Buscar

Roteiro 5 - direito privado

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Em que medida as novas visões sobre a ciência repercutem na compreensão e na interpretação do direito?
Como o método não assegura a verdade, deve ocorrer um pluralismo temático e metodológico, claramente observável na questão da interpretação. Há, portanto, uma revalorização da interpretação como atividade criativa e a necessidade de evitar o excesso de subjetividade, que se traduz na preocupação em assegurar a coerência e a racionalidade do discurso jurídico, não dando espaço para a arbitrariedade, o relativismo e o irracionalismo.
Quais são as perspectivas metodológicas para o estudo e a aplicação do Direito Privado e da sua Teoria Geral na atualidade?
São: o fim da clausura operacional entre o direito público e o privado e busca pela interdisciplinaridade ampla; a visão do direito não como um objeto de conhecimento prévio, mas como experiência de elaboração contínua e realização permanente; a preocupação cada vez maior com a argumentação e a estruturação do discurso jurídico; e a relevância da psicologia comportamental e crítica à racionalidade.
Qual é a importância da fundamentação das decisões jurídicas no atual contexto?
Devido à preocupação com a legitimidade do direito e com a segurança jurídica, no Estado Democrático de Direito, em oposição à autocracia, valoriza-se a argumentação jurídica como forma de assegurar coerência ao ordenamento e convencer os destinatários da norma jurídica, com base também, nos princípios da motivação das decisões jurídicas – segundo o qual o juiz é livre para tomar a sua decisão, mas tem o dever de motivar, fundamentar a sua decisão, sendo nula aquela que não contenha motivação – e da publicidade dos atos processuais – que profere que todos os atos processuais devem ser públicos.
O que significa a constitucionalização do direito privado? Quais são os seus principais desdobramentos?
A constitucionalização do Direito Privado refere-se à centralidade da Constituição neste, sendo mais marcante no Direito Civil do que no Direito Comercial. A Constituição é o elemento central e agregador do direito civil. O seu aspecto mais importante é o da eficácia horizontal dos direitos fundamentais nas relações privadas.
Quais as principais repercussões do Estado Democrático de Direito sobre o direito privado?
O Estado Democrático de Direito pressupõe a dignidade da pessoa humana como forma de equilibrar a liberdade e a igualdade, resgatando a intersubjetividade dos direitos subjetivos e a responsabilidade inerente à cidadania. Outros valores agregados são o da autonomia e da justiça social. Nesta nova noção de Estado e de indivíduo, a função social é uma forma de inserir a solidariedade nas relações privadas. Dentre os riscos correspondentes, tem-se a banalização do discurso principiológico.
Qual é a importância dos princípios e das cláusulas gerais do Código Civil?
A importância dos princípios está relacionada à impossibilidade de a lei prever todos os casos específicos. As cláusulas gerais, por sua vez, revelam exatamente a conexão axiológica do direito civil com as regras da Constituição, funcionando como pontes entre a Constituição e o Direito Privado, sendo o seu grau de densificação já maior do que o dos princípios constitucionais, motivo pelo qual Perlingieri as considera instrumentos de concretização de princípios superiores.
Estes revelam exatamente a conexão axiológica do direito civil com as regras da Constituição, funcionando como pontes entre a Constituição e o Direito Privado. Promove a abertura para a solidariedade, a eticidade e a concretude.
Qual é a importância (ou não) de um Código Civil na atualidade?
Há, por um lado, a tese da descodificação, defendida por Natalino Irti, segundo o qual a complexidade da sociedade impõe a criação de regulamentações específicas. Assim, os dois pilares do ordenamento passariam a ser a Constituição e as leis especiais. As críticas à codificação se baseiam em seu imobilismo, conservadorismo, idolatria legalista, pretensão de plenitude, limitação da função criadora do juiz. Por outro lado, a codificação traz como vantagens: facilitar e sistematizar o tratamento das questões jurídicas. Assim, embora a Constituição assuma um papel central, ainda existe um papel importante para o Código Civil: cumprir a função de sistema aberto a partir de uma ordem axiológica/teleológica de princípios gerais como a sociedade, a operacionalidade e a eticidade; bem como estabelecer pontes com a Constituição, para facilitar a densificação dos princípios constitucionais. Além disso, o Código Civil teria também a função de intermediar a Constituição e os microssistemas.
Qual é a importância (ou não) da Parte Geral do novo Código Civil brasileiro?
A Parte Geral do Código Civil guarda importância na positivação dos princípios gerais e conceitos que norteiam o direito privado. A Parte Geral do Código de 2002 refere-se às pessoas, aos bens e aos fatos jurídicos, ou seja, à disciplina da relação jurídica, no seu nascimento, evolução extinção e conteúdo. Ajuda a estabelecer uma sistematização e estabelece princípios orientadores para a interpretação do código. Entretanto, estabelece características formalistas, como o imobilismo e o engessamento.
Com base no texto de Paulo Luiz Netto Lobo, responda as seguintes perguntas: 
O que é a constitucionalização do direito civil e quais as suas principais conseqüências?
A constitucionalização é o processo de elevação ao plano constitucional dos princípios fundamentais do direito civil, que passam a condicionar a observância pelos cidadãos, e aplicação pelos tribunais, da legislação infraconstitucional. Enquanto que antes, o direito civil sempre forneceu as categorias, os conceitos e classificações que serviriam para a consolidação dos vários ramos do direito público, inclusive o constitucional, em virtude de sua mais antiga evolução; agora, ladeia os demais na mesma sujeição aos valores, princípios e normas consagrados na Constituição. Sem elas, a interpretação do Código e das leis civis desvia-se de seu correto significado. Com um pouco de exagero, diz-se que o direito privado passou a ser o direito constitucional aplicado, pois nele se detecta o projeto de vida comum que a Constituição impõe.
Qual é a diferença entre a publicização e a constitucionalização? 
A publicização corresponde ao processo de crescente intervenção estatal, espacialmente no âmbito legislativo, característica do Estado Social do Século XX. Tem-se a redução de espaço de autonomia privada, para a garantia da tutela jurídica dos mais fracos. A ação intervencionista ou dirigista do legislador terminou por subtrair do Código Civil matérias inteiras, em alguns casos transformadas em ramos autônomos, como o direito do trabalho, o direito agrário, o direito das águas, o direito da habitação, o direito de locação de imóveis urbanos, o estatuto da criança e do adolescente, os direitos autorais, o direito do consumidor.
	Em suma, a publicização deve ser entendida como o processo de intervenção legislativa infraconstitucional, ao passo que a constitucionalização tem por fito submeter o direito positivo aos fundamentos de validade constitucionalmente estabelecidos. Enquanto o primeiro fenômeno é de discutível pertinência, o segundo é imprescindível para a compreensão do moderno direito civil.
Os códigos são compatíveis com a constitucionalização do direito privado? 
Não, para Paulo Lobo, desaparecendo as funções prestantes que o Código Civil exercia no Estado Liberal do século XIX, este se torna obsoleto e constitui óbice ao desenvolvimento do direito civil.
O que é a repersonalização do direito privado?
A repersonalização reencontra a trajetória da longa história da emancipação humana, no sentido de repor a pessoa humana como centro do direito civil, passando o patrimônio ao papel de coadjuvante, nem sempre necessário. A repersonalização é a acentuação da raiz antropocêntrica do direito civil, da sua ligação visceral com a pessoa e os seus direitos. É essa valorização do poder jurisgênico do homem comum,é esta centralização em torno do homem e dos interesses imediatos que faz o direito civil o foyer da pessoa, do cidadão mediano, do cidadão puro e simples.
Com base na Exposição de Motivos do novo Código Civil, quais as principais diretrizes e princípios do novo Código Civil?
Compreensão do Código Civil como lei básica, mas não global do Direito Privado; redistribuir a matéria do Código Civil vigente, de conformidade com os ensinamentos que atualmente presidem a sistemática civil; preservar, sempre que possível a redação da atual Lei Civil; atualizar, todavia, o Código vigente, não só para superar os pressupostos individualistas que condicionaram a sua elaboração, mas também para dotá-lo de institutos novos; aproveitar, na revisão do Código de 1916, as valiosas contribuições anteriores em matéria legislativa; dispensar igual atenção aos estudos e críticas que tais proposições suscitaram, a fim de se ter um quadro o mais completo possível das ideias dominantes do pais sobre o assunto; acolher os modelos jurídicos validamente elaborados pela jurisprudência construtiva de nossos tribunais, mas fixar certas normas para superar certas situações conflitivas; dispensa de formalidades excessivamente onerosas.
Na sua opinião, o novo Código Civil foi um avanço ou um retrocesso em relação à constitucionalização do direito privado?
“Foi um avanço, já que possui uma maior dimensão principiológica e se utiliza de princípios constitucionais para compor suas cláusulas gerais. Ainda, o novo Código representou uma ponte entre o direito constitucional e o direito civil, além de garantir a eficácia horizontal dos princípios fundamentais nas relações privadas.”

Outros materiais