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SUA PETICAO S2 (1)

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Direito do Trabalho
SEÇÃO 2
SUA PETIÇÃO
Seção 2
Direito do Trabalho
Sua causa!
Olá! Nesta segunda seção iremos estudar a apresentação 
da contestação, também denominada “defesa” no Direito 
Processual do Trabalho.
Na seção 1, o trabalhador Albano Machado ajuizou reclamação 
trabalhista contra a Sra. Maria José Pereira, por quem foi 
contratado para cuidar de seu marido enfermo. Na ação 
judicial ele pleiteia o seguinte: recebimento de horas extras 
decorrentes da extrapolação da jornada máxima diária de 
oito horas; pagamento em dobro dos domingos e feriados 
trabalhados; pagamento de uma hora extra por dia em razão 
da inobservância do intervalo intrajornada; reversão da justa 
causa em dispensa imotivada com o pagamento das verbas 
rescisórias que lhe foram sonegadas; indenização por danos 
morais; honorários advocatícios.
A reclamação trabalhista foi distribuída para a 2ª Vara do Trabalho 
de Goiânia/GO, sob o número 0010001-10.2017.518.0002.
Agora é com você, aluno, que fará o papel de advogado da 
Sra. Maria José Pereira, devendo elaborar a peça processual 
adequada à defesa dos interesses de seu cliente. 
Em entrevista com a Sra. Maria, ela lhe informa que o trabalhador 
sempre usufruiu de pausa para alimentação em tempo superior a 
uma hora, pois também parava as atividades laborativas quando 
2
NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
DIREITO DO TRABALHO - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 2
o enfermo dormia. Confirma que o trabalhador foi dispensado 
por justa causa, uma vez que não estava satisfeita com o fato de 
ele ignorar suas ordens, especialmente às atinentes ao banho 
(que deveria ocorrer após o almoço) e a permissividade do 
obreiro em relação ao doente assistir à televisão. Ela admite que 
houve diversas desavenças com o Sr. Albano por esses fatos, 
tendo-o advertido sistematicamente, mas somente de forma 
oral, haja vista que jamais foi informada acerca da necessidade 
de documentar tais situações. Todavia, revela que tem provas das 
insubordinações do laborista. Por fim, confessa que a dispensa 
não foi motivada apenas por estas questões, mas também em 
razão do obreiro ter comparecido no último dia de trabalho 
completamente embriagado. Neste dia, informa que foi obrigada 
a dispensar seus serviços e solicitar que outra pessoa tomasse 
conta do seu marido naquela data. Por fim, ela lhe pede que 
cobre os honorários advocatícios contratuais mais baixos do 
mercado, haja vista que está em dificultosa situação financeira, 
sobretudo diante dos vultosos gastos com seu marido.
Esclarece-se que a inversão de papéis proposta nesta seção é 
apenas para fins didáticos, isto é, para que saiba defender os 
interesses de seu cliente, seja um reclamante ou um reclamado. 
Na prática real, esta situação não pode acontecer sob pena de 
infração ética do advogado, passível de punição pela entidade 
de classe (Ordem dos Advogados do Brasil).
Agora é com você, caro aluno. Após a conversa com a Sra. Maria 
José, você deve verificar os argumentos a serem utilizados na 
contestação a ser apresentada. Salienta-se que foi designada 
audiência única para o dia 31/08/2017, às 14h00min. Vamos lá?
33
Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
Fundamentando!
Caro aluno, vamos agora analisar os principais aspectos da peça 
processual a ser elaborada.
1) Resposta da reclamada (ré) no Direito Processual 
do Trabalho
No Direito Processual do Trabalho a parte que figura no 
polo passivo da demanda é denominada reclamada(o). Por 
sua vez, a ação judicial é conhecida como reclamação ou 
reclamatória trabalhista. 
O direito de resposta do réu é corolário do princípio 
constitucional do contraditório e da ampla defesa. Trata-se de 
direito que assiste à reclamada de requerer que o pleito do 
reclamante seja rejeitado.
No Direito Processual do Trabalho existem três espécies 
de resposta da reclamada: contestação (defesa), exceção 
e reconvenção.
Somente a exceção e a contestação são verdadeiramente 
defesas, pois a reconvenção é ação da ré em face do autor no 
mesmo processo em que aquele é demandado por este.
A CLT prevê a defesa em seu art. 847, que preceitua que, aberta a 
audiência e não havendo acordo, a reclamada terá o prazo de 20 
(vinte) minutos para realizar sua defesa oralmente. Esta previsão 
legal não impede que a reclamada apresente defesa escrita, o 
que é o mais comum no dia a dia forense. Todavia, ele pode 
optar por realizá-la em audiência, oralmente, oportunidade que 
será transcrita na ata da audiência.
A reforma trabalhista introduzida pela Lei n. 13.467/17 acrescentou 
o parágrafo único ao referido art. 847, prevendo a possibilidade 
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
de a reclamada apresentar a contestação pelo sistema judicial 
eletrônico até a audiência. Obviamente que esta possibilidade 
somente existe nas Varas do Trabalho que já operam o Processo 
Judicial Eletrônico (PJ-e). Nestes casos, se a parte pretender 
apresentar defesa escrita ela deve ser inserida no sistema 
PJ-e até antes do início da audiência, vez que não é possível 
sua juntada durante a audiência, ainda que por meio de mídia 
digital, como, por exemplo, pen drive. A mesma regra se aplica 
aos documentos a serem juntados pelo reclamado. Devem ser 
protocolados no sistema PJ-e juntamente com a contestação 
em momento anterior ao início da audiência.
Conforme já explicitado, no Direito Processual do Trabalho, 
a defesa é apresentada em audiência juntamente com os 
documentos que o reclamado entender serem pertinentes à 
defesa de seus interesses.
A contestação trabalhista, também chamada de defesa, nada mais 
é do que a reação do reclamado à ação do reclamante. Constitui 
meio pelo qual ele se insurge contra a pretensão autoral.
Assim como no Direito Processual Civil, no Processo Trabalhista 
não se admite a contestação por negativa geral, ou seja, o 
reclamado tem que impugnar especificamente cada ponto da 
petição inicial, sob pena de serem considerados verdadeiros os 
fatos articulados na peça de ingresso, nos termos do art. 341, do 
Código de Processo Civil (CPC) de 2015.
A elaboração da contestação trabalhista deve ser organizada 
levando-se em conta o que vem a ser contestação contra o 
processo e contestação contra o mérito. 
Na contestação contra o processo, o reclamado não ataca 
propriamente a lide, ou seja, o pedido que foi formulado 
na petição inicial, mas o processo, a ação. Isso implica, por 
exemplo, a preliminar de incompetência em razão da matéria 
em que se postula que a Justiça do Trabalho não é competente 
para processar e julgar o litígio. Neste caso, o reclamado não 
contestou um pedido do reclamante, mas atacou uma questão 
processual. O mesmo ocorre quando se alega na contestação 
que o reclamante não é parte legítima para figurar no polo ativo 
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
da reclamação trabalhista, isto é, o réu aponta vício na ação, não 
se defendendo de maneira direta do mérito da ação judicial.
Na contestação contra o mérito, o reclamado rechaça 
diretamente o pedido do trabalhador, de maneira fundamentada. 
Na organização da petição de defesa deve-se primeiro apresentar 
as alegações contra o processo (preliminares) para, em seguida, 
serem rechaçados os pedidos propriamente ditos.
A praxe trabalhista sugere que a defesa seja organizada por 
tópicos. Assim, a peça processual terá, por exemplo, um tópico 
sobre horas extras, no qual serão deduzidos os fundamentos 
fáticos e jurídicos do tema a ser contestado.
Para que não pairem dúvidas sobre o momento processual 
oportuno para a apresentação da contestação, veja abaixo 
o fl uxograma que representa os principais atos processuais 
praticados na primeira instância:
Figura: Principais atos processuais praticados na 1ª instância trabalhista. 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Nestaseção, você, aluno, deverá se atentar para as seguintes 
questões referentes ao Direito do Trabalho e Direito Processual 
do Trabalho.
2 – JORNADA DE TRABALHO
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
Na petição inicial, o reclamante alega que trabalhava em regime 
de revezamento no sistema de 12 (doze) horas de trabalho por 36 
(trinta e seis) horas de descanso (popularmente conhecimento 
como “regime 12x36”), sempre de 07h00min às 19h00min. Aduz 
que autorização legal para esta jornada de trabalho somente 
ocorreu com a publicação da Lei Complementar n. 150/15, cuja 
vigência se iniciou em 02/06/2015, razão pela qual postula o 
pagamento de horas extras excedentes à 8ª diária, desde sua 
contratação até a mencionada data.
Não resta dúvida de que somente com o advento da Lei 
Complementar n. 150/15 é que passou a existir no ordenamento 
jurídico previsão legal para o trabalhador doméstico, como era 
o caso de Albano, poder adotar jornada de trabalho no sistema 
12x36, isto é, ultrapassando a jornada máxima de 08 (oito) horas 
prevista no art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988.
Todavia, no contrato de trabalho firmado pelas partes constava 
expressamente esta modalidade de jornada.
Neste contexto, aluno, você deve avaliar a validade jurídica desta 
previsão contratual, sobretudo diante do fato de que o trabalho 
foi prestado à família, sem qualquer escopo de lucro, mas 
apenas de caráter social, de assistência ao enfermo. Para tanto, 
é fundamental o estudo da jurisprudência pátria, notadamente 
do acórdão n. 0001272-74.2012.5.03.0139, publicado em 
12/04/2013, disponível em:
< h t t p : / / a p l i c a c a o 4 . t s t . j u s . b r /
c o n s u l t a P r o c e s s u a l / c o n s u l t a T s t N u m U n i c a .
orgaoTst=5&tribunalTst=03&varaTst=0139&submit=Consultar>. 
Acesso em: 05 nov. 2017.
Por fim, não se esqueça de que a boa-fé deve nortear todas 
as contratações, como preconiza o art. 422 do Código Civil, 
aplicável subsidiariamente ao Direito do Trabalho nos termos do 
art. 8º da CLT.
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
3 – TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS
O reclamante alega que houve labor em domingos e feriados, 
sem que houvesse folga compensatória ou remuneração 
diferenciada pelo trabalho desenvolvido nestes dias, nos termos 
da Lei n. 605/49, razão pela qual requer o pagamento em dobro 
dos domingos e feriados trabalhados durante todo o contrato 
de trabalho.
A referida lei dispõe em seu art. 1º, que “todo o trabalhador 
empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de vinte 
e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, 
nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados 
civis e religiosos, de acordo com a tradição local”.
Mais uma vez será fundamental a pesquisa jurisprudencial a 
respeito do tema. A leitura da Súmula n. 444, do TST é essencial 
e irá aclarar o enquadramento jurídico do labor em feriados. 
De toda sorte, é interessante a alegação do aluno em sentido 
contrário ao entendimento consolidado, vez que a Súmula 
não vincula o julgador. Assim, argumento relevante é que se o 
reclamante laborou em feriado, houve folga compensatória.
No tocante ao labor aos domingos, a Súmula em questão é 
omissa. Sugere-se, então, a busca por argumento jurídico 
nos julgados do Tribunal Superior do Trabalho. No acórdão 
publicado em 05/08/2016, nos autos do processo n. 000359-
40.2010.5.12.0001, eles estão exposto de maneira bem clara. O 
acesso à decisão judicial está disponível em:
< h t t p : / / a p l i c a c a o 4 . t s t . j u s . b r /
c o n s u l t a P r o c e s s u a l / c o n s u l t a T s t N u m U n i c a .
orgaoTst=5&tribunalTst=12&varaTst=0001&submit=Consultar>. 
Acesso em: 05 nov. 2017.
4 – INTERVALO INTRAJORNADA
Na petição inicial o reclamante restringe o pedido ao 
pagamento de horas extras decorrentes da não observância do 
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
intervalo intrajornada somente no período após a publicação 
da Lei Complementar n. 150/15. Isto porque antes de sua 
vigência não havia previsão legal acerca deste direito para o 
trabalhador doméstico.
Assim, a discussão a ser travada é eminentemente fática, ou seja, 
sobre o que realmente aconteceu durante o pacto laboral.
A sua contestação deve levar em consideração, portanto, 
as informações que foram colhidas junto ao seu cliente, o 
que denota a importância de esclarecer junto a ele todas as 
questões que possam ser relevantes para a defesa de seu 
interesse em juízo.
5 – DISPENSA POR JUSTA CAUSA
O reclamante alega que foi indevidamente dispensado por justa 
causa, pois não foi sequer advertido ou suspenso antes desta 
medida extrema. Afirma que a rescisão do contrato de trabalho 
se deu pelo fato de ele permitir que o marido da Sra. Maria José 
assistisse televisão, assim como em razão de dar banho no 
enfermo após o almoço e não pela manhã.
Como já salientado na seção anterior, no Direito do Trabalho 
vigora o princípio da continuidade da relação de emprego, 
que gera presunção favorável ao empregado no sentido de 
que o rompimento do pacto laboral ocorre por iniciativa do 
empregador, sem justo motivo. Assim, em se tratando de dispensa 
por justa causa, o ônus da prova em relação ao cometimento de 
falta grave, pelo obreiro, é da Reclamada, conforme previsto nos 
artigos 818 da CLT e 373, II, do CPC.
Dessa forma, não basta na contestação a negativa dos fatos 
narrados na peça de ingresso. É fundamental que você, aluno, 
lance os fundamentos fáticos e jurídicos que arrimam a aplicação 
da justa causa. Mais uma vez não se esqueça da entrevista feita 
com a reclamada, pois nela pode haver fortes argumentos que 
corroboram a tese defensiva.
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
6 – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS
O reclamante requer o pagamento de indenização por danos 
morais ao argumento de que a empregadora apôs na sua CTPS 
informação de que a rescisão do contrato de trabalho se deu 
por justa causa.
Como salientado na seção anterior, para que haja o dever 
de indenizar é necessária a presença concomitante de três 
elementos, quais sejam: dano, nexo de causalidade e culpa (arts. 
186 e 927 do Código Civil).
No caso em tela, o reclamante não demonstrou a existência de 
qualquer constrangimento que tenha sido causado pela aposição 
da informação da dispensa por justa causa em sua CTPS. Não 
aduziu que foi impedido de obter novo emprego por este fato.
A leitura e interpretação do art. 29, da CLT, também auxiliam 
na elaboração dos argumentos jurídicos para sustentar a 
improcedência do pedido, sobretudo a disposição no parágrafo 
2º, “c”, que assevera que a anotação da rescisão deve constar na 
CTPS, sem qualquer ressalva quanto à dispensa motivada. 
7 – MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT
O fundamento do reclamante para o pleito de pagamento da 
multa prevista no art. 477, §8º, da CLT, é de que a reversão da 
justa causa enseja o seu deferimento.
Neste contexto, a primeira tese defensiva tem que versar sobre 
a correção da justa causa aplicada. Uma vez corroborado este 
entendimento pela Justiça do Trabalho, por consequência lógica 
ela não será devida.
No entanto, somente na contestação é que a reclamada tem a 
possibilidade de arguir todas as matérias de defesa que dispor, ou 
seja, não pode alegar nas fases posteriores do processo questão 
que não foi ventilada na peça defensiva. Assim, deve lançar mão 
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
do princípio da eventualidade, aduzindo todas as teses jurídicas 
que são capazes de infirmar a pretensão obreira.
Didier Jr ¹. assim se manifesta sobre o princípio da eventualidade 
ou da concentração da defesa (art. 336, do CPC) :
A regra da eventualidade (Eventual maxime) ou da concentração 
da defesa na contestaçãosignifica que cabe ao réu formular toda 
sua defesa na contestação (art. 336, CPC). Toda defesa deve ser 
formulada de uma só vez como medida de previsão ad eventum, 
sob pena de preclusão. O réu tem o ônus de alegar tudo o quanto 
puder, pois, caso contrário, perderá a oportunidade de fazê-lo.
Dessa forma, na hipótese de os argumentos referentes à 
improcedência do pedido de reversão da justa causa não serem 
acatados, deve a reclamado ainda sim utilizar outros argumentos 
jurídicos para defender o interesse de seu cliente. Neste caso, 
há no mínimo controvérsia acerca da dispensa, o que pode ser 
suficiente para ensejar o não pagamento da referida multa. Além 
disso, o parágrafo 8º, do art. 477 da CLT, dispõe que é devida a 
multa em caso de “inobservância do disposto no § 6º”. Por sua 
vez, o parágrafo 6º somente prevê o pagamento da multa em 
caso de atraso no pagamento, o que não ocorreu no caso em 
comento. Assim, diante da ausência de previsão legal a multa 
não pode ser aplicada.
Sugere-se a leitura do acórdão n. 0000163-90.2015.502.0351, 
do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, publicado em 
02/08/2016, disponível em:
<https://trt-2.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/381273024/
r e c u r s o - o r d i n a r i o - r o - 1 6 3 9 0 2 0 1 5 5 0 2 0 3 5 1 - s p -
00001639020155020351-a28>. Acesso em: 05 nov. 2017.
8 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA 
GRATUITA
¹ DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. 17. ed. Salvador: Juspodivm, 2015, 
p. 638.
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Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
O reclamante também requer a condenação ao pagamento de 
honorários advocatícios, com fulcro no art. 791-A, da CLT, que 
foi introduzido pela Lei n. 13.467/17.
Inicialmente não há óbice legal para o pleito de assistência 
judiciária gratuita também pela parte que figura no polo passivo 
da demanda, conforme dicção no art. 790, da CLT, e da Lei n. 
1050/60. Assim, deve-se avaliar se uma vez deferida a assistência 
judiciária gratuita serão devidos tais honorários, observando-se 
o disposto no art. 791-A, da CLT.
Destaca-se que foi ajuizada Ação Direta de Inconstitucionalidade 
junto ao Supremo Tribunal Federal (ADI n. 5766), em que se 
questiona a constitucionalidade do disposto no art. 791-A, da CLT. 
Ainda que prevaleçam as disposições da Lei n. 5.584/70 quanto 
ao tema, os honorários somente seriam devidos em caso de o 
advogado do trabalhador ser do sindicato da categoria ou ter 
sido por ele habilitado, o que não ocorre.
QUADRO SINÓPTICO DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA 
CONSOLIDADA APLICÁVEL
(Referidos e não referidos nas explicações anteriores)
Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST Outros
Contestação 
(defesa)
-
Art. 846;
Art. 847
Art. 336
(princípio da 
eventualidade ou 
concentração; 
especificação/
provas); 
art. 341
Súmula n. 212
1212
Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST Outros
Trabalho em 
regime 12x36
Art. 7º, inciso XIII; 
art. 7º, inciso XVI.
Art. 8º;
Art. 59-A; -
Súmula n. 444;
Acórdão n. 
0001272-
74.2012.5.03.0139
Lei 
Complementar n. 
150/15;
Art. 422, Código 
Civl.
Trabalho em 
domingos e 
feriados
- - -
Súmula n. 444;
Acórdão n. 
000359-
40.2010.5.12.0001
Lei n. 605/49
Intervalo 
intrajornada
- Art. 71 - Súmula n. 437 -
Justa Causa -
Art. 474; Art. 482; 
Art. 818
Art. 373 - -
Indenização por 
danos morais
Art. 7º, inciso 
XXVIII
Art. 29, Art. 223-A; 
Art. 223-B; Art. 
223-C; Art. 223-
D; Art. 223-E; Art. 
223-F; Art. 223-G; 
-
Acórdão n. 
0001114-
19.2012.505.0024
Arts. 186 e 927 do 
Código Civil
Multa do art. 477, 
§8º, da CLT.
Art. 5º, inciso II. Art. 477, §6,º §8º - -
Acórdão n. 
0000163-
90.2015.502.0351 
do TRT da 2ª 
Região
Gratuidade 
Judiciária
- Art. 790; - - Lei n. 1.050/50
Honorários 
Advocatícios
- Art. 791-A; - - ADI n. 5766
Fonte: Elaborado pelo autor.
1313
Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
Vamos peticionar!
Respire fundo, pois a Sra. Maria José precisa dos seus 
conhecimentos jurídicos para a defesa dos seus interesses.
Inicialmente deve-se inserir o endereçamento, ou seja, o foro 
competente para dirimir a controvérsia. Em seguida, deve-se 
indicar o número da reclamação trabalhista. 
Não se esqueça de contestar cada um dos pedidos constantes 
na exordial, sob pena de se presumirem verdadeiros os fatos 
alegados na petição inicial.
Elenque na sua peça processual os argumentos fáticos e os 
fundamentos jurídicos que amparam a pretensão de seu cliente. 
Utilize linguagem impessoal e organize sua defesa de maneira 
bem clara sistemática, em tópicos, vez que isto facilitará a 
compreensão do julgador, o que é absolutamente relevante 
para o sucesso de sua contestação.
PRIMEIRA FASE! 
Questão 1 – A respeito da jornada de trabalho, analise as 
proposições abaixo e assinale a alternativa correta:
I – Conforme entendimento do Tribunal Superior do Trabalho, a 
jornada 12x36 não pode ser adotada para o trabalhador doméstico.
II – A jornada em regime 12x36 sempre será considerada ilegal, 
uma vez que viola o limite máximo de 08 horas de trabalho por dia 
previsto no art. art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988.
III – A Lei Complementar n. 150/15, que regulou o trabalho 
doméstico, autoriza o trabalho no regime 12x36, desde que haja 
previsão expressa neste sentido no contrato de trabalho.
1414
Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
a) Todas as proposições são verdadeiras.
b) Somente as proposições I e II são verdadeiras.
c) Somente as proposições II e III são verdadeiras.
d) Somente a proposição III é verdadeira.
e) Todas as proposições são falsas.
Questão 2 – Acerca do disposto na Lei Complementar n. 150/15, 
sobre o trabalho doméstico, assinale a alternativa correta:
a) É possível a contratação de menor de 18 anos para o exercício 
de trabalho doméstico.
b) É vedada a compensação do excesso de horas laboradas num 
dia em outro dia.
c) É obrigatório o registro do horário de trabalho do empregado 
doméstico por qualquer meio manual, mecânico ou eletrônico.
d) O intervalo do trabalhador doméstico jamais poderá ser 
inferior à uma hora.
e) O trabalhador doméstico não tem direito ao adicional noturno. 
Gabarito:
Questão 1 – d)
O art.10, da Lei Complementar n. 150, dispõe que é “facultado às 
partes, mediante acordo escrito entre essas, estabelecer horário 
de trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36 (trinta e seis) 
horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os 
intervalos para repouso e alimentação”. Assim, a jornada prevista 
na Constituição Federal de 1988, de oito horas diárias, pode ser 
elastecida mediante previsão no contrato de trabalho, em se 
tratando de empregado doméstico. Para os demais celetistas, 
aplica-se a diretriz da Súmula n. 444, do TST, segundo a qual 
é necessário ajuste coletivo para a validade do mencionado 
regime de trabalho.
1515
Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ 
Questão 2 – c)
A Lei Complementar n. 150/15 assim dispõe:
Art. 1º - Parágrafo único. É vedada a contratação de menor 
de 18 (dezoito) anos para desempenho de trabalho doméstico, 
de acordo com a Convenção no 182, de 1999, da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT) e com o Decreto no 6.481, de 12 
de junho de 2008.
Art. 2º, § 4o - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário e 
instituído regime de compensação de horas, mediante acordo 
escrito entre empregador e empregado, se o excesso de horas 
de um dia for compensado em outro dia.
Art. 12. É obrigatório o registro do horário de trabalho do 
empregado doméstico por qualquer meio manual, mecânico ou 
eletrônico, desde que idôneo.
Art. 13.É obrigatória a concessão de intervalo para repouso 
ou alimentação pelo período de, no mínimo, 1 (uma) hora e, 
no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se, mediante prévio 
acordo escrito entre empregador e empregado, sua redução a 
30 (trinta) minutos.
Art. 14. Considera-se noturno, para os efeitos desta Lei, o 
trabalho executado entre as 22 horas de um dia e às 5 horas do 
dia seguinte. 
§ 1o A hora de trabalho noturno terá duração de 52 (cinquenta 
e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. 
§ 2o A remuneração do trabalho noturno deve ter acréscimo de, 
no mínimo, 20% (vinte por cento) sobre o valor da hora diurna. 
161616
Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 2NPJ

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