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Embriologia - Anatomia das gônadas, fecundação e fertilização in vitro

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Tutoria P3
A FECUNDAÇÃO IN VITRO: DEFINIÇÕES, HISTÓRICO, CLASSIFICAÇÃO
          Fecundação Artificial é todo processo em que o gameta masculino encontra e perfura o gameta feminino por meios não naturais. Existem duas formas clássicas ou principais de Fecundação Artificial, que são a Inseminação Artificial (IA) e a Fecundação In Vitro com Embrio-Transfer (FIVET). Por ora, interessa-nos apenas esta segunda forma.
          A Fecundação In Vitro consiste na técnica de fecundação extracorpórea na qual o óvulo e o espermatozóide são previamente retirados de seus doadores e são unidos em um meio de cultura artificial localizado em vidro especial.
          A técnica da FIVET nasceu com a tentativa de se desenvolverem, em meios de cultura, embriões de ratos e coelhos que foram fecundados naturalmente. Esses embriões eram transferidos para o meio de cultura e, depois de crescidos, eram reimplantados no útero das fêmeas. Em 1959, o cientista M. C. Chang expôs com orgulho o sucesso da utilização desse método no nascimento de coelhos.
          O primeiro a começar este tipo de experiência em seres humanos foi o doutro R. G. Edwards, que por volta de 1965 realizava experimentos tentando a maturação de ovócitos retirados de ovários em qualquer estágio de desenvolvimento. 
 Existem a Fecundação In Vitro homóloga, que é aquela feita com o óvulo e o esperma provenientes do próprio casal de quem o embrião vai ser filho, e a do tipo heteróloga, que é aquela em que pelo menos um dos gametas utilizados na criação do embrião provem de um doador externo ao casal.
AS QUESTÕES ÉTICAS DA FECUNDAÇÃO IN VITRO
          Toda a exposição sobre a técnica da Fecundação In Vitro foi necessária pois é a partir dela que se verificam e se entendem os possíveis desdobramentos ou conseqüências que o processo pode ter e as importantes questões éticas que daí se insurgem.
          O primeiro grande questionamento sobre a eticidade desse procedimento médico é quanto ao fato de se ocorrer a fecundação fora do corpo da mãe, o que, para alguns, contraria a lei natural da reprodução. E é por acreditar que tal fato acontece que a maior opositora às técnicas de reprodução assistida, especialmente da FIVET, é a Igreja Católica.
          De fato, a base teórica em que se firma a Igreja para expor suas posições a respeito da correção dos comportamentos quanto à reprodução é a seguinte: para a Igreja, o ato conjugal é formado por dois momentos que se implicam, completam-se e permitem-se reciprocamente. São os momentos da união e da procriação. Assim, apenas no amor espiritual de dois seres sexualmente opostos e unidos no indissolúvel matrimônio é que se torna legítima a prática procriadora. Juridicamente falando, é como se a procriação encontrasse seu fundamento de validade no matrimônio, que é realizado e fundado pelo amor dos cônjuges sob a graça divina. Tudo aquilo, portanto, que viesse a quebrar tal harmonia e união desses dois pólos da conjugalidade, o unitivo e o procriador, seria e é imoral. Agora torna-se bastante óbvio o porquê de a Igreja proibir a prática da Fecundação In Vitro, mesmo a homóloga. Nesta técnica, o embrião não nasce do amor carnal e espiritual dos cônjuges unidos pelo casamento sagrado, mas por meio de uma mão cientista esterilizada e de um vidro inerte. Além do mais, existe um outro ser no ato procriador, a figura do médico, que, na visão católica, quebra a intimidade inviolável do casal.
          Para que o leitor não fique apenas na imaginação teórica e se confirme o que foi dito, é necessário ver o que diz Paulo VI, em sua "Humae Vitae":
          "Essa doutrina, muitas vezes expressa pelo magistério da Igreja, está fundamentada na ligação inseparável, que Deus quis e que o homem não pode romper por sua iniciativa (o grifo é nosso), entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador. De fato, por sua íntima estrutura, o ato conjugal, enquanto une os esposos por um vínculo profundíssimo, torna-os capazes de geração de vidas novas, seguindo as leis inscritas no próprio ser do homem e da mulher..." (7)
          Felizmente a Igreja Católica grita praticamente sozinha na defesa de tais teses...
          Quanto à FIVET homóloga, os maiores questionamentos éticos que dominam os estudiosos e a comunidade internacional é quanto ao destino dos embriões fecundados e não utilizados para concepção.
          Como vimos na parte reservada aos procedimentos técnicos da Fecundação In Vitro, a mulher geralmente tem sua ovulação estimulada por hormônios. E esses hormônios muitas vezes são intencionalmente administrados para provocar uma ovulação múltipla. Tal ovulação permite aos médicos prepararem mais de um embrião para no caso de algum imprevisto vir a ocorrer no momento da concepção. Contudo, logo vem a seguinte pergunta: o que fazer com a reserva de embriões que se tornem desnecessários para a concepção? Tal situação de reserva de embriões ganha contornos mais sérios quando se sabe que atualmente é possível se congelar embriões para usos futuros do casal, ou tão somente da esposa, caso seu parceiro venha a falecer. Porém, também é de conhecimento de todos que muitos bancos de embriões só permitem a reserva destes por um certo período de tempo, como ocorre na Inglaterra, onde o prazo máximo é de cinco anos. Assim, o que fazer com os embriões "fora do prazo de validade"?
          Muitas vezes a resposta a essa pergunta, do ponto de vista prático, não é tão agradável. Na Inglaterra, recentemente, alguns milhares de embriões que não tinham mais "utilidade" foram jogados no lixo. Contudo, para muitas opiniões, tal prática corresponde a uma "mentalidade abortiva", fato que suscita a problemática da necessidade de ser preservada a vida do embrião. A própria Academia de Doutores de Espanha asseverou que "o concebido não é uma parte do organismo materno senão um efetivo ser humano, perfeitamente individualizado e que, portanto, não pode ser objeto de disposição nem sequer de seus progenitores. Ninguém, portanto, tem o direito a destruí-lo" (8).
          E o que dizer se tais embriões "inúteis" forem utilizados para experiências genética? Não se estaria reificando o ser humano em sua etapa embrionária de vida?
          Note-se, daí, a inumerável quantidade de questionamentos que se levantam a respeito da destruição de embriões e de sua utilização para experimentos genéticos, bem como os possíveis desdobramentos teóricos que tais questionamentos podem provocar(9).
          As possibilidades de discussões éticas ganham maior amplitude se passarmos a considerar as conseqüências advindas da FIVET heteróloga. Isso pois, nesta espécie de Fecundação In Vitro é utilizado no mínimo um gameta proveniente de um doador externo ao casal. E tal fato alimenta, como sabemos, a criação de bancos de esperma e, como a FIVET homóloga, a de bancos de embriões.
          Seria correto a manutenção de tais entidades? É certo recorrer a doadores para se ter um filho que geneticamente não vai ser seu? Para dificultar ainda mais a resposta do leitor, informa-se que por causa de tal prática, a de se congelar gametas e embriões, tem-se verificado a criação de um novo tipo de comércio pela Internet: o de óvulos de modelos consideradas belíssimas pelo padrão estético ocidental.
          O maior argumento que se levanta para provar o caráter anti-ético de se recorrer a gametas e embriões de terceiros é o fato de que essa prática fere a liberdade e dignidade do embrião e do indivíduo dele resultante, pois este teria sua origem biológica diferente da sua origem social. Contudo, tal argumento não tem sido muito eficiente para sensibilizar as autoridades no sentido de regulamentarem essa questão e enquanto muitos alardeiam, outros compram livremente o padrão genético de suas crias.
          Um outro problema moral que advém como conseqüência da técnicas da FIVET heteróloga é, como já pudemos inferir no exemplo da venda de óvulos de modelos pela Internet, a prática da Eugenia, ou seja,a escolha de características fenotípicas do embrião como cor dos cabelos, tipo de pele, cor dos olhos, etc. Para se ter uma idéia, fala-se da existência de um banco de gametas na Califórnia que é reservado a doadores intelectualmente superdotados. Mas uma tal prática não seria valorar como melhor determinado tipo humano, em detrimento dos outros, sem nenhuma fundamentação racional? Em palavras mais simples, qual a fundamentação do juízo que diz ser os olhos do tipo azul mais belos ou melhores que os do tipo preto? Será que quem paga por um "superesperma" tem direito a escolher as características de seu filho?
          Por fim, resta mostrar as indagações referentes a uma última conseqüência da Reprodução In Vitro: a proliferação das "mães substitutas" . A esse respeito, muito se tem questionado sobre o caráter ético de tais figuras. Eis aqui as principais dúvidas e problemas levantados sobre o assunto: Será que é correto permitir que mulheres passem a fazer as vezes de gestante substituta de outras, muitas vezes por interesses financeiros? Não seria mais uma vez intervir na liberdade do feto que passará 9 meses se nutrindo biológica e afetivamente por uma mulher que não será sua mãe? O que é, diante dessas novas possibilidades, ser mãe?
          Essas são os principais, para não dizer mais conturbados, problemas éticos referentes à prática da FIVET. Ora, tais questões, como vimos, não ficam, apenas adstritas aos campo teórico mas projetam-se diariamente no cotidiano das famílias, dos hospitais e, principalmente, dos tribunais. O direito, como o mais especializado mecanismo de controle social, deve dar respostas para todos os problemas da realidade, inclusive aqueles relacionados à Ética da Vida ou Bioética. Assim, diante de tantas conseqüências problemáticas e complexas envolvendo a vida e condutas humanas, o direito deve valorar e normar tais práticas no intuito de regulamentá-las sob o manto da justiça eqüitativa. Dessa forma, todos os questionamentos supracitados batem à porta do direito e por isso mesmo elevam-se a um outro âmbito social: o da normatividade jurídica. Porém, antes serem vistas as conseqüências jurídicas de tais problemas e como o Direito brasileiro encara tais questões, serão rapidamente expostas as problemáticas da FIVET do ponto de vista psicológico, socio-cultural e biogenético. Dessa forma, o leitor verá com mais ênfase a complexidade jurídica que tal matéria possui.
 O POSICIONAMENTO DO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO QUANTO ÀS IMPLICAÇÕES DA FIVET
          As técnicas de reprodução assistida, em especial a Fertilização In Vitro, são de utilização bastante recente no cenário nacional. Isso posto, não há lei específica que regule por completo todas as implicações que estas técnicas podem acarretar. Contudo, dada a importância da matéria, existem algumas disposições normativas que tentam, dentro de seus limites, controlar as práticas médicas relacionadas ao tema. Tais disposições encontram-se reunidas basicamente em três diplomas: o Código de Ética Médica, a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM n0 1.358/92 e a lei 8.974/95 que disciplina os processos de manipulação genética.
          O Código de Ética Médica, de 1988, apenas vagamente disciplina a questão. E isso se verifica lendo alguns de seus artigos referentes à matéria:
          Art. 42. "É vedado ao médico praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação";
          Art. 43. "É vedado ao médico descumprir legislação específica nos casos de transplantes de órgãos e tecidos, esterilização, fecundação artificial ou abortamento";
          Art. 68. "É vedado ao médico praticar fecundação artificial sem que os participantes estejam de inteiro acordo e devidamente esclarecido sobre o problema" (14).
          Como foi visto, em pouco ajuda tais disposições frente a complexidade dos problemas surgidos na prática. Uma abordagem bem mais completa sobre o assunto e suas conseqüência pode ser visto na Resolução 1.358/92 do Conselho Federal de Medicina, que foi publicada no Diário Oficial e que trata das normas para a utilização das técnicas de Reprodução Assistida. Tudo o que foi normado a esse respeito, serviu da mesma forma e na mesma medida para a Fertilização In Vitro, por ser esta um tipo ou espécie daquela. Abaixo, tal Resolução é transcrita na íntegra, para que se perceba que muitos dos questionamentos feitos anteriormente encontram respostas normativas.
          DIÁRIO OFICIAL SEÇÃO I 16053
          Resolução CFM 1.358 de 11 de novembro de 1992
          Art. 1o - Adotar as NORMAS ÉTICAS PARA A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA, anexas à presente RESOLUÇÃO, como dispositivo deontológico a ser seguido pelos médicos.
          Art. 2o - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
IVAN DE ARAÚJO MOURA FÉ
Presidente
HERCULES SIDNEI PIRES LIBERAL
Secretário - Geral
          NORMAS ÉTICAS PARA A UTILIZAÇÃO DAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA
          I - PRINCÍPIOS GERAIS
          1 - As técnicas de Reprodução Assistida (RA) têm o papel de auxiliar na resolução dos problemas de infertilidade humana, facilitando o processo de procriação quando outras terapêuticas tenham sido ineficazes ou ineficientes para a solução atual de infertilidade.
          2 - As técnicas de RA podem ser utilizadas desde que exista probabilidade efetiva de sucesso e não se incorra em risco grave de saúde para a paciente ou o possível descendente.
          3 - O consentimento informado será obrigatório e extensivo aos pacientes inférteis e doadores. Os aspectos médicos envolvendo todas as circunstâncias da aplicação de uma técnica de RA serão detalhadamente expostos, assim como os resultados já obtidos naquela unidade de tratamento com a técnica proposta. As informações devem também atingir dados de caráter biológico, jurídico, ético e econômico. O documento de consentimento informado será em formulário especial, e estará completo com a concordância, por escrito, da paciente ou do casal infértil.
          4 - As técnicas de RA não devem ser aplicadas com a intenção de selecionar o sexo ou qualquer outra característica biológica do futuro filho, exceto quando se trate de evitar doenças ligadas ao sexo do filho que venha a nascer.
          5 - É proibida a fecundação de oócitos humanos, com qualquer outra finalidade que não seja a procriação humana.
          6 - O número ideal de oócitos e pré-embriões a serem transferidos para a receptora não devem ser superior a quatro, com o intuito de não aumentar os riscos já existentes de multiparidade.
          7 - Em caso de gravidez múltipla, decorrente do uso de técnicas de RA, é proibida a utilização de procedimentos que visem à redução embrionária.
          II - USUÁRIOS DAS TÉCNICAS DE RA
          1 - Toda mulher, capaz nos termos da lei, que tenha solicitado e cuja indicação não se afaste dos limites desta resolução, pode ser receptora das técnicas de RA, desde que tenha concordado de maneira livre e consciente em documento de consentimento informado.
          2 - Estando casada ou em união estável, será necessária a aprovação do cônjuge ou do companheiro, após processo semelhante de consentimento informado.
          III - REFERENTE ÀS CLÍNICAS CENTROS OU SERVIÇOS QUE APLICAM TÉCNICAS DE RA
          As clínicas, centros ou serviços que aplicam técnicas de RA são responsáveis pelo controle de doenças infecto-contagiosas, coleta, manuseio, conservação, distribuição e transferência de material biológico humano para a usuária de técnicas de RA, devendo apresentar como requisitos mínimo:
          1 - Um responsável por todos os procedimentos médicos e laboratoriais executados, que será, obrigatoriamente, um médico.
          2 - Um registro permanente (obtido através de informações observadas ou relatadas por fonte competente) das gestações, nascimento e mal formações de fetos ou recém-nascidos, provenientes das diferentes técnicas de RA aplicadas na unidade em apreço, bem como dos procedimentoslaboratoriais na manipulação de gametas e pré-embriões.
          3 - Um registro permanente das provas diagnósticas a que é submetido o material biológico humano que será transferido aos usuários das técnicas de RA, com a finalidade precípua de evitar a transmissão de doenças.
          IV - DOAÇÃO DE GAMETAS OU PRÉ-EMBRIÕES
          1 - A doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial.
          2 - Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
          3 - Obrigatoriamente será mantido o sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas e pré-embriões, assim como dos receptores. Em situações especiais, as informações sobre doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para médicos, resguardando-se a identidade civil do doador.
          4 - As clínicas, centros ou serviços que empregam a doação devem manter, de forma, permanente, um registro de dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores.
          5 - Na região de localização da unidade, o registro das gestações evitará que um doador tenha produzido mais que 2 (duas) gestações, de sexos diferentes, numa área de um milhão de habitantes.
          6 - A escolha dos doadores é de responsabilidade da unidade. Dentro do possível deverá garantir que o doador tenha a maior semelhança fenotípica e imunológica e a máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora.
          7 - Não será permitido ao médico responsável pelas clínicas, unidades ou serviços, nem aos integrantes da equipe multidisciplinar que nelas prestam serviços, participarem como doadores nos programas de RA.
          V - CRIOPRESERVAÇÃO DE GAMETAS OU PRÉ-EMBRIÕES
          1 - As clínicas, centros ou serviços podem criopreservar espermatozóides, óvulos e pré-embriões.
          2 - O número total de pré-embriões produzidos em laboratórios será comunicado aos pacientes, para que se decida quantos pré-embriões serão transferidos a fresco, devendo o excedente ser criopreservado, não podendo ser descartado ou destruído.
          3 - No momento da criopreservação, os cônjuges ou companheiros devem expressar sua vontade, por escrito, quanto ao destino que será dado aos pré-embriões criopreservados, em caso de divórcio, doenças graves ou de falecimento de um deles ou de ambos, e quando desejam doá-los.
          VI - DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTO DE PRÉ-EMBRIÕES
          As técnicas de RA também podem ser utilizadas na prevenção e tratamento de doenças genéticas ou hereditárias quando perfeitamente indicadas e com suficientes garantias de diagnóstico e terapêutica.
          1 - Toda intervenção sobre pré-embriões "in vitro", com fins diagnósticos, não poderá ter outra finalidade que a avaliação de sua viabilidade ou detecção de doenças hereditárias, sendo obrigatório o consentimento informado do casal.
          2 - Toda intervenção com fins terapêuticos, sobre pré-embriões "in vitro", não terá outra finalidade que tratar uma doença ou impedir sua transmissão, com garantias reais do sucesso, sendo obrigatório o consentimento obrigatório do casal.
          3 - O tempo máximo de desenvolvimento de pré-embriões "in vitro" será de 14 dias.
          VII - SOBRE A GESTAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO ( DOAÇÃO TEMPORÁRIA DO ÚTERO)
          As Clínicas, Centros ou Serviços de Reprodução Humana podem usar técnicas de RA para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde que exista um problema médico que impeça ou contra-indique a gestação na doadora genética .
          1 - As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família da doadora genética, num parentesco até o segundo grau, sendo os demais casos sujeitos a autorização do Conselho Regional de Medicina.
          2 - A doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.
          Através da análise da Resolução acima, pode-se perceber que o Conselho Federal de Medicina procurou responder a vários dos principais problemas decorrentes das práticas de reprodução assistida, entre as quais se encontra a de Fertilização In Vitro. Apesar disso, outras questões jurídicas importantíssimas não foram resolvidas pela Resolução, até porque o seu órgão criador, o referido Conselho, não tinha competência para tal. É assim que fica sem resposta, por exemplo, o problema do direito ou não de herança caso o filho, produto de uma fecundação artificial, conheça seu pai genético. Acha-se que uma solução inteligente para o caso seria a de estender, por analogia, o tratamento jurídico que é dado ao menor adotado, pela lei n0 8.069/90, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e que no caput de seu artigo 41 expressa o seguinte:
          Art. 41. "A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais".
         Dessa forma, o filho fruto uma Fertilização In Vitro heteróloga se desligaria de qualquer vínculo, inclusive os sucessórios, com seu (s) pai (s) genético (s) que não tivessem a sua guarda.
          Também não foi dada resposta ao problema que se cria caso a mãe substituta, figura permitida de acordo com as exigências especificadas na Resolução, nega-se a entregar o nascido aos requerentes. Acha-se que, em se permitindo tal prática, a relação entre a mãe substituta para com os requerentes do filho deva se expressar pela forma de um contrato, não oneroso, de prestação de serviço. Assim, ficariam delimitadas as devidas posições das partes nesta relação.
          Finalmente, resta verificar o que reza a Lei 8. 974/95, que regula o uso das técnicas de engenharia genética, a respeito das implicações causadas pela Fertilização In Vitro.
          Como era de se esperar, a referida Lei, por não ter por objeto principal nenhuma das técnicas de reprodução assistida, pouco contribuiu para a regulamentação dos problemas oriundos da FIVET. Esse pouco reflete-se na conjunção de dois artigos dessa disposição normativa: os artigos 8o e 13, em seus respectivos incisos IV e III. Antes de mais nada, faz-se necessário ver o que rezam tais artigos e incisos:
          Art. 8o . É vedado nas atividade relacionadas a OGM(15):
          (...)
          IV - A produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível.
          Art. 13. Constituem crimes:
          (..)
          III - A produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos destinados a servir como material biológico disponível.
          Pena - reclusão de seis a vinte anos.
          Vistos esses elementos normativos, pode-se perceber que se eleva à categoria de crime toda manipulação de embriões que não tenha por finalidade a reprodução imediata. Ratifica-se, implicitamente, a quinta norma ética da parte dos Princípios Gerais da Resolução do Conselho Federal de Medicina, citada anteriormente, proibindo a reificação do embrião. Assim, a Lei 8.974/95, no pouco que ajuda para regulamentar as implicações resultantes da prática da Fecundação In Vitro, o fez numa forma e sobre um tema especiais: o do destino de embriões humanos.
Fontes Bibliográficas
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2-Silva Santos, Rosângela da, and Iêda Maria Vargas Dias. "Refletindo sobre a malformação congênita." Revista Brasileira de Enfermagem 58.5 (2005).
3-Horovitz, Dafne Dain Gandelman, et al. "Atenção aos defeitos congênitos no Brasil: características do atendimento e propostas para formulação de políticas públicas em genética clínica." Cadernos de Saúde Pública 22.12 (2006): 2599-2609.
4-Zatz, Mayana. "A biologia molecular contribuindo para a compreensão e a prevenção das doenças hereditárias." Ciência & Saúde Coletiva 7.1 (2002).
5-Osis, Maria José Duarte, et al. "Atenção ao planejamento familiar no Brasil hoje: reflexões sobre os resultados de uma pesquisa." Cad. Saúde Pública 22.11 (2006): 2481-2490.
6-Berlofi,Luciana Mendes, et al. "Prevenção da reincidência de gravidez em adolescentes: efeitos de um Programa de Planejamento Familiar." Acta Paulista de Enfermagem (2006).
7-Descritores de Saúde
8-Frazão, Alexandre Gonçalves. "A fertilização in vitro: uma nova problemática jurídica." Jus Navigandi, Teresina, a 4 (2002).
9-Borlot, Ana Maria Monteiro, and Zeidi Araújo Trindade. "As tecnologias de reprodução assistida e as representações sociais de filho biológico." (2004).
10-Trindade, Zeidi Araújo, and Sônia Regina Fiorim Enumo. "Representações sociais de infertilidade feminina entre mulheres casadas e solteiras." Psicologia, Saúde e Doenças 2.2 (2001): 5-26.
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12-Andrade-Rocha, Fernando Tadeu, and Pedro Paulo Noel Gomes de Carvalho. "O papel do exame do sêmen na infertilidade masculina. I-Análise das características dos espermatozóides e de suas células precursoras." Rev. bras. anal. clin 28.4 (1996): 171-178.
13-Pasqualotto, Fábio Firmbach. "Investigação e reprodução assistida no tratamento da infertilidade masculina." Rev. bras. ginecol. obstet 29.2 (2007): 103-112.
14-Freire, Eutília Andrade Medeiros, et al. "Doenças reumáticas e infertilidade masculina." Revista Brasileira de Reumatologia(2006).
	
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	16-Cartilhas de saúde do sus
17-Zatz, Mayana. "Clonagem e células-tronco." Estudos avançados18.51 (2004): 247-256.
	
18-da Veiga Pereira, Lygia. "A importância do uso das células tronco para a saúde pública." Ciência & Saúde Coletiva 13.1 (2008).

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