Buscar

análise jurídica do filme mercador de veneza

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

O Mercador de Veneza de William Shakespeare se envolve um drama romântico e questões jurídicas de uma época marcada pela ascensão do comércio, e das grandes navegações. O filme diz respeito a um empréstimo contraído por Antonio a um judeu Shylock, que era acostumado à prática de empréstimo de dinheiro a juros. Pelos maus tratamentos oriundos da perseguição aos judeus e por baixar os juros emprestando dinheiro gratuitamente Shylock poderia se vingar de Antonio com o contrato que foi firmado, caso houvesse o inadimplemento do estabelecido. A sanção para tanto seria ter uma libra de carne arrancada de qualquer parte do corpo o que não preocupava Antonio uma, vez que possuía barcos mercantes que garantiriam o pagamento e por conseguinte, sua integridade física.
No desenrolar da trama, Bassamio beneficiado com o empréstimo tomado e grande amigo de Antanio casa-se com sua amada Porcia. Seu amigo o devedor Antonio, tem os barcos perdidos em alto mar e fica sem meios para pagar o judeu que exige a execução do contrato e da sanção combinada.
De acordo com um dos princípios centrais da Teoria dos Contratos, o da autonomia privada houve o consentimento de ambas as partes na estipulação do contrato. Ninguém é obrigado a contratar, logo houve uma vontade convergente das partes com estipulação das cláusulas contratuais, respeitando os limites da Lei, que na época, não proibia a sanção negociada. Portanto, com a celebração feita, o acordado deve ser cumprido como se fosse lei, o “pacta sunt servanda”, como defende o princípio da obrigatoriedade.
De acordo com o Código Civil Brasileiro de 2002, pode-se questionar a validade da garantia no contrato, que era a retirada de uma libra de carne. Tal estipulação seria algo ilícito, como expressa o artigo 13. Pelo ordenamento mencionado, tem-se a impossibilidade jurídica do objeto, em razão da ilicitude advinda de tal ato. Porém, com a jurisdição de Veneza, a validade da garantia parecia ser lícita, já que houve o registro do contrato pelas partes. Além disso, posteriormente, há a exigência perante o tribunal do cumprimento de seu direito.
Retomada a história, nota-se a noiva de Bassanio e Porcia, vestida de juiz interferindo no julgamento em favor de Antonio. Por meio da retórica, ela, de maneira vitoriosa, consegue inverter a situação, condenando o judeu e ainda gera uma indenização considerável a Antonio. Para tanto, ela se utiliza do argumento do cumprimento do que está apenas expresso no contrato, exigindo a garantia, porém sem derramar uma gota de sangue uma vez que seria extrapolar os limites do contrato, haja vista que não estava acordado o derramamento de sangue. 
Em nosso ordenamento, é consagrado que a técnica de interpretação deve buscar coerência com os direitos fundamentais a dignidade humana que defende o bem estar e a integridade física e a função social do contrato, encaixando esses fundamentos a cada situação concreta. Relacionando com a obra a cláusula do contrato seria ilícita ou juridicamente impossível, mas para o Direito da época com todos os costumes e tradições que o cercavam aparentava ser possível de ser executada como se pode notar pelo posicionamento do tribunal ao não questionar a sua validade.
O julgamento deixa a desejar uma vez que os usos e costumes da época favoreceriam Shylock e caso não o favorecesse deveria ser alegada a sua má-fé, por causa da recusa do dobro da quantia devida oferecida por Bassanio, provando que a sua intenção na realidade era se vingar se de Antonio. 
Referências Bibliográficas:
O filme Baseado na peça teatral de William Shakespeare. Produção de Cary Brokaw, Michael Cowan, Barry Navidi e Jason Piette. Sony Pictures Classics / California Filmes, 2004 (EUA).

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando