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HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL GLAUCIA JUSTO UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA – UVA CAMPUS TIJUCA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO DISCIPLINA:NUTRIÇÃO E SAÚDE COLETIVA CÓDIGO NUT 8032 PROFESSOR: GLAUCIA F. JUSTO CONTEXTO BRASILEIRO: INDAGAÇÕES Os cidadãos brasileiros têm acesso às ações e serviços de saúde necessários para a resolução de seus problemas, ou ainda existem restrições e barreiras importantes de acesso? As ações e serviços estão sendo planejados e programados de acordo com as necessidades de saúde da população e com as condições de saúde da realidade local? UM POUCO DE HISTÓRIA... 1808 – vinda da família real para o Brasil: aumentam as necessidades de saúde e regulação da prática médica; Momento econômico exploratório; Movimento higienista como primeiro movimento coletivo de saúde; 1889 – Proclamação da República: fortalecimento da burguesia cafeeira que pressiona pela organização das cidades, saneamento dos portos e controle das epidemias; Mão de obra assalariada precisava de atenção; DESENVOLVIMENTO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL República Velha (1889 -1930) “Era Vargas” (1930 – 1964) Autoritarismo (1964 – 1984) “Nova república” (1985 – 1988) Pós-Constituinte (1989 – 2002) POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL REPÚBLICA VELHA (ATÉ 1930) Doenças transmissíveis, epidemias e doenças pestilenciais: febre amarela, varíola, tuberculose, sífilis, etc A saúde como uma questão social: ameaça ao modelo agro-exportador, emergência da política nacional de saúde(org.de serviços de saúde pública e campanhas sanitárias; CONJUNTURA Economia: agro-exportadora, movida pelo capital comercial; Superestrutura político-ideológica: Estado liberal-oligárquico(interesses de São Paulo e Minas / politica café c/leite); Aparecimento das indústrias, precárias condições de trabalho e de vida das populações urbanas. CONJUNTURA Reação do Estado aos movimentos operários: embriões de legislação trabalhista ( jornada,acidentes,menor) e previdenciária (caixas de aposentadoria e pensão CAPS); Reação do Estado às condições de saúde da população: combate as epidemias CONJUNTURA Oswaldo Cruz: combate a febre amarela, vacina contra a varíola, ações sanitárias; Objeto de atenção do Estado: a insalubridade dos portos, a atração e retenção da força de trabalho, as endemias rurais e o saneamento urbano (interesses da economia de exportação) CONJUNTURA Enfretamento do problema: como “caso de polícia” e posteriormente como “questão social” Previdência: lei Eloi Chaves (organizando as CAP) Saúde Pública: Reforma Carlos Chagas (implantando o Depto. Nacional de Saúde Pública) LEI ELOY CHAVES - 1923 Criou a Caixa de Aposentadorias e Pensões, voltadas para assistência à saúde de empresas/instituições específicas; Assistência à saúde nasce relacionada a um vínculo formal de trabalho e para poucas categorias de produção; Financiadas por empresas e administradas em conjunto com trabalhadores; Seguro social com caráter altamente controlador dos segmentos de trabalhadores. O seguro estava restrito à condição de filiado ao seguro social; Os serviços prestados começaram desde então com a compra de serviços privados, sob a forma de credenciamento médico; Consolidou-se como uma prática de caráter assistencialista e não universalizante; LEI ELOY CHAVES - 1923 “ERA VARGAS” (1930 – 1964) Transição demográfica (redução mortalidade e envelhecimento da população.) Predomínio das doenças da pobreza e aparecimento da morbidade moderna (doenças do coração, neoplasias, acidentes e violências) Crise da Velha República (frações da burguesia lutavam pela hegemonia) “Revolução de 30” golpe de estado Industrialização, urbanização e mudanças nas condições de vida e saúde; Crise do café + Crise Política da Velha República (frações da burguesia lutavam pela hegemonia); “ERA VARGAS” Institucionalização da saúde pública: Ministério da Educação e Saúde Medicina Previdenciária e Saúde ocupacional: Ministério do Trabalho Âmbito estatal: forma trifurcada (saúde pública, medicina previdenciária e saúde do trabalhador) “ERA VARGAS” Âmbito privado: forma fracionada: Medicina liberal Hospitais beneficentes ou filantrópicos Empresas médicas (hospitais lucrativos) “ERA VARGAS” 1933 surgiu a Previdência Social: atuando por meio dos Institutos de aposentadorias e Pensão (IAP) das diversas categorias profissionais, para trabalhador formal, surgindo assim a medicina previdenciária. Substitui as antigas CAPs Trabalhadores urbanos/Previdência Social: organização dos IAP por categorias: marítimos (IAPM), comerciários (IAPC), bancários (IAPB), transportes e cargas (IAPETEC), servidores do Estado (IPASE), etc. Contribuição: trabalhador + patrões + estado; Gestão: trabalhadores e patrões (sindicato) + técnicos do governo “ERA VARGAS” 1941: Serviço de Combate às endemias 1953: Ministério da Saúde Assistência médico-hospitalar começa a fornecer as bases para a capitalização do setor saúde; Ações do Ministério da Saúde, SES e SMS: concentradas nas campanhas sanitárias, nos programas especiais (materno-infantil, tuberculose, endemias rurais, hanseníase, etc) e na manutenção de centros, postos de saúde, maternidades, hospitais específicos de psiquiatria, tisiologia, etc para os pobres REGIME AUTORITÁRIO (1964-1984) Conjuntura: 1964: Golpe Militar Modelo econômico: concentrou renda, reforçou migrações e acelerou a urbanização sem os investimentos necessários. Capitalização da medicina: privilegiou o setor privado, comprando serviços médicos, apoio aos investimentos e empréstimos com subsídios (unificação dos IAP/ 1966 – INPS) 1973: FUNRURAL (extensão da med. previdenciária aos trabalhadores rurais) INPS E A CONFORMAÇÃO DO MODELO MÉDICO-ASSISTENCIAL PRIVATISTA Instituto Nacional da Previdência Social- INPS: propiciou a unificação dos diferentes benefícios ao nível do IAP’s; O privilegiamento da prática médica curativa, individual, assistencialista e especializada; A criação, através da intervenção estatal, de um complexo médico-industrial; O desenvolvimento de um padrão de organização da prática médica orientada em termos de lucratividade, propiciando a capitalização da medicina e do produtor privado de serviços de saúde REGIME AUTORITÁRIO 1974: Reformulações adotadas: Separação área previdenciária e área do trabalho Implantação do Plano de Pronta Ação (atendimento de urgência para qualquer indivíduo) 1975: V Conferência Nacional de Saúde Crise do setor saúde: Insuficiência, descoordenação, má distribuição e ineficácia REGIME AUTORITÁRIO 1975: Sistema Nacional de Saúde (Lei 6229/75): reconhece e oficializa a dicotomia da questão da saúde, afirmando que a medicina curativa seria de competência do Ministério da Previdência, e a medicina preventiva de responsabilidade do Ministério da Saúde. Intervenção política nos programas: Materno – infantil, de imunização, de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), etc REGIME AUTORITÁRIO 1977: Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS Finalidade de prestar atendimento médico aos que contribuíam com a previdência social, ou seja, aos empregados de carteira assinada. O INAMPS dispunha de estabelecimentos próprios, mas a maior parte do atendimento era realizado pela iniciativa privada; os convênios estabeleciam a remuneração por procedimento, consolidando a lógica de cuidar da doença e não da saúde. Tripé desse modelo: Estado como grande financiador via previdência Setor privado nacionalcomo maior prestador Setor privado internacional como produtor de insumos MOVIMENTO CONTRA-HEGEMÔNICO DA SAÚDE Universidades, OPS, Abrasco, CEBES (Centros Brasileiros de Estudos da Saúde. (construção da identidade da saúde coletiva e da reforma sanitária) Dec. de 70: Oposição técnica e política ao regime militar, sendo abraçado por outros setores da sociedade; Crise do financiamento da previdência social, com repercussões no INAMPS. Dec. 80: período recessivo e explosão da crise financeira da previdência social Governo Figueiredo / VII Conferência Nacional de Saúde: PREV-SAÚDE (reorientação do sistema de saúde, mediante a integração dos ministérios da saúde e previdência) REDEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA /Nova República (1979 - 1988); Redemocratização do país; 1985 Diretas Já; fim do regime militar, movimentos sociais e Constituinte; Economia: Inflação; Democracia é saúde: a politização da saúde e o movimento pela Reforma Sanitária; Associações dos secretários de saúde estaduais (CONASS) e municipais (CONASEMS) SITUAÇÃO DE SAÚDE Redução da mortalidade infantil e das doenças imunopreveníveis Manutenção das doenças do aparelho circulatório e neoplasias como principais causas de morte Aumento das mortes por violência AIDS e DENGUE CONTEXTO POLÍTICO Conquista da democracia, demanda pelo resgate da “dívida social” Saúde na agenda política da “Nova República” 1986-VIII Conferência Nacional de Saúde : 5000 participantes representantes dos movimentos sociais, intelectuais, sindicatos, conselhos regionais e federais de profissionais da saúde, etc REFORMA SANITÁRIA Crítica ao modelo baseado no paradigma clínico, individualista e nas práticas curativista e hospitalocêntrica; Conceito ampliado de saúde; Saúde como direito de todos e dever do Estado; Criação do SUS; Participação popular (controle social); Constituição e ampliação do orçamento social; Transformar a saúde em bem público; PROCESSO CONSTITUINTE Comissão Nacional de Reforma Sanitária: sistematizou as proposições Legislação básica incorporada na Constituição Federal; Incorporação dos princípios e diretrizes do movimento sanitário no capítulo da Seguridade Social; REFORMA SANITÁRIA Expectativa: Formulação que coincidia com a experiência social-democrata do “Estado de Bem- estar” dos países europeus (Suécia, Noruega, Dinamarca) e com a proposta de “democratização” das relações sociais em uma perspectiva socialista (consciência sanitária); Realidade: Encolhimento da proposta Restringiu-se à construção de um sistema da saúde universal, igualitário e eqüitativo (sistema italiano): Financiamento e gestão estatal; Prestação de serviços constituída de um mix público-privado REFORMA SANITÁRIA CONTEXTO POLÍTICO Promulgação da “Constituição Cidadã” e instabilidade econômica com hiperinflação e crise fiscal do Estado Obstáculos a implementação da Reforma Sanitária Recuo dos movimentos sociais, disseminação da ideologia neoliberal e a perda de poder aquisitivo dos trabalhadores de saúde; SUGESTÃO DE FILME “POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL: Um século de luta pelo direito à saúde" https://www.youtube.com/watch?v=9TZIyc3yaHM
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