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A Matemática na EJA - Ensino e Aprendizagem

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INVEST
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
PÓS – GRADUAÇÃO EM MATEMÁTICA
MARIA ANTÔNIA DO NASCIMENTO
A MATEMÁTICA E O ENSINO APRENDIZAGEM NA EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
CUIABÁ/MT
2017
MARIA ANTÔNIA DO NASCIMENTO
A MATEMÁTICA E O ENSINO APRENDIZAGEM NA EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em Matemática, apresentado à Faculdade Invest – Instituto de Educação.
Orientador: 
CUIABÁ/MT
2017
A MATEMÁTICA E O ENSINO APRENDIZAGEM NA EJA – EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Maria Antônia do Nascimento[1: Maria Antônia do Nascimento, acadêmica do Curso de Pós-Graduação em Matemática – IVEST – Instituto de Educação. ]
A matemática se destaca das outras disciplinas porque é sequencial, ou seja, não se aprende a multiplicar se não aprendeu a somar, isso significa que uma etapa que não foi bem aprendida compromete o aprendizado de uma próxima. As dificuldades para os alunos que estão inseridos na EJA – Educação de Jovens e Adultos são ainda maiores, nas operações matemáticas. Com base nestas afirmações o trabalho a ser apresentado abordará o tema a matemática e o ensino aprendizagem na EJA – Educação de Jovens e Adultos. Pois, sabemos que a matemática se faz presente em praticamente toda atividade do nosso cotidiano, por isso é necessário um olhar crítico a respeito de como estão o ensino aprendizagem destes alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na disciplina de Matemática, e como estes chegam ao mercado de trabalho. Portanto, o estudo e a pesquisa apontaram que através da História da Matemática na sala de aula contribui para o processo de ensino, pois consegue estreitar a relação entre as teorias matemáticas com a prática facilitando a compreensão de conceitos.
Palavras – chaves: Matemática; Ensino e Aprendizagem; EJA.
Introdução
O ensino da matemática na Educação de Jovens e Adultos vem sendo um tema de bastante discussão entre os profissionais na área de educação. Com carga horária destacada entre as outras disciplinas, o seu estudo requer mais tempo e dedicação, além disso, a formação do professor de matemática não é adequada, visto que os cursos de graduação não oferecem, em sua maioria, disciplina direcionada a esta modalidade.
Entende-se que a EJA (Educação de Jovens e Adultos) é uma modalidade de ensino que abrange a formação tanto de jovens como de adultos, que não tiveram o privilégio de concluir os estudos básicos na idade apropriada. Pensar na EJA é compreendê-la como direito de todos, que se dá ao longo de toda a vida, e que tem por objetivo principal integrar esses cidadãos na sociedade, garantindo o direito a educação e escolarização.
Sendo assim a Educação de Jovens e Adultos, devido a suas especificidades, exige dos educadores uma busca ainda mais intensa de aprendizagem, o que se deve, sobretudo, ao fato de que a formação inicial e/ou continuada tem sido insuficiente para atender as demandas do ensino dessa modalidade.
Os professores que trabalham na EJA, em sua quase totalidade, não estão preparados para o campo específico da educação de jovens e adultos, reproduzindo, muitas vezes o ensino regular de maneira inadequada e facilitadora.
Ela se diferencia das outras modalidades de ensino, por apresentar um público particular, que possui características que o diferencia dos estudantes do ensino regular”. Esse público da EJA possui especificidades que vão além da idade cronológica, uma vez que, esses jovens e adultos têm interesses, motivações, experiências e expectativas que devem ser consideradas no processo educacional.
O jovem e adultos que busca as salas de aula da EJA, tem uma experiência de vida maior do que aqueles que frequentam o ensino básico regular, e essa experiência os levam a uma compreensão maior do processo educacional.
Entretanto, diante de sua importância, quanto modalidade de ensino, a Educação de Jovens e Adultos, possui algumas particularidades, quanto ao ensino. Por estar lecionando nesta modalidade e encontrar algumas dificuldades em determinados conteúdos como expressões numéricas, equações e números inteiros, haja vista que ocorrem muitos questionamentos, por parte dos alunos, sobre sua importância e aplicabilidade, além da necessidade da inserção de novas práticas para poder assim sanar as dificuldades e obter aprendizado significativo.
Portanto, a escolha desse tema se deu por alguns motivos: por meio de leituras de compêndios constituídos por vários textos de diferentes autores propostos, através dos quais tomou-se conhecimento sobre um pouco da História da Matemática no ensino da matemática que integram várias disciplinas; e também pela necessidade de entender um pouco mais sobre o ensino aprendizagem haja visto a grande quantidade de informações que temos contato enfocando experiências vivenciadas em nosso país.
Em suma, compreender que os sujeitos jovens e adultos trabalhadores trazem consigo conhecimentos que vão além daqueles reconhecidos como científicos, produzidos no ambiente escolar, significa valorizar outros saberes que são constituídos e constituintes nestes sujeitos.
Referencial Teórico
A História da Matemática
Inicialmente, é interessante analisar o sentido léxico da palavra “história”, que apresenta diversos significados. Trata-se da narrativa de fatos, datas e nomes associados à geração, à organização intelectual e social e à propagação do conhecimento, no decurso das várias culturas no processo de transformação da humanidade. Por conseguinte, a palavra “matemática” se refere à ciência que investiga as relações entre as entidades abstratas e lógicas (FERREIRA, 2001).
Nessa direção, a associação destes termos resulta na necessidade de se conhecer a história dos acontecimentos, descobertas e inovações ocorridos durante a trajetória da humanidade. Acima de tudo, é mister recorrer a esses registros e interpretações para subsidiar conhecimentos posteriores.
Em relação à matemática, o seu ensino vem se tornando uma tarefa cada vez mais complicada. As dificuldades encontradas não somente dentro da sala de aula, que trazem uma matemática sem contexto, deixam os alunos gradativamente mais dispersos e sem vontade de aprender a matéria.
Na educação fala-se muito a respeito da descontextualização de livros didáticos, no entanto, de forma a contornar esse problema alguns autores sugerem o estudo da História da Matemática. A contextualização, portanto, poderá ser feita mediante a investigação do professor, em conjunto com o aluno, de maneira que possibilitem a identificação e avaliação dos conhecimentos subjacentes às práticas sociais exercidas na escola. Dessa forma, podem surgir também outras formas de conhecimento na interação dentro da sala de aula.
Esta descontextualização dificulta ainda mais o ensino devido à ausência do reconhecimento da necessidade de saber e entender que a matemática não foi criada por acaso, houve todo um processo histórico até chegar aos dias atuais. A partir daí, acredita-se que estudar aspectos relevantes da História da Matemática auxiliará, não só o professor, mas principalmente o aluno, a desenvolver um raciocínio coerente sobre determinado tópico lecionado.
Destarte, a história torna-se fonte de informação para o ensino/aprendizagem da matemática. Neste sentido, vários matemáticos utilizam mecanismos de motivação para a recorrência à história, visto que o conhecimento histórico desperta o interesse do aluno acerca do conteúdo que está sendo lecionado.
De fato, se não fosse a crítica que a história engendra, a matemática lecionada transforma-se aos poucos em algo tedioso, e os objetos matemáticos ficam deturpados, já não são mais do que objetos de ensino. Está-se então em presença do fenômeno da transposição didática em que este objeto de ensino é o resultado desta descontextualização, está separado da problemática que lhe deu origem e que faz vivera noção de como saber.
Uma educação que tenha por base suas raízes históricas é essencialmente importante e necessáriopara que os conteúdos e conceitos passem a dispor de significado. 
Conhecer a História da Matemática para Ubiratan D’Ambrosio (1996) é: essencial em qualquer discussão sobre a Matemática e o seu ensino. Ter uma idéia, embora imprecisa e incompleta, sobre porquê e quando se resolver levar o ensino de Matemática à importância que tem hoje são elementos fundamentais para se fazer qualquer proposta de inovação em Educação Matemática e Educação em geral. 
Isso é particularmente no que se refere a conteúdos. A maior parte dos programas consiste de coisas acabadas, mortas e absolutamente fora do contexto moderno. Torna-se cada vez mais difícil motivar os alunos para uma ciência cristalizada. Não é sem razão que a história vem aparecendo como um elemento motivador de grande importância. (D’Ambrosio, 1996 p. 29).
Ao expor a matemática como um engenho humano, o professor tem a possibilidade de desenvolver com seus alunos uma maneira de estimulá-los a pesquisar sobre como determinado tópico foi descoberto, e para que finalidade ele foi criado. Assim, eles entenderão que a matemática não veio ao mundo por acaso, e sim, para auxiliá-los de várias formas no seu dia-a-dia.
Em várias ocasiões, a saída mais clara para entender o conteúdo matemático é pesquisando a História da Matemática. Onde o estudante encontra respostas às perguntas que geralmente são feitas aos professores nas salas de aulas como: “para que estudar isso? ”, “quem inventou isso não tinha nada o que fazer? ”. 
E desta forma, contribui para a edificação de um olhar crítico sobre os objetivos de conhecimento, haja vista que o ensino da História da Matemática indica como abranger melhor este ou aquele conteúdo. O aluno compreenderá com maior facilidade como chegar ao resultado final sem dúvidas e receios, em saber se o problema está certo ou errado.
Esta necessidade pode ser constatada pela falta de motivação dos alunos ao estudar a matemática. Eles criam certa resistência à disciplina, muitas vezes porque o professor não reconhece a importância de vincular os seus ensinamentos com outras atividades humanas. Portanto, é de suma relevância incitar a reflexão dos alunos para o fato de que há a presença de idéias matemáticas em todas as suas ações.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 19), A matemática precisa estar ao alcance de todos e a democratização do seu ensino deve ser meta prioritária do trabalho docente. No ensino de Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um consiste em relacionar observações do mundo real com representações; outro consiste em relacionar essas representações com princípios e conceitos matemáticos. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997 p. 19).
Consoante a esta proposição, é indispensável trazer a matemática para a realidade do aluno, não no sentido de facilitar o processo ensino/aprendizagem, mas valorizar o contexto no qual se insere. 
A matemática deve estar relacionada com a apreensão de significados, visto que o principal objetivo do ensino é propiciar ao aluno um pensamento mais crítico, retirando-o da posição de passividade.
Conclui-se então, a partir dessas explanações, que o estudo da História da Matemática é de fundamental importância para o entendimento dos conteúdos matemáticos. Evidencia sua importância na formação da capacidade do aluno de analisar criticamente os processos de aprendizagem, bem como as relações sociais exercidas no cotidiano. Portanto, este trabalho não é conclusivo, mas pretende contribuir com os estudos nesta área, tendo em vista que são escassos.
Importância da EJA – Educação de Jovens e Adultos
A Educação de Jovens e Adultos tem como função social a promoção da inclusão social, emancipatória e democrática de jovens e adultos na sociedade, proporcionando sua inserção e qualificação no mercado de trabalho, atribuindo aos educandos, o papel de sujeitos ativos no processo de construção de conhecimentos exercendo sua cidadania.
A EJA – Educação de Jovens e Adultos tem o compromisso com a formação humana com o acesso acultura, de modo que os alunos aprimorem sua consciência crítica e adotem atitudes éticas para o desenvolvimento de sua autonomia intelectual. O papel fundamental da EJA é fornecer subsídios para que os alunos se afirmem como sujeitos ativos, críticos, criativos e democráticos. 
A educação de jovens e adultos deve voltar-se a uma formação na qual os alunos possam aprender constantemente, refletir de modo crítico, agir com responsabilidade individual e coletiva, acompanhar a dinamicidade das mudanças sociais, enfrentar problemas construindo soluções utilizando os conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio históricos. 
No entanto, o sentido da EJA é propiciar a todos a construção de conhecimentos por toda a vida. Sua base é o caráter incompleto do ser humano, uma educação permanente na criação de uma sociedade baseada na igualdade e diversidade.
O educando da Educação de Jovens e Adultos 
Os alunos do EJA são jovens, adultos, pessoas que não deram continuidade aos estudos no tempo certo, pois muitos desses jovens tiveram que entrar no mercado de trabalho para ajudar seus familiares e não conseguiram estudar e trabalhar existe entre eles os migrantes da zona rural para a cidade, eles também têm diferentes culturas, etnias, religião, crenças. Mas todos buscam um objetivo, deixar de ser analfabeto. 
Existem inúmeras causas ou motivos pelo quais as pessoas interrompem a sua trajetória escolar: As reprovações, a necessidade de trabalhar, morar distante da escola, gravidez precoce, desmotivação etc. Todas as pessoas que tiveram a sua escolaridade interrompida na faixa etária prevista têm o direito a retornar.
A realidade dessas pessoas é vária, e com todas estas diversidades neste campo educativo, a escola e o professor precisam refletir sobre a construção de um currículo que atenda as especificidades de todos. É um direito constitucional para o cidadão que todos aprendam com uma educação de qualidade. O sistema escolar precisa se ajustar para suprir as necessidades de todos os alunos e estar comprometido com uma educação de qualidade.
Quanto às necessidades dos alunos do EJA, todo ser humano tem necessidades para serem supridas e lutam por isso, precisa estar empregado, ter saúde, boa alimentação, ter moradia, transporte, e aí se depara com o analfabetismo que causa baixos salários, humilhação, desemprego, então voltam à escola para concluir seus estudos e conseguirem um trabalho com salário mais justo.
O EJA tem uma função reparadora nas pessoas analfabetas ou pouco letradas, é de suma importância para o crescimento psicossocial.
No Brasil a educação é direito de todos e dever do Estado.
A política propõe a diminuição das desigualdades. A educação combate à pobreza e a desigualdade tornando a pessoa em um cidadão com direitos e deveres.
Paulo Freire diz que o EJA é essencial para a cidadania e para o mercado de trabalho. Existe uma grande variedade de combinações, e formas de concretização para uma proposta curricular com objetivos educativos e conteúdos detalhados com práticas e ações educativas que se desdobram em objetivos gerais e objetivos específicos que são a Língua Portuguesa, Matemática, Estudo da Sociedade e da Natureza.
São definidos os conteúdos a serem estudados nessas três áreas.
No início dos anos 60, Paulo Freire fez uma proposta de educação popular com programas de alfabetização para Jovens e Adultos. Paulo Freire mostrou uma proposta pedagógica que através do diálogo fosse atingido à transformação da consciência crítica de aluno sem afetar a cultura de cada um. Ele também desenvolveu um procedimento pedagógico conhecido como método Paulo Freire, com conteúdo dialoga educativo. 
O objetivo era levar o aluno a assumir a sua aprendizagem sendo capaz e responsável antes de iniciar seu aprendizado da escrita. Ainda se deseja criar novas pistas na educação crítica e criativa dos educadores e formas mais dinâmicas sobre a abordagem teórica de Paulo Freire “Leitura do mundo” e a “Leitura da palavra”.
Propostapedagógica do EJA
 A Educação de Jovens e Adultos estabelece a democratização, no sentido de propiciar pleno atendimento a demanda para garantir a permanência desses alunos até o final da etapa, com adequada aprendizagem.
A modalidade da EJA está centrada na orientação dada pelo inciso III do artigo 12 da LDB, que é “zelar pela aprendizagem dos alunos” e pela resolução CNE/CEB 1/2000, art. 5º parágrafo único, que considera as situações, os perfis dos estudantes”.
O percurso da aprendizagem dos alunos da EJA proporciona uma formação integral nas diferentes áreas do conhecimento, possibilitando aos alunos a construção de conhecimentos através da formulação de hipóteses e da solução de problemas. 
Como a modalidade da Educação Básica, a identidade própria da Educação de Jovens e Adultos, considera as situações, os perfis dos estudantes, faixa etária, e se pautará pelos princípios de equidade, diferença e proporcionalidade na apropriação e contextualização das diretrizes curriculares nacionais e na proposição de um modelo pedagógico próprio.
Equidade: identificação e reconhecimento da alteridade própria e inseparável dos jovens e adultos em seu processo formativo, da valorização do mérito de cada um e do desenvolvimento de seus conhecimentos e valores.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a EJA, essa modalidade deve desempenhar três funções.
- Função reparadora: não se refere apena a entrada dos jovens e adultos no âmbito dos direitos civis, pela restauração de um direito por eles negado, o direito a uma escola de qualidade, mas também ao reconhecimento de igualdade ontológica e de todo e qualquer ser humano de ter acesso a um bem real, social e simbolicamente importante, um modelo educacional que crie situações pedagógicas satisfatórias para atender às necessidades de aprendizagem especificas dos alunos jovens e adultos.
- Função equalizadora: relaciona-se à igualdade de oportunidades, que possibilite oferecer aos indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, a equidade é forma pelas quais os bens sociais são distribuídos tendo em vista maior igualdade. A EJA representa uma possibilidade de efetivar um caminho de desenvolvimento a todas as pessoas de todas as idades, permitindo que jovens e adultos atualizem seus conhecimentos, mostrem habilidades, troquem experiências e tenham acesso a novas formas de trabalho e cultura.
- Função qualificadora refere-se à educação permanente, cujo desenvolvimento e adequação pode se atualizar em quadros escolares ou não-escolares.
A Matemática e o Ensino Aprendizagem na EJA
Em toda a história do Brasil, desde a colonização portuguesa pode-se constatar a emergência de várias políticas de Educação de Jovens e Adultos. No entanto a conquista, reconhecimento e definição desta modalidade enquanto política pública de acesso e continuidade à escolarização básica é muito recente, principalmente no que diz respeito ao atendimento ao estudante que precisa conciliar trabalho e estudo. 
Vale salientar também que os jovens que não tiveram acessos e/ou permanência na escola, em idade que lhes era de direito, retornam hoje, buscando o resgate do mesmo. O contexto da EJA é marcado pela desigualdade social deixando profundas marcas nos jovens e adultos que vão construindo, ao longo de suas vidas, uma autoestima marcada pela falta e pela negatividade.
Nesta perspectiva a Educação de Jovens e Adultos visa atender aos não escolarizados, supondo sua inserção na vida produtiva industrial e na vida cívica urbana ou para viabilizar por intermédio dos instrumentos de divulgação cultural a continuidade da aplicação e atualização de conhecimentos aprendidos na precária escolarização. 
Diversas variáveis intervêm no ensino de Matemática para jovens e adultos: um público especial, um curso com limitação de tempo, a falta de materiais específicos para esse público e um professor geralmente sem formação especifica para essa atuação. Tendo sido o educando adulto um “excluído” da escola regular e tendo o ensino da matemática formal contribuído parcialmente nesse processo de exclusão, uma das metas da educação de jovens e adultos passaria a ser a rever são dessa situação.
No entanto, estudos têm nos revelado que essa disciplina tem contribuído para o fracasso escolar, na medida em que seu ensino, de maneira geral, está descolado das questões do cotidiano dos alunos, provocando um sentimento aversivo a seu respeito e o pensamento de que só alguns indivíduos têm condições de aprender matemática, ou seja, esta disciplina é uma ciência dos privilegiados.
Uma crença que envolve o ensino da matemática é a de que basta ‘saber matemática’ para ensiná-la, deixando de lado a forma através da qual se constroem as noções no pensamento do aluno. Observam-se, no cotidiano da escola, que poucos são os alunos que de fato “aprendem matemática” e, pelos depoimentos de antigos alunos, verifica-se que pouco resta dessa ‘aprendizagem’. 
Raramente se busca investigar os reais motivos do fracasso no ensino da matemática, principalmente no que diz respeito à própria metodologia utilizada para seu ensino. O objetivo deste texto é refletir sobre o ensino da matemática à luz do interacionismo genético piagetiano. Piaget anuncia que a matemática:
(...) nada mais é do que uma lógica, que prolonga da forma mais natural a lógica habitual e constitui a lógica de todas as formas um pouco evoluídas do pensamento científico. Um revés na matemática significaria assim uma deficiência nos próprios mecanismos do desenvolvimento do raciocínio. (PIAGET; GRÉCO, 1974, p.63).
Uma explicação encontrada para o ‘fracasso’ na matemática é que o aluno já recebe a matéria pronta, organizada, ao passo que, segundo Piaget e Gréco (1974, p.65), num contexto de autonomia, o aluno “é solicitado a descobrir por si mesmo as correlações e as noções e assim recriá-las até o momento em que experimentará satisfação ao ser guiado e informado. ” 
A insuficiente dissociação entre as questões lógicas e as numéricas ou métricas é outra justificativa para o fracasso: “uma lei de evolução é muito clara, todas as noções de matemática principiam por uma construção qualitativa antes de adquirirem um caráter métrico” (PIAGET; GRÉCO, 1974, p.67) Através de um trabalho autônomo, espontâneo, a partir de seu saber e de sua lógica o aluno chega à necessidade de construir os conceitos de forma a tornar a matemática algo significativo para sua vida.
O sujeito de saber não pode ser compreendido sem que se o apreenda sob esta forma específica de relação com o mundo. E m outras palavras, não se poderia, para definir a relação com o saber, a partir do sujeito do saber (da razão); pois, para entender o sujeito de saber, é preciso apreender a sua relação com o saber. (CHARL OT, 2000, p. 61).
O conhecimento lógico-matemático, segundo Kamii e Devries (1992, p. 25), “é um domínio intrigante”, que tem várias características. A primeira é que ele não é diretamente ensinável, porque é construído a partir das relações que a própria criança criou entre os objetos e as relações subsequentes que ela cria a partir das anteriores, via abstração; a segunda é do fato de que se a deixarmos desenvolver-se sozinha e a criança estiver encorajada a estar alerta e curiosa, então o caminho para o desenvolvi mento se dará através da coerência: não há nada arbitrário no conhecimento lógico-matemático, tudo o que a criança constrói se dá de forma cada vez mais coerente; a terceira é que, uma vez construído, o conhecimento jamais será esquecido, ao passo que o conhecimento construído a partir da verificação empírica é supérfluo.
Um dos conceitos fundamentais para a formação do pensamento lógico-matemático é o da relação: troca com o outro. A inteligência progride na medida em que o sujeito se torna capaz de criar relacionamentos entre sabres e coordená-los em sua mente. A possibilidade de o ser humano estabelecer relações lógicas é que lhe dá condições de construir o seu conhecimento.
Defende-se aqui uma proposta pedagógicacomprometida com a construção do conhecimento matemático que paute a preocupação com a atividade do jovem e do adulto através das questões que envolvem não somente os saberes escolares, mas a relação destes saberes com o mundo do trabalho (saberes da experiência) trazidos das vivências do aluno.
Portanto, quando falamos em Educação de Jovens e Adultos, não podemos esquecer que esse público já percorreu um bom caminho de sua vida e que dominam noções matemáticas que foram aprendidas de maneira informal ou intuitiva.
Esse conhecimento que o aluno da EJA traz para o espaço escolar, esse mundo da vida cotidiana que parece estar tão afastado do mundo da escola é de grande importância e deveriam ser considerados como ponto de partida para a aprendizagem das representações simbólicas convencionais.
Educar pessoas jovens e adultas é educar para compreender, isto é, é educar para o vir-a-ser, buscando a superação do treino, do exercício e da transmissão de informações para privilegiar a ação reflexiva do sujeito com o mundo através das trocas interindividuais. Essa educação está comprometida com o conhecimento e não somente com a sua aprendizagem. 
Educar para o conhecimento compromete-se com a formação de sujeitos autônomos, conscientes da importância da troca com o outro par a o seu crescimento pessoal e para a possibilidade de transformar não somente a si mesmo, mas a realidade em que se está inserido. Trata-se de formar sujeitos capazes de crítica e autocrítica, de pensamento criativo e transformador, com objetividade de idéias e poder síntese ao produzir seus conhecimentos.
Nessa perspectiva, o ensino da matemática na escola deve contribuir para a formação de alunos capazes de posicionar-se diante da realidade, defendendo seus pontos de vista, enfrentando de forma positiva os seus conflitos e as contradições em busca da sua superação, alunos pesquisadores capazes de contribuir com a construção do seu conhecimento e da ciência como um todo.
A Educação de Jovens e Adultos deve ser sempre uma educação multicultural, na qual desenvolva o conhecimento e a integração na diversidade cultural, visando à compreensão mútua, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação e, para isso, o educador deve conhecer bem o próprio meio do educando, pois somente conhecendo a realidade desses jovens e adultos é que haverá uma educação de qualidade. 
Percebe-se que, ao longo da trajetória da EJA, é possível verificar que poucos são os olhares lançados em relação à formação de seus educadores. É com novo olhar que se espera garantir permanente reelaboração teórica e prática do professor, na busca de um ensino de Matemática mais adequado às necessidades dos nossos alunos e às exigências da sociedade presente e da sociedade futura. Uma prática pedagógica voltada apenas para a transmissão de conteúdos tendo como cerne do processo didático a invocação de procedimentos de memorização e uso de regras sintáticas, dificulta o desenvolvimento da humanização do ser humano.
A matemática, enquanto fenômeno ocorrendo na vida cotidiana de pessoas jovens e adultas, que não tiveram oportunidade de frequentar a escolarização formal, ou tiveram que parar de estudar por motivos relacionados a questões econômicas de sobrevivência, encontra-se direcionada para a resolução de problemas práticos. 
Em adição a estes aspectos levantados, pode-se dizer que, na Educação de Jovens e Adultos, é comum a utilização de atividades didáticas direcionadas para crianças. As pessoas jovens e adultas não são consideradas dentro da sua especificidade e da sua trajetória pessoal e social de vida e que envolve, por exemplo, a realização de uma atividade de trabalho. 
Por muito tempo os educadores dessa modalidade ficaram à margem dos espaços de reflexão e produção do conhecimento. E superar essa ruptura que existem o pensar e o fazer na EJA. Sendo assim, acredito que esta pesquisa será um instrumento de alerta e de busca para que cada vez mais professores se qualifiquem nos cursos de formação.
Com tudo, o educador, para ser marcante e inesquecível, na Educação de Jovens e Adultos, precisa ter amor naquilo que faz, ou seja, ter vontade e gostar de atuar com essa faixa etária diferenciada; precisa ser criativo, dinâmico, qualificado, como também buscar capacitações para melhorar sua prática pedagógica utilizando a própria realidade de vida dos alunos para trabalhar os conteúdos a serem ensinados em suas salas de aula. 
Lembrando que a formação do professor para a EJA é uma prática de conhecimento que visa à aquisição de uma proposta pedagógica pautada no diálogo, no questionamento e na compreensão da realidade que nos conduz à busca de novas propostas coletivas de mudanças, em que o conhecimento deve ser apresentado como uma construção social. 
Considerações Finais
Conclui-se, portanto, que a Educação de Jovens e Adultos é uma modalidade de ensino implantada para “somar” junto ao processo de educação sistematizada e com o intuito de inseri-los na sociedade. O ensino da EJA objetiva oportunizar o retorno de alguns adultos para a sala de aula e a conclusão dos estudos que não o fizeram no ensino regular.
Verifica-se que uma das maiores dificuldades encontradas nesta modalidade de ensino, a EJA, estão relacionadas à disciplina de matemática, tanto entre os alunos mais velhos, como também, aos mais jovens. Vale ressaltar que encontra bastante deficiência na preparação dos professores, principalmente no que se refere aos conteúdos aplicados.
É necessário desenvolver uma sensibilidade que permita aos educadores reconhecerem a Matemática que seus alunos sabem e utilizam ainda que ela se apresente em seu formato escolarizado. Dessa forma, a contribuição do conhecimento da Matemática dar-se-á não apenas pelo acesso a um vocabulário especioso, cada vez mais frequente nas diversas instâncias da vida social, mas também pelo provimento de modos de tratamento, organização e registro da informação.
 Há também, a necessidade de os educadores conhecerem melhor seus alunos, tanto como indivíduos e como grupo social, quanto em relação à seleção e/ou produção de instrumentos e critérios para proceder diagnóstico do público que atendem, e também a construção de uma dinâmica de ensino aprendizagem que procure constituir seus atores – educadores e educandos – como sujeitos de conhecimento. 
Portanto, no contexto escolar de EJA, o modelo de ensino e aprendizagem deve contribuir para a formação de alunos com iniciativas próprias, estimulando-os a tentar superar por si mesmo suas dificuldades, orientando-os na busca de soluções próprias e proporcionando sua participação ativa no processo ensino-aprendizagem.
Considera-se fundamental a atuação do próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos de aprendizagem, dando ênfase a relação de confiança e respeito mútuo entre professor e aluno numa prática cooperativa e solidária.
Reconhecer os saberes gerados pelo indivíduo dentro do seu grupo cultural, como ponto de partida para gerar novos conhecimentos e propor o compartilhamento de responsabilidade sobre a aprendizagem, na busca de alternativas que auxiliem o aluno a aprender a aprender.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Educação; Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira; Diretoria de Avaliação para Certificação de Competências. Matrizes Curriculares de Referência para o SAEB. (1997). Brasília: MEC/Inep/Daeb, 2000.
BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. 5ª à 8ª série, Brasília, SEF, 1997.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. A História da Matemática. Questões historiográficas e políticos e reflexos na Educação Matemática. In. BICUDO, M. A. V. (org.). Pesquisa em Educação Matemática: Concepções & Perspectivas. São Paulo: UNESP, 1999.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. rev. ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
FONSECA,Maria da Conceição F.R. Educação Matemática de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
FREIRE, Paulo R. Neves. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29ª Ed. São Paulo. Paz e Terra, 1995.
PIAGET, Jean; GRÉCO, Pierre. Aprendizagem e conhecimento. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1974.

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