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PUC Minas Virtual • 1 Cálculo I Funções quadráticas Notas de aula 3 Introdução Nesta unidade, estudaremos a função quadrática ou função do segundo grau. Seu gráfico é uma parábola, termo de origem grega que significa jogar longe (para – longe, balein – jogar). Ela aparece na descrição da queda de corpos, no movimento de projéteis, no estudo de ótica (lentes e espelhos) e de outros fenômenos. Você já conhece esta função! É dela que vêm as equações e inequações do segundo grau, que você estuda desde a oitava série do Ensino Fundamental. É importante que você saiba manipular bem esta função e, sobretudo, conheça bem o seu gráfico e suas propriedades. 3.1 Construindo quadrados com varetas Título: Unidade 03 Autor: Jonas Lachini Orientações • Estude atentamente as Notas de Aula 3. Analise com bastante cuidado os exemplos apresentados e os exercícios resolvidos. • Estude este assunto em um livro de Cálculo. O Questionário 3 pode ajudá-lo nessa tarefa. • Resolva os Exercícios 3. As questões neles propostas servem para você fixar conceitos e melhorar sua habilidade em lidar com conceitos do Cálculo. • Não deixe de esclarecer suas dúvidas. Para isso, recorra ao correio acadêmico, ao fórum de discussão, aos chats ou, melhor ainda, a seu grupo de estudos de Cálculo. Leia sempre o quadro de avisos! PUC Minas Virtual • 2 Um artesão constrói quadrados com varetas cujos comprimentos, medidos em centímetros, são números inteiros que variam de um a dez centímetros. A medida da área A de cada quadrado é função do comprimento do seu lado l. Na Tabela 3.1 estão alguns valores do lado l e os valores correspondentes da medida da área A. l (em centímetros) 1 2 3 4 5 ... 9 10 A (em centímetros quadrados) 1 4 9 16 25 ... 81 100 Tabela 3.1 Observando os valores dessa tabela, podemos concluir que não se trata de uma função linear porque a taxa de variação da medida da área em relação à variação do comprimento do lado não é constante. Podemos verificar, por exemplo, que, quando o comprimento do lado passa de 2 cm para 3 cm, a medida da área do quadrado passa de 24cm para 29cm , ou seja, 5 1 49 23 )2()3( = − = − − = ∆ ∆ AA l A ; porém, quando o comprimento do lado vai de 4 cm para 5cm, a medida da área varia de 216cm para 225cm , ou seja, 9 1 1625 45 )4()5( = − = − − = ∆ ∆ AA l A . Esses valores mostram duas variações distintas da função área: uma de cm cm 1 5 2 (centímetros quadrados por centímetro) e outra de cm cm 1 9 2 . A variação da área é proporcional à variação do quadrado do comprimento do lado. Em matemática, escrevemos: 2lkA = (onde k é a constante de proporcionalidade). Como o ponto (3, 9) pertence ao gráfico dessa função, temos: 13.9 2 =⇒= kk . Assim, a função é dada pela fórmula: 2lA = . Figura 3.1 PUC Minas Virtual • 3 Na Figura 3.1, está o gráfico da função 2lA = , cujo domínio é { }10,,3,2,1 L=D e cujo conjunto-imagem é { }100,,16,9,4,1Im L= . Observe que esse gráfico é constituído de pontos separados porque no domínio da função aparecem apenas números inteiros. Ligando esses pontos por um traço contínuo, obtemos uma curva que é o segmento de uma parábola. 3.2 Viajando com uma laranja Uma laranja é jogada verticalmente para o alto, com velocidade de 15 metros por segundo, no instante 0=t . Sua altura h (em metros) acima do solo, no instante t (em segundos), é dada pela equação tth 155 2 +−= . O gráfico dessa função h é uma parábola voltada para baixo. Observe, à esquerda na Figura 3.2, a trajetória da laranja, que só se movimenta na vertical e cai no mesmo ponto do qual partiu. A parábola, à direita na mesma figura, não é o gráfico da trajetória, mas sim da altura h em função do tempo t; em outros termos, a parábola indica a variação da altura em relação à variação do tempo. Figura 3.2 As interseções do gráfico com o eixo horizontal são obtidas fazendo-se 0=h na fórmula da função, ou seja, tt 1550 2 +−= . Resolvendo essa equação, temos 0=t ou 3=t . O movimento da laranja ocorre, pois, entre 0=t , instante em que a laranja é jogada, e 3=t , momento em que cai no chão. Na metade de sua viagem, no instante st 5,1= , a laranja atinge o ponto mais alto: mh 25,115,1.15)5,1(.5)5,1( 2 =+−= . A laranja se encontra a 10 metros do chão nos instantes st 1= e st 2= ; a altura é igual a 5 metros para st 38,0= e também para st 62,2= . Podemos observar que a taxa de variação da altura h é positiva quando a laranja está subindo e negativa quando a laranja está descendo: PUC Minas Virtual • 4 s mhh t h 06,8 62,0 510 38,01 )38,0()1( = − = − − = ∆ ∆ (velocidade média com que a laranja sobe); s mhh t h 06,8 62,0 105 262,2 )2()62,2( −= − = − − = ∆ ∆ (velocidade média com que a laranja desce). As funções 2lA = e tth 155 2 +−= são exemplos de funções quadráticas, também chamadas de funções do segundo grau porque o maior grau da variável independente é dois. 3.3 A fórmula e o gráfico de uma função quadrática De modo geral, a função quadrática tem a forma cbxaxy ++= 2 , onde a, b e c são números reais, com 0≠a . O gráfico da função quadrática é sempre uma parábola, côncava para cima ou côncava para baixo. Na Figura 3.3 está o gráfico da função quadrática 2xy = . O valor da variável dependente y é proporcional ao valor do quadrado da variável independente x. Figura 3.3 Na Tabela 3.2, estão alguns valores de x e os correspondentes valores de y ; na terceira linha, estão valores da variação y∆ para uma variação .1=∆x ∆ x – 3 – 2 – 1 0 1 2 3 2xy = 9 4 1 0 1 4 9 y∆ – 5 – 3 – 1 1 3 5 Tabela 3.2 PUC Minas Virtual • 5 A taxa de variação x y ∆ ∆ é negativa quando são tomados dois valores de y correspondentes a valores de x à esquerda da origem, fato que indica ser essa função decrescente no intervalo ( ]0,∞− ; por outro lado, a taxa de variação x y ∆ ∆ é positiva quando são considerados valores de x à direita da origem, o que mostra ser essa função crescente no intervalo [ )∞+,0 . Lembre-se de que x∆ é sempre positivo. 3.4 As raízes ou os zeros de uma função quadrática Uma raiz ou um zero de uma função )(xfy = é o valor de x para o qual 0)( =xf . Geometricamente, os zeros de uma função são os valores de x em que o seu gráfico cruza ou toca o eixo x. (O eixo x é a reta 0=y ). Nem toda função tem gráfico que toca ou cruza o eixo horizontal; portanto, nem toda função tem zeros ou raízes. A função 42 += xy , por exemplo, não tem zeros. O gráfico da função cbxaxy ++= 2 , com 0≠a , é uma parábola, quaisquer que sejam os valores dos coeficientes a , b e c. Quando 0>a , a parábola se abre para cima e existem três possibilidades para os zeros dessa função e essas são mostradas na Figura 3.4. Figura 3.4 Como já sabemos, as raízes da equação quadrática 02 =++ cbxax são dadas pela fórmula. a acbb x 2 42 −±− = . As três possibilidades mostradas na Figura 3.4 correspondem, respectivamente, às condições algébricas: 042 >− acb (duas raízes reais distintas) 042 =− acb (uma raiz real dupla) 042 <− acb (sem raízes reais) O ponto mais baixo do gráfico da função quadrática é o vértice da parábola e suas coordenadas são a b xV 2 −= e a yV 4 ∆− = (onde acb 42 −=∆ ). Observe que ) 2 ( a bfyV −= . PUC Minas Virtual • 6 3.5 O gráfico da função quadrática O problema de construir o gráfico de uma função quadrática dada por meio de sua fórmula ébem simples (mesmo sem utilizar uma calculadora), conforme podemos verificar nos dois exemplos a seguir. Exemplo 1 Esboce o gráfico da função 123)( 2 −−= xxxf . a) Determinamos as coordenadas do vértice: 3 1 3.2 2 2 = − −=−= a b xV ; 3 4 12 16 3.4 )1(.3.4)2( 4 2 −=−= −−− −= ∆ −= a yV b) Determinamos dois pontos da parábola, um à esquerda do vértice e outro à direita do vértice: 41)1(.2)1(.3)1( 2 =−−−−=−f . O ponto (-1, 4) pertence ao gráfico de f. 712.22.3)2( 2 =−−=f . O ponto (2, 7) pertence ao gráfico de f. c) Plotamos os pontos (-1, 4), (2, 7) e ) 3 4 , 3 1( − , ligando-os por meio de uma curva que tenha a forma de uma parábola. A reta vertical que passa pelo vértice é o eixo de simetria da parábola; ela funciona como um espelho que reflete à direita o traço desenhado a sua esquerda e vice-versa. Veja a Figura 3.5. Figura 3.5 Exemplo 2 Uma bola é atirada para cima do topo de um edifício com 96 pés de altura, com velocidade inicial de 16 pés por segundo. Sua altura h (em pés) acima do solo, t segundos após ser atirada, é dada pela função 2161696 tth −+= . Esboce o gráfico da altura versus tempo. a) Determinamos as raízes da função: PUC Minas Virtual • 7 32 32 80160961616 2 =−=⇒±=⇒=−− toutttt b) Determinamos o vértice da parábola: 2 1 2 32 = +− =Vt (a abscissa do vértice é a média aritmética das raízes) 1004896) 2 1( =−+== hhV (a ordenada do vértice é )( Vth ) c) Plotando os três pontos determinados, (-2, 0), (3, 0) e ( 2 1 , 100), e considerando que o domínio dessa função é o intervalo [ 0, 3 ], podemos esboçar o gráfico de h. Figura 3.6 Também é bem simples o problema de achar uma possível fórmula para a função quadrática dada por meio de seu gráfico ou de uma tabela de valores. Consideremos dois exemplos. Exemplo 3 Determine uma possível fórmula para a função quadrática cujo gráfico é dado na Figura 3.7. Figura 3.7 PUC Minas Virtual • 8 a) No gráfico, aparecem as raízes da função 1−=x e 3=x . Então, a função é da forma )3()1( −+= xxay . Como a parábola é côncava para baixo, a é negativo. b) Não há como calcular o valor de a porque não foram dadas as coordenadas de nenhum ponto fora do eixo x. Assim o problema tem muitas respostas. c) Estimando que o gráfico corte o eixo y no ponto (0, 4), podemos determinar o valor de a, fazendo 4)0( =y . Então, temos: 3 4)30()10(4 −=⇒−+= aa . d) Assim, a função tem como fórmula )3()1( 3 4 −+−= xxy ou, efetuando o produto, 4 3 8 3 4 2 ++−= xxy . Exemplo 4 Uma espaçonave subiu até uma altitude de 192 km, e depois caiu no mar, totalizando um vôo de 16 minutos. Determine a fórmula da função que dá a altitude y (em quilômetros) em função do tempo, t minutos após a decolagem. a) Com os dados do problema, podemos fazer a seguinte tabela de valores: t (em minutos) 0 8 16 y (em quilômetros) 0 192 0 Tabela 3.3 b) Com os valores da tabela, podemos escrever: )16()0( −−= ttay e, considerando que o ponto (8, 192) pertence à curva, 3)168()08(192 −=⇒−−= aa . c) Assim, a função tem como fórmula )16()0(3 −−−= tty ou, efetuando o produto, tty 483 2 +−= , com 160 ≤≤ t . PUC Minas Virtual • 9 3.6 Exercícios resolvidos e comentados 1) Na figura, estão os gráficos da reta r e da parábola 2y x 3x= − . Determine a equação da reta r e o valor da ordenada b, sabendo que os pontos de interseção dessas curvas ( a reta e a parábola) são 1 2B( 1, y ) e A (2, y )− . Solução Os pontos 1 2B( 1, y ) e A (2, y )− pertencem à parábola 2y x 3x= − . Portanto, 2 1y ( 1) 3 ( 1) 4= − − ⋅ − = e 22y 2 3 2 2= − ⋅ = − . Assim, os pontos comuns à parábola e à reta r são ( 1,4) e (2, 2)− − . Então, r é a reta que passa por esses dois pontos e, em conseqüência, seu coeficiente angular é 2 4 6 m 2 2 ( 1) 3 − − − = = = − − e sua equação é y 4 2(x 1)− = − + ou y 2x 2= − + . Como o ponto (0,b) está sobre a reta r, temos: b 2 0 2 b 2= − × + ⇒ = . Orientações: A resolução e comentários dos exercícios contêm os diversos conceitos estudados na Capítulo 3 e ajudam na fixação desses conceitos. Servem ainda como sugestões para a resolução das questões das atividades. Sempre que tiver dúvida a respeito de qualquer afirmativa aqui feita, você deverá procurar esclarecimento, revendo os textos estudados ou solicitando orientação pelo correio acadêmico. Para o estudo desses exercícios, você deve dispor de lápis e papel. Não se pode fazer esse estudo como se faz a leitura de notícias de jornal; é preciso estar atento aos detalhes e, ao final, compor uma visão bem completa do problema PUC Minas Virtual • 10 2) O gráfico da função cbxxaxf ++= 2)( passa pelo ponto (5,8) , tem vértice em (2, 1)− e corta o eixo das ordenadas no ponto (0,3) . Com base nessas informações: (a) estabeleça a equação dessa função; (b) determine as suas raízes e (c) esboce seu gráfico. Solução a) Se o ponto (5,8) pertence ao gráfico da função cxbxa)x(f 2 ++= , podemos escrever: 2a .5 5b c 8 25a 5b c 8+ + = ⇒ + + = . Como (2, 1)− é o vértice da parábola cxbxa)x(f 2 ++= , b2 b 4a 2a = − ⇒ = − . Já que o ponto (0,3) pertence à parábola cxbxa)x(f 2 ++= , temos: 2a 0 b 0 c 3 c 3× + × + = ⇒ = . Usando as igualdades encontradas até aqui, podemos achar o valor dos parâmetros da equação da parábola, conforme indicado a seguir: 25a 5b c 8 b 4a a 1, b 4 e c 3 c 3 + + = = − ⇒ = = − = = Então, a equação da parábola é 2f (x) x 4 x 3= − + b) Para determinar as raízes, resolvemos a equação: 2 4 2 x 4 x 3 0 x x 1 ou x 3 2 ± − + = ⇒ = ⇒ = = c) O gráfico da função 2f (x) x 4 x 3= − + está a seguir: 3) Escreva uma possível fórmula para a função quadrática cujo gráfico aparece a seguir: PUC Minas Virtual • 11 Solução Supondo que a função tenha como raízes x 2= − e x 3= , podemos afirmar que sua equação é da forma f (x) k (x 2)(x 3)= + − , uma vez que a função é quadrática. Além disso, estimando que o gráfico corte o eixo das ordenadas no ponto (0,12) , temos: f (0) 12 k(0 2)(0 3) 12 k 2= ⇒ + − = ⇒ = − Portanto, uma possível fórmula para a função representada nesse gráfico é 2f (x) 2x 2x 12= − + + Questionário 3 Estude, em um livro de Cálculo, a parábola como gráfico da função quadrática. Depois disso, considerando 0<a , na equação cxbxay ++= 2 , responda às seguintes perguntas: 1) Quais são as três possibilidades para os zeros dessa função? Dê um exemplo e esboce o gráfico para cada uma dessas possibilidades. 2) Quais são as coordenadas do vértice da parábola que é o gráfico dessa função? 3) O que vem a ser o eixo de simetria da parábola? Escreva a equação desse eixo de simetria. 4) Como é a variação de sinal dessa função? 5) Em que intervalo essa função é crescente? Em que intervalo é decrescente? Exercícios 3 1) Se cbxxaxf ++= 2)( , que afirmativas você pode fazer a respeito dos parâmetros a, b e c em cada uma das situações abaixo: a) O ponto (1, 1) está no gráfico de f. b) O vértice do gráfico de f é o ponto (1,1). (Talvez você queira usar o fato de que a equação para o eixo de simetria da parábola é a b x 2 −= ). PUC Minas Virtual • 12 c) A interseção com o eixo y é (0,6). d) Encontre uma função quadrática que satisfaça todas as três condições anteriores. 2) Escreva uma possível fórmula para a função quadráticacujo gráfico vem a seguir: 3) Uma bola é jogada do chão verticalmente para cima, com velocidade de 20 metros por segundo, no instante 0=t . Sua altura no instante t é dada pela função tttf 205)( 2 +−= . Encontre o instante em que ela bate no chão e o instante em que atinge o ponto mais alto. Qual é a altura máxima atingida pela bola? 4) A altura de um objeto acima do solo, num instante t, é dada por 20 2 t g tvs −= , onde 0v representa a velocidade inicial e g é uma constante chamada aceleração da gravidade. a) Qual é a altura inicial do objeto? b) Quanto tempo o objeto permanece no ar? c) Em que instante o objeto atinge sua altura máxima? d) Qual é a altura máxima? 5) Determine o domínio e a imagem ou a variação de cada uma das funções: a) 542 −−= xxy b) 22 −−= xxy c) )2(cos 2 xxy −= d) 32 4 2 −+ = xx y 6) Se b x x =+ 1 , calcule 2 2 1 x x + . 7) Use o resultado do exercício 6 para resolver a equação: 01585 22 =+−+− xx xx . 8) Um atleta treina diariamente correndo 30 km. Se corresse 2 km a mais por hora, seu treino duraria meia hora a menos. Quanto tempo dura o treino?
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