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Abertura de mercado, vantagens e desvantagens Abertura de mercado: vantagens e desvantagens Trabalho de pesquisa apresentado para a realização da disciplina Economia Contemporânea Brasileira. 1 ABERTURA DE MERCADO ................................................................................................3 1.1 Conceito de abertura de mercado .........................................................................................3 1.2 Abertura de mercado: vantagens e desvantagens .................................................................4 1.3 Abertura de mercado no Brasil.............................................................................................6 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................8 1 ABERTURA DE MERCADO: VANTAGENS E DESVANTAGENS 1.1 Conceito de abertura de mercado A abertura de mercado é um processo que envolve a liberalização comercial através da eliminação de barreiras tarifárias e não-tarifárias de forma que o país passa a ter uma participação mais intensa na economia global. Essa política de abertura comercial segue a tendência onde há uma menor intervenção do Estado nos assuntos de ordem econômica. Um país para aderir a este esquema de abertura de mercado sofre de pressão externa, fenômeno amplo que exerce influência sobre as políticas domésticas, onde um país A força outro B a fazer alguma coisa que não faria em uma condiçãodiferente. Como instrumentos dessa pressão externa, temos as retaliações comerciais que forçam um país a fazer algo que vai de encontro aos interesses nacionais, estabelecendo que a abertura de mercado só é possível com a interferência externa (NASSUNO, 1998). O interesse na abertura de mercado por diversos países está associado ao conflito de interesses comerciais que pode aumentar quando um país perde em competitividade, ou o surgimento de um novo mercado competidor. Essa pressão pode ser justificada por outros motivos como aconteceu na China no século XIX, onde esta representava um enorme mercado consumidor, devido ao tamanho de sua população, mas que apesar de vender uma quantidade grande de produtos aos britânicos, não demonstrava interesse em mercadorias europeias. O único interesse comercial da China era no ópio que eram adquiridos de formas fraudulentas dos ingleses e norte-americanos. Isso gerou um conflito entre ingleses e chineses, dando origem a Guerra do Ópio que resultou na ocupação de Pequim pelos ingleses. Com isso a China teve que abrir seus mercados por ter de aumentar o número de portos abertos ao comércio com o Ocidente. 1.2 Abertura de mercado: vantagens e desvantagens A ideia de se ter um mercado aberto é muito antiga. David Ricardo já havia elaborado argumentos que demonstravam as vantagens de se otimizar a alocação de recursos. Segundo ele, a população aumentaria a sua renda caso adotassem a produção específica em algum setor que o país tivesse algum tipode vantagem sobre os outros. Como vantagens existentes na abertura de mercado, pode-se apontar a diversidade de produtos que estaria disponível para consumo, visto que nenhum país teria a capacidade de produzir toda a gama de variedades de produtos possíveis. Pensando também na questão da especialização da produção em determinado setor, os produtores teriam acesso a meios mais eficientes, visto uma maior articulação entre os segmentos dos setores. Mercados fechados possuem uma tendência de não incentivarem o aumento da produtividade e a redução de custos, gerando um desperdício de recursos. O livre comércio estabelece a competitividade entre aqueles que pertencem a um mesmo setor produtivo, de forma que, o ganho de eficiência torna-se fundamental. Dessa forma as empresas procuram reduzir os custos e consequentemente aumentar a produtividade, expandindo a sua atuação em mercados em potencial (SOARES, SANTOS E ARBACHE, 1998). É possível avaliar que a abertura de mercado interfere nas questões tecnológicas empregadas na produção, sendo um item que exerce muita influencia quando se refere a competitividade das empresas. Isso acaba por envolver outras questões de ordem política onde a intervenção do Estado se torna mais presente por defender os interesses das indústrias nacionais. Quando verificadas falhas de mercado, onde o livre comércio por si só não solucionaria o problema, o Estado mostra-se presente interferindo em fatores que venham a estar relacionados a questões como taxas cambiais, alíquota de impostos e incentivos fiscais. Um exemplo dessa interferência do Estado no mercado seria a compra de moeda estrangeira por parte de um determinado país como forma de valorizar a moeda local para que as indústrias nacionais consigam se manter com um lucro maior com as exportações, de forma que voltam a se tornar competitivas em relação a um produto produzido em outro país (JUNIOR E FERREIRA, 1999). A questão da competitividade acaba evidenciando que uma desvantagem para a economia de um determinado país acaba muitas vezes sendo uma vantagem para outro e vice-versa. Fatores internos e externos influenciam nos custos de produção e isso pode acarretar numa diminuição da competitividade da indústria em relação a outros países. Um país que tenha leis trabalhistas rígidas, onde os trabalhadores detêm maiores direitos, representam maiores encargos com salários e benefícios, que se somam aos custos de produção, encarecendo um mesmo artigo que poderia ser produzido em outro país com uma legislação menos rigorosa, de forma a perder a concorrência. Muitas vezes, as industrias nacionais perdem a concorrência dentro do próprio território para produtos importados que mesmo taxados com impostos, ainda conseguem ser mais baratos, desbancando essas empresas. Essa é uma desvantagem do mercado aberto, onde o Estado não pode barrar a entrada de um determinado produto no país pelo motivo de estes “quebrarem” as industrias nacionais (JUNIOR E FERREIRA, 1999). Esta situação foi vivenciada peloBrasil recentemente quando algumas empresas brasileiras de calçados, localizadas na região de Franca (SP), fecharam por conta de perderem a concorrência com produtos vindos da China por valores menores do que os produzidos pelas indústrias brasileiras. Segundo os teoremas de Heckscher e Ohlin e Stolper e Samuelson (apud ARBACHE e CORSEUIL, 2004), é de se esperar mudanças nas estruturas empregatícias e salariais em um país que mude para um sistema de aberturas de mercado. Nos setores onde a concorrência externa mostra-se maior, os trabalhadores tendem a apresentar perdas salariais, enquanto setores em expansão podem apresentar aumentos salariais para os seus trabalhadores. Em pesquisa feita em diversos países que aderiram ao processo de abertura de seus mercados, mostram resultados diferentes referentes ao crescimento do emprego. Então não é possível apontar a abertura de mercado como um fator determinante para que haja o aumento ou a diminuição do número de empregos no país, visto que isto dependerá de diversos fatores de como está estruturada a economia deste país antes do processo de abertura. Não é possível associar então o desemprego ao comércio internacional, o comércio tende a realocar a mão-de-obra de forma que esta se tornasse mais produtiva. Algumas pequenas mudanças podem ser vistas na questão do emprego durante o processo de abertura de mercado, onde alguns setores mudam a estrutura de produção de forma que alguns trabalhadores têm dificuldade de aderir aos novos métodos,sendo substituídos e apresentando alguma dificuldade em se realocarem em outras empresas do mesmo segmento (MOREIRA E NAJBERG, 1998). Ainda é possível destacar a questão da capacitação profissional, que passa a ser exigida naqueles novos setores em crescente expansão, que passam a incorporarmétodos de inovação tecnológica, ou mesmo de gerenciamento, criando empregos para trabalhadores especializados. É importante salientar que alguns países são grandes exportadores de produtos primários (minérios, agrícolas), enquanto outros tem a economia fundamentada na exportação de produtos manufaturados. Aqueles que produzem produtos de ordem primária detém a matéria-prima, quando não possuem tecnologia para transformar estes produtos em manufaturados, acabam por importa-los e de alguma maneira a balança comercial tende a pender favoravelmente para os países que detém a tecnologia e possuem um lucro maior com seus produtos (MOREIRA e CORREA, 1997). 1.3 Abertura de mercado no Brasil O processo de abertura de mercado no Brasil se deu mais intensamente no inicio da década de 90, quando foram derrubadas diversas barreiras tarifárias e não-tarifárias de forma a aumentar a participação das importações e exportações no Produto Interno Bruto do país. Segundo Kume, Piani e Souza (2000), as tarifas que eram de 67,8% em 1987 reduziram para 37% em 1990, e por fim caíram para 10,4% em 1995. Outras barreiras não-tarifadas, como a liberação da importação de produtos antes proibidos, foramimportantes para acelerar o processo de liberalização comercial, de forma que afetou quase todos os setores da economia. Isso mudou a forma de o Brasil se relacionar com o resto do mundo (MOREIRA E CORREA, 1997). Inicialmente, a abertura de mercado produziu fatores desagradáveis para a economia brasileira, como aumento da taxa de desemprego e da informalidade, mas também alavancou a produtividade do trabalho. Esse período de implementação da abertura de mercado, foram acompanhadas de mudanças na Constituição de 1988, planos para a estabilização da moeda e da inflação, sendo apenas a partir do Plano Real que a moeda nacional se valorizou e a inflação passou a ser controlada. E por fim, houve mudanças regulatórias na economia e várias privatizações (MOREIRA E NAJBERG, 1998). Estudos mostram que a abertura de mercado não influenciou significativamente na questão da distribuição de renda do país. É possível observar também que os trabalhadores menos qualificados são os que mais sofreram perdas em relação a remuneração e vagas de trabalho. O grau de abertura da economia brasileira condicionou de forma positiva o comportamento das participações de mercado, ou seja, em momentos em que o setor externo ganhou importância relativa, houve um ganho generalizado da participação de mercado nos diversos produtos. As exportações brasileiras vêm ampliando sua participação de mercado em setores dinâmicos do comércio mundial, embora ainda persista um relativo distanciamento da pauta de exportação brasileira emrelação à pauta de exportação do resto do mundo, isto é, o padrão de especialização local ainda apresenta uma composição setorial distinta da composição setorial prevalecente no comércio mundial( JUNIOR e FERREIRA, 1999). BIBLIOGRAFIA ARBACHE, Jorge Saba; CORSEUIL, Carlos Henrique. Liberalização comercial e estruturas de emprego e salário. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, v. 58, n. 4, Dez. 2004 JUNIOR, José Rossi, FERREIRA, Pedro C. A evolução da produtividade industrial brasileira e abertura comercial. Texto para Discussão nº651, Rio de Janeiro, jun. 1999. KUME, H., PIANI, G., & Souza, C. F., A política brasileira de importação no período 1987-1998: Descrição e avaliação. In Corseuil, C. H. and Kume, H. (coord.). Brasília. MTE/IPEA 2003 MESQUITA, Mauricio, MOREIRA, Paulo Guilherme,. Abertura comercial e indústria: o que se pode esperar e o q se vem obtendo. Revista de Economia Politica vol.17 nº2 abr –jun, 1997. MOREIRA, Mauricio M, NAJBERG, Sheila. Abertura comercial: criando ou exportando empregos? Revista Pesquisa Planejamento Econômico. Rio de Janeiro v. 28 n. 2 p. 371 -398, ago 1998. NASSUNO, Mariane. Pressão externa e abertura comercial no Brasil. Revista de Economia Política, vol. 18, nº 1, jan –mar 1998 p. 26-43 SOARES, Sergei, SERVO, Luciana M. Santos, ARBACHE, Jorge S. O que não sabemos sobre a relação entre abertura comercial e mercado de trabalho no Brasil. Texto para Discussão nº843, Rio de Janeiro nov 2001
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