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Texto 8 TGDPub

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TGDPub – Texto 8
Capítulo VIII: Equilíbrio entre Autoridade e Liberdade
A sociedade como titular e destinatária do poder
Em uma sociedade, os indivíduos podem ser divididos em dois grupos: o dos que exercem o poder, como agentes do Estado, e o dos destinatários do poder.
O exercício do poder político gera relações jurídicas entre Estado e governados.
No Estado Democrático de Direito, os indivíduos não são meros destinatários, isto é, meros sujeitos passivos, do poder. São, vistos em conjunto, os verdadeiros titulares do poder político.
As relações jurídicas de direito público são vínculos entre um sujeito que exerce o poder político, mas não o titulariza, e um sujeito que titulariza o poder, mas não o exerce, ao contrário, suporta. Este último, porém, suporta o poder até certo limite: o dos direitos que lhe são conferidos pela ordem jurídica.
O direito público tem a complexa missão de regular, de modo equilibrado, as relações entre o Estado – que exerce a autoridade pública e o consequente poder de mando – e os indivíduos – que devem se sujeitar a ele, sem perder sua condição de donos do poder e titulares de direitos próprios.
Supremacia do interesse público sobre o privado: A primeira constatação a respeito do regime das relações de direito público é a de que um dos sujeitos da relação, o Estado, exerce o poder de autoridade, desfrutando de prerrogativas de que não se encontram equivalentes no direito privado. Entre elas, os poderes de, unilateralmente, impor deveres aos indivíduos e de alterar as relações já constituídas.
Limites dos poderes de autoridade:
Competência; e
Os direitos dos particulares.
Competência
Ao desempenharem o poder, os governantes exercitam competências, não direitos subjetivos.
Competência = o poder conferido pelo ordenamento, cujo exercício só é lícito se realizado:
Pelo sujeito previsto;
Sobre o território sob sua jurisdição;
Em relação às matérias indicadas na norma;
No momento adequado;
À vista da ocorrência dos fatos indicados na norma; e
Para atingir a finalidade que levou à outorga do poder.
Em outras palavras, a competência é um poder intensamente condicionado.
	Direito Subjetivo
	Competência
	Possibilidade de ação, conferida pelo direito aos sujeitos, para que estes realizem seus interesses pessoais. É um fim em si mesmo.
	Sempre outorgada pela norma, para que de seu exercício resulte atendida certa finalidade, estranha ou exterior ao sujeito. É um poder vinculado a certa finalidade.
A competência é, para o agente público, de exercício obrigatório, traduz um dever. Tanto o Estado quanto o particular comparecem na relação jurídica de direito público para cumprir um dever.
A relação jurídica de direito público é aquela que se estrutura ao influxo de uma finalidade cogente.
Direitos dos particulares
O indivíduo é livre, inicialmente, porque, sendo titular do poder, pode participar de seu exercício. Este é o sentido de liberdade para os antigos. Alguns mecanismos para tanto são: eleições, plebiscito, referendo, iniciativa popular das leis.
Os indivíduos são livres, de outro lado, por terem garantida a segurança nas fruições privadas. Desfrutam de espaços individuais de ação, intangíveis pelo Estado. É o sentido de liberdade para os modernos. Exemplos: direito de propriedade, de exploração da atividade econômica, de manifestação e expressão.
No Estado Democrático de Direito, somam-se as liberdades nos dois sentidos, o antigo e o moderno: como garantia da participação no exercício do poder e como garantia da segurança nas fruições privadas.
O desfrute da liberdade moderna, porém, traduz limite ao exercício do poder que cada indivíduo, singularmente considerado, pode opor ao Estado nas concretas relações jurídicas que travem, por três razões:
A existência de direitos subjetivos em favor do particular limita o conteúdo dos atos estatais.
Há uma série de direitos, assegurados inclusive pela Constituição, que geram a faculdade de o indivíduo cobrar prestação positiva do Estado. Significam a possibilidade de o particular conduzir o poder político em certa direção.
Proteção através de ações judiciais.
A relação jurídica de direito público entre o Estado e os particulares é uma relação equilibrada por dois fatores:

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