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Políticas públicas - Papel das Ong's na sociedade

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Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy
UNIGRANRIO
Patrick Jorge Lima Gomes
A INEFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS – O PAPEL DAS ONG’S NA SOCIEDADE
Duque de Caxias
2017
Universidade do Grande Rio Prof. José de Souza Herdy
UNIGRANRIO
Patrick Jorge Lima Gomes
A INEFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS – O PAPEL DAS ONG’S NA SOCIEDADE
 
Dissertação apresentada à Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, como parte dos requisitos parciais para aprovação na disciplina em Métodos e Técnicas de Estudo.
Orientadora: Roberta Colombo
Duque de Caxias
2017
Patrick Jorge Lima Gomes
A INEFICIÊNCIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS – O PAPEL DAS ONG’S NA SOCIEDADE
Dissertação apresentada à Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, como parte dos requisitos parciais para aprovação na disciplina em Métodos e Técnicas de Estudo.
Orientadora: Roberta Colombo
Aprovada em ___ de ___________ de _______.
_______________________________________________
Professora Roberta Colombo
Universidade do Grande Rio
RESUMO 
 Trata-se de uma dissertação, que tem como objetivo retratar o grande dilema vivido pelo Brasil quanto à concretização dos direitos fundamentais, que mesmo garantidos aos cidadãos em sua Carta Constitucional, não são efetivamente entregues; a importância das Ong’s para a população carente e o papel fundamental que o Poder Judiciário tem na entrega de prestações positivas à sociedade.
	
	
	
Palavras-chave: Direitos fundamentais. ONG’s. Cidadãos. Melhoria. Prestação positiva. Poder judiciário.
ABSTRACT
       This dissertation aims to portray the great dilemma experienced by Brazil regarding the realization of fundamental rights, which even guaranteed to citizens in its Constitutional Charter, are not effectively delivered, the fundamental role of NGOs for the poor and the fundamental role that the Judiciary has in delivering positive benefits to society.
Keywords: Fundamental rights. NGOs. Citizens. Improvement. Positive performance. Judicial power.
Sumário 
INTRODUÇÃO...........................................................6
DESENVOLVIMENTO............................................. 7
CONCLUSÃO ............................................................9
REFERÊNCIAS ..........................................................10
 
 
 O Brasil vive um grande dilema quanto à concretização dos direitos fundamentais, que mesmo garantidos aos cidadãos em sua Carta Constitucional, não são efetivamente entregues à sociedade. A falta de um verdadeiro planejamento do Estado em relação às políticas públicas que deveriam assegurar o que está disposto principalmente no artigo 6° da Constituição Federal de 1988, leva a exclusão social de milhares de pessoas no país. Isso porque os hospitais não funcionam e os que precisam não têm acesso a uma saúde digna, grande parte da população encontra-se em uma situação financeira caótica, os empregos estão cada vez mais escassos, a maioria das pessoas não possuem acesso a um saneamento básico, o transporte público não funciona como deveria, a previdência social encontra-se em um processo de mutação prejudicial aos cidadãos, o lazer e a segurança ameaçados pela violência e finalmente, a educação, a base para uma sociedade desenvolvida, aquela que define o seu futuro, encontra-se cada vez mais em estado deplorável. Já dizia o filósofo Pitágoras, “Eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”. O inverso, a propósito, do que o Brasil faz. O presente trabalho irá retratar as atividades que a Ong “Se essa rua fosse minha”, localizada no Centro do Rio de Janeiro, realiza e seu exemplar ofício focado em resgatar crianças e jovens de áreas carentes e introduzir arte e cultura em suas vidas, dando-lhes opções de rumos melhores que não sejam aqueles associados ao crime e ao tráfico; tarefa que, não obstante, caberia ao Estado. Como um estudante de Direito, que trabalhará futuramente com leis, direitos e garantias inerentes às pessoas, pode contribuir para este tipo de organização e com os indivíduos que nela se encontram?
 O Se Essa Rua Fosse Minha - SER surgiu na década de 1990, buscando mobilizar a sociedade e o poder público para a questão dos meninos e meninas que vivem em situação de rua ou em comunidades carentes e, ao mesmo tempo, iniciar uma ação educativa de integração e garantia de direitos. O trabalho desenvolvido nas ruas, além do fortalecimento de habilidades sociais como autonomia e protagonismo, transforma em realidade os sonhos destes jovens, voltado para a construção de projetos de vida alternativos à vida nas ruas. A partir desse trabalho, a ONG foi pioneira na sistematização do uso de técnicas circenses como ferramenta de diálogo pedagógico para a construção de cidadania, lançando as bases do conceito de Circo Social. A escolha das técnicas circenses foi feita a partir da observação das atitudes que os meninos e meninas desenvolviam nesse "estar nas ruas", como por exemplo, a linguagem corporal, em sua dimensão física e simbólica, enquanto instrumento de resistências, trocas e brincadeiras, desenvolvidas e passadas de uns para os outros, num processo informal de ensino e aprendizagem centrado na criatividade.  O Circo Social é, assim, nas palavras dos próprios voluntários do local, um produto da capacidade de existência da cultura das classes populares. 
 O Centro de Desenvolvimento Criativo, em funcionamento no bairro de Laranjeiras desde 1994 é o espaço de encontro, formação e lazer onde os jovens fortalecem suas relações, aprimoram seus saberes e, a partir da reflexão sobre a própria prática, elaboram propostas de políticas para a infância e juventude no Rio de Janeiro.  Nesse processo, eles desenvolvem competências específicas que lhes permitem tornar seus projetos independentes e sustentáveis. Esse local é um espaço de convivência, formação artística e política, um espaço para o desenvolvimento crítico e criativo. O trabalho com crianças, adolescentes e jovens de classes populares durante os últimos 18 anos, colocou para a organização o desafio de pensar o mundo a partir do olhar dessa juventude desprovida de educação e arte.  Um desafio que significa, em suma, lançar um olhar crítico sobre os problemas das cidades, seus territórios, a organização do espaço urbano que reproduz ainda hoje uma estrutura colonial, que remete aos tempos antigos, onde a cor era sinônimo de determinada condição social, de respeito, de acesso a direitos e de perspectivas de vida. Assim, para o Se Essa Rua Fosse Minha, pensar a infância nas ruas, é repensar a vida da sociedade atual e futuras, é repensar cotidianamente a noção de direitos e cidadania e acima de tudo apostar na enorme potência criativa e transformadora desses jovens infortunados. 
 Um dos problemas enfrentados pela ONG diz respeito à falta de assessoramento do Estado, tanto no âmbito relativo ao funcionamento da instituição como no amparo aos jovens. O coordenador administrativo Romário dos Santos relata que a organização, dentre outras coisas, necessitaria de suporte jurídico estatal para poder amparar estes jovens de uma maneira mais efetiva. Um suporte que estaria presente na ONG e se estenderia até as suas comunidades. Uma espécie de tutoria jurídica para o resguardamento dos direitos inerentes a esses jovens que carecem de atenção por parte do Estado. A alarmante condição de crianças e adolescentes vivendo em situação de rua ou precária viola todo o ideal de dignidade humana e confronta as legislações vigentes não só em território brasileiro, mas também nas mais diversas convenções internacionais que lutam pela defesa dos direitos humanos.É levando em consideração o direito prioritário desses adolescentes a uma estruturada e harmoniosa vida familiar, à educação, à plena formação social e ao livre exercício de usufruir a juventude, que podemos atribuir não só ao poder jurídico estatal a efetivação desses direitos, mas também como a toda sociedade o dever de zelar por aqueles que ainda não completaram seu desenvolvimento psíquico, cultural, emocional e físico. Em especial quando tais jovens se encontram em situação de abandono, exploração e perigo.
 A Constituição Federal brasileira e o Estatuto da Criança e do Adolescente deixam claro que as crianças e adolescentes são, antes de tudo, sujeitos de direitos que devem contar com a prioridade absoluta das políticas e planejamentos socioeconômicos. Destarte, as pessoas que ainda não atingiram a maioridade têm total prioridade em atendimentos de socorro, proteção e serviços públicos em geral. As famílias têm obrigação de se esforçar ao máximo para a plena formação daqueles que ainda não se desenvolveram completamente. Uma vez que isso não aconteça, não importando o motivo, é obrigação do Estado zelar e cuidar dessas crianças e adolescentes, proporcionando-lhes um completo atendimento emocional, social, comunitário e educativo.
 Por fim, segundo afirma o jurista José Afonso Silva, "Os direitos sociais, como dimensão dos direitos fundamentais do homem, são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de igualdade". Portanto, a garantia de tais direitos deve se dar por meio de leis e políticas públicas que visem a prestação deles não só a toda sociedade, mas também principalmente àquela parcela menos favorecida financeiramente e socialmente. É imprescindível que os juristas atuais e os do futuro, que são os estudantes de Direito do presente, conscientizem-se e preocupem-se em criar leis, regulamentos e medidas públicas para a promoção, fortalecimento e efetivação de tais garantias, pois os direitos sociais somente serão verdadeiramente executados se houver um grande engajamento por meio daqueles que fazem (legisladores) e aplicam a lei (juízes e tribunais). É necessário que eles se prontifiquem e ajam para que essas prestações positivas não fiquem só no papel, como acontece agora, mas sejam entregues à sociedade; tarefa que, hoje, vem sendo realizada com maestria por ONG’s como a “Se essa rua fosse minha”.
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