, VII, da LEP. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “deixar”. No núcleo do tipo é deixar, no sentido de omitir-se ou não fazer algo. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento em que o FP, conhecendo a situação ilícita, não faça nada para 7 impedir o acesso do preso a aparelho telefônico ou similar. Obs.1: é dispensável o efetivo uso do aparelho pelo detento, bastando a possibilidade de o fazer. Obs.2: crime FORMAL; A tentativa é não possível, pois se trata de crime omissivo próprio. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: infração não punida. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: somente FP de posição hierárquica frente ao agente da infração. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “deixar de responsabilizar” e “não levar ao conhecimento”. No núcleo do tipo é deixar, no sentido de omitir-se ou não fazer algo. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido de um fim especial de agir (elemento subjetivo específico): ser indulgente com o infrator. Obs.1: Indulgência = perdão, clemência ou tolerância. Obs.2: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Qual o prazo para adoção das medidas disciplinares? Consuma-se com a mera omissão do FP, que ao tomar conhecimento da infração cometida por subordinado no exercício do cargo, queda-se inerte, ou quando o FP não tiver poderes para adoção das medidas disciplinares, deixar de comunicar o fato a quem de direito. Obs.: crime FORMAL; A tentativa é não possível, pois se trata de crime omissivo próprio. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. 8 ADVOCACIA ADMINISTRATIVA Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: Pena - detenção, de três meses a um ano, além da multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: interesse privado alheio. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “patrocinar”. No núcleo do tipo é patrocinar, no sentido de amparar, advogar, defender ou pleitear interesse privado de outrem. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com o simples patrocínio pelo FP do interesse privado e alheio, independentemente da efetiva obtenção de benefício pelo particular. Obs.: crime FORMAL; A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la: Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da pena correspondente à violência. Parte da doutrina considera revogado tacitamente o art. 322, pela Lei 4.898/65, art. 3º, i. Para outra parte, não está revogado, por o texto do art. 3º da Lei 4898/65 é vago, e seria uma ofensa ao princípio constitucional da legalidade. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: a pessoa a quema violência é dirigida, podendo ser particular ou FP. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Sujeito Passivo: o Estado. 9 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “praticar”. Refere-se a agressão física, excluindo-se a violência psíquica ou moral. É necessário que a violência física seja cometida arbitrariamente, sem motivo legítimo. O ato violento deve ser praticado no exercício da função ou a pretexto de exercê-la 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – acrescido do fim especial de agir (elemento subjetivo específico) consistente na intenção do FP abusar de sua autoridade. Obs.1: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se no momento em que funcionário público, de forma abusiva, pratica o ato violento, no exercício da função ou a pretexto de exercê-la. Obs.: crime MATERIAL; A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. ABANDONO DE FUNÇÃO Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: o cargo abandonado pelo funcionário público. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: não admite coautoria, somente participação Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica – “abandonar”. Refere-se a abandono do cargo público fora dos casos permitidos em lei (licença, férias, afastamentos, etc.). Obs.: o abandono tem que ser por prazo juridicamente relevante; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 10 Obs.: não se admite a modalidade culposa. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com o abandono do cargo por tempo juridicamente relevante, capaz de criar uma situação de perigo para a Administração Pública. Obs.1: crime FORMAL; Obs.2: não exige a produção de dano à Administração Pública, mas se provocar prejuízo, incidirá a figura qualificada, art. 323, § 1º, CP; A tentativa não é possível. 06) Figuras Qualificadas (§§ 1º e 2º) § 1º - Se do fato resulta prejuízo público: § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira: (150 km de largura) 07) Ação Penal. Pública incondicionada. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO Art. 324 - Entrar no exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: a função pública. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: o agente que antecipou o exercício funcional, pois encontrava-se habilitado para ocupar o cargo, mas iniciou antes do preenchimento dos requisitos formais, e aquele que, tendo sito investido na função, ilicitamente estendeu o seu exercício. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica. 1ª Conduta: entrar em exercício antes de satisfeitas as exigências legais (antes da posse, antes da nomeação); Obs.1: norma penal em branco; Obs.2: na primeira conduta, pressupõe que o agente fora no mínimo nomeado, sob pena de configuração de usurpação de função pública (art. 328, CP); 2ª Conduta: continuar a exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente que foi removido, substituído, suspenso ou exonerado. Obs.1: é necessária comunicação formal e oficial ao agente; Obs.2: Há discussão com relação a aposentadoria compulsória, que para muitos, para a 11 configuração do crime em análise, não há necessidade de comunicação formal e pessoal ao agente, posto que decorre de lei. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se com a prática do primeiro ato de ofício antes de entrar no exercício da função ou depois da comunicação oficial da exoneração, remoção, suspensão ou substituição. Obs.: crime FORMAL A tentativa não é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. § 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. Objeto material: o fato, de que o agente tem ciência em razão da função. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: o agente tem que ter o dever de manter em segredo a informação. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica. 1ª Conduta (revelação direta): revelar, divulgar, dar publicidade, tornar conhecido a terceiro; 2ª Conduta (revelação indireta): facilitar a revelação, proporcionar ou viabilizar, por qualquer meio, o conhecimento do fato por terceiros; Obs.1: a possibilidade de dano é condição sine qua non para o delito; Obs.2: se o terceiro já tinha conhecimento do fato não há crime; 12 Obs.3: a pessoa que se limita a tomar conhecimento do fato não comete crime; mas se tiver concorrido de qualquer forma para a quebra do sigilo, poderá ser considerada coautora ou partícipe do delito; Obs.4: o crime em estudo pode ser praticado por FP aposentado ou posto em disponibilidade, desde que subsista o dever de segredo. 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se quando terceiro toma conhecimento do segredo revelado, direta ou indiretamente. Obs.1: para configuração, basta que uma só pessoa tome conhecimento; Obs.2: crime FORMAL. A tentativa é possível. 06) Conduta equiparada (art. 325, § 1º, CP) § 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. 07) Forma qualificada (art. 325, § 2º, CP) § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 08) Ação Penal. Pública incondicionada. 09) Subsidiariedade expressa: a) violação de sigilo de proposta de licitação (art. 94, Lei 8.666/93); b) crime contra a segurança nacional (arts. 13, 14, e 21, Lei 7.170/83); c) revelação de segredo relativo a energia nuclear (art. 23, Lei 5.453/77); d) violação de sigilo de instituição financeira (art. 18, Lei 7.492/86); e) uso indevido de informação privilegiada no mercado de valores mobiliários (art. 27-D, Lei 6.385/76). VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa. 01) Objeto Jurídico Tutelado: a administração púbica. 13 Objeto material: a proposta apresentada em procedimento licitatório. 02) Sujeitos do Crime: Sujeito Ativo: crime próprio – funcionário público; Obs.: o agente responsável pela manutenção do segredo, em torno da proposta apresentada. Sujeito Passivo: o Estado. 03) Tipo Objetivo: Adequação típica. A conduta consiste em devassar, no sentido de desvelar, tomar conhecimento, ainda que parcialmente. Ou proporcionar a terceiro a possibilidade de devassar a proposta. Obs.1: na modalidade “proporcionar a terceiro a possibilidade de devassar a proposta”, basta que FP franqueie o acesso, ainda que não ocorra a revelação do conteúdo cerrado, para consumação do fato. Obs.2: se os litigantes revelarem um ao outro o teor das propostas, poderão responder pelo crime previsto no art. 90, da Lei 8.666/93; 04) Tipo Subjetivo: Adequação típica Dolo – independentemente de qualquer finalidade específica. 05) Consumação e Tentativa Consuma-se na primeira parte, consuma-se com a efetiva ciência indevida do teor da proposta em procedimento licitatório, ou na parte final, quando o FP proporciona o acesso indevido, ainda que não ocorra a efetiva devassa. Obs.: crime FORMAL. A tentativa é possível. 06) Ação Penal. Pública incondicionada.
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