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Reações Adversas aos Alimentos na Infância: Intolerância e Alergia Alimentar - Atualização. Adverse Food Reactions in Childhood. Food Intolerance and Food Allergy - An Update Lucia Ferro Bricks1 Instituto da Criança Prof. Pedro de Alcântara do H. Clínicas da FMUSP Uniterrnos: Reações adversas aos alimentos; intolerância alimentar; alergia alimentar; RAST; doenças mediadas por IgE; testes cutâneos; Keywords: Adverse food reactions; food intolerance; food allergy; food challenges; skin tests; RAST; IgE - mediated diseases 1 - Médica do Instituto da Criança do H. Clínicas da FMUSP RESUMO: Neste artigo a autora discute a avaliação pediátrica de crianças com reações adversas aos alimentos e descreve os principais exames utilizados para o diagnóstico da alergia alimentar. Os exames labo- ratoriais (PRIK TEST, RAST e TESTES DE PROVO- CAÇÃO ORAL) têm menor importância para o diag- nóstico do que a habilidade do médico em diferen- ciar as diversas patologias que cursam com mani- festações clínicas idênticas às das reações adversas aos alimentos. Introdução Em todas as idades, a alimentação é considerada muito mais do que uma necessidade básica para a sobrevivência do indivíduo e da espécie, pois além de suprir os nutrientes necessários ao crescimento, desen- volvimento e manutenção de funções fisiológicas, en- volve aspectos importantes do relacionamento psicos- social. Quanto mais jovem a criança, maior a depen- dência em relação ao suprimento adequado de nutri- entes e maior o peso do envolvimento emocional rela- cionado às práticas alimentares. Portanto, é fácil com- preender que as reações adversas aos alimentos cau- sam muita angústia e preocupação e que, muitas vezes, essas reações envolvem problemas emocionais que nada tem a ver com a ingestão alimentar. Por outro lado, o enorme número de antígenos alimenta- res, a presença de aditivos e contaminantes de natureza química ou bacteriológica podem facilmente explicar a elevada freqüência de reações adversas aos alimentos. A verdadeira incidência dessas reações não é conhecida e os termos "reação adversa a alimentos", "alergia alimentar", "hipersensibilidade a alimentos" e "intolerância alimentar" têm sido utilizados de forma muitas vezes inapropriada não apenas por leigos, mas também por profissionais de saúde, por esse motivo, a Academia Americana de Alergia e Imunologia propôs as seguintes definições para as reações adver- sas aos alimentos:!5>i9 - Reação adversa aos alimentos: é um termo genérico, aplicado a qualquer reação indesejável após ingestão de um alimento normalmente tolerado pela maioria dos indivíduos. As reações adversas aos ali- mentos podem ser secundárias à alergia alimentar ou à intolerância alimentar e englobam uma ampla varie- dade de sinais e sintomas. Este termo não tem qual- quer relação com a patogênese das reações e pode ser aplicado tanto a reações causadas por mecanismos desconhecidos, como àquelas claramente associadas a processos metabólicos, farmacológicos ou imunoló- gÍCOS.!5 - Alergia alimentar ou hipersensibilidade aos alimentos: o termo alergia é utilizado quando uma substância, que não é deletéria por si mesma, provoca uma reação imune com sintomas em alguns indivíduos e alergia alimentar é um tipo de reação adversa aos ali- mentos que envolve mecanismos imunológicos, em sua maioria caracterizados por reações entre antígenos e anticorpos ou entre antígenos e linfócitos sensibi- lizados. Alergia atópica é um tipo de reação de hipersensibilidade medida por IgE.22 É importante distinguir antigenicidade de alergeni- cidade. Antigenicidade é definida como a habilidade de uma substância se combinar de forma específica a um anticorpo produzido por um organismo previa- mente sensibilizado. O leite de vaca, por exemplo, possui numerosas frações proteicas que podem causar uma resposta imune. Essas proteínas são antigênicas, Ler preferencialmente tópicos sublinhados pois todas as crianças que ingerem leite de vaca apre- sentam resposta imunológica a essas frações proteicas, mensuráveis por anticorpos séricos da classe IgG. A alergenicidade, no entanto, é caracterizada por uma reação imune anormal que determina sintomas clíni- cos adversos.36 - Intolerância alimentar: é a denominação que se aplica a qualquer reação adversa aos alimentos de caráter não imunológico e que não apresente base psi- cológica, podendo ser o resultado de diversos meca- nismos etiológicos e fisiopatológicos.25 A grande maioria das reações adversas aos alimen- tos é causada por fatores não imunológicos, como contaminação, reações farmacológicas, tóxicas, meta- bólicas, neuropsicológicas ou idiossincrásicas tratan- do-se, portanto, de intolerância alimentar e não alergia alimentar. 6'!536 Muitas vezes as manisfetações da into- lerância alimentar são muito semelhantes às da alergia alimentar, como é o caso dos envenenamentos por ali- mentos ricos em histamina, e nestes casos tem-se uti- lizado os termos "falsa alergia alimentar" ou "rea- ção anafilactóide". Algumas vezes é impossível verificar a presença ou ausência do envolvimento do sistema imunológico nas reações adversas aos alimentos e ainda existem muitas controvérsias sobre a verdadeira incidência das mani- festações alérgicas aos alimentos nas diversas popu- lações. Embora a maioria das reações adversas aos ali- mentos seja devida a mecanismos não imunológicos, muitos estudos têm utilizado uma terminologia inade- quada, classificando como "alergia alimentar" casos de intolerância alimentar, x Além disso, diversos trabalhos publicados a respeito de reações adversas aos alimentos têm sido realizados de forma inadequada quanto ao desenho da pesquisa, caracterização dos sinais e sintomas, número de casos e controle de fatores de erro. Devido à grande variedade de reações adversas aos alimentos e às dificuldades no diagnóstico e tratamen- to da alergia alimentar, neste trabalho optamos por trazer ao pediatra geral uma síntese dos artigos que se referem à abordagem clínica e laboratorial da alergia alimentar na infância. Alergia Alimentar na Infância A maioria das reações aos alimentos de natureza verdadeiramente alérgica se deve a reações de hipersensibilidade mediadas por IgE, mas os conheci- mentos sobre a patogênese da alergia alimentar ainda são incompletos.19 As manifestações clínicas da alergia alimentar dependem do órgão afetado, sendo mais comuns os sintomas gastrointestinais, respiratórios e cutâneos. Os sinais e sintomas variam desde reações locais, como edema e prurido em lábios, náuseas, vômitos, diarréia, eczema e urticaria, até manifestações sistêmicas graves de caráter anafilático.5¿ Incidência e Prevalência da Alergia Alimentar: É muito difícil estabelecer a verdadeira incidência e prevalência de alergia alimentar pois, infelizmente, até o momento não existe nenhum método simples e objetivo para a confirmação da alergia alimentar. Existe uma grande variedade de sinais e sintomas associados à alergia e diversos testes laboratoriais têm sido propostos para avaliação deste problema. No entanto, o diagnóstico das reações alérgicas e into- lerancias aos alimentos ainda é feito em bases clínicas e os testes com dupla-incógnita, envolvendo adminis- tração do alimento suspeito e placebo, ainda são con- siderados como "padrão ouro". 15>21 A percepção da alergia alimentar pelos pacientes é muito diferente dos resultados obtidos por investi- gadores com testes alimentares, tanto em freqüência, como em relação aos principais alimentos alergênicos. Altman et ai.1 referem que, entre 3943 pessoas entre- vistadas, os alimentos mais relacionados a reações alérgicas foram: leite de vaca (29,3%); peixe e produ- tos do mar (21%); vegetais (19,7%); frutas (19,7%) e chocolate (11%). A alergia ao amendoim, embora seja muito comum nos EUA, foi relatada por apenas 5,5% dos indivíduos entrevistados. Estapercepção sobre as manifestações alérgicas aos alimentos que não é con- firmada por testes experimentais duplo-cegos tem sido denominada "falsa alergia alimentar". A incidência de reações graves ou fatais aos ali- mentos também não é conhecida, pois não existe um código específico para "reação anafilática aos alimen- tos". Bock & Dorion4 realizaram um estudo prospecti- vo durante dois anos no Colorado (EUA) e identi- ficaram 25 indivíduos (2 a 71 anos) com reações graves aos alimentos, estimando que essas reações ocorram em l / 264.000 pessoas / ano. O amendoim foi responsável por 1/3 das reações. Sabe-se que em crianças existe uma maior freqüên- cia de reações aos alimentos (10%) do que em adultos (3%)21 e que as crianças mais jovens, particularmente aquelas com menos de um ano de idade, apresentam maior incidência tanto da alergia alimentar do tipo sensibilidade imediata, como de outras intolerancias alimentares com provável patogênese imunológica. Praticamente todos os casos de enteropatia associada às proteínas do leite de vaca surgem durante o pri- meiro ano de vida.1? A maioria dos relatos publicados não diferencia a alergia alimentar da intolerância aos alimentos, sendo impossível determinar a verdadeira prevalência da alergia alimentar. Tanto do ponto de vista clínico como patogênico, alergia e intolerância alimentar são diferentes, mas ambas apresentam maior incidência nos três primeiros anos de vida, diminuindo com a idade. No primeiro ano de vida a prevalência de aler- gia e/ou intolerância alimentar é de 15 a 25%, mas quando checadas por testes duplo-cegos, só são con- firmadas em 5%. A maioria se resolve espontanea- mente.39 Segundo Crespo et ai.10, 48,8% das reações alérgicas aos alimentos do tipo imediato surgem durante o primeiro ano de vida; 20,4% entre 12 e 24 meses, e apenas 10,5% após os 7 anos de idade. Raramente a alergia alimentar manifesta-se pela primeira vez em indivíduos adultos e a história natural da alergia demonstra que muitos alimentos inicialmente sensibi- lizantes para crianças passam a ser tolerados mais tarde.!9 Alimentos mais Associados a Manifestações Alérgicas: Mais de 90% das reações alérgicas comprovadas por trocas duplo-cegas, são causadas por poucos ali- mentos: leite, ovos, legumes; trigo e nozes. Menos fre- qüentemente temos as reações a peixes e comida do mar, seguidas por reações a frutas cítricas, melões, tomates, aipo, arroz, maçãs e milho, entre outros.39 Crespo et ai.10 estudando 525 reações alérgicas do tipo imediato (mediadas por IgE) em 355 crianças, encontraram que 23,2% eram sensíveis ao ovo; 20,6% a peixe; 16,6% ao leite de vaca; 14,1% a frutas; 12,8% a legumes. Leite, ovos e peixe são responsáveis por 60% das manifestações alérgicas mediadas por IgE em crianças. Quanto à idade de início das manifestações clínicas, os mesmos autores observaram que 75% das crianças alérgicas ao leite de vaca apresentaram mani- festações clínicas nos 6 primeiros meses de vida. Qualquer tipo de alimento pode determinar mani- festações alérgicas mas, tanto o potencial alergênico intrínseco, quanto o consumo podem modificar a fre- qüência das manifestações alérgicas nas diferentes faixas etárias ou grupos populacionais. Assim, o leite de vaca é o alimento mais associado a manifestações alérgicas em crianças, mas ocupa o quinto lugar em adultos, seguindo-se em ordem de importância aos ovos, peixes, mariscos e aipo.21 De acordo com os hábitos de consumo alimentar observam-se diferentes incidências de manifestações alérgicas aos alimentos. No Japão, por exemplo, é comum a alergia à soja, enquanto que na Suécia e Finlândia são mais freqüentes as alergias a peixe e fru- tas cítricas e nos Estados Unidos a alergia ao amen- doim.4-^ Fatores Predisponentes à Alergia: 1. idade: A maioria das reações alérgicas aos alimen- tos manifesta-se em crianças de baixa idade. A alergia ao leite de vaca afeta geralmente crianças com menos de três anos e o diagnóstico geralmente é feito antes dos dois anos, entre 6 e 18 meses.3o,3i A imaturidade da mucosa intestinal e a deficiência fi- siológica de IgA que ocorre no primeiro ano de vida parecem ser os principais fatores associados à maior incidência de manifestações alérgicas em lactentes jovens.223o,36 2. hereditariedade: A tendência a tornar-se alérgico é herdada e a maioria dos atópicos têm parentes de primeiro grau (pais e/ou irmãos) com sintomas seme- lhantes, mas as reações alérgicas não são limitadas aos indivíduos atópicos. 12& Savilahti et al.^o seguiram 183 crianças durante os dois primeiros anos de vida detectando o surgimento de manifestações alérgicas em 33% das crianças com história familiar positiva para atopia, contra 16% nas crianças com história familiar negativa, sendo que a hereditariedade foi considerada como o fator preditivo positivo mais significativo para o surgimento de mani- festações alérgicas. Os indivíduos apresentam uma predisposição seletiva para síntese de anticorpos da classe IgE a diversos antígenos comuns. Essa produção aumentada de IgE parece estar sob controle genético e ser ligada a antígenos de histocompatibilidade do tipo HLA.39 3. precocidade do contato com antígenos: Certos alimentos (como leite, ovos, trigo) na presença de ima- turidade da mucosa gastrointestinal, são mais alergêni- cos, pois suas frações antigênicas são mais absorvidas. Vários estudos têm demonstrado que as crianças ama- mentadas ao seio por períodos prolongados apresen- tam menor incidência de alergia ao leite de vaca.2233,36 4. potencial alergênico dos alimentos: Os alimen- tos diferem em seu potencial alergênico de acordo com diversos fatores, entre os quais salientam-se o peso molecular (geralmente entre 18.000 e 36.000 dal- tons) e a resistência ao calor e enzimas proteolíticas. Algumas substâncias de baixo peso molecular (hap- tenos) necessitam estar ligadas a carreadores para se tornarem imunogênicas, como é o caso de muitos adi- tivos e do níquel. Em geral, os alérgenos de origem vegetal são ter- molábeis, perdendo seu potencial alergênico após o cozimento, enquanto que os alérgenos de origem ani- mal (exceto a albúmina da carne) são termoestáveis. O leite de vaca possui mais de 25 frações alergênicas, sendo que as 5 mais freqüentemente envolvidas em processos alérgicos são: soro-albumina e y-globulina bovinas (termosensíveis); a-lactoalbumina (parcial- mente sensível ao calor) e (3-lactoalbumina e caseína, que constituem 80% das proteínas do leite e são as principais frações alergênicas, pois resistem ao calor e também aos processos digestivos. A alergenicidade e antigenicidade das proteínas do leite de vaca podem ser reduzidas pelas modificações na estrutura das proteínas, através dos processos de pasteurização e fervura ou da hidrólise enzimática uti- lizada na produção de fórmulas. As fórmulas adap- tadas para uso infantil contém 60% de proteínas do soro e apenas 40% de caseína. Entretato apesar de seu menor potencial alergênico em relação ao leite in natura, que contém muito mais caseína, a especifici- dade das proteínas do soro do leite de vaca é total- mente diversa daquelas presentes no leite materno e os processos utilizados para modificar as proteínas do leite de vaca, embora diminuam muito a capacidade de sensibilização, não eliminam totalmente os riscos de alergia. Muito raramente, estes processos podem levar ao sur- gimento de novos epítetos antigênicos, já tendo sido descritas reações clínicas em crianças sensibilizadas até com fórmulas hidrolisadas.n.^is.s^ 5. estado imunológico da criança: Infecções e processos envolvendo o sistema imunológico, tanto a nível local como sistêmico, costumam elevar a fre- qüência de sensibilizações secundárias, provavel- mente pela perda de integridade da mucosa intestinal, que facilita a absorção de proteínas, ou por interfe- rência na resposta imune da mucosa. Criançascom diarréia crônica de qualquer etiología (inclusive alergia ao leite de vaca) são mais propensas a desenvolver alergia a mais de um alimento. 6. deficiência de IgA: A IgA secretora é quantitativa- mente o anticorpo mais importante do trato gastroin- testinal e tem importante papel na redução da pene- tração mucosa do material antigênico ingerido. Crianças com deficiência de IgA apresentam maior fre- qüência de reações alérgicas aos alimentos.^ Existem duas subclasses de imunoglobulina A: IgA l, que pre- domina no soro e IgA 2, que predomina nas secreções. A IgA é produzida nas mucosas como um dímero e se combina com um componente secretor, recobrindo a superfície das mucosas, como uma película anti-sépti- ca que protege o organismo contra microrganismos invasores, impedindo sua fixação à mucosa e facilitan- do a fagocitose. A IgA secretora, além de impedir a invasão de microrganismos, também inibe a pene- tração de macromoléculas estranhas, evitando o desenvolvimento de alergia.22'26 7. variação individual: Certamente, além dos fatores acima citados existem outros envolvidos na gênese da alergia alimentar, pois muitos indivíduos possuem anticorpos IgE específicos contra determinados ali- mentos e não desenvolvem sintomas após contato com os mesmos. Não se sabe porque isso ocorre e especula-se que os alérgenos alimentares devam superar várias barreiras, antes de atingir os órgãos alvo, podendo ser neutralizados durante os processos digestivos, ou bloqueados pela IgA secretora ou pela ação das células de Kupfer, que eliminam imunocom- plexos.39 Manifestações Clinicas: Existe uma ampla variedade de manifestações associ- adas à alergia alimentar, a maioria dos casos (87%) é caracterizada por reações do tipo I dependentes de IgE, também chamadas de hipersensibilidade ou do tipo imediato; as reações do tipo IV ocorrem em 9% e outros mecanismos imunológicos também podem estar envolvidos.21 As reações do tipo I ou hipersensibilidade apresentam duas fases, melhor estudadas no aparelho respiratório (asma), mas que se acredita também possam ocorrer no sistema digestivo: 1. Fase precoce: ocorre 10 a 30 minutos após a ingestão do alimento ofensor e caracteriza-se por vasodilatação, edema, aumento de permeabilidade vascular, constrição de músculo liso (broncoespasmo) e produção de muco em resposta às substâncias libe- radas pelos mastócitos. Nessa fase observa-se uma boa resposta à terapêutica com anti-histamínicos e cro- moglicato de sódio. 2. Fase tardia ou inflamatoria crônica: ocorre após 4 a 8 horas. Os eosinófilos, neutrófilos e linfócitos localizados no espaço perivascular determinam edema, eritema e hiperreatividade de vias aéreas que, nas asma, não respondem bem a anti-histamínicos e broncodilatadores, mas apenas a corticoesteróides. 0 quadro clínico da alergia alimentar é muito variado, podendo ocorrer desde reações locais, como edema e prurido em lábios, até manifestações sistêmicas graves. 1 - REAÇÕES IMEDIATAS DE CARÁTER AUTO- LIMITADO A criança pode apresentar reações poucos minutos após ingerir alimentos e apresentar edema de lábios, prurido; garganta, náuseas e vômitos, urticaria, exa- cerbação de eczema, bronco espasmo, diarréia ou mesmo uma reação anafilática com risco de vida. LI. A síndrome da alergia oral é considerada uma forma de urticaria de contato, limitada quase que exclusivamente à orofaringe, com sintomas de início e resolução rápidos, mais associados à ingestão de fru- tas e vegetais frescos. 1.2. A anafílaxia gastrointestinal manifesta-se por náuseas, vômitos, eólicas, dor abdominal e diarréia, geralmente dentro de duas horas após a ingestão dos alimentos que determinam a hipersensibilidade media- da por IgE. Pacientes com esta síndrome geralmente apresentam náusea e vômito após alimentação, dor abdominal, diarréia, falha no desenvolvimento ou perda de peso. L3- Urticaria e angioedema: estão entre as manifes- tações mais comuns da alergia alimentar. Os sintomas se iniciam segundos ou minutos após a ingestão dos seguintes alimentos: leite, ovos, peixes, mariscos, nozes e amendoins. 1.4. Sintomas respiratórios: ocorrem dentro de minutos a duas horas após a ingestão de alérgenos, po- dendo ocorrer eritema e prurido periocular, lacrimeja- mento, rinorréia, congestão nasal e, mais raramente, hi- per reatividade brônquica. Raramente os antígenos ali- mentares agravam a asma ou rinoconjuntivite crônicas. 1.5- Anafilaxia generalizada: além dos sintomas cutâneos, respiratórios e gastrointestinais, o paciente pode apresentar hipotensão, colapso cardiovascular e disritmia cardíaca. Esse quadro é mais comum em indi- víduos asmáticos e que já apresentaram reações prévias ao alimento.6 H - REAÇÕES CRÔNICAS Existem diversas manifestações crônicas associadas à alergia alimentar: n.l. Gastroenteropatia alérgica eosinofílica: pode estar associada à ingestão de proteínas do leite de vaca, soja, peixe, ovos e outros alimentos. Manifesta- se com diarréia, vômitos, má absorção intestinal, eczema atópico. Geralmente desenvolve-se também intolerância à lactose e à biopsia existem variáveis alterações da mucosa jejunal. Esta reação pode estar associada ou não a reações mediadas por IgEA? IL2. Colite associada à ingestão do leite de vaca: geralmente surge em lactentes jovens e caracteriza-se por diarréia mucossanguinolenta. Com a dieta de exclusão, geralmente a criança passa a tolerar o leite de vaca após os dois anos de idade.15 A diarréia crônica por alergia alimentar é comum no primeiro ano de vida, com incidência entre 0,6 e 1,9%. Existem duas formas: 1. início agudo: nas primeiras 6 semanas de vida, com fezes aquosas, com muco e as vezes com sangue. Cólicas, vômitos persistentes, sintomas sistêmicos, como febre e distensão abdominal. Às vezes é difícil diferenciar o quadro inicial de gas- troenterite viral. Nos quadros mais tardios, é freqüente o encontro de desnutrição, anemia, hipoproteinemia. Também são comuns os antecedentes de atopia (asma, rinite, dermatite atópica e urticaria). 2. início tardio: geralmente se inicia com sintoma- tologia vaga: falha de desenvolvimento, distensão abdominal, fezes volumosas (pode confundir com doença celíaca). Ocorre sensibilização cruzada com soja em 20%.? IL3- Eczema atópico: está mais associado a antígenos do peixe e ovos do que aos antígenos do leite de vaca.!5 Geralmente o quadro de eczema atópico se ini- cia na infância e está associado a asma e rinite alérgi- ca. Aproximadamente 30% das crianças com eczema atópico apresentam sensibilidade a antígenos ali- mentares e existe acentuada melhora com dietas de exclusão. Nos casos mais graves, até 60% são sensíveis a um ou mais alimentos testados por trocas duplo- cegasA? Sampson et ai.28 indicam a pesquisa de alergia alimentar nas crianças com dermatite atópica menores de 7 anos que não respondem ao tratamento habitual com anti-histamínicos e corticoesteróides tópicos, pois encontraram mais de 50% com hipersensibilidade a alimentos, especialmente ovos, leite e amendoim. Procedimentos Diagnósticos Os alimentos são misturas complexas de uma série de moléculas alergênicas e, por este motivo, muitos imunologistas consideram "um milagre o fato de o homem sobreviver à alimentação".22 Alguns leigos e médicos acreditam que qualquer sintoma possa ser atribuído à alergia alimentar, incluindo vômitos, dor abdominal, alterações do hábito intestinal, enxaqueca, otite e problemas de comportamento. Outros, raramente pensam nesta eti- ología e a falta de testes diagnósticos simples, obje- tivos e reprodutíveis para confirmar a alergia alimen- tar é uma das causas destas opiniões conflitantes. O primeiro passo para estabelecer ou excluir o diagnóstico de alergia alimentar é uma cuidadosa revisão da história, pois os sintomas da alergia ali- mentar ocorrem em várias outras entidades clínicas, como refluxo gastroesofágico, estenosepilórica, into- lerância à lactose, intolerância a glúten (doença celía- ca), entre outras. As crianças com alergia alimentar com grande freqüência apresentam outras manifes- tações de atopia e têm pais ou irmãos atópicos. Quando os sintomas ocorrem imediatamente após a ingestão de algum alimento suspeito, o diagnóstico é fácil, mas quando as reações ocorrem mais tardia- mente ou quando os sintomas são crônicos, a pesquisa diagnostica é difícil e demorada. Como os exames laboratoriais são pouco fidedig- nos para estabelecer o diagnóstico, as dietas de elimi- nação são freqüentemente utilizadas tanto para diag- nóstico como para o tratamento das alergias alimenta- res, mas antes de se introduzir uma dieta restrita, deve- se afastar outros problemas freqüentes como intole- rância à lactose, diarréia por uso de alimentos osmóti- cos, problemas psicológicos, otite média secretora e asma brônquica.22 Recomenda-se que na suspeita de alergia alimentar seja feita uma anamnese detalhada e um exame físico completo, porém o valor da história clínica dependerá das informações do paciente. Por isso, considera-se de grande utilidade o uso de diários onde o paciente é orientado a anotar todos os alimentos consumidos durante um período determinado e todos os sintomas. Esta avaliação feita de forma prospectiva, independe da memória do paciente e está menos sujeita a erros do que os recordatorios. Sempre que possível, deve-se confrontar a clínica com testes duplo-cegos, em que se administra o ali- mento suspeito e um placebo, de forma alternada, para afastar interferências psicológicas. Apesar da resposta às dietas de eliminação ser con- siderada como teste padrão para o diagnóstico de aler- gia alimentar, diversos estudos têm demonstrado que menos de 50% das "reações alérgicas" aos alimentos são confirmadas por estudos de dupla-incógnita. Para confirmação da alergia alimentar, deve haver desaparecimento dos sintomas com exclusão do ali- mento e reaparecimento após sua introdução. Nos casos de urticaria, considera-se que deve haver uma melhora clínica de pelo menos 80%, após 3 semanas de exclusão. Diversos testes diagnósticos têm sido propostos para avaliar o paciente com alergia alimentar. A eficá- cia dos testes depende dos seguintes fatores: sensibi- lidade, especificidade, reprodutibilidade e segurança. Além disso, também devem ser considerados con- veniência e custo. Na prática clínica, os exames mais utilizados são os testes cutâneos, os de provocação oral e os imunológi- cos. Alguns autores recomendam fazer biopsia antes e após o teste de provocação oral para confirmação da alergia alimentar, utilizando critérios clínico patológi- cos. Polanco et al.25, referem que as biopsias não são essenciais para o diagnóstico de alergia alimentar, porque nem sempre se observa uma boa correlação entre a clínica e os achados histopatológicos. Além disso, o quadro histológico da enteropatia por leite de vaca é inespecífico, observando-se geralmente uma atrofia leve a moderada da mucosa, com maior redução das vilosidades do que das criptas, com um aumento moderado de linfócitos intra-epiteliais, o mesmo pode ser observado na enteropatia pós- enterite ocasionada por infecções por giardia, crip- tosporídios e Escherichia coli enteropatogênica.37 As dosagens de liberação de histamina, transfor- mação linfocitária, provocação sob endoscopia não serão discutidos neste artigo, pois são indicados ape- nas por especialistas. 1. Testes Cutâneos A segurança, sensibilidade e reprodutibilidade dos testes cutâneos já foi estabelecida. Os testes cutâneos podem ser realizados de várias formas: arranhadura, punção ou injeção intradérmica do extrato, sendo estes últimos mais sensíveis, porém com maiores riscos para o paciente. Os testes cutâneos são utilizados para verificar a resposta mediada por IgE (tipo I), que é do tipo ime- diato e ocorre dentro de 15 minutos. Pode haver uma fase tardia, mediada por IgE, em indivíduos mais sen- síveis, que ocorre após 6 a 12 horas, mas que só irá ocorrer em indivíduos que também apresentem resposta imediata. O fenômeno do tipo Arthus (reação do tipo III) é uma resposta mediada por IgG, que ocorre 6 a 8 horas após contato, não produzindo reações imediatas e a resposta alérgica do tipo IV (hipersensibilidade retardada) só se inicia várias horas após contato (24 a 48 horas). Portanto, as reações alér- gicas do tipo III e IV não podem ser avaliadas pelos testes cutâneos (Prick Test e teste dermatológico).^ Entre os testes cutâneos, o Prick Test é considerado um bom meio para identificação ou exclusão de aler- gia alimentar mediada por IgE, quando baseado na história clínica. Se os sintomas são consistentes com reação alérgica mediada por IgE (anafilaxia, urticaria, asma, rinite) o Prick Test deve ser feito utilizando-se antígenos alimentares padronizados, controle positivo com histamina e controle negativo com solução salina. Para realização do teste o paciente não deve receber drogas anti-histamínicas por pelo menos 3 a 5 dias antes da realização do teste, deve-se evitar altas con- centrações do antígeno, que produzem reações inespecíficas em 16 a 50% dos indivíduos, geralmente atribuídas ao glicerol, usado como estabilizante. Além disso, deve-se verificar as condições técnicas e o tempo de leitura do teste, lembrando que algumas reações causadas por liberação de histamina tem pico entre 10 e 12 minutos, enquanto que as reações alér- gicas ocorrem após 15 minutos, devendo-se interpre- tar os testes sempre de forma cautelosa. 3435 Considera-se o teste positivo quando se obtém um halo eritematoso > 3 mm em relação ao controle ne- gativo. Quando o resultado é positivo, existe a possi- bilidade de que a sintomatologia realmente se deve a alergia, mas o valor preditivo positivo do teste é baixo (50%). Um resultado negativo, no entanto, é um exce- lente meio para afastar alergia alimentar mediada por IgE, quando se utilizam extratos de boa qualidade, pois o valor preditivo negativo do teste é alto (>95%). Resultados falso-negativos podem ser encontrados quando se utilizam antígenos de frutas ou vegetais, que são muito lábeis, e quando se faz o teste em cri- anças com menos de dois anos. 2. Testes Imunolõgicos O teste imunológico mais utilizado para detecção de alergia alimentar é o radiallergosorbent test (RAST), que é considerado positivo quando > 2+, mas que apresenta maior especificidade quando > 3+. Existem discrepancias na literatura sobre o valor do RAST. Alguns investigadores relatam excelente sensibilidade e especificidade para o RAST, achando-o superior aos testes cutâneos, enquanto que outros consideram o RAST menos sensível que o Prick Test. Ambos os testes apresentam alto valor preditivo negativo (82 e 100%). O RAST tem a vantagem de poder ser realiza- do em indivíduos em uso de anti-histamínicos ou com problemas dermatológicos, como dermatite generali- zada e dermografismo. Além disso, por ser realizado in vitro, é muito seguro. Seus inconvenientes são a alta incidência de resultados falso-positivo e de falso-ne- gativos, em torno de 25%, e o alto custo.2? Isolauri et ai.16 referem que o RAST pode continuar positivo mesmo após o indivíduo desenvolver tolerân- cia clínica ao alimento alergênico. 3. Testes de Provocação Oral Até o presente os testes de provocação oral são con- siderados como padrão-ouro ou o método mais definitivo para o diagnóstico de alergia alimentar, devendo ser realizados experimentos duplo-cego e controlados, para afastar os fatores de erro. A história não é confiável, exceto para as reações anafiláticas imediatas mais graves, mas pode auxiliar na identifi- cação dos alimentos suspeitos. O alimento a ser testa- do deve ter sido excluído da dieta por 7 a 14 dias antes do teste. Geralmente quando o problema é gas- trointestinal espera-se um tempo maior (2 a 3 meses) para a experimentação.Geralmente, indica-se a rein- trodução do alimento suspeito somente após os 6 meses de idade. Quando as manifestações de alergia ocorrerem em lactentes jovens, especialmente quando os sintomas tiverem caráter anafilático (história de urticárica aguda, choque anafilático), existe um maior risco em fazer testes clínicos para confirmação diag- nostica, recomendando-se aguardar para reintroduzir o alimento suspeito após um ou dois anos de idade e nesta situação o alimento suspeito só deve ser reintro- duzido sob rigorosa supervisão médica, usualmente em ambiente hospitalar. A experiência do médico em diferenciar entre as diversas doenças que se manifes- tam com sintomas semelhantes é, portanto, muito mais importante do que qualquer teste diagnóstico in vitro ou in vivo?1 Se com a exclusão do alimento suspeito os sintomas não desaparecem, o diagnóstico de alergia alimentar é muito improvável. O uso de anti-histamínicos deve ter sido interrompido pelo menos 5 dias antes do início do teste, que deve ser realizado inicialmente com doses pequenas (improváveis de causar sintomas), que devem ser aumentadas a cada 15 ou 30 minutos. Como existe a possibilidade de reações de caráter anafilático, estes testes só devem ser realizados sob rigorosa vigilância médica. Raramente existem reações falso-negativas, que podem ocorrer quando se admi- nistra quantidade insuficiente do antígeno ou quando a liofilização do antígeno alimentar altera os epítopos antigênicos. A experiência do médico em diferenciar entre as diversas doenças que se manifestam com sin- tomas semelhantes é, portanto, muito mais importante do que qualquer teste diagnóstico in vitro ou in vivo.6 O diagnóstico presuntivo de alergia alimentar baseado apenas na historia, testes cutâneos ou RAST não é aceitável, devendo ser confirmado pelo teste de provocação oral, exceto em casos de anafilaxia grave após ingestão de um alimento isolado. Sabe-se que aproximadamente 30% das crianças desenvolvem tole- rância clínica após um a dois anos com dieta de exclusão, época em que se deveria testar a perda de reatividade ao alimento alergênico.6 História Natural da Alergia Alimentar Existem poucos estudos sobre a história natural da alergia alimentar, a maioria dos estudos prospectivos é sobre as reações ao leite de vaca. A prevalência das reações adversas ao leite de vaca está em torno de l a 3%, sendo que até os dois anos ocorre resolução espontânea em 60 a 90%. A maioria dessas reações não é mediada por IgE, tratando-se de intolerância e não de alergia alimentar. Os poucos casos de verda- deira alergia alimentar geralmente levam ao surgimen- to de altos títulos de anticorpos contra as frações pro- teicas do leite de vaca, que podem ser detectados pelo RAST, e nestes casos é mais difícil surgir tolerância. Por estes motivos, recomenda-se evitar a exposição precoce a alimentos sabidamente alergênicos, espe- cialmente em crianças com antecedentes pessoais ou familiares de atopia e recomenda-se ofertar os alimen- tos de origem animal, especialmente os mais alergêni- cos como o ovo, sempre cozidos. Os poucos casos de verdadeira alergia alimentar, levam ao desenvolvimen- to de altos títulos de anticorpos detectados pelo RAST, e parecem desenvolver tolerância mais raramente do que quando existe baixa produção de anticorpos. Bock2, seguiu 87 crianças com alergia alimentar confirmada por trocas duplo-cegas, e notou que entre l e 7 anos de seguimento muitas deixavam de apre- sentar reações aos alimentos testados. Quando o diag- nóstico era realizado antes dos 3 anos de idade, 44% passavam a ser tolerantes, e quando após os três anos, apenas 19% passavam a tolerar o alimento. Sampson & Mc Caskill26 estudando crianças com dermatite atópica e alergia alimentar, também notaram que muitas desenvolviam tolerância após um a dois anos de seguimento. Prevenção das Doenças Alérgicas na Infância Durante a infância a acidez gástrica, a atividade proteolítica, a produção e secreção do muco jejunal, e o sistema imunológico, tanto sistêmico como gastroin- testinal, sofrem um processo de maturação, que diminui a permeabilidade intestinal a macromoléculas. Sabe-se que todas as crianças jovens desenvolvem anticorpos do tipo preciptina após ingerirem o leite de vaca e que a produção de anticorpos é tanto maior quanto mais jovem for a criança^ Pesquisas em roedores também têm demonstrado que a exposição a antígenos ainda durante o período pré-natal pode levar à sensibilização e que, sob certas condições, o próprio leite materno é capaz de sensibi- lizar a criança ou de causar sintomas em crianças pre- viamente sensibilizadas. A forma pela qual o indivíduo se torna sensível ou tolerante aos antígenos ainda é pouco conhecida, mas sabe-se que as manifestações alérgicas dependem não apenas da hereditariedade, mas também de um grande número de fatores ambi- entais. 33 Portanto, estimular o aleitamento materno, evitar a exposição a antígenos durante a gravidez e a lactação e retardar a introdução de alimentos sólidos são os principais fatores capazes de diminuir a incidência de manifestações alérgicas em populações de alto risco.22 O uso profilático de dietas hipoalergênicas, à base de soja ou de fórmulas com hidrolizados proteicos, como substitutos do leite de vaca, na impossibilidade de manter o aleitamento materno exclusivo, ainda é objeto de estudos e controvérsias na literatura, deven- do-se pesar cuidadosamente os riscos, benefícios e custos destas dietas.?-8 Conclusões Crianças com menos de 3 anos, quando apresen- tam reações adversas aos alimentos tendem a superar o problema após um período variável de tempo com dieta de exclusão, mas observa-se que a alergia ali- mentar mediada por IgE apresenta maior tendência a persistir de que a intolerância alimentar. A alergia alimentar ainda é um problema não resolvido no campo das doenças alérgicas devido ao incompleto conhecimento sobre sua patogênese e a habilidade do médico em avaliar clinicamente o paciente e diferenciar as diversas patologias que causam sintomas semelhantes tem mais valor do que qualquer exame laboratorial na investigação de cri- anças com suspeita de alergia alimentar. Summary: Adverse food reactions in childhood: Food intolerance and food allergy - An update In this article the author discuss the pediatric evaluation of children with adverse food reac- tions and describes clinical approach and assays, such as SKIN TESTS (PRICK TEST), BAST, and DOUBLE-BLIND, PLACEBO CONTROLLED FOOD CHALLENGES. It's emphasized that the skill of the physician in differentiating between illness persisting with similar clinical patterns is far more important than the result of any labo- ratorial assay. Referências Bibliográficas 1. 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