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AULA 2 – GESTÃO E FINANCIAMENTO DE EMPRESAS Uma empresa com poucos sócios é fácil imaginar como se dá o processo de gestão, mas em uma empresa com milhares de sócios, os acionistas, com diferentes quantidades de capital investido, como se dará essa organização? Imagine o seguinte: um grupo de 100 investidores se reúne e resolve abrir uma empresa, aportando recurso em quantidades proporcionais a sua capacidade de poupança. Os percentuais foram muito variados: alguns contribuíram com 20% do total do capital, outros com 5% e muitos com 1% ou até menos. Alguns desses desejam participar da administração da empresa e outros não, almejando apenas uma boa remuneração para os seus investimentos. Achou complicado organizar a tomada de decisão em um cenário como esses? Pois essa é, de forma simplificada, a realidade das empresas que se utilizam de ações como mecanismos de financiamento, negociando tais ativos em uma Bolsa de Valores. Que tal entender melhor esse assunto? Primeiramente, é necessário definir o que é ação. DICA Ação é a menor fração do capital de uma empresa. Na prática, são títulos nominativos negociáveis que representam, para quem os possui, uma fração da propriedade da empresa. Principais Características Ações ordinárias: têm direito a voto nas assembléias deliberativas de acionistas, e por isso, importantes para quem deseja dirigir a empresa. O termo ordinária tem o seu sentido de “ordem, controle”. Ações preferenciais: não possuem direito a voto, mas oferecem preferência na distribuição de resultados ou reembolso do capital em caso de liquidação da companhia. Segundo a legislação vigente, a empresa deve destinar uma parcela mínima de 25% de seu lucro anual para remuneração dos acionistas – os chamados dividendos. Os detentores de ações preferenciais deverão receber um dividendo superior ao dos acionistas ordinários, em no mínimo 10% desse valor. Gestão da empresa Mas afinal de contas, quem é que dirige a empresa? Os acionistas, manifestando suas decisões em uma Assembléia Geral. Nesse tipo de reunião, são definidos temas importantes, como o Estatuto da empresa – conjunto de normas e procedimentos que regularão o compromisso entre os acionistas e as regras de condução da empresa. Como existe uma grande quantidade de acionistas, o que impediria a reunião frequente para debates e tomada de decisão, os acionistas elegem um Conselho de Administração, que terá entre suas responsabilidades, definir os objetivos estratégicos da empresa e escolher seus diretores. Assim, quem consegue indicar mais Conselheiros acaba assumindo o controle e dirigindo a organização. Os conselheiros são escolhidos pelos acionistas proporcionalmente à quantidade de ações ordinárias que possuem. Assim, quem possuir mais ações ordinárias decidirá os rumos da empresa, através de decisões do Conselho de Administração. Para deter o controle da empresa sem depender dos outros sócios, o acionista precisará possuir 50% das ações ordinárias, mais uma. Um grupo de acionistas pode se reunir e formar um Bloco de Controle. Essa associação deve ser tornada pública, para não ferir os interesses dos acionistas. Os acionistas que não integram o controle da companhia são chamados minoritários. Existe um ponto importante a destacar em relação as ações preferenciais. Até 2001, a Lei 6.404/76 permitia a existência de até 2/3 de ações preferenciais – atualmente esse percentual foi reduzido para 50%, para empresas que abrirem seu capital depois de 2001. Isso quer dizer que uma empresa com essa configuração de ações permitira a existência de controlador com apenas 16,7%, aproximadamente, do capital social. Os demais 83,3% de acionistas estariam sujeitos aos interesses e decisão dos acionistas controladores. Você se sentiria confortável com um modelo de controle como esse? Talvez não. Nesse contexto, a Governança Corporativa passa a ter um papel fundamental na garantia e proteção dos demais investidores. Relação entre capital, poder e gestão Agora é possível estabelecer uma relação direta entre o capital aplicado na empresa, o poder decisório e a gestão da empresa. Na empresa, o poder é exercido pelos acionistas, proporcionalmente ao capital que possuem aplicado naquela organização, traduzido pelo número de ações ordinárias. A gestão da empresa será exercida pelos diretores indicados pelos representantes dos acionistas, organizados em Conselho de Administração. As boas práticas de Governança Corporativa determinam a separação entre o capital e a gestão, evitando que decisões orientadas somente para a rentabilidade dos valores investidos possam afetar a sobrevivência da organização.
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