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A construção das relações topológicas, projetivas e euclidianas na criança. Este texto tem como objetivo abordar a trajetória da construção das relações espaciais na criança no âmbito da Geografia escolar. As primeiras noções construídas pela criança são referentes ao espaço prático, da ação, que ela constroi por meio dos sentidos e através dos seus próprios deslocamentos. Com o aparecimento da linguagem e da representação simbólica em geral, começa a se constituir o espaço representativo, que reconstruirá em outro plano, tudo o que o perceptivo conquistou. As relações que conduzem a criança à construção da noção de espaço são denominadas relações topológicas, projetivas e euclidianas. Nós, na trajetória da vida, as empregamos indistintamente. No início do seu desenvolvimento, a criança constroi e utiliza percepção das relações elementares chamadas topológicas tais como: - vizinhança (objetos próximos uns dos outros e essa relação ganha mais importância quanto menor for a faixa etária nas crianças); - separação (ocupam posições distintas no espaço, a capacidade de dissociar elementos aumenta juntamente com a capacidade de análise); - ordem/sucessão (vizinhos e separados, distribuídos uns em seguida dos outros); - envolvimento/fechamento (interior, exterior, centralidade, proximidade, contorno); e - continuidade (pontos colocados em sequencia, esta traduz todas as outras noções). Estas servem de ponto de partida para as noções representativas, mais ou menos estruturadas do espaço intuitivo, ou seja, espaço pré-lógico, que coincide com a idade de sete anos da criança. Essas relações permitem que a criança diferencie figuras abertas e fechadas, mas não permitem que ela faça distinção entre um círculo e um quadrado e nem de distâncias. A reversibilidade nas relações espaciais acontece mais ou menos aos sete anos, quando já ocorre a conservação. As relações entre os objetos já se apresentam numa inversão de ordem e vizinhança. Nesta fase, os elementos são tomados mais isoladamente, sem ter a noção de conjunto e representação de relações. É conveniente recordar que empregaremos as relações topológicas pelo resto de nossas vidas. As relações que permitem a coordenação dos objetos entre si num dado ponto de vista são as projetivas. O espaço projetivo acrescenta ao topológico a necessidade de situar os objetos ou elementos de um mesmo objeto, um em relação aos outros. Porém, inicialmente estas não conservam as distâncias e as dimensões como um sistema de coordenadas, pois consideram seu ponto de vista como único. Citamos como exemplo, uma criança que não consegue reproduzir em desenhos vários brinquedos existentes no interior de uma caixa, pois ela, do seu ponto de vista só enxerga a tampa aberta e a frente da mesma, (comprimento e altura), estando perpendicular ao objeto. Quando possuir a coordenação dos pontos de vista passará a enxergar nos objetos, os elementos não acessíveis à visão, mas que permitem à criança concluir que se trata do mesmo objeto em diferentes posições. Como noções fundamentais que envolvem as relações projetivas destacam-se: direita e esquerda, frente e atrás, em cima e embaixo e ao lado de. As relações projetivas comportam três fases, que para o ensino da Geografia refletem na transposição da orientação corporal, para a orientação geográfica. Entre os cinco e oito anos a criança posiciona os objetos a partir do seu ponto de vista; dos oito até os onze do ponto de vista do outro, colocado à sua frente; e a partir dos onze e doze, colocando-se no lugar dos objetos distintos, quando solicitado a situá-los entre eles, o que já mostra a liberação do egocentrismo. Com a liberação do egocentrismo, a criança consegue, usando as relações projetivas, dar a posição de objetos nas três fases, ou seja, colocando vários objetos a sua frente, consegue localizá-los em relação aos outros, pois exerce movimentos espaciais de situação descentrada, até estabelecer as relações Norte/Sul e Leste/Oeste, num espaço de três dimensões ou no mapa. As relações euclidianas são simultâneas às projetivas e nelas se apoiam. Consideram os deslocamentos, as relações métricas (noções de distâncias, como sistema fixo de referência) e a colocação dos objetos coordenados entre si num sistema de coordenadas. Um aspecto importante de se frisar é que somente em nível das operações concretas que surgem as primeiras conservações verdadeiras como superfície, comprimento e distância, necessárias ao progresso subsequente do espaço propriamente métrico e quantificado. A partir daí tem-se o sistema de coordenadas que corresponde ao ponto de chegada de toda a construção psicológica do espaço euclidiano. A localização absoluta em Geografia é dada pela utilização de um sistema de coordenadas geométricas, iniciando com a construção de medidas espontâneas, pela representação dos eixos de coordenadas no próprio corpo, conservação de distancia e de comprimento. Cabe ressaltar, portanto, que somente pelos dez anos é que a criança coordena medidas de duas ou três dimensões e utiliza as referencias horizontal e vertical. Enfim, a criança que inicialmente partia do uso do seu próprio corpo como referencial para a localização dos objetos, começa a perceber que podem ser usados outros referenciais sem que isso altere a localização, sendo assim, situa os objetos a partir das relações espaciais entre eles, utilizado um sistema de coordenadas.
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