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APOSTILA IMUNOLOGIA PARTE II OK

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” 
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA 
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
DISCIPLINA: IMUNOLOGIA 
PROFESSOR RESPONSÁVEL: PROFa. Dra WILMA APARECIDA STARKE BUZETTI 
 
 
 
 
PARTE II 
 
 
 
 
1. ANTÍGENOS 
2. ANTICORPOS 
3. BIOLOGIA DO LINFÓCITO T 
4. BIOLOGIA DO LINFÓCITO B 
5. CITOCINAS 
6. HEMATOPOIESE 
7. COMPLEMENTO 
 
 
 
 
2004 
 
 
 2
1. ANTÍGENO.................................................................................................................................4 
1.1. ASPECTOS GERAIS ..............................................................................................................4 
1.2. CARACTERÍSTICAS DE UM BOM ANTÍGENO................................................................4 
1.3. EPÍTOPOS...............................................................................................................................5 
1.4. HAPTENOS.............................................................................................................................6 
1.5. ADJUVANTES:.......................................................................................................................6 
1.6. REATIVIDADE CRUZADA ..................................................................................................6 
1.7. ANTÍGENOS DE MICROORGANISMOS............................................................................7 
1.7.1. BACTÉRIAS (Figura 1) ......................................................................................................7 
1.7.2. VÍRUS (Figura 2).................................................................................................................7 
1.7.3. PARASITAS (Figura 4).......................................................................................................7 
1.8. ANTÍGENOS DE SUPERFÍCIE CELULAR .........................................................................8 
1.8.1. ANTÍGENOS DO GRUPO SANGUÍNEO .........................................................................8 
1.8.2. ANTÍGENOS DO COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE (MHC) ....................8 
1.8.3. GRUPOS DE DIFERENCIAÇÃO (CD) .............................................................................8 
1.8.4. AUTOANTÍGENOS............................................................................................................8 
2. ANTICORPOS ..........................................................................................................................11 
2.1. PROPRIEDADES..................................................................................................................11 
2.1.1. MOBILIDADE ELETROFORÉTICA ..............................................................................12 
2.1.2. PESO MOLECULAR........................................................................................................12 
2.1.3. ESTRUTURA ANTIGÊNICA ..........................................................................................12 
2.2. ESTRUTURA DAS IMUNOGLOBULINAS (Figura 12)....................................................12 
2.2.1. IMUNOGLOBULINA G (Figura 8)..................................................................................12 
TIPOS DE CADEIAS LEVES: .........................................................................................................14 
SUBCLASSES OU SUBISÓTIPOS DE IgG: ...................................................................................14 
2.2.2. ESTRUTURA PRIMÁRIA DAS IMUNOGLOBULINAS ..............................................14 
2.3. ISÓTIPOS DE IMUNOGLOBULINAS (Figura 12).............................................................14 
2.3.1. IMUNOGLOBULINA G...................................................................................................14 
2.3.2. IMUNOGLOBULINA M ..................................................................................................14 
2.3.3. IMUNOGLOBULINA A...................................................................................................15 
2.3.4. IMUNOGLOBULINA E ...................................................................................................15 
2.3.5. IMUNOGLOBULINA D...................................................................................................15 
2.3.6. RECEPTOR DE SUPERFÍCIE DA CÉLULA ESPECÍFICO PARA IgG..............................21 
4. BIOLOGIA DO LINFÓCITO B....................................................................................................24 
4.1. PROTEÍNAS DA MEMBRANA DA CÉLULA B (Figuras 19 e 20)...................................24 
4.2. MOLÉCULAS QUE LIGAM AO ANTÍGENO: IMUNOGLOBULINA DE MEMBRANA...24 
4.3. MOLÉCULAS TRANSDUTORAS DE SINAIS E ASSOCIADAS À IMUNOGLOBULINA 
DE MEMBRANA..............................................................................................................................24 
4.4. MOLÉCULAS ENVOLVIDAS NA APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENO ..............................25 
5. BIOLOGIA DO LINFOCITO T....................................................................................................26 
5.1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................26 
5.2. NATUREZA DO RECEPTOR DE CÉLULA T ANTÍGENO-ESPECÍFICO...........................26 
5.2.1. MOLÉCULAS QUE INTERAGEM COM O ANTÍGENO....................................................26 
5.2.2. O COMPLEXO RECEPTOR DE CÉLULAS T (Figura 21) ..................................................27 
5.2.3. CD4 e CD8 (Figura 22 a 25)....................................................................................................28 
5.3. INTERAÇÃO DO TCR COM MOLÉCULAS DE MHC (Figura 22 a 25) ...............................30 
5.3.1. CÉLULAS T γδ..................................................................................................................30 
5.4. DIFERENCIAÇÃO DA CÉLULA T NO TIMO .......................................................................33 
5.4.1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................33 
5.4.2. OS TIMÓCITOS INTERAGEM COM CÉLULAS TÍMICAS NÃO LINFÓIDES (Figura 26)
............................................................................................................................................................33 
5.5. SELEÇÃO TÍMICA (Figuras 26 e 27) ..................................................................................35 
 3
5.6. TRÁFEGO DE LINFÓCITOS PARA OS TECIDOS................................................................37 
5.7. CÉLULAS ESPECIALIZADAS APRESENTAM ANTÍGENOS PARA CÉLULAS T...........38 
6. CITOCINAS ..................................................................................................................................39 
6.1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................39 
6.2. NTERFERONS (IFN):................................................................................................................40 
6.3. INTERLEUCINAS (IL): .......................................................................................................40 
6.3.1. INTERLEUCINA 1 (IL-1): .....................................................................................................40 
6.3.2. INTERLEUCINA 2 (IL-2): .....................................................................................................40 
6.3.3. INTERLEUCINA 3 (IL-3): .....................................................................................................40 
6.3.4. INTERLEUCINA 4 (IL-4): .....................................................................................................416.3.5. INTERLEUCINA 5 (IL-5): .....................................................................................................41 
6.3.6. INTERLEUCINA 6 (IL-6): .....................................................................................................41 
6.3.7. INTERLEUCINA 7 (IL-7): .....................................................................................................41 
6.3.8. LEUCINA 8 (IL-8): .................................................................................................................41 
6.3.9. INTERLEUCINA 9 (IL-9): .....................................................................................................41 
6.3.10. INTERLEUCINA 10 (IL-10): ...............................................................................................42 
6.3.11. INTERLEUCINA 11 (IL-11): ...............................................................................................42 
6.3.12. INTERLEUCINA 12 (IL-12): ...............................................................................................42 
6.3.13. INTERLEUCINA 13 (IL-13): ...............................................................................................42 
6.3.14. INTERLEUCINA 14 (IL-14): ...............................................................................................42 
6.3.15. INTERLEUCINA 15 (IL-15): ...............................................................................................42 
6.4. QUIMIOCINAS:.........................................................................................................................42 
6.5. CITOCINAS ENVOLVIDAS NA HEMATOPOIESE: ........................................................43 
6.6. CITOCINAS DESEMPENHAM FUNÇÕES FISIOLÓGICAS MÚLTIPLAS....................43 
7. HEMATOPOIESE.....................................................................................................................50 
7.1. REGULACÃO DA HEMATOPOIESE.................................................................................51 
7.2. MORTE CELULAR PROGRAMADA......................................................................................53 
8. O SISTEMA DE COMPLEMENTO.........................................................................................54 
8.1. CARACTERÍSTICAS ...........................................................................................................54 
8.2. COMPONENTES ..................................................................................................................54 
8.2.1. VIA CLÁSSICA DE COMPLEMENTO ..........................................................................54 
8.2.2. COMPLEXO DE AÇÃO SOBRE A MEMBRANA CELULAR: ....................................56 
8.3. VIA ALTERNATIVA DE COMPLEMENTO......................................................................58 
8.4. ATIVIDADES BIOLÓGICAS DO COMPLEMENTO........................................................59 
8.4.1. ANAFILATOXINAS ........................................................................................................59 
8.4.2. QUIMIOTAXINAS ...........................................................................................................59 
8.4.3. ADERÊNCIA IMUNE ......................................................................................................59 
8.4.4. OPSONIZAÇÃO ...............................................................................................................59 
8.4.5. REGULAÇÃO DE ATIVAÇÃO DE COMPLEMENTO.................................................60 
8.4.6. DEFICIÊNCIA EM COMPLEMENTO ............................................................................61 
 
 4
 
1. ANTÍGENO 
 
1.1. ASPECTOS GERAIS 
 
 Antígenos são substâncias capazes de serem reconhecidas por células do sistema imune e de 
induzirem uma resposta imune. 
 Biologicamente se uma molécula pode unir a receptores das células B ou T 
conseqüentemente ela pode também induzir uma resposta imune. 
 Antígenos podem ser classificados com base em quatro propriedades fundamentais: 
imunogenicidade, antigenicidade, alerogenicidade e tolerogenicidade: 
 Imunogenicidade: é a habilidade de induzir uma resposta imune seja ela celular ou 
humoral. Ou seja: célula B + antígeno : plasmócitos + células de memória, ou 
 Célula T + antígeno : células efetoras + células de memória. 
 Neste contexto o antígeno é chamado de imunógeno. 
 Antigenicidade: É a habilidade do antígeno combinar-se especificamente com anticorpos ou 
com receptores de superfície de linfócito T (TCR). Embora todas as moléculas imunogênicas sejam 
antigênicas o contrário não é verdadeiro, pois algumas delas são antigênicas, mas não são capazes 
de induzir uma resposta imunogênica específica. 
 Alerogenicidade: é a habilidade do antígeno induzir uma resposta alérgica. 
 Tolerogenicidade: é a habilidade do antígeno não induzir uma resposta imune específica. 
 
1.2. CARACTERÍSTICAS DE UM BOM ANTÍGENO 
 
Em geral as proteínas estranhas são as moléculas mais antigênicas. Quase todas as proteínas 
com peso molecular superior a 1000 daltons (1kDa) são antigênicas. Muitos dos melhores 
antígenos de microorganismos, como as toxinas de clostridium, flagelos de bactérias, cápsulas de 
vírus e membranas celulares de protozoários são proteínas. Outras proteínas importantes são os 
venenos de cobras, proteínas do soro, proteínas de superfície celular, leite, proteínas do alimento, 
hormônios e os anticorpos. 
Os carboidratos mais complexos, principalmente quando associados com proteínas podem 
ser considerados imunologicamente importantes. Estes incluem a parede celular de bactérias gram-
negativas e os antígenos do grupo sanguíneo. 
Lipídeo não é bom antígeno devido a ampla distribuição, simplicidade e instabilidade 
estrutural e o rápido metabolismo. No entanto, se estiverem ligados a proteínas ou polissacarídeos, 
os lipídeos podem ser capazes de desencadear uma resposta imune. 
 5
Ácidos nucléicos são pobres antígenos devido a sua relativa simplicidade, flexibilidade e a 
sua facilidade em serem degradados. 
Fatores que influenciam a antigenicidade: 
Peso Molecular: Em geral as grandes moléculas são os melhores antígenos. Desta forma, a 
hemocianina, uma grande proteína do sangue de invertebrados (670 kDa), é um potente antígeno, 
enquanto albumina de mamíferos (69kDa) é um bom antígeno, mas algumas vezes pode provocar 
também tolerância. O peptídeo do hormônio angiotensina (1031 kDa) não é um bom antígeno. 
Complexidade: Em geral os antígenos mais complexos são os melhores antígenos. 
Proteínas complexas são melhores do que grandes polímeros, como os lipídeos, carbohidratos e 
ácidos nucléicos. 
Estabilidade estrutural: Para reconhecer um antígeno, o sistema imune precisa reconhecer 
sua forma. Conseqüentemente, moléculas altamente flexíveis, que não tem uma forma definida não 
são bons antígenos. Exemplo: gelatinas. 
Degradabilidade: A falta de antigenicidade aos grandes e inertes polímeros orgânicos 
como os plásticos, é referente não somente uniformidade estrutural, mas também à sua inércia. Eles 
não podem ser degradados e processados pelas células e desta forma não são adequados para um 
resposta antigênica. 
Material estranho: A imunogenicidade de uma molécula depende do quanto ela é 
considerada estranha a um determinado organismo. Quanto maior é o grau de diferença de uma 
molécula estranha com os antígenos próprios daquele animal maior será a intensidade da resposta 
imune. Exemplo disto são observados nos casos de rejeição de órgãos nos transplantes. 
 
1.3. EPÍTOPOS 
 
As partículas estranhas que são uma complexa mistura de proteínas, lipopolissacarídeos, 
glicoproteínas, polissacarídeos, lipídios e nucleoproteínas são responsáveis por desencadear muitas 
respostasimunológicas simultâneas. Uma única grande molécula de proteína pode também ter 
vários pontos moleculares, usualmente sobre a sua superfície, contra o qual várias respostas imunes 
poderão ser desencadeadas. Cada ponto molecular que estimula a resposta imune é chamado por 
epítopo ou determinante antigênico. 
Em geral o número de epítopos sobre uma molécula está diretamente relacionado ao seu 
tamanho e há usualmente cerca de um epítopo para cada 5 kDa de proteína. 
 
 
 
 6
1.4. HAPTENOS 
 
Uma vez que as pequenas moléculas não são consideradas bons antígenos é necessário liga-
las quimicamente a moléculas maiores e antigênicas. Então a nova estrutura formada pode servir 
como epítopo. Esta pequena molécula ligada a outra é chamada de hapteno, e a macromolécula, a 
qual o hapteno será ligada, é geralmente denominada de carregador. 
Em geral, as especificidades das respostas de um anticorpo a um determinado epítopo estão 
mais relacionadas com a forma ou a configuração deste epítopo do que com a seqüência de 
aminoácidos do mesmo. 
Muitas substâncias biologicamente importantes, incluindo drogas, peptídeos hormonais, 
esteróides hormonais podem funcionar como haptenos quando ligados a macromoléculas como 
carregadores para produzir anticorpos específicos e quantificar a presença destas substâncias no 
corpo. Exemplo disto é o teste caseiro de gravidez; onde a presença de gonadotrofina coriônica 
pode ser detectada na urina. 
Um exemplo de um conjugado hapteno-carregador é da pequena molécula de dinitrophenol 
(DNP) ligado quimicamente a proteína soro-albumina-bovina. 
Embora em muitos casos, um hapteno possa comportar-se como um antígeno, seu tamanho e 
sua estrutura não são suficientes para induzir uma resposta imune. No entanto, quando múltiplas 
moléculas do hapteno são ligadas a uma molécula grande não imunogênica, como um 
homopolímero, elas podem comportar-se como um imunôgeno. O homopolímero proporcionará o 
tamanho e o hapteno a complexidade necessária para uma resposta imunológica. 
 
1.5. ADJUVANTES: 
 
São substâncias que quando misturadas com antígenos aumentam a sua imunogenicidade. 
Há diferentes tipos de substâncias que podem funcionar como adjuvantes intensificando a resposta 
imune e ao mesmo tempo prolongando a persistência do antígeno no animal imunizado. Uma delas 
é o alúmen de potássio que precipita o composto levando a uma absorção mais lenta. O adjuvante 
de Freund que é uma substância oleosa, também age da mesma forma retardamento a absorção do 
material. Outros adjuvantes são sintéticos como os poliribonucleotídeos e os lipopolissacarídeos 
que estimulam a proliferação não específica de linfócitos para o local da reação. 
 
1.6. REATIVIDADE CRUZADA 
 
 Epítopos idênticos ou similares podem muitas vezes serem encontrados sobre a superfície de 
moléculas aparentemente não relacionadas. Conseqüentemente, anticorpos formados contra 
 7
proteínas de uma espécie podem reagir de alguma forma com proteínas homólogas ou similares de 
uma outra espécie. Ou anticorpos formados contra um antígeno podem reagir com antígenos não 
relacionados. Em alguns casos, as diferenças químicas entre os epítopos são mínimas, mas 
suficientes para desencadear uma mesma reação antigênica. 
 
1.7. ANTÍGENOS DE MICROORGANISMOS 
 
1.7.1. BACTÉRIAS (Figura 1) 
 
Bactérias são organismos ovóides ou esféricos consistindo de citoplasma contendo os 
elementos essenciais da estrutura celular circundados apenas por uma membrana citoplasmática. 
Bactérias são organismos procariotas contendo DNA e RNA. 
As quatro maiores estruturas antigênicas da superfície bacteriana são: a parede celular, a 
cápsula, o flagelo e o pilo. A parede celular de uma bactéria gram-positiva é composta por 
peptidoglican (cadeias alternadas de N-acetil-glicosamina e ácido N-acetilmuramico e pequenas 
cadeias de pequenos peptídeos) (Figura 3). Nos organismos gram-positivos, a parede celular é 
composta por uma estrutura de proteínas, lipídeos e polissacarídeos. As cápsulas bacterianas são 
polissacarídeos ou proteínas e são consideradas bons antígenos. Os antígenos capsulares são 
denominados de antígenos K. Os pilos ou fímbrias são projeções curtas que servem para aderir à 
superfície celular e os anticorpos contra estas estruturas são úteis para evitar a fixação das bactérias 
às células. As exotoxinas secretadas e liberadas pelas bactérias após a sua morte são também 
consideradas bons antígenos. As toxinas podem ser desnaturadas com formaldeído e perder a sua 
patogenicidade, mas não a sua antigenicidade e neste caso são chamadas de toxóides. 
 
1.7.2. VÍRUS (Figura 2) 
 
Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios e consistem de apenas RNA ou DNA 
circundados por camadas de proteínas denominadas de capsídeos e de capsômeros. Alguns vírus 
apresentam um envelope lipoglicoprotéico. Os vírus podem sintetizar proteínas que são aderidas à 
superfície da célula parasitada provocando uma resposta imune. 
 
1.7.3. PARASITAS (Figura 4) 
 
 Os parasitas intra e extracelulares são complexos, apresentam ciclo de vida complexo e por 
isso a variabilidade antigênica é muito diferenciada. 
 
 8
1.8. ANTÍGENOS DE SUPERFÍCIE CELULAR 
 
A superfície das células de mamíferos consiste de um mosaico protéico imerso em duas 
camadas lipídicas fluídicas. Estas proteínas são antigênicas quando injetadas a um outro animal de 
espécie diferente ou mesmo da mesma espécie. 
 
1.8.1. ANTÍGENOS DO GRUPO SANGUÍNEO 
 
Moléculas como as glicoproteínas e os carboidratos presentes na superfície das células 
vermelhas do sangue, constituindo o sistema ABO são extremamente antigênicas, para um receptor 
com sistema sanguíneo diferente do doador. 
 
1.8.2. ANTÍGENOS DO COMPLEXO DE HISTOCOMPATIBILIDADE (MHC) 
 
Algumas células do sistema imune, leucócitos e células dendríticas apresentam centenas de 
proteínas em sua superfície que são altamente imunogênicas provocam rapidamente uma resposta 
imune. 
 
1.8.3. GRUPOS DE DIFERENCIAÇÃO (CD) 
 
Principalmente os linfócitos apresentam diferentes proteínas sobre a sua superfície com 
muitos epítopos e são usados para classificar os linfócitos. Estas moléculas são também 
denominadas como marcadores ou receptores. Anticorpos monoclonais são produzidos para 
detectar estas proteínas e são numerados em seqüência. Ex: CD4, CD8, etc. 
 
1.8.4. AUTOANTÍGENOS 
 
Em algumas situações, anticorpos ou linfócitos sensibilizados podem agir diretamente 
contra componentes normais do corpo determinando a autoimunidade. 
 9
 
Figura 1: A estrutura da bactéria e a localização dos antígenos importantes. (Tizard, 1996) 
 
 
 
 
Figura 2: A estrutura dos vírus (hipervírus de eqüino tipo 4) (184.000 x) e a posição de importantes 
antígenos virais. (Cortesia de Dr. J. Thorsen).(Tizard, 1996) 
 
 
 10
 
Figura 3: Parede celular e membrana celular das bactérias gram-negativas e gram-positivas. (Tizard, 
1996) 
 
Figura 4: Como os antígenos de parasitas podem ser apresentados ao sistema imune. bb representa 
a superfície (membrana) do antígeno; yy representa os antígenos internos (a). Protozoários 
intracelulares com estágios invasivos extracelulares: (1) Antígenos estão presentes na superfície do 
estágio invasivo e podem ser libertados na entrada; (2) Antígenos de estágios intracelulares 
aparecem na membrana das células e livres; (3) Quando as células se rompem liberam a próxima 
geração de estágios envasivos (b). Protozoários extracelulares: Antígenos estão presentes na 
superfície e no interior e são liberados dentro dos tecidos. Parasitas Helmintos. (5) antígenos 
presentes na superfície e livres dentro dos tecidos. Antígenos internospresentes durante a 
alimentação (6), excreção (7), muda (8) e reprodução (9). Antígenos dos estágios de reprodução 
(larvas e ovos) podem também ser liberados nos tecidos quando retidos no corpo (Wakelin, 1996). 
 11
 
Figura 5: Um hapteno sozinho não induz a produção de anticorpos. Todavia, reagirá in vitro com os 
anticorpos formados por conjugado com um transportador imunológico. (Roitt & Delves, 2004). 
O termo antígeno é usado com dois sentidos, o primeiro para descrever uma molécula que 
gera uma resposta imunológica (também chamado imunógeno) o segundo, uma molécula que reage 
com anticorpos ou com células T sensibilizadas independentemente de sua capacidade de produzi-
los. Se esta última situação soa um pouco confusa, um exemplo pode ajudar. Um camundongo 
injetado com seus próprios eritrócitos, logicamente, não produzirá qualquer anticorpo; porém, se 
depois forem administrados eritrócitos de rato, são produzidos anticorpos tanto para os eritrócitos 
de rato quanto para os do camundongo, sendo que os últimos se ligam às próprias células do animal 
in vivo, isto é, o eritrócito do camundongo age como antígeno na ligação com os anticorpos, ainda 
que sejam incapazes de evocar sua formação. De modo similar, os haptenos, que são pequenos 
grupamentos químicos bem definidos, como o dinitrofenil ou m-aminobenzeno sulfonato, não são 
imunogênicos per se, mas reagirão com os anticorpos pré-formados induzidos pela injeção do 
hapteno ligado a uma molécula “transportadora”, a qual é, por si, um imunógeno (Figura 5). 
As partes das regiões hipervariáveis no anticorpo, as quais fazem contato com o antígeno, 
são denominadas parátopos e a parte do antígeno que está em contato com o parátopo é chamada de 
epítopo. 
 
2. ANTICORPOS 
 
2.1. PROPRIEDADES 
 
Anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imune (linfócitos B) encontrados em 
muitos fluidos corpóreos (lágrimas, muco do trato respiratório, saliva, conteúdo intestinal, urina, e 
leite). Alguns deles estão presentes em altas concentrações e facilmente obtidos no soro sanguíneo. 
 12
Os anticorpos, como as outras proteínas, são caracterizados pela mobilidade eletroforética, 
peso molecular e estrutura antigênica. 
 
2.1.1. MOBILIDADE ELETROFORÉTICA 
 
Uma mistura de proteínas pode ser fracionada submetento-as a um potencial elétrico em um 
determinado pH através de uma técnica denominada eletroforese. 
Quando o soro sanguíneo é submetido à eletroforese ele é separado em quatro frações 
maiores: albumina e α, β e γ globulinas. A fração que corresponde ao anticorpo é a mais próxima da 
(globulina e é também chamada de imunoglobulina (Figura 6). 
 
2.1.2. PESO MOLECULAR 
 
O tamanho da molécula de imunoglobulina varia amplamente. A maioria delas está entre 
150 kDa e 180 kDa. Algumas tem 360 kDa. As maiores são de 900 kDa. As moléculas de 900 kDa 
e 360 kDa podem ser quebradas em subunidades de 180kDa através de tratamento químico. Assim 
as grandes moléculas são polímeros; as de 900kDa são pentâmeros e as de 360 kDa são dímeros. 
 
2.1.3. ESTRUTURA ANTIGÊNICA 
 
Imunoglobulinas, sendo proteínas, funcionam como antígenos quando injetadas de uma 
espécie animal para outra. Pela análise de anti-imunoglobulinas no soro, cinco classes ou isótipos 
foram identificados: 
Imunoglobulina G (IgG): uma molécula de 160 kDa, com epítopo. É encontrada em maior 
quantidade no soro. 
Imunglobulina M (IgM): com 900 kDa e tem epítopo μ: 
Imunoglobulina A (IgA): é encontrada nas secreções corpóreas, como saliva, leite, fluido 
intestinal, etc. Apresenta 360 kDa e epítopo α: 
Imunoglobulina D (IgD): encontrada sobre membrana celular de linfócito D e em baixas 
concentrações no plasma. Apresenta 180 kDa e tem epítopo β. 
Imunoglobulina E (IgE): é uma molécula de 200 kDa, tem epítopo ε está associada com 
processos alérgicos. 
 
2.2.ESTRUTURA DAS IMUNOGLOBULINAS (Figura 12) 
 
2.2.1. IMUNOGLOBULINA G (Figura 8) 
 
 13
 Esta imunoglobulina quando analisada por microscopia eletrônica é vista tendo a forma de 
Y. 
 Esta imunoglobulina apresenta duas cadeias polipeptídicas leves (L) de 25 kDa e duas 
cadeias polipeptídicas pesadas (H) de 50 e 60 kDa. Estas cadeias estão unidas por pontes 
dissulfídicas e podem ser separadas através de mercaptoetanol em 4 partes. 
 Quando a IgG é digerida com a enzima proteolíca papaina, ela é separada em três 
fragmentos: Dois fragmentos são especializados em ligar-se ao antígeno e são denominados de Fab 
fragmentos. O terceiro fragmento não liga-se ao antígeno e é chamado de Fc fragmento, mas que 
liga-se aos receptores a nível de membrana celular (Figura 7). 
 Se a IgG for tratada com a pepsina, ela separará as duas moléculas de Fab em F(ab’)2 e a 
molécula Fc será totalmente degradada. O F(ab’)2 apresenta dois pontos de ligação com o antígeno. 
Se a molécula F(ab’)2 for tratada para destruição das pontes dissulfídicas, resultará em um 
fragmento leve e metade do fragmento pesado, cada qual com apenas um ponto de ligação do 
antígeno (Figura 7). 
 Cada cadeia leve (L) contém cerca de 214 aminoácidos e são divididas em duas regiões: a 
primeira região (N terminal - NH2) é a que apresenta a composição variável de aminoácidos (VL) e 
a segunda região (C terminal – COOH) é a que apresenta a composição constante de aminoácidos 
(CL). 
 As cadeias pesadas (H) de cada molécula de IgG consistem de cerca de 445 aminoácidos e 
apresentam uma região variável (C terminal) com cerca de 115 aminoácidos e são chamados de VH 
(Figura 9). Já os 330 aminoácidos restantes (N terminal) são constantes em sua composição e são 
denominados de CH. 
 Na região variável da IgG há três regiões hipervariáveis, onde ocorre a ligação com o 
antígeno os paratopos, os quais são denominados também por regiões de complementariedade-
determinantes (CDRs) (Figuras 9, 10 e 11). 
As regiões constantes da IgG ( C) contem conjuntos de sequências repetitivas de 
aminoácidos denominados por domíneos. Há uma grande similaridade entre os aminoácidos do 
domíneo CL bem como aqueles que compoem as regiões CH1, CH2 ou CH3. A IgG e a IgA 
apresentam três constantes domíneos. A IgM e a IgE apresentam quatro domíneos e a IgD apenas 
dois domíneos. Estes domíneos apresentam funções variadas; assim na IgG o CL e o CH1 são locais 
para estabilização da ligação antígeno/anticorpo. A região CH2 serve para ativação de complemento. 
O CH3 é o local para ligação aos receptores das células fagocíticas. 
As regiões variáveis da IgG (V) também apresentam os domíneos VH e VL.
 14
Dobradiça: A região Fab da IgG é móvel e gira livremente em torno de um centro. Esta 
região está localizada entre os domíneos CH1 e CH2. Não há homologia entre as dobradiças de outros 
isótipos de imunoglobulinas e IgM não apresenta. 
 
TIPOS DE CADEIAS LEVES: 
 
Dois tipos de cadeias leves podem ser identificados. Estas cadeias são denominadas por 
kappa (κ) e lambda (λ) compostas por seqüências altamente variáveis de aminoácidos. Os ratos e 
camundongos têm 95% de cadeias κ, bovinos e equinos tem 98% de cadeias λ. Entretanto, em 
qualquer molécula de imunoglobulina, as cadeias leves (L) são sempre κ ou λ, nunca as duas. 
 
SUBCLASSES OU SUBISÓTIPOS DE IgG: 
 
Estas subclasses resultam de pequenas alterações estruturais nas cadeias pesadas. No homem 
há quatro subtipos de IgG; IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4. Estes subtipos apresentam diferenças quanto a 
antigenicidade, mobilidade eletroforética ou atividades biológicas. 
 
2.2.2.ESTRUTURA PRIMÁRIA DAS IMUNOGLOBULINAS 
 
2.3. ISÓTIPOS DE IMUNOGLOBULINAS (Figura 12) 
 
2.3.1. IMUNOGLOBULINA G 
 
IgG é o isótipo encontrado em mais altas concentrações no sangue e por ser esta razão ela 
exerceum grande papel na imunidade humoral dos animais. 
Devido ao seu pequeno tamanho ela pode extravazar do sangue para os tecidos. Ela pode 
opsonizar, aglutinar e precipitar antígenos, mas pode somente ativar a via clássica do complemento 
quando múltiplas moléculas de IgG estão ligadas ao antígeno (Figuras 14 e 15). 
Ver na Figura 13 como uma molécula de IgG pode ser reciclada e reaproveitada. 
 
2.3.2. IMUNOGLOBULINA M 
 
IgM é a segunda imunoglobulina mais concentrada no sangue da maioria dos mamíferos. 
IgM é um polímero formado por cinco unidades de 180 kDa. Cada subunidade possui dois 
locais de ligação antigênica. As cadeias pesadas têm um domíneo a mais (CH4) e mais 20 
aminoácidos adicionais no C-terminal, mas não contém uma região de dobradiça. IgM apresenta 
uma pequena cadeia polipeptídica denominada cadeia J. IgM é o maior isótipo produzido em uma 
resposta imune primária e secundária. No homem, 32 mg/Kg de IgG é produzida diariamente, 
 15
enquanto IgM somente 2,2 mg/Kg. IgM é mais ativa e eficiente na ativação de complemento, 
opsonização, vírus neutralização e aglutinação. Devido ao seu grande tamanho elas permanecem 
apenas no sangue. Moléculas monoméricas de IgM funcionam como receptores de antígenos sobre 
linfócitos B. 
 
2.3.3. IMUNOGLOBULINA A 
 
A molécula de imunoglobulina A é geralmente dimérica. As duas moléculas de IgA são 
unidas por uma cadeia J que liga o domíneo C2 de uma molécula ao domíneo C3 da outra. Um 
receptor para IgA é encontrado sobre linfócitos B. Em muitas espécies de mamíferos e no homem 
podem ser encontradas subclasses desta imunoglobulina. 
A IgA produzida pelos plasmócitos na parede intestinal passa pelo epitélio para alcançar a 
luz intestinal e em algumas espécies ela pode difundir-se pela corrente sanguínea. IgA pode ligar-se 
a hepatócitos e localizar-se na bilis. Através dos hepatócitos IgA pode conjugar-se a uma 
glicoproteína formando um complexo denominado componente secretório que impede da IgA ser 
digerida pelas enzimas digestivas. IgA é de extrema importância para a proteção das superfícies 
corpóreas (Figura 16). 
 
2.3.4. IMUNOGLOBULINA E 
 
Imunoglobulina E é monomérica e é composta por 4 domíneos em cada cadeia pesada 
(CH1, CH2, CH3 e CH4). Ela tem peso molecular de 190 kDa e é encontrada em concentrações 
muito baixas no soro de animais não parasitados. No entanto ela é muito importante em atividades 
biológicas das hipersensibilidades do tipo I e é extremamente importante para a proteção contra os 
vermes parasitas. IgE é a única imunoglobulina a ligar-se em receptores de mastócitos e basófilos 
que juntamente com antígenos estimulam a liberação de agentes inflamatórios por estas células. 
IgE liga-se a estes receptores pelo domíneo CH2 e CH3. IgE apresenta a meia vida mais curta de 
todas as imunoglobulinas (2 a 3 dias) e é rapidamente desnaturada pelo calor. 
 
2.3.5. IMUNOGLOBULINA D 
 
Imunoglobulina D apresenta peso molecular de 170 kDa e apresenta apenas dois domíneos. 
Os domíneos CH1 e CH2 são separados por uma longa dobradiça. Como a IgD não tem pontes 
dissulfídicas entre as cadeias leves e pesadas ela é muito susceptível à degradação proteolítica e 
rapidamente desnaturada. É encontrada apenas em baixas concentrações no plasma, mas não no 
 16
soro. IgD é primariamente um receptor para antígeno em membrana de linfócito B. Seu domíneo 
CH2 pode estar associado com lipídeos de membrana celular. 
 
Figura 6: Mobilidade eletroforética das proteínas séricas obtidas de um indivíduo normal (linha 
inferior em azul) e de um paciente com mieloma tipo IgG (linha superior em vermelho). (Cortesia 
de Dr. C. Miller, Escola de medicina, Universidade da Califórnia, Davis). 
 
Figura 7: Digestão proteolítica de imunoglobulina usando papaína e pepsina (Benjamini et al., 
2002). 
 17
 
Figura 8: Representação esquemática de uma molécula de imunoglobina, mostrando os domínios de 
imunoglobina formados por ligações bissulfídicas intracadeia(Benjamini et al., 2002). 
 
Figura 9: Variabilidade de aminoácidos representando os resíduos de terminação N e VH numa 
imunoglobina representativa. CDR (Região de complementariedade determinante). (Benjamini et 
al., 2002). 
 
Figura 10: Representação esquemática da complementaridade entre o epítopo e o local de ligação do anticorpo, formado 
pelas regiões hipervariáveis das cadeias H e L. As letras L1 – L3 e H1 – H3 denotam as CDR das cadeias H e L; 
números no círculo denotam a posição do aminoácido nas CDR. (Benjamini et al., 2002). 
 18
 
Figura 11: Uma representação de como um anticorpo com uma determinada especificidade (Ac) 
pode exibir uma ligação com dois epítopos diferentes (Ag1 e Ag2). (Benjamini et al., 2002). 
 
Figura 12: As estruturas das cinco principais classes de anticorpos secretados. As cadeias leves 
estão mostradas em verde; as cadeias pesadas estão mostradas em azul. Círculos em cor laranja 
denotam as áreas de glicolisação. As moléculas IgM poliméricas contem um polipeptídeo 
conhecido como cadeia J. A molécula IgA dimérica mostrada na figura inclui o componente 
secretório (em vermelho) (Benjamini et al., 2002). 
 19
 
Figura 13: A reciclagem de IgC utilizando o receptor de proteção (FcRp). As IgG monoméricas 
com antígeno (complexo imune) entram em uma célula apresentadora de antígeno pelo processo de 
endocitose. No endossomo, o complexo imune se liga ao FcRp; a IgG e o antígeno dissociam-se, 
permitindo que a IgG seja direcionada para a superfície celular para reciclagem. O antígeno é 
degradado no lisossoma (processamento de antígeno), e seus fragmentos proteolíticos são 
finalmente expressos na superfície celular com moléculas classe II do MHC. (Benjamini et al., 
2002). 
 
 
 
 
Figura 14: Representação esquemática da fagocitose de uma bactéria recoberta de anticorpos. 
(Benjamini et al., 2002). 
 
 
 
 20
 
 
 
Figura 15: A cinética da resposta de anticorpo. (Benjamini et al., 2002). 
 
 
Figura 16: Migração da IgA dimérica através da célula epitelial (Benjamini et al., 2002). 
 21
2.3.6. RECEPTOR DE SUPERFÍCIE DA CÉLULA ESPECÍFICO PARA IgG. 
 
A figura 17 mostra: (a) receptor da superfície da célula epitelial para as regiões Fc da lgG. O 
receptor FcRn está presente na placenta, onde ele preenche a importante tarefa de transferir a IgG 
materna para a circulação fetal. Isto proporcionará proteção importante antes da geração da 
imunocompetência no feto. Além disto, fica evidenciado que qualquer agente infeccioso que 
poderia alcançar o feto no útero precisará passar pela mãe anteriormente e que o feto se baseará no 
fato do sistema imunológico da mãe ter produzido IgG com especificidades de ligação apropriadas. 
Esta IgG materna também fornece proteção para o neonato, uma vez que demora algumas semanas 
após o nascimento para que a IgG transferida seja totalmente catabolizada. (b) Foi nitidamente 
demonstrado em roedores, embora permaneça como especulação em seres humanos, que existe 
transporte epitelial de IgG a partir do leite materno através das células intestinais do neonato. A IgG 
liga-se ao FcRn em pH 6,0, levada para dentro da célula em uma vesícula revestida por clatrina e 
liberada no pH da superfície basal da célula epitelial. O movimento direcional da IgG é conseguido 
pelo efeito do pH assimétrico sobre a interação Ig-receptor. Os camundongos desprovidos de FcRn 
são incapazes de adquirir a Ig materna quando neonatos. Além disto, o FcRn também pode servir 
como receptor protetor, que impede a degradação da IgG. Em seguida a IgG é liberada do tecido 
para a circulação. A meia-vida da IgG é comumente longa em comparação com a da IgA e da IgM, 
e isto possibilita que a resposta ao antígenoseja sustentada por muitos meses após a infecção. (c) 
Um papel adicional, ainda não comprovado, do FcRn como receptor transportador bidirecional. A 
ligação da IgG no lado não-luminal da célula epitelial pode acontecer, após a endocitose. Este 
receptor pode assim proporcionar um mecanismo para a imunovigilância da mucosa, através da 
célula epitelial, liberando IgG para a luz intestinal e, em seguida, retomando-os na forma de 
imunocomplexos para a estimulação das células B pelas células dendríticas foliculares. (Figura 17) 
(Roitt & Delves, 2004). 
 
 
 
 
 
 22
 
 
Figura 17: Receptor celular para IgG em diferentes células. (Roitt & Delves, 2004 
 
 23
 3. A SUPERFAMÍLIA DE IMUNOGLOBULINAS 
 
Os motivos estruturais compartilhados pelas cadeias H e L das imunoglobulinas que 
incluem os domínios de imunoglobulina, também podem ser observados num grande número de 
proteínas. A maioria destas proteínas foi descrita como glicoproteínas ligadas à membrana. Devido 
a esta semelhança estrutural, essas proteínas são classificadas como membros da superfamília de 
imunoglobulinas. As características estruturais redundantes observadas nessas proteínas sugerem 
que os genes que as codificam descenderam de um único gene primordial — aquele que gerou a 
estrutura básica de domínio. A duplicação e subseqüente divergência deste gene primordial poderia 
explicar a existência do grande número de proteínas de membrana que possuem uma ou mais 
regiões homólogas com o domínio de imunoglobulina. Como se pode observar, cada molécula 
contém a estrutura característica do domínio de imunoglobulina, ou seja, a alça formada por 
ligações bissulfídicas que consiste em cerca de 110 aminoácidos. Acredita-se que esses domínios de 
imunoglobulina facilitem as interações entre proteínas de membrana (p. ex., moléculas de CD4 na 
superfície de células T auxiliares e moléculas classe II do MHC na superfície de células 
apresentadoras de antígeno). 
 
 
Figura 18: Membros representativos de imunoglobulinas. Os domínios de imunoglobulinas 
(mostrados como alças circulares em azul) formam as características estruturais que estas moléculas 
tem em comum. Em todos os casos, as extremidades carboxiterminais das moléculas representadas 
estão inseridas na membrana. (Benjamini et al. 2002). 
 24
4. BIOLOGIA DO LINFÓCITO B 
 
4.1.PROTEÍNAS DA MEMBRANA DA CÉLULA B (Figuras 19 e 20) 
 
 A capacidade de sintetizar anticorpos após estimulação antigênica é a característica-chave 
das células B. A produção de anticorpos é um processo de várias etapas e requer geralmente a 
interação mútua entre células B e T. Nos parágrafos a seguir, daremos uma breve descrição tanto 
daquelas proteínas encontradas na membrana da célula B que exercem um papel na síntese de 
anticorpos, quanto de outras proteínas com funções importantes (ver Fig. 20). 
 
4.2. MOLÉCULAS QUE LIGAM AO ANTÍGENO: IMUNOGLOBULINA DE MEMBRANA 
 
 A principal propriedade das células da linhagem B é a expressão na sua superfície celular de 
moléculas de imunoglobulina como proteínas de membranas capazes de ligar ao antígeno. 
(Entretanto, vale ressaltar que a célula pró-B, ou seja, a célula B mais imatura, e o plasmócito, ou 
seja, o estágio final de diferenciação das células B que secretam imunoglobulina, não possuem Ig de 
membrana). Portanto, a expressão de Ig de superfície pode ser utilizada para identificar as células B 
e separá-las de outros linfócitos e células mononucleares. Além disso, anticorpos específicos para 
determinadas partes da molécula de Ig (anticorpos anti-imunoglobulinas) podem ser empregados 
para distinguir entre subgrupos de células B (p. ex., células que expressam somente IgM ou somente 
IgD). 
 
4.3. MOLÉCULAS TRANSDUTORAS DE SINAIS E ASSOCIADAS À 
IMUNOGLOBULINA DE MEMBRANA 
 
 As cadeias leves e pesadas das imunoglobulinas possuem domínios intracelulares muito 
curtos e, portanto, não transmitem diretamente um sinal para a célula B após ligação de antígeno. A 
transmissão do sinal ativador para a célula B fica a cargo das moléculas Igα (CD79a) e Igβ 
(CD79b), previamente descritas, que estão associadas às cadeias leves e pesadas de Ig na membrana 
das células B de forma não covalente. Um dos eventos mais precoces na ativação de células B após 
a ligação do antígeno ao BCR é a fosforilação de tirosinas, onde enzimas conhecidas como 
proteína-quinases adicionam um grupo de fosfato às tirosinas presentes nas regiões citoplasmáticas 
de Igα + Igβ. Tais tirosinas de Igα + Igβ, fazem parte de uma seqüência de aminoácidos chamada 
“moti”f de ativação de imunorreceptor baseado em tirosina (ITAM). A seqüência de aminoácidos 
é chamada de “motivo” porque é também encontrada em outras moléculas de transdução de sinal, 
 25
presentes em células do sistema imune (p. ex., as moléculas associadas ao receptor da célula T). 
 Outras moléculas encontradas na membrana das células B (CD19, CD21 e CD81[TAPA-l]) 
aumentam o sinal de ativação após a ligação do antígeno pela imunoglobulina. Desta forma, essas 
moléculas funcionam como outras moléculas de transdução de sinal associadas ao BCR. 
 
4.4. MOLÉCULAS ENVOLVIDAS NA APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENO 
 
 Um antígeno tem de ser apresentado por células chamadas células apresentadoras de 
antígeno (APC) para que possa ativar células T. Células B, como outras células do corpo, agem 
como APC para células T, e as células B compartilham várias características importantes com 
outras APC. Por exemplo, as células B expressam na sua superfície proteínas chamadas moléculas 
classe II do MHC, codificadas pelos genes do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). 
 
 
 
 
Figura 19: O receptor da célula pré-B (pré-BCR). B : receptor da célula (BCR). A cadeia pesadado 
pré-BCR é uma cadeia μ ; a cadeia pesada do BCR pode ser do tipo μ, δ, α ou ε. O “motif” de 
imunorreceptor baseado em tirosina (ITAM) é indicado como um retângulo nos polipeptídeos Igα e 
Igβ. (Benjamini et al., 2002). 
 
 26
 
 
Figura 20: As moléculas mais importantes expressas na membrana da superfície da célula B madura 
(Benjamini et al., 2002). 
 
 
5. BIOLOGIA DO LINFOCITO T 
 
5.1. INTRODUÇÃO 
 
Aqui será enfocado o receptor da célula linfócito T (TCR – “T cell receptor”) para o 
antígeno — a estrutura sobre a célula T que interage com o complexo MHC e moléculas peptídicas. 
Estabelecer-se-á comparações e contrastes entre suas características e a dos receptores de antígenos 
de célula B. Será descrito também como as células T se diferenciam. 
 
5.2. NATUREZA DO RECEPTOR DE CÉLULA T ANTÍGENO-ESPECÍFICO 
 
5.2.1. MOLÉCULAS QUE INTERAGEM COM O ANTÍGENO 
 
Cada célula T apresenta em sua superfície uma molécula com duas cadeias ligadas por 
pontes dissulfeto (heterodímero) que interage com o antígeno. A ponte dissulfeto liga as duas 
cadeias e forma uma estrutura similar à região de dobradiça de uma molécula de anticorpo. A forma 
predominante do TCR inclui cadeias de glicoproteínas α e β (pesos moleculares entre 40 e 60 kDa). 
O TCR, como os receptores de célula B para antígenos, está distribuído de uma forma clonal; isto é, 
todo clone de células expressa um receptor diferente. 
 27
Há similaridades impressionantes entre a estrutura do TCR e de moléculas de imunoglobulina na 
organização dos genes que codificam essas estruturas. Essas similaridades ou homologias entre o 
TCR e a Ig (e, na verdade, várias outras moléculas expressas na superfície celular) sugerem que eles 
tenham evoluído a partir de um ancestral gênico comum. 
Estes genes são considerados como pertencentes à superfamília de genes de 
imunoglobulinas, e as moléculas são referidas como membros da superfamília deimunoglobulinas (Figura 18) . 
Como a Ig, o TCR é uma molécula transmembrana com uma porção citoplasmática curta. 
A porção extracelular do TCR é parecida com o fragmento Fab de um anticorpo. Este inclui as 
regiões variáveis (V) e constantes (C), as quais formam domínios. A cadeia β do TCR tem domínios 
V e C homólogos a um domínio de Ig, mas somente a região V da cadeia é semelhante à Ig. A 
interação das regiões V criam três regiões hipervariáveis ou regiões determinantes de 
complementaridade (CDR 1,2 e 3), as quais formam o local ligante do antígeno para um peptídeo + 
o complexo MHC. A região CDR3 do TCR apresenta maior variabilidade de molécula para 
molécula. 
Uma diferença entre o TCR e uma molécula de Ig é que a região C do TCR não dobra, 
formando um domínio semelhante ao da Ig. Além disso, a conformação do TCR parece mais rígida 
do que a da Ig, devido às interações extensivas entre os domínios de cada cadeia do TCR. Isto pode 
refletir as diferenças na natureza dos epítopos ligados por Ig e pelo TCR. A Ig com flexibilidade de 
ligação com antígenos de diferentes formas contrasta com as interações do TCR, o qual se liga 
somente a um complexo MHC + peptídeos. 
 
5.2.2. O COMPLEXO RECEPTOR DE CÉLULAS T (Figura 21) 
 
O TCR é expresso na superfície de células T em uma associação não covalente a um 
complexo de polipeptídeos transmembrana. Todo o grupo de moléculas é definido como o 
complexo receptor de células T, análogo ao complexo receptor de células B. 
Uma das moléculas associadas às cadeias α + β reconhecedoras de antígeno é o CD3, que 
consiste em três polipeptídeos distintos conhecidos como γ, δ e ε (pesos moleculares de 25, 20 e 20 
kDa, respectivamente). Todas as cadeias polipeptídicas do CD3 são membros da superfamília de Ig. 
Acredita-se que ε está associado a ambas as cadeias γ e δ do complexo. Como o CD3 desempenha o 
papel de “acompanhante” no transporte da molécula de TCR sintetizada recentemente pela célula 
para a superfície da mesma, esta estrutura encontra-se sempre associada ao TCR e é expressa 
exclusivamente em células T. 
Na maioria das células T humanas, os polipeptídeos CD3 e TCR estão associados de forma 
 28
coesa na superfície celular a uma outra molécula que inclui duas cadeias idênticas ξ (zeta) com peso 
molecular de 16 kDa. Diferentemente do CD3 e do TCR, a cadeia ξ não é específica de células T, 
mas é também encontrada em macrófagos e em células NK. 
Os polipeptídeos CD3 e ξ não se ligam a antígenos. Quando o antígeno liga-se às cadeias α 
+ β do TCR, alguma mudança ocorre nas moléculas CD3 e ζ, as quais transferem um sinal para o 
interior da célula T resultando em uma modificação da expressão gênica no núcleo. Desta forma, 
CD3 e ζ desempenham um papel crucial como moléculas transdutoras após a ligação do antígeno 
ao TCR, de maneira análoga ao papel desempenhado pelas moléculas Igα e Igβ associadas ao BCR. 
Cada cadeia do complexo CD3 inclui uma seqüência contendo tirosina definida como um 
imunorreceptor de ativação baseado em tirosina (ITAM), e a cadeia ζ contém três. Após a ligação 
do antígeno às cadeias de TCR α e β, os ITAM das cadeias associadas CD3 e ζ também atuam 
como locais de ancoragem para proteínas-quinases que ativam proteínas intracelulares de células T 
e resultam na ativação da célula T. 
 
Figura 21: A estrutura do complexo receptor de célula (TCR) mostrando a forma predominante das 
cadeias de ligação ao antígeno, α e β, e o complexo de transdução de sinal associado, CD3 (cadeias 
γ, δ e ε) e ξ ou η. As ITAMs estão indicadas pelos retângulos (Benjamini et al, 2002) 
 
5.2.3. CD4 e CD8 (Figura 22 a 25) 
 
O TCR é expresso na superfície de células T em associação a uma molécula 
transmembrana classificada como um co-receptor ou molécula acessória. Este co-receptor, um 
membro da superfamília de Ig, pode ser uma das duas moléculas da célula T madura, ou CD4 ou 
CD8, desta forma, células T são ou CD4+CD8- ou CD4-CD8+. (Uma célula expressando o gene de 
 29
interesse é classificada como “+”, e uma célula não expressando este gene é “—“.) A expressão de 
uma molécula co-receptora separa a população de células T em um dos dois maiores subgrupos, ou 
CD4+CD8- ou CD4-CD8+. (Somente células T imaturas em um estágio específico de diferenciação 
no timo são CD4+ CD8+) No sangue e na maioria dos tecidos, a proporção de célula CD4+ para 
células CD8+ é normalmente um pouco maior do que 2 para 1; por exemplo, células T CD4+ 
constituem 50 a 60% e células T CD8+ representam 20 a 25% de linfócitos totais do sangue. 
As funções de CD4 e CD8 são no mínimo duplas. Primeiro, as porções extracelulares 
destas moléculas ligam-se à porção invariável das moléculas de MHC na superfície de células que 
apresentam antígenos às células T. Assim, CD4 e CD8 atuam como moléculas de adesão, as quais 
auxiliam na ligação de células T às células apresentadoras de antígenos. Como o CD4 liga-se 
seletivamente às moléculas classe II do MHC, e o CD8 liga-se seletivamente às moléculas classe 1 
do MHC, células CD4+ interagem com células expressando antígeno + MHCII, e células T CD8+ 
com células expressando antígeno + MHCI. Isto forma a base da restrição da resposta de células T 
pelas moléculas do MHC. 
A segunda maior função do CD4 e CD8 é atuar como transdutores de sinais em células T; 
as porções intracelulares de CD4 e CD8 estão ligadas a quinases específicas, as quais são ativadas 
após a ligação do antígeno + MHC ao TCR. Estas quinases associadas ao CD4 ou CD8 
desempenham um importante papel na ativação de células T. 
Uma única característica da molécula de CD4, é que esta se liga ao vírus da 
imunodeficiência humana (HIV), permitindo a penetração do vírus em células T expressando CD4, 
levando conseqüentemente à AIDS. 
 MHCII MHCI 
 
peptídeo 
Figura 22: Os co-receptores de TCR e sua interação com moléculas de MHC. (A) CD4 e (B) CD8. 
(Benjamini et al, 2002) 
 30
5.3. INTERAÇÃO DO TCR COM MOLÉCULAS DE MHC (Figura 22 a 25) 
 
Recentes estudos de cristalografia têm fornecido uma impressionante visão de como as 
regiões externas do TCR ligam-se aos complexos peptídeo + MHC. As regiões CDR3 do TCR α e 
β, regiões de maior variabilidade no TCR, interagem com a porção central do peptídeo ligado ao 
encaixe da molécula de MHC. Esta área central do peptídeo assegura o encaixe na molécula de 
MHC e é a única parte do peptídeo que não é inserida na molécula de MHC. Isto sugere que os 
contatos limitados com os aminoácidos no centro do peptídeo são críticos para o reconhecimento 
pelo TCR. Em particular, as regiões CDR2 do TCR α e β realizam contatos com as paredes em 
forma de hélice da molécula de MHC, “ancorando” as interações de MHC e TCR. Desta forma, o 
TCR estabelece diferentes tipos de contatos com o peptídeo em uma mão, e a molécula de MHC em 
outra mão. 
 
5.3.1. CÉLULAS T γδ 
 
Algumas células T expressam um TCR distinto de αβ. Este TCR alternativo é conhecido 
como γδ, e, assim, as células expressando este receptor são referidas como células T γδ. O γδ é 
expresso em associação a CD3 e ξ. (Observe que as cadeias γδ do TCR são diferentes das cadeias γ 
e δ do CD3.) Geralmente, células γδ não apresentam a molécula co-receptora CD4 encontrada em 
células T expressando αβ, mas algumas células γδ expressam CD8. 
Em adultos normais, as células T γδ são encontradas em quantidade menor que as células 
αβ, mas são numerosas na presença de agentes infecciosos. Células T γδ estão presentes em todos 
os mamíferos de uma certa forma; o sangue periférico das espécies ruminantes, que incluem os 
bovinos e cervos, pode apresentar níveis de células T γδ circulantes maiores do que células T αβ. 
As linhagens αβ e γδ divergem precocemente no desenvolvimentointratímico, mas sabe-
se menos ainda sobre essas etapas na diferenciação de células T γδ do que na diferenciação αβ. 
Durante o desenvolvimento do indivíduo, células γδ aparecem no timo antes das células que 
expressam αβ. Há no mínimo duas subpopulações de células γδ, definidas pela utilização 
diferencial de gene γ V. As subpopulações migram para diferentes locais: pele ou, alternativamente, 
regiões epiteliais como pulmão e intestino. 
As funções das células T γδ não são bem compreendidas; em geral, células T γδ não 
respondem a uma ampla variedade de antígenos protéicos. Algumas apresentam ativação por 
antígenos de micobactérias e algumas proteínas de choque térmico (proteínas formadas em células 
quando elas sofrem tratamento sob temperaturas elevadas ou em diferentes formas de estresse). 
Células T γδ podem produzir várias das citocinas sintetizadas por células TCR αβ em resposta ao 
 31
antígeno, e podem apresentar outras funções associadas a células T αβ, como citotoxicidade. A 
partir desta informação escassa, tem-se sugerido que as células TCR γδ podem fazer parte de uma 
primeira linha de defesa contra patógenos invasores. 
Diferentemente das células Tα γβ, algumas células T γδ não respondem a complexos de 
peptídeo e moléculas de MHC. Algumas células γδ podem reconhecer antígenos naturais (como 
proteínas virais) e algumas interagem com outras estruturas da superfície celular, como moléculas 
classe 1 do MHC não polimórfico e CD1, que podem apresentar antígeno. Evidências recentes 
baseadas em cristalografia indicam que o sistema estrutural de um domínio Vδ se parece mais com 
a região V de uma cadeia pesada de imunoglobulina do que com as regiões correspondentes de um 
TCR αβ. Isto sugere que a ligação do antígeno ao TCR pode ser mais comum com a ligação do 
antígeno ao anticorpo do que com os TCR αβ. 
 
Figura 23: Interação de TCR, MHC e peptídeo. As regiões determinantes da complementariedade 
(CDR) das regiões V do TCR e o peptídeo ligado na fenda de ligação ao peptídeo de uma molécula 
classe I do MHC estão em cores. Baseado na estrutura cristalizada descrita por K. C. Garcia et al. 
(1998): Science 279:1.166.) (Benjamini et al, 2002). 
 
 32
 
Figura 24: Exemplo de dois tipos de respostas das células APC. a) Resposta imune exógena: via 
MHCII quando o antígeno é morto ou inativado. b) resposta imune endógena: via MHCI quando o 
antígeno é vivo (vírus) (Benjamini & Leskowitz, 1991). 
 
 
Figura 25: Ativação de linfócitos CD8+ (linfócito citotóxico) por células infectadas por vírus. 
Verificar como ocorre a morte da célula infectada pelo linfócito citotóxico. Este é um tipo de 
resposta imune endógena. 
 33
5.4. DIFERENCIAÇÃO DA CÉLULA T NO TIMO 
 
5.4.1. INTRODUÇÃO 
 
O timo é absolutamente necessário para a diferenciação de células precursoras imaturas 
das células com as características de células T: crianças nascidas sem o timo (síndrome de Di-
George) ou camundongos transformados geneticamente que não apresentam o timo (conhecidos 
como camundongos nude porque também não apresentam pêlos) e não dispõem de células T 
maduras. A diferenciação de células T no timo ocorre durante toda a vida de um indivíduo, mas 
diminui significativamente após a puberdade. O tamanho do timo, por sua vez, diminui com o 
princípio da puberdade em mamíferos (involução tímica), aparentemente devido à síntese de 
hormônios esteróides neste período. Em algumas espécies, particularmente o rato, se o timo é 
removido imediatamente após o nascimento, a população de células T maduras é drasticamente 
reduzida. Na verdade, foram as observações pioneiras de Jacques Miller, na década de 1950, que 
estabeleceram o papel crucial do timo na resposta envolvendo células T. A remoção do timo mais 
tardiamente no desenvolvimento do animal tem um impacto menor na população madura de células 
T. 
No timo, a ocorrência dos eventos de rearranjo determina se uma célula T expressará αβ 
ou γδ como seu receptor, e também a especificidade de um determinado TCR para um epítopo 
antigênico. Desta maneira, o timo é o órgão linfóide primário para o desenvolvimento de células T, 
análogo à medula óssea como órgão primário para a diferenciação de células B de mamíferos. 
Ocorrem dois importantes fatos de diferenciação no timo. Primeiro surgem células T 
maduras que reconhecem antígeno somente quando associado a moléculas de MHC; isto é, as 
células T são restritas ao MHC. Segundo, as células T maduras que não respondem aos 
componentes próprios emergem, isto é, as células T são tolerantes ao antígeno próprio. 
 
5.4.2. OS TIMÓCITOS INTERAGEM COM CÉLULAS TÍMICAS NÃO LINFÓIDES 
(Figura 26) 
 
A diferenciação de célula T no timo é um processo complexo com múltiplas etapas. O 
estudo desta diferenciação tem sido facilitado em embriões de mamíferos e in vitro, de forma que a 
seqüência de eventos possa ser determinada a partir dos estágios mais iniciais. 
Em todos os estágios da maturação tímica, dos precursores às células T maduras, o 
desenvolvimento de linfócitos T (timócitos) estão em contato e interagem com uma rede formada 
por células não linfóides (estroma). Os timócitos passam através desta rede de células não linfóides, 
iniciando na parte superior do timo (o córtex tímico) e continuando na área inferior (a medula 
 34
tímica). 
As células não linfóides determinam interações importantes na superfície celular 
necessárias para o desenvolvimento de células T maduras. Elas também produzem citocinas como a 
IL-7, as quais são importantes nos estágios iniciais do desenvolvimento dos linfócitos T (e B). As 
células tímicas não linfóides mais importantes são (1) as células córtico-epiteliais, e (2) as células 
dendríticas interdigitantes (IDC), encontradas predominantemente na junção de córtex e medula. 
As DC estão intimamente relacionadas às células dendríticas apresentadoras de antígenos derivadas 
da medula óssea. 
 
Figura 26: Vias de desenvolvimento de células T no timo. Os genes codificados para as cadeias α, 
β, γ e δ do receptor de célula T estão designados como α0 etc, se não arranjado. (Benjamini et al., 
2002). 
 35
 
5.5.SELEÇÃO TÍMICA (Figuras 26 e 27) 
 
O timócito CD4+CD8+ expressando αβ como seu TCR é submetido a um processo de 
múltiplas etapas conhecido como seleção tímica. (Não está claro se células T γδ+ sofrem um 
processo de seleção semelhante antes de deixar o timo.) No primeiro estágio, seleção positiva, o 
TCR da célula T CD4+CD8+ interage com moléculas de MHC expressas em células epiteliais no 
córtex do timo. Uma célula T CD4+CD8+ que não realiza uma interação com as células tímicas 
epiteliais morrem por apoptose. A seleção positiva resulta na proliferação e expansão da célula T 
CD4+CD8+. 
Como uma conseqüência desta etapa da seleção positiva, a célula T αβ torna-se “educada” 
para as moléculas de MHC expressas pelas células epiteliais do córtex do timo. Isto significa que 
durante toda a vida da célula T, mesmo como célula madura ao deixar o timo, ela responderá ao 
antígeno somente quando este estiver ligado ao tipo de molécula de MHC que a célula T em 
desenvolvimento encontrou no timo. Esta é a origem do fenômeno conhecido como respostas de 
célula T restritas ao MHC, e enfatiza novamente a importância do MHC em respostas de célula T. 
Os timócitos expressando TCR específicos para antígenos próprios e não próprios são 
expandidos por seleção positiva. Para prevenir que células T com uma possível reatividade para 
antígenos próprios deixem o timo, as células CD4+CD8+ são submetidas a uma segunda etapa de 
seleção, conhecida como seleção negativa. Esta ocorre através da interação com células dendríticas 
interdigitantes (IDC) na junção cótico-medular. O TCR, CD4 e CD8 na célula T CD4+CD8+ 
interage commoléculas classe I e II do MHC ligadas aos peptídeos derivados de antígenos próprios, 
os quais são expressos em IDC. Uma célula T expressando um TCR que reaja com alta afinidade à 
combinação de MHC + peptídeo é eliminada por apoptose. Desta forma, a seleção negativa remove 
as células T expressando receptores com reatividade a componentes próprios. Os timócitos que 
sobrevivem à etapa de seleção negativa, pois têm menor afinidade por MHC + peptídeos, 
constituem o conjunto de células T que um indivíduo utiliza para organizar as respostas a antígenos 
não-próprios. 
Há ainda muitas questões a serem esclarecidas a respeito dos mecanismos envolvidos na 
seleção. Uma delas é o papel e a natureza dos peptídeos expressos por células tímicas não linfóides 
nos diferentes estágios dos processos de seleção. A evidência atual indica que os peptídeos 
expressos por células do córtex epitelial desempenham um importante papel na etapa de seleção 
positiva. Esses peptídeos são derivados de antígenos próprios expressos no timo ou são trazidos até 
o timo. De qualquer forma, atualmente não está claro como esses peptídeos derivados de antígenos 
próprios selecionam as células T com especificidades em seus TCR para antígenos não-próprios 
 36
assim como para antígenos próprios. 
Como uma nova conseqüência de suas interações com moléculas de MHC e peptídeos 
expressos nas DC, os timócitos que sobrevivem à seleção negativa também inibem a expressão de 
CD4 ou CD8 por um mecanismo que não é bem compreendido atualmente. Isto resulta no 
desenvolvimento de células T CD4+CD8- ou CD4-CD8+. Esses dois grupos de células estão no 
ponto final da complexa via de diferenciação da célula α β TCR no timo. Elas deixam o timo e 
incluem as linhagens periféricas (isto é, externas ao timo) de células T CD4+ e CD8+ maduras. 
Em resumo, como conseqüência das etapas da diferenciação intratímica das células T αβ 
TCR+, é construído um repertório de células T CD4+CD8+, o qual é capaz de responder ao universo 
de antígenos estranhos. Estas células T têm duas outras características importantes: (1) elas são 
restritas ao MHC, elas reagem a peptídeos derivados de antígenos não-próprios somente quando 
esses peptídeos estão associados a moléculas MHC expressas no timo, onde as células T se 
desenvolvem e (2) elas são tolerantes aos antígenos próprios; as células T expressando receptores 
para antígenos próprios são eliminadas ou inativadas funcionalmente. 
 37
 
Figura 27: Seleção positiva e negativa de células T αβ+CD4+CD8+ no timo. (Benjamini et al, 2002) 
 
5.6. TRÁFEGO DE LINFÓCITOS PARA OS TECIDOS 
 
As células T maduras deixam o timo e circulam através do sangue para órgãos linfóides 
secundários, nos quais ocorrem subseqüentemente na maioria das respostas ao antígeno. Além 
disso, os linfócitos podem deixar a circulação e entrar nos tecidos. Esta é uma característica 
importante do sistema imune, pois permite que os linfócitos alcancem o local de exposição ao 
antígeno, independentemente de onde isto aconteça. Esta rápida distribuição de linfócitos do sangue 
para os tecidos é particularmente vital quando os efeitos do antígeno resultam em dano para o 
tecido: os linfócitos, assim como os outros leucócitos, desempenham um papel fundamental na 
resposta inflamatória no tecido danificado. Todos os leucócitos utilizam processos 
 38
fundamentalmente similares para deixar a circulação e migrar para os tecidos; estes envolvem o 
conjunto de interações múltiplas entre as moléculas de superfície em leucócitos circulantes e as 
de células endoteliais presentes nos limites do tecido. Além disso, este conjunto de interações das 
superfícies de células, as citocinas e quimiocinas liberadas por tecidos inflamados atuam na atração 
de leucócitos para os tecidos por meio da ligação a receptores específicos na superfície das células. 
Um dos aspectos mais interessantes dos estudos sobre o tráfego de linfócitos é a percepção 
de que diferentes linfócitos penetram preferencialmente em tecidos diferentes, fenômeno este 
conhecido como alocação. As diferenças entre os padrões de alocação de linfócitos virgens e 
ativados são bem documentadas: linfócitos virgens alocam-se para linfonodos periféricos e da 
mucosa, enquanto células T ativadas e de memória deixam os linfonodos e migram para locais 
da pele e outros tecidos. 
A alocação de células T virgens em linfonodos é mediada pela ligação de CD62L 
(selectina L ou MEL-14), expressa na superfície de células T, com moléculas de glicoproteína 
conhecidas como adressinas, as quais são expressas em células presentes em uma região 
especializada do endotélio vascular nas margens dos linfonodos. A ligação CD62L-adressina resulta 
em novas interações conjuntas que aumentam a ligação entre o linfócito e as superfícies endoteliais, 
notavelmente entre LFA-1 na superfície da célula T e ICAM-1 no endotélio, e resulta, finalmente, 
na migração do linfócito virgem a partir da circulação para o linfonodo pela estreita passagem entre 
as células endoteliais adjacentes. E válido acrescentar que essas interações adesivas ocorrem na 
ausência do antígeno e não envolvem o TCR. 
Se as células T virgens são estimuladas pelo antígeno no linfonodo, a expressão de CD62L 
é inibida e a expressão de outras moléculas da superfície celular, como CD49d (VLA-4) e CD44, é 
estimulada. Essas moléculas medeiam a migração de linfócitos para tecidos externos aos 
linfonodos. Dessa forma, como conseqüência desta mudança no padrão de expressão de moléculas 
de alocação, as células ativadas e de memória deixam o linfonodo e migram para tecidos como a 
pele ou locais de inflamação, onde ligantes para essas moléculas são expressos. Evidências recentes 
indicam que as células T virgens e de memória diferem não somente na expressão de moléculas de 
alocação, mas também na expressão de receptores para quimiocinas. Assim, as diferenças na 
expressão de moléculas de alocação e de receptores de quimiocinas resultam em subgrupos diversos 
de células T que migram seletivamente para locais distintos do corpo. 
 
5.7. CÉLULAS ESPECIALIZADAS APRESENTAM ANTÍGENOS PARA CÉLULAS T 
 
Em geral, a interação de células T maduras ocorre em órgãos linfóides secundários, 
especialmente os linfonodos. Como descrito na seção anterior, esta interação pode ocorrer também 
 39
em qualquer tecido que tenha sido exposto ou danificado por um antígeno. Como o antígeno pode 
penetrar no organismo por diferentes vias (vias respiratórias ou trato gastrintestinal, pela pele ou por 
injeção), as células apresentadoras de antígeno (ÁPC) especializadas se encontram em todos esses 
diferentes locais de entrada do antígeno e também em órgãos linfóides. A função destas APC é 
recolher o antígeno, processá-lo e apresentá-lo às células T; particularmente, às células T CD4+ que 
desempenham um papel central nas respostas aos antígenos protéicos. Isto freqüentemente envolve 
a migração da APC, via vasos linfáticos, transportando o antígeno processado, a partir de um local 
no qual esta interage com o antígeno até a região de células T no linfonodo mais próximo 
(drenagem). 
As células derivadas da medula óssea do tipo mielóide, e particularmente as células 
dendríticas são APC extremamente eficientes na iniciação das respostas primárias de células T, 
pois expressam altos níveis de moléculas classe II do MHC, de moléculas co-estimulatórias, como 
CD4O e B7, e outras moléculas de adesão. (Estas células dendríticas, são da mesma família das 
células dendríticas interdigitantes do timo, as quais desempenham um papel fundamental na seleção 
tímica) Por exemplo, os antígenos que penetram através da pele são recolhidos por células epiteliais 
especializadas conhecidas como células de Langerhans, as quaispertencem à família de 
macrófagos/células dendríticas. Estas células de Langerhans contendo o antígeno migram através da 
linfa para o linfonodo da drenagem. A incorporação do antígeno e a migração resultam na 
diferenciação da APC para uma célula conhecida como célula dendrítica madura no linfonodo. Na 
região do linfonodo rica em células T, as células dendríticas maduras interagem com uma célula T 
que expressa um receptor com especificidade apropriada para o antígeno e inicia a cascata de 
eventos envolvidos na ativação de célula T. 
As células B podem também atuar como APC muito eficientes, especialmente nas respostas 
nas quais as células T CD4+ e células B já foram sensibilizadas pelo antígeno. A interação de 
células T e B sensibilizadas ocorre em regiões especializadas do linfonodo, nos folículos, e a 
produção de anticorpo ocorre em áreas distintas conhecidas como centros germinativos. 
 
6. CITOCINAS 
 
6.1. INTRODUÇÃO 
 
Citocinas são proteínas (usualmente glicoproteínas) de peso molecular relativamente baixo 
(raramente superior a 8-25 kDa). Elas regulam todos os processos biológicos como crescimento 
celular, ativação celular, inflamação, imunidade, reparação de tecidos, fibroses e morfogênese. 
 
 40
6.2. NTERFERONS (IFN): 
 
 Estas citocinas foram inicialmente caracterizadas como anti-virais, mas são também potentes 
reguladores imunológicos e fatores de crescimento. Elas pertencem a três grupos: IFNα é produzida 
por leucócitos em resposta a vírus ou ácidos nucléicos; IFNβ é produzida por fibroblastos em 
resposta a vírus ou ácidos nucléicos e IFN ( é produzida por linfócitos T e LGL em resposta aos 
estímulos imunes. A inibição do crescimento celular por IFNγ ou IFNβ é clinicamente útil em 
cancers como os renais e leucemias. IFNγ aumenta a função das células APCs e é responsável por 
controlar a função, principalmente de macrófagos, timócitos e células endoteliais. 
 
6.3.INTERLEUCINAS (IL): 
 
Foram identificadas e caracterizadas aproximadamente 17 interleucinas, a maoiria delas 
produzidas por leucócitos, mas algumas produzidas também por outras células como os 
fibroblastos, células endoteliais e outras. As interleucinas são representadas numericamente como 
IL-1- IL-23. 
 As principais células alvos pelo qual as interleucinas têm a sua ação variam de linfócitos T e 
B até fibroblastos. 
 
6.3.1. INTERLEUCINA 1 (IL-1): 
 
 Previamente conhecida como uma substância pirogênica endógina, ativadora de linfócitos, 
IL-1 é produzida por muitas células (endoteliais, células B, fibroblastos, etc), mas muito mais 
abundante por macrófagos. IL-1 estimula células T e B, induz respostas inflamatórias, como 
produção de prostaglandinas e enzimas como a colagenase. Ela alcança o cérebro onde induz febre 
e atua no aumento da liberação de corticosteróide. No fígado é importante na produção de proteínas 
para reparo de lesões. Acredita-se que todas as células do corpo têm receptores para IL-1. 
 
6.3.2. INTERLEUCINA 2 (IL-2): 
 
 É conhecida como fator de crescimento de linfócitos TH , TC e TK. No entanto, ela estimula 
também o crescimento e a diferenciação linfócito B para e ativa macrófagos. IL-2 tem sido usada na 
terapia do cancer, especialmente o renal, porque elas atuam em células que produzem efeitos 
citotóxicos anti-cancer, como ativadoras de células “killer”. 
 
6.3.3. INTERLEUCINA 3 (IL-3): 
 
 41
 É conhecida como hematopoiética multiespecífica. 
 Ela estimula o crescimento de precursores de todas as linhagens hematopoiéticas. 
 
6.3.4. INTERLEUCINA 4 (IL-4): 
 
É uma citocina que age principalmente como ativadora ou diferenciadora de linfócito B, 
levando particularmente a produção de IgG e IgE. Ela atua também sobre linfócitos T e promove a 
diferenciação de TH2. Atuam na expressão de MHC-II, mas inibe a produção de IL-1 e TNFα IL-4 
participa nos processos alérgicos causando elevados níveis de IgE. 
 
6.3.5. INTERLEUCINA 5 (IL-5): 
 
 IL-5 participa do desenvolvimento e ativação de eosinófilos. É responsável por eosinofilia 
nas doenças parasitárias. 
 
6.3.6. INTERLEUCINA 6 (IL-6): 
 
 É fator de diferenciação de linfócitos B ou fator estimulante de hepatócitos. É produzida por 
muitas células incluindo células T, macrófagos, células B, fibroblastos e células endoteliais. Ela 
atua em muitas células, particularmente sobre linfócitos B e na sua diferenciação em plasmócitos 
para produção de anticorpos. IL-6 estimula o fígado na produção de proteínas e é considerado um 
importante fator de crescimento de mielomas múltiplos. 
 
6.3.7. INTERLEUCINA 7 (IL-7): 
 
 É descrita como pré-fator de crescimento de linfócito B, produzida pelas células estromais 
da medula óssea. IL-7 é produzida pelas células estromais do timo e agem no desenvolvimento de 
linfócitos T. Elas agem também como fator de ativação de macrófagos. 
 
6.3.8. LEUCINA 8 (IL-8): 
 
 Elas são produzidas pela maioria das células do corpo, principalmente macrófagos e células 
endoteliais e estão envolvidas na inflamação e na migração celular. Elas são importantes no fator de 
quimiotaxia de neutrófilos. 
 
6.3.9. INTERLEUCINA 9 (IL-9): 
 
 42
 IL-9 é produzida por TH1, induz o desenvolvimento de alguns clones de TH e de precursores 
de mastócitos na medula óssea além de potencializar os efeitos de IL-4 na produção de IgE. 
 
6.3.10. INTERLEUCINA 10 (IL-10): 
 
 São importantes como fator de inibição na síntese de citocinas, principalmente IFN, IL-1, 
IL-6 e TNFα. 
 
6.3.11. INTERLEUCINA 11 (IL-11): 
 
 IL-11 é produzida por células estromais da medula óssea e por fibroblastos. Juntamente 
com IL-3 ela estimula megacariócitos e promove a síntese de proteínas pelo fígado. 
 
6.3.12. INTERLEUCINA 12 (IL-12): 
 
 Induz a produção de IFN favorece as respostas de TH1 e ativa macrófago e células “killers”. 
 
6.3.13. INTERLEUCINA 13 (IL-13): 
 
 Estas interleucinas apresentam as mesmas similaridades funcionais e estruturais da IL-4 e 
promovem a divisão de linfócitos B. 
 
6.3.14. INTERLEUCINA 14 (IL-14): 
 
 É produzida por células T e algumas células B malignas. Ela induz a proliferação de célula 
B e inibe a secreção de imunoglobulinas. 
 
6.3.15. INTERLEUCINA 15 (IL-15): 
 
É produzida por macrófagos ativados, células epiteliais e fibroblastos. Seus efeitos são 
similares aos da Il-2. Atua fator de crescimento de células T e NK e aumenta a proliferação de 
linfócitos TH e TC. 
 
6.4. QUIMIOCINAS: 
 
 Pertencem a um grupo de 14 proteínas pequenas subdivididas em α e β. A mais importante 
quimiocina α é a IL-8 onde apresenta a sua ação sobre a quimiotaxia de neutrófilo, basófilo e 
algumas células T. No grupo das quimiocinas β incluem a proteína inflamatória 1 de macrófago 
(MIP-1) produzida por macrófago, células B e T, mastócitos e neutrófilos e atuam sobre monócitos, 
 43
eosinófilos, células B e T. A proteína quimioatraente de monócito (MCP), é produzida por 
macrófagos, célula T, fibroblastos, keratinócitos e células endoteliais. A proteína RANTE é 
produzida por células T e macrófagos e é quimiotática para monócitos, eosinófilos e algumas 
células T. RANTE ativa eosinófilos e estimula a liberação de histamina de basófilos. 
 
6.5.CITOCINAS ENVOLVIDAS NA HEMATOPOIESE: 
 
Hematopoiese é regulada por muitas citocinas. IL-1 e IL-6 estão envolvidas na ativação das 
células germinais (renovação celular própria). IL-3 está envolvida no desenvolvimento de 
precursores de todas as linhas hematopoiéticas. GM-CSF promove o desenvolvimento de 
granulócitos e macrófagos. Eritropoetina (EPO) é importante para a diferenciação de células 
vermelhas, M-CSF para macrófagos e G-CSF para granulócitos.

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