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Conceitos Psicomotores

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Conceitos Psicomotores
Neste capítulo serão abordados os temas centrais da Psicomotricidade e pretendemos esclarecer a especificidade desta ciência ainda em evolução. Os termos a serem estudados neste tópico constituem o eixo do que conhecemos como prática psicomotora.
OBJETIVOS
Neste capítulo pretende-se que sua aprendizagem seja referente a:
• Compreender os diversos conceitos centrais da Psicomotricidade
• Explicar a importância e a correlação de tais conceitos na prática clínica
• Estabelecer as relações destes temas com a prática da fisioterapia
Controle motor
Controlar o corpo é algo que o homem tem de mais difícil para aprender (também o que tem de mais difícil para estudar como funciona – próteses e robótica).
O organismo é apto para realizá-lo.
O controle motor exige uma posição econômica, que evita o desgaste desnecessário de energia para um determinado movimento.
É um processo interativo das funções da mente e corpo na generalização das posturas e do movimento.
Sensorial + perceptivo + motor (como acontece esta mistura?)
Fatores relevantes:
 Motivação;
 Atenção;
 Atividade física.
Aprender e fazer estão interligados
Movimento = mudança de postura: consciente ou por ajustamento automático. Movimentos são controlados por respostas sensoriais e ou por respostas internas.
Habilidade motora
A prática faz a perfeição
A mente e os sentidos controlam a postura e os movimentos. 
• Cérebro conhecedor – consiste no sistema sensorial, motor e associativo (sensações percepções e funções motoras).
• Cérebro emotivo – sistema límbico = comportamento baseado em impulsos biológicos básicos (alimentação, reprodução...).
A integração sensório motora é a chave do controle motor
As percepções sensoriais não refletem necessariamente a qualidade ou intensidade das entradas sensoriais.
As percepções são baseadas em versões editadas da entrada sensorial.
O SNC conhece quando um movimento planejado está se dando de acordo com o plano ou não.
Cada atividade psicomotora se desenvolve sobre um fundo tônico, cuja expressão cinética é a “figura”.
Tônus, pano de fundo para o movimento. O movimento perturba a postura e o equilíbrio.
Wallon fala das “atividades posturais” com dupla característica: pode ser preparação para o ato e/ou de espera. A espera antecipatória indica uma atitude de ajustamento preparatório específico para execução do programa motor que deve ser realizado.
Postura - posição do corpo inteiro ou de uma parte dele (posição dos diferentes segmentos corporais em um dado momento).
A postura está na base da organização dos movimentos.
A postura prepara o ato e pode suceder-se de uma sequência de movimentos cujo resultado é um “estado”.
A postura ou ausência do movimento corresponde à estabilidade do corpo em certa posição.
A postura tem importância no desenvolvimento psicomotor da criança.
Diálogo tônico - hipertonia do desejo e hipotonia da satisfação.
Comportamento expressivo – choro / gritos... mais tarde sorriso / vocalização...
Primeiramente, esses comportamentos se manifestam de maneira não deliberada, mas o receptor (mãe) lhe dá um significado. Aos poucos eles serão usados de maneira mais específica sendo um meio de comunicação (intencional).
Tipos de tônus
Podemos caracterizar de forma didática três tipos de tônus. Tais classificações variam a nomenclatura, segundo o autor estudado, mas comungam do mesmo conceito.
	TÔNUS DE FUNDO, DE BASE OU POSTURAL
	É o responsável pela postura ortostática, pela manutenção da posição de um seguimento corporal (contração isométrica) e também está presente na função de amortecedor. É avaliado por meio das manobras de passividade e de extensibilidade. Ex.: ao dormir, ao estarmos de pé, ao cair.
	TÔNUS DE AÇÃO OU DE ATITUDE
	É o ato motor propriamente dito (contração isotônica) quando um grupo muscular realiza uma determinada ação. Ex.: ao escrever, ao comer, ao falar.
	TÔNUS DE FORÇA OU DE SUPORTE
	É quando todo o corpo se dedica a uma única ação. Ex.: empurrar um carro, esportes de explosão.
Qualidade do tônus
Como já vimos, nos quadros patológicos temos os extremos, isto é, a hipertonia de um lado e a hipotonia de outro, no entanto, um indivíduo pode estar em qualquer ponto deste continum dependendo do momento que estiver vivendo.
O bom tônus será aquele adequado à ação motora à qual o sujeito se propõe.
O movimento econômico e eficiente se dá quando adequamos o tônus ao ato motor.
A célula muscular, por ter seu formato alongado, é chamada de fibra.
Como toda a célula, é composta por suas estruturas. As estruturas da célula muscular são: sarcolema que é a membrana da célula muscular; o sarcoplasma; as miofibrilas que são estruturas próprias da fibra muscular e o sarcômetro que é a unidade histofisiológica da célula muscular e é o responsável pela contração da fibra.
Clique na imagem para ampliar
O processo de contração se dá a partir de um estímulo que atinge a célula, percorre a fibra, criando em seu interior um potencial de ação (PA). Na fibra muscular o retículo sarcoplasmático armazena cálcio. Nas mitocôndrias o ATP se transforma em ADP gerando energia. Esse cálcio é liberado e vai agir com as proteínas que se encontram no sarcoplasma, essas, por sua vez, vão reagir com a actina. A actina vai reagir, então com a miosina, promovendo o deslizamento do miofilamento delgado sobre o espesso, finalizando a contração do sarcômero.
Outra estrutura importante é o fuso neuromuscular, formado por fibras diferenciadas. São elas as fibras extrafusais; as fibras intrafusais (que possuem seus polos contráteis) e as fibras nervosas sensitivas anulo-espirais. No movimento voluntário, o estímulo sai do córtex, percorre a medula e vai atingir um neurônio motor gama; esse vai inervar as zonas polares das fibras intrafusais (que são contráteis). Tal contração vai provocar o estiramento das intrafusais e excitar as fibras nervosas sensitivas anulo-espirais. Essas via sistema nervoso periférico, vão devolver o estímulo à medula para o neurônio motor alfa que, por sua vez, vai inervar as fibras extrafusais, finalizando a contração do fuso.
quilíbrio
 O aparelho labiríntico, órgão central do equilíbrio, mieliniza-se precocemente, muito antes que todos os núcleos dos nervos cranianos.
 As modificações de postura, durante a gestação, deixam marcas no sistema neuro-labiríntico do feto, no entanto o recém-nascido manifesta poucos indícios de postura antigravitária eficiente.
 Algumas reações de equilíbrio, passo a passo:
- Os reflexos labirínticos só se registram francamente a partir do 2º mês, com a busca da verticalização da cabeça.
- Mais tarde, somam-se aos reflexos labirínticos os reflexos óticos de retificação, o que vem reforçar a importância da visão na maturação neuromotora e no desenvolvimento do equilíbrio.
- Por volta do 5º mês surgem as primeiras tentativas de alinhamento céfalocorporal.
- “Todas as reações têm por efeito suscitar, forçosamente, aferências proprioceptivas que são recolhidas pelos centros e, em particular, pelo córtex cerebral onde se associam às aferências exteroceptivas sensitivas e sensoriais... é provável que as relações anatômicas e funcionais entre o córtex e os outros centros, em particular com o cerebelo, necessitem de um tempo bastante longo e variável, antes de se estabelecerem definitivamente no que diz respeito à marcha.” (¹)
- A reação de bloqueio da queda (paraquedismo) – sinergia labiríntica básica é um reflexo de maturação, resultado da integração neurológica entre o aparelho labiríntico e o sentido da visão, onde as mãos vêm a participar das reações do equilíbrio. Essa reação postural surge a partir dos 6 meses e persistirá para toda a vida.
 Do 6º ao 8º mês a criança necessitará do apoio dos braços para manter-se na posição sentada, o tronco inclina-se para a frente demonstrando uma pequena cifose dorso-lombar.
- No 8º ou 9º mês, já não requer o apoio dos membros superiores na posição sentada, ea reação de paraquedista só aparecerá quando houver risco de sua estabilidade. Isso permite ao tronco retificar-se e inicia o desenho das curvaturas definitivas da coluna.
- Lá pelos 9 até os 11 meses, quando os membros superiores passam a exercer seu papel de suporte com firmeza e soltura, os inferiores se flexionam, apoiam-se nos joelhos e os pés separam o corpo do plano de apoio. A criança engatinha e pode deslocar-se no espaço. Aqui entra em cena a percepção do espaço como retroalimentação da integração da maturação labiríntica, visual e cerebelar.
 Na posição ereta, passará a buscar novos pontos de apoio manual e pouco a pouco irá abandonando-os para dar às mãos prioridades de outras funções, e passar a exercer plenamente a força antigravitária de seu eixo corporal.
- “... o equilíbrio não é mais que um sistema incessantemente modificável de reações compensadoras que parecem, em todo momento, modelar o organismo frente às forças opostas do mundo exterior...” (²)
- Um aspecto fundamental para o desenvolvimento da função de equilibração é a função tônica, que envolve todas as complexas estruturas do sistema nervoso central, desde a medula até o cérebro.
- Sherrington atesta que a contração tônica não é geradora de movimento ou de deslocamentos e sim, essencialmente a atividade postural dos músculos que fixa as articulações em posições determinadas, compondo uma atitude em seu conjunto.
- O tônus não é de formação exclusivamente nervosa, é também de formação medular e periférica e sua complexidade se dá porque forma o fundo das atividades motoras e posturais, prepara o movimento, fixa a atitude, protege o gesto e mantém a postura e a equilibração.
- A manutenção da postura de pé é operada por diversas excitações reflexas que nascem nos receptores labirínticos e profundos, provocadas pela ação constante da gravidade. Dentre as excitações mais importantes temos:
	1
	as excitações labirínticas (canais semicirculares e os otólitos);
	2
	as excitações proprioceptivas (articulações, músculos e tensões);
	3
	as excitações exteroceptivas (de origem tônica e perceptiva);
	4
	as excitações visuais.
Próprioceptores
 Músculos-tendinosos (fusos);
 Articulares (corpúsculos de Golgi);
 Labirínticos.
Têm um caráter lento de acomodação, mantendo as aferências dinâmicas da atividade posturo-motoras.
Assim, para mantermo-nos simplesmente em pé, uma atitude mecanicamente pouco fatigante, verificamos, no aspecto neurológico, uma enormidade de autorregulações que sustentam tal postura
Esse triângulo assegura as funções do equilíbrio, e para que possamos manter a equilibração faz-se necessário que dois desses três vértices estejam íntegros.
Esquema e imagem corporal
Esquema corporal
 Refere-se ao conhecimento que temos de nosso corpo;
 Provém de informações proprioceptivas, interoceptivas e exteroceptivas;
 É de ordem evolutiva, porque o corpo muda de tamanho, peso, medidas e, em consequência, mudam as possibilidades e coordenações funcionais;
 Implica em uma representação: pode-se falar das partes do corpo, das funções, das relações espaciais e da dimensão temporal do corpo;
 Pode ser medido, comparado, pesado;
 É pré-consciente e consciente;
 É um conceito intuitivo e sintético do corpo e possui quatro aspectos que o constituem:
	1
	nomeação das partes do corpo;
	2
	localização das partes do corpo;
	3
	conscientização das partes do corpo;
	4
	utilização das partes do corpo.
Os dois primeiros possuem um caráter objetivo pois, são idênticos para toda a espécie humana.
Os dois últimos, no entanto, vão estar diretamente ligados à experiência individual e à aprendizagem, tendo um caráter mais subjetivo.
O Esquema Corporal é o canal por onde circula a imagem do corpo, é nosso equipamento neuromotor, tradutor do que sentimos e vivemos como sendo nós mesmos. É o que damos a ver ao outro, é uma representação.
Imagem corporal
 Sua construção está relacionada com a história de cada um e as relações que este estabelece com os afetos que recebe nas relações com o mundo;
 É construída com base nos contatos sociais, nas relações com o outro, sendo resultado de um processo de co-construção;
 É elaborada de acordo com as experiências que obtemos através dos atos e atitudes com os outros;
 É um conceito subjetivo, logo, sendo singular, é constitutiva do sujeito;
 Não é um fenômeno estático, pois sofre as mutações a cada afeto recebido, podendo se ressignificar a cada instante, até o fim de nossos dias;
 É estruturante para a identidade do sujeito;
 Não pode ser medida ou quantificada;
 É inconsciente.
Tempo e espaço
 Orientação Espacial e Temporal
 Organização Espacial e Temporal
A estruturação espaço-temporal é importantíssima no processo de adaptação do indivíduo ao meio, visto que, todos e tudo ocupam um determinado lugar no espaço em um dado momento.
A orientação espacial e temporal corresponde à organização intelectual do meio, e está ligada à consciência, a memória, às experiências vivenciadas pelo indivíduo.
A construção do espaço
De que forma se dá essa construção?
Desde a vida intrauterina através das sensações corporais:
Mudanças na posição do bebê;
Mudanças na posição da mãe;
Pressão intrauterina (crescimento do bebê);
Contato com o próprio corpo dentro do útero (sugar o dedo, contato com o espaço que o cerca “barriga da mãe”).
A partir do nascimento:
Posição que o bebê fica no berço, no colo da mãe...;
O peito da mãe – objeto de desejo;
Olhar para a mãe durante a mamada, troca de fralda... – relação com o outro
Rolar;
Arrastar-se;
O bebê começa a perceber os objetos e a tocar-lhes com as mãos (coordenação óculo-manual);
Apreensão dos objetos – lançar os objetos longe, “pedir” objetos que não estejam presentes;
Levar objetos à boca;
Engatinhar, subir/descer; passar por baixo/passar por cima; ir atrás dos objetos e móveis, desviar...;
Andar.
Nessa fase, a criança desenvolve noções de um espaço vivenciado através de experiências de seus próprios movimentos e deslocamentos.
A partir do momento em que a criança começa a se locomover sozinha no espaço, ela entra em contato com a “linguagem espacial”: “abaixa a cabeça..., levanta a perna, desce daí menino...”
A criança começa a ter noção de frente x atrás; em cima x embaixo; de um lado x do outro; longe x perto... Aos poucos, através da experiência vivida com esse espaço repleto de pessoas e objetos, a criança vai adquirindo noções mais precisas.
Após vivenciar as relações entre seu próprio corpo, os objetos e as pessoas, a criança começa a perceber que as coisas têm diferentes lados (posições), e que existem diferentes direções.
Segundo Jean-Claude Coste, em seu livro A psicomotricidade, “toda percepção do mundo é uma percepção espacial, na qual o corpo (que não se reduz, nem para o interior, nem para o exterior à superfície da pele) é o termo de referência."
Nomeando os espaços
Antes dos 3 anos
Entre 3 e 7 anos
A partir de 9 e 10 anos
Espaço Topológico vivido, cujos pontos de referência são o próprio corpo. O Espaço Topológico se caracteriza por relações de vizinhança, de separação, de ordem, de continuidade... É quando os conceitos espaciais têm relação ao próprio corpo.
Noções de:
Situações: dentro x fora; longe x perto
Tamanho: grande x pequeno
Posição: em pé x deitado; aberto x fechado
Movimento: levantar x abaixar; empurrar x puxar
Forma: triângulo, quadrado, círculo...
Quantidade: cheio x vazio; mais que x menos que; pouco x muito...
Orientação espacial: (discriminação visual)
Noções de:
Formas;
Quantidade;
Comprimento;
Tamanhos;
Orientação esquerda x direita;
Descobrir o que está faltando;
Memória visual;
Descobrir figuras idênticas.
Organização espacial: quebra-cabeças/mapas...
A orientação espacial refere-se, então, ao conhecimento destas noções do espaço (cognitiva).
A organização espacial diz respeito à utilização que o sujeito faz de tais noções (práxica).A construção do tempo
A linguagem é um pré-requisito fundamental na estruturação do tempo.
À medida que a criança vai adquirindo noções de “tempo” ela vai aprendendo a utilizar e a compreender, cada vez de forma mais adequada, os verbos auxiliares (ser, ter) e os tempos verbais. A noção de tempo envolve simultaneamente, noções de duração, ordem, sucessão e permite que o indivíduo se situe, se organize e coordene suas atividades e sua vida cotidiana, dando sequência a seus pensamentos, gestos, movimentos sem se “atropelar”.
As noções temporais são muito abstratas e por isso são, muitas vezes, difíceis de serem assimiladas pelas crianças. Elas requerem também uma maturidade que só a vivência e a experimentação poderão desenvolver.
A criança pequena vive no “tempo presente“, aos poucos vai adquirindo noções de:
Sucessão de acontecimentos:
Antes/depois;
Durante/depois;
Em primeiro/por último...
Duração de intervalos (aqui encontramos o ritmo, que veremos mais tarde em outro item):
Tempo longo/tempo curto;
1 hora/1 minuto, ritmo regular/ritmo irregular (constância e inconstância, aceleração e freada);
Ritmo lento/ ritmo rápido (diferença entre correr e andar).
Ordem:
Renovação cíclica de períodos: (dias da semana, meses, estações...);
Caráter irreversível do tempo: (“já passou”), noção de envelhecimento, idade, crescimento...
Sabemos que a criança está inserida em um tempo e em um espaço mesmo antes de nascer. A partir do nascimento, a noção de tempo vai se tornando muito presente na vida do bebê. Existe o intervalo das mamadas, a preparação para as atividades do cotidiano (ex.: a criança percebe que está chegando a “hora” do banho, de acordo com a movimentação de sua mãe).
Aos poucos ela vai aprendendo a “esperar”: “Eu já vou!”, “Depois mamãe te dá.”, “Primeiro tira o sapato, depois entra no banho.” etc.
A criança, inserida nessa “linguagem temporal” desde que é “desejada” (ex.: “Você vai ser muito amada”, pensa a mãe ainda grávida), começa a utilizá-la, mas ainda troca a concordância verbal e a ordem dos acontecimentos. (“Mãe, ontem eu vou na vovó?”)
Podemos perceber o tempo de 2 formas:
 tempo subjetivo: varia conforme o momento (momento prazeroso parece que dura menos do que o momento de dor, medo ou angústia);
 tempo objetivo: este é sempre idêntico, é matemático, contado e controlado: e 5 minutos são sempre 5 minutos!
Durante o dia a dia, trabalhamos com o tempo objetivo, existe a hora do banho, do almoço, os dias de aula e os finais de semana, os meses de férias, as datas comemorativas etc.
A rotina de uma escola, por exemplo, auxilia a criança na percepção e estruturação do tempo objetivo.
A professora verbaliza o que vão fazer depois de determinada aquela tarefa. A criança, mesmo pequena, já sabe que vai ter a “hora” do recreio, do lanche, e a “hora” da mamãe chegar.
De que forma se dá essa construção?
A aquisição da temporalidade pela criança:
1º vive de forma intensa o tempo presente – antes de 1 ano;
2º percebe o que acontecerá de imediato, o bebê faz a besteira e olha para a mãe esperando a “bronca” ou faz uma gracinha para agradar – após 1 ano;
3º é capaz de esperar alguns minutos por algo que deseja – 2 anos;
4º começa a entender o que quer dizer “agora chega”, “não dá mais tempo”, “acabou” mesmo que ainda não aceite muito bem – 2/3 anos;
5º percebe a periodicidade de alguns ciclos: um dia após o outro, manhã, tarde, noite etc. – 3 /4 anos;
6º é capaz de compreender a renovação cíclica de períodos mais abstratos:
Dias da semana : + ou - 6 anos;
Meses do ano: + ou - 7 anos;
Os anos: + ou - 8 anos;
Dia do mês: + ou - 8 anos.
7º começa a compreender o tempo objetivo e o subjetivo através de vivências: a criança sabe que 5 minutos de brincadeira é pouco e 5 minutos esperando é muito, apesar de saber serem os mesmos 5 minutos. Passa a ser capaz de avaliar a duração de uma conversa, de um programa: a partir de 9 anos;
8º indica hora com aproximação de 20 minutos: a partir de 11 / 12 anos;
9º nesta fase, o indivíduo já possui um conjunto de lembranças pessoais e uma visão mais realista do futuro com todos os sentimentos, bons e ruins, que o futuro e o passado comportam.
A medida que as crianças vão adquirindo a noção de tempo, duração e ordem elas passam a, não só, organizar melhor seus pensamentos e suas atividades do dia a dia, como a compreender melhor o mundo que as cerca.
Com as noções de tempo, ordem e duração surgem também as noções de alternância e cadência, elas desenvolvem juntas o que chamamos de ritmo.
A orientação temporal seria, então, o conhecimento de todos estes conceitos temporais que vimos até aqui.
A organização temporal vai referir-se à utilização de tais conceitos pelo sujeito em questão.
Em Psicomotricidade verificamos a interelação entre os conceitos espaciais e temporais naquilo que chamamos de Estruturação Espaço-Temporal.
Qualidade ou estado lateral (do latim laterale – relativo a lado).
O termo direita tem, nas diversas línguas, o significado de justo, franco, certo, honesto, habilidoso, caracterizando boas qualidades.
O termo esquerda refere-se a torto, torcido, desajeitado, e, na Itália, significa canhoto, mas também ladrão. A lateralização é a tradução de uma assimetria funcional. Para Le Boulch (1982:92) “a instalação e a qualidade lateral está na dependência da dominância hemisférica”.
No entanto, segundo Fonseca (1988:130), “as funções mais importantes não são desempenhadas por um só hemisfério; trata-se de uma ação recíproca e mutuamente interrelacionada, não existindo uma autoridade exclusiva de qualquer dos dois hemisférios”.
Essa desigualdade vai se tornar mais precisa durante o desenvolvimento, graças a fatores inatos e sociais.
Existem várias classificações de lateralidade, uma delas nos é fornecida por Jean Bergès que propõe:
1 - lateralidade espontânea ou inata – ligada às atividades gestuais, não aprendidas: visão (mira); atitude, orientação cefálica etc. Esta seria reflexo de uma lateralidade neurológica, como função de uma dominância hemisférica constitucional, que pode ser observada no aumento da tonicidade de um dos lados do eixo corporal.
2 - lateralidade de utilização – adquirida em função dos aspectos sociais, escolares, familiares etc., que se reflete em um predomínio manual nas atividades cotidianas. 
Segundo Gesell, a partir dos primeiros meses de vida já podemos notar a dominância lateral inata, através da observação do RTC (reflexo tônico cervical), e inclusive prevê-la em 75% dos casos.b>
O esboço de prevalência manual poder ser observado por volta dos 4 meses através da capacidade que a criança adquire de seguir com os olhos sua mão, graças à organização telo-cinética, que implica na atividade dos tubérculos quadrigêmeos que coordenam o jogo de três pares dos músculos oculares.
Porém, apesar de todos estes dados, a estabilização lateral se faz entre os 6 e 8 anos de idade. Durante esse período evolutivo a criança encontra-se sujeita às pressões sociais. 
Na análise da lateralidade, devem ser investigadas não somente a predominância manual, mas também a ocular, a auditiva, a pedal e a expressiva.
O desenvolvimento da lateralidade é importante na evolução, adaptação, formação do esquema corporal, percepção da simetria do próprio corpo e do eixo corporal da criança, e vice-versa.
O desenvolvimento da lateralidade ocorre naturalmente no indivíduo que, aos poucos, terá definido qual dos lados terá mais força, será mais ágil, terá melhor coordenação motora etc.
A lateralidade está acoplada tanto na orientação espacial como no conhecimento do próprio corpo.
De que forma se dá essa construção?
Acompanha os seguintes passos:
Conhecimento do próprio corpo (corpo próprio);
Localização e estruturação corporal (consciência corporal);
Projeção de pontos referenciais a partir do corpo (relações espaciais corpo x objeto ou corpo do outro);
Organização do espaço independente do corpo (relação espacial objeto x objeto).Inicia com a percepção de que o corpo tem dois lados e que utilizamos mais um lado do que o outro.
A lateralização, como já vimos, está relacionada com a dominância de um lado em relação ao outro, enquanto que conhecimento esquerda-direita diz respeito ao domínio dos termos “esquerda”, ”direita”, que utilizamos como referência para uma melhor orientação espacial.
A dominância estável dos termos “esquerda“, “direita” no próprio corpo, só é possível se verificar por volta dos 5/6 anos. Já a noção de reversibilidade, capacidade da criança de reconhecer esquerda-direita fora do próprio corpo, em uma pessoa ou objeto à sua frente, só poderá ser abordada depois dos 6 anos 6 anos e meio.
De que forma se dá essa construção?
 Primeiro a criança percebe o corpo (sente esse corpo);
 Depois a criança percebe e diferencia os dois lados do corpo;
 Só a partir de mais ou menos 7 anos, a criança é capaz de nomear e perceber com precisão as partes esquerda e direita de seu corpo;
 Perceber, estabelecer relações, nomear direita x esquerda nos objetos.

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