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Elementos do Crime: Culpabilidade, Imputabilidade e Punibilidade

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AULA 03: CRIME: ELEMENTOS (PARTE II): 
CULPABILIDADE (IMPUTABILIDADE); ERRO; 
PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO. 
SUMÁRIO PÁGINA 
Apresentação da aula e sumário 01 
I ± Culpabilidade 02 
II ± Punibilidade e sua extinção 22 
Lista das Questões 33 
Questões Comentadas 43 
Gabarito 70 
Olá, meus caros amigos concurseiros! Devorando os papiros? 
Na última aula nós iniciamos o estudo do crime, seu conceito e 
elementos, estudando os dois primeiros deles: O fato típico e a 
ilicitude. 
Hoje, a matéria é hard. Vamos finalizar o estudo dos elementos do 
Crime (Parte II - Culpabilidade), bem como a Imputabilidade 
(para a maioria, integrante da Culpabilidade) e a Punibilidade. 
Hoje temos quase 40 questões exclusivamente do 
CESPE/UnB, para reforçar nossa preparação! 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
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I ± CULPABILIDADE 
A culpabilidade nada mais é que o juízo de reprovabilidade acerca 
da conduta do agente, considerando-se suas circunstâncias 
pessoais. 
Diferentemente do que ocorre nos dois primeiros elementos (fato 
típico e ilicitude), onde se analisa o fato, na culpabilidade o objeto de 
estudo não é o fato, mas o agente. Daí alguns doutrinadores 
entenderem que a culpabilidade não integra o crime (por não estar 
relacionada ao fato criminoso, mas ao agente). Entretanto, vamos 
trabalhá-la como elemento do crime. 
Quatro teorias existem acerca da culpabilidade: 
A) Teoria psicológica ± Para essa teoria a culpabilidade era 
analisada sob o prisma da imputabilidade e da vontade (dolo e 
culpa). Esta teoria entende que o agente seria culpável se era 
imputável no momento do crime e se havia agido com dolo ou 
culpa. Vejam que essa teoria só pode ser utilizada por quem adota 
a teoria naturalística da conduta (pois o dolo e culpa estão na 
culpabilidade). Para os que adotam a teoria finalista (nosso Código 
penal), essa teoria acerca da culpabilidade é impossível, pois a 
teoria finalista aloca o dolo e a culpa na conduta, e, portanto, no 
fato típico; 
B) Teoria normativa ou psicológico-normativa ± Possui os 
mesmos elementos da primeira, mas agrega a eles a 
LQH[LJLELOLGDGH�GH�FRQGXWD�GLYHUVD��TXH�p�D�³SRVVLELOLGDGH�GH�DJLU�
FRQIRUPH�R�'LUHLWR´��3DUD�HVVD�WHRULD��PDLV�HYROXtGD��DLQGD�TXH�R�
agente fosse imputável e tivesse agido com dolo ou culpa, só seria 
culpável se no caso concreto lhe pudesse ser exigido um outro 
comportamento que não o comportamento criminoso; 
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C) Teoria normativa pura ± Essa já muda de ares. Já não mais 
considera o dolo e culpa como elementos da culpabilidade, mas do 
fato típico (seguindo a teoria finalista da conduta). Para esta 
teoria, os elementos da culpabilidade são: a) imputabilidade; b) 
potencial consciência da ilicitude; c) inexigibilidade de conduta 
diversa. A potencial consciência da ilicitude seria a análise 
concreta acerca das possibilidades que o agente tinha de conhecer 
o caráter ilícito de sua conduta. Vamos estudar cada um desses 
elementos mais à frente; 
D) Teoria limitada ± É A ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL. Possui 
os mesmos elementos da teoria normativa pura, mas difere dela 
ao tratar as descriminantes putativas. 
CUIDADO: Para parte da Doutrina, a teoria normativa pura se divide 
em: 
x Teoria extremada 
x Teoria limitada 
Para essa parcela da Doutrina, a teoria limitada faz parte da teoria 
normativa pura, sendo uma espécie dela. Mas o que diz a teoria 
extremada? Para a corrente que defende esta divisão a teoria extremada 
seria aquela que defende que todo erro é erro de proibição (exatamente o 
teor do entendimento da teoria normativa pura, segundo a outra divisão). 
Percebam, portanto, que a teoria limitada (seja qual for a corrente 
adotada) defende que o erro sobre circunstância fática é erro de tipo e o 
erro sobre circunstância normativa (ilicitude do fato) é erro de proibição. 
Já a teoria normativa pura (ou teoria extremada, de acordo com a 
segunda corrente) defende que toda e qualquer situação de erro é 
hipótese de erro de proibição. 
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Vamos estudar cada um dos elementos da culpabilidade e, ao final, 
estudaremos com mais detalhes o tratamento conferido pelas teorias às 
descriminantes putativas. 
1) IMPUTABILIDADE PENAL 
O Código Penal não define o que seria imputabilidade penal, apenas 
descreve as hipóteses em que ela não está presente. 
A imputabilidade penal pode ser conceituada como a capacidade 
mental de entender o caráter ilícito da conduta e de comportar-se 
conforme o Direito. 
Existem três sistemas acerca da imputabilidade: 
¾ Biológico ± Basta a existência de uma doença mental ou 
determinada idade para que o agente seja inimputável. É 
adotado no Brasil com relação aos menores de 18 anos. Trata-
se de critério meramente biológico: Se o agente tem menos de 
18 anos, é inimputável; 
¾ Psicológico ± Só se pode aferir a imputabilidade (ou não), na 
análise do caso concreto; 
¾ Biopsicológico ± Deve haver uma doença mental (critério 
biológico, legal, objetivo), mas o Juiz deve analisar no caso 
concreto se o agente era ou não capaz de entender o caráter 
ilícito da conduta e de se comportar conforme o Direito (critério 
psicológico). Essa foi a teoria adotada como REGRA pelo nosso 
Código Penal. 
CUIDADO! A imputabilidade penal deve ser aferida quando do fato. 
Assim, se A (menor com 17 anos e 11 meses de idade) sequestra B e o 
sequestro só termina quando A já era maior de 18 anos, este responde 
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pelo crime, pois nos crimes permanentes, entende-se que o tempo do 
crime é o momento em que cessa a atividade criminosa. 
Entretanto, imaginemos que Alfredo (com 17 anos) efetua disparos 
de arma de fogo contra Poliana, que entra em coma e vem a falecer seis 
meses depois, quando Alfredo já era maior de 18 anos. Nesse caso, 
Alfredo não responde pelo crime de homicídio, mas por ato infracional, 
nos termos do ECA, pois o crime se considera praticado quando da 
conduta, ainda que outro seja o momento do resultado. 
As causas de inimputabilidade estão previstas nos arts. 26, 27 e 28 
do CP: 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao 
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o 
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era 
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de 
determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Menores de dezoito anos 
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente 
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na 
legislação especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Emoção e paixão 
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Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - a emoção ou a paixão; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984)Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de 
efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, 
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da 
ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por 
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não 
possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de 
acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
Percebam que os critérios biológicos (circunstâncias que 
presumidamente retiram a capacidade de discernimento) estão 
grifados em preto, e os critérios psicológicos (análise efetiva da 
ausência de discernimento quanto à ilicitude do fato e 
possibilidade de agir conforme o Direito) estão grifados em 
vermelho. 
Para facilitar, ainda, o estudo de vocês, grifei em azul as hipóteses 
de semi-imputabilidade. 
Vamos explicar as hipóteses de inimputabilidade: 
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A) Menor de 18 anos 
Esse é um critério meramente biológico e taxativo: Se o agente 
é menor de 18 anos, responde perante o ECA não se aplicando a ele o CP, 
nos termos do art. 27 do CP. 
B) Doença mental e Desenvolvimento mental incompleto ou 
retardado 
No caso dos doentes mentais, deve-se analisar se o agente era 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da conduta ou se era 
parcialmente incapaz disso. No primeiro caso, será inimputável, ou seja, 
isento de pena. No segundo caso, será semi-imputável, e será aplicada 
pena, porém, reduzida de um a dois terços. 
Além dos doentes mentais, nesse grupo encontram-se ainda os 
silvícolas (índios), que são imputáveis (caso integrados à sociedade), 
semi-imputáveis (caso parcialmente integrados à sociedade), ou 
inimputáveis (caso não tenham se integrado de maneira nenhuma à 
sociedade, ou muito pouco). 
Nos dois casos acima, se o agente for inimputável, exclui-se a 
culpabilidade e ele é isento de pena. Se for semi-imputável, será 
considerado culpável (não se exclui a culpabilidade), mas sua pena será 
reduzida de um a dois terços. 
No caso de o agente ser inimputável, por ser menor de 18 anos, não 
há processo penal, respondendo perante o ECA. No caso de ser 
inimputável em razão de doença mental ou desenvolvimento incompleto, 
será isento de pena (absolvido), mas o Juiz aplicará uma medida de 
segurança (internação ou tratamento ambulatorial). Isso é o que se 
chama de sentença absolutória imprópria (Pois, apesar de conter 
uma absolvição, contém uma espécie de sanção penal). 
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No caso de o agente ser semi-imputável, ele não será isento 
de pena! Será condenado a uma pena, que será reduzida. Entretanto, a 
lei permite que o Juiz, diante do caso, substitua a pena privativa de 
liberdade por uma medida de segurança (internação ou tratamento 
ambulatorial). 
CUIDADO! O semi-imputável não pode cumprir a pena e depois a 
PHGLGD�GH�VHJXUDQoD��DQWLJR�VLVWHPD�GR�³GXSOR�ELQiULR´���$WXDOPHQWH��D�
medida de segurança só poder substitutiva da pena privativa de liberdade 
(sistema vicariante). 
C) Embriaguez 
Segundo o CP, a embriaguez não é uma hipótese de 
inimputabilidade, salvo se decorrente de caso fortuito ou força 
maior (E mesmo assim, deve ser completa e retirar totalmente a 
capacidade de discernimento do agente). 
Assim, imaginem que Poliana é embriagada por Carlos (que coloca 
álcool em seus drinks). Sem saber, Poliana ingere as bebidas alcoólicas e 
comete crime. Nesse caso, Poliana poderá ser inimputável ou semi-
imputável, a depender de seu nível de discernimento quando da prática 
da conduta. 
Vejamos o seguinte esquema: 
Embriaguez: 
Voluntária 
Culposa 
Acidental (caso fortuito ou força maior) 
Não excluem a 
imputabilidade 
COMPLETA ± agente 
é inimputável 
PARCIAL ± agente é 
semi-imputável 
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Em qualquer dos dois casos de embriaguez acidental, não será 
possível aplicação de medida de segurança, pois essa visa ao 
tratamento do agente considerado doente, e que oferece risco à 
sociedade. No caso da embriaguez acidental, o agente é sadio, tendo 
ingerido álcool por caso fortuito ou força maior. 
2) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE 
A potencial consciência da ilicitude é a possibilidade de o agente, de 
acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito do fato. Não se 
trata do parâmetro do homem médio, mas de uma análise da pessoa do 
agente. Assim, aquele que é formado em Direito, em tese, tem 
maior potencial consciência da ilicitude que aquele que nunca saiu 
de uma aldeia de pescadores e tem pouca instrução. É claro que 
isso varia de pessoa para pessoa e, principalmente, de crime para crime, 
pois alguns são do conhecimento geral (homicídio, roubo), e outros nem 
todos conhecem (bigamia, por exemplo). 
Quando o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita, 
comete erro de proibição (art. 21 do CP). 
O erro de proibição pode ser: 
¾ Escusável ± Nesse caso, era impossível àquele agente, 
naquele caso concreto, saber que sua conduta era contrária ao 
Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é 
isento de pena; 
¾ Inescusável ± Nesse caso, o erro do agente quanto à 
proibição da conduta não é tão perdoável, pois era possível, 
mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta 
ilícita. Assim, permanece a culpabilidade, respondendo pelo 
crime, com pena diminuída de um sexto a um terço (conforme 
o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude). 
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3) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA 
Não basta que o agente seja imputável, que tenha potencial 
conhecimento da ilicitude do fato, é necessário, ainda, que o agente 
pudesse agir de outro modo. 
EXEMPLO: imagine a situação de uma mãe que vê seu filho clamar 
por comida e, diante disso, rouba um cesto de pães. Nesse caso, a mãe 
era maior de idade, sabia que a conduta era ilícita, mas não se podia 
exigir que, naquelas circunstâncias, agisse de outro modo. Dessa forma, 
nesse caso, sua culpabilidade estaria excluída (isso sem comentar o 
princípio da bagatela, que excluiria a própria tipicidade, por ausência de 
lesão tutelável). 
Esse elemento da culpabilidade fundamenta duas causas de exclusão 
da culpabilidade: 
¾ Coação MORAL irresistível ± É o ato no qual uma pessoa 
coage outra a praticar determinado crime, sob a ameaça de lhe 
fazer algum mal grave. Ex.: Alberto coloca uma arma na 
cabeça de Poliana e diz que se ela não atirar em Romeu, 
matará seu filho, que está seqüestrado por seus comparsas. 
Nesse caso, não se pode exigir de Poliana que deixe de atirar 
em Romeu, pois está sob ameaça de um mal gravíssimo 
(morte do filho). Cuidado! O STF entende que se a coação é 
resistível (o mal não é tão grave assim), o coagido responde 
juntamente com o coator. Ex.: No mesmo caso anterior, 
imagine que ao invés de ameaçar matar o filho de Poliana, 
Alberto ameaçasse dar um tapa em Poliana caso ela não 
atirasse. Ora, nesse caso, o mal não é tão grave, e Poliana 
deveria tê-lo suportado ao invés de atirar.Se atirar e matar 
Romeu, responderá juntamente com Alberto por homicídio. 
Esse é o entendimento do STF! 
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¾ Obediência hierárquica ± É o ato cometido por alguém em 
cumprimento a uma ordem ilegal proferida por um superior 
hierárquico. Cuidado! A ordem não pode ser 
MANIFESTAMENTE ILEGAL. Se aquele que cumpre a ordem 
sabe que está cometendo uma ordem ilegal, responde pelo 
crime juntamente com aquele que deu a ordem. Se a ordem 
não é manifestamente ilegal aquele que apenas a cumpriu 
estará acobertado pela excludente de culpabilidade da 
inexigibilidade de conduta diversa. Ex.: Um Delegado 
experiente determina a dois policiais novatos que entre na casa 
de Marcelo e realizem sua prisão. Entretanto, o Delegado não 
possuía um mandado judicial para isso. Nesse caso, os policias 
não tinha como contrariar a ordem do Delegado, nem saber 
que ela era ilegal. 
Cuidado! Nesse caso, só se aplica aos funcionários públicos, 
não aos particulares! 
Com relação à coação mora irresistível, vocês podem perceber que 
eu coloquei a expUHVVmR� ³025$/´� HP�FDL[D�DOWD��Foi para deixar BEM 
CLARO que somente a coação MORAL irresistível é que exclui a 
culpabilidade (por inexigibilidade de conduta diversa). A coação 
FÍSICA irresistível NÃO EXCLUI A CULPABILIDADE. A coação FÍSICA 
irresistível EXCLUI A TIPICIDADE, pois o fato não será típico por 
ausência de CONDUTA, já que não há vontade. 
4) ERRO 
A) ERRO DE TIPO 
Sabemos que o crime, em seu conceito analítico, é formado 
basicamente por três elementos: Fato típico (para alguns, tipicidade, mas 
a nomenclatura aqui é irrelevante), ilicitude e culpabilidade. 
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Quando o agente comete um fato que se amolda perfeitamente à 
conduta descrita no tipo penal (direta ou indiretamente), temos um fato 
típico e, como disse, estará presente, portanto, a tipicidade. 
Pode ocorrer, entretanto, que o agente pratique um fato típico por 
equívoco! Isso mesmo! O agente pratica um fato considerado típico, mas 
o faz por ter incidido em erro sobre algum de seus elementos. 
O erro de tipo é a representação errônea da realidade, na qual 
o agente acredita não se verificar a presença de um dos elementos 
essenciais que compõem o tipo penal. 
POR EXEMPLO: Imaginemos o crime de desacato: 
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em 
razão dela: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
Imaginemos que o agente desconhecesse a condição de funcionário 
público da vítima. Nesse caso, houve erro de tipo, pois o agente incidiu 
em erro sobre elemento essencial do tipo penal. 
O erro de tipo pode ocorrer, também, nos crimes omissivos 
impróprios (comissivos por omissão), pois o agente pode 
desconhecer sua condição de garantidor (aquele que tem o dever de 
impedir o resultado). Por exemplo: Imagine que uma mãe presencie o 
estupro da própria filha, mas nada faça, por não verificar tratar-se de sua 
filha. Nesse caso, a mãe incidiu em erro de tipo, pois errou na 
representação da realidade fática acerca de elemento que constituía o tipo 
penal. 
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PRESTEM ATENÇÃO, GALERA! Quando o erro 
incidir sobre elemento normativo do tipo, há 
divergência na Doutrina! Parte entende que 
continua se tratando de erro de tipo. Outra 
parte da Doutrina entende que não se trata de 
erro de tipo, mas de erro de proibição, pois o 
agente estaria errando acerca da licitude do 
fato. Exemplo: O art. 154 do CP diz o seguinte: 
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, 
segredo, de que tem ciência em razão de 
função, ministério, ofício ou profissão, e cuja 
revelação possa produzir dano a outrem: Pena - 
detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Nesse cDVR�� R� HOHPHQWR� ³VHP� MXVWD� FDXVD´� p�
elemento normativo do tipo. Se o médico revela 
um segredo do paciente para um parente, 
acreditando que este poderá ajudá-lo, e faz isso 
apenas para o bem do paciente, acreditando 
haver justa causa, quando na verdade o 
parente é um tremendo fofoqueiro que só quer 
difamar o paciente, o médico incorreu em erro 
de tipo, pois acreditava estar agindo com justa 
causa, que não havia. Porém, como disse a 
vocês, parte da doutrina entende que aqui se 
trata de erro de proibição. Mas a teoria que 
prevalece é a de que se trata mesmo de erro de 
tipo. 
O erro de tipo pode ser: 
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x Escusável ± Quando o agente não poderia conhecer, de fato, 
D� SUHVHQoD� GR� HOHPHQWR� GR� WLSR�� ([HPSOR�� ³$´� HQWUD� QXPD�
loja e ao sair, verifica que esqueceu sua bolsa. Ao voltar, A 
encontra uma bolsa idêntica à sua, e a leva embora. 
(QWUHWDQWR�� ³$´� QmR� VDELD� TXH� HVVD� EROVD� HUD� GH� ³%´�� TXH�
estava olhando revistas distraído, tendo sua bolsa sido levada 
por outra pessoa no momento em que saiu da loja pela 
primeira vez. NesVH� FDVR�� ³$´� QmR� WLQKD� FRPR� LPDJLQDU� TXH�
alguém, em tão pouco tempo, haveria roubado sua bolsa e 
que outra pessoa deixaria no mesmo lugar uma bolsa 
idêntica. Nesse caso, a incorreu em erro de tipo escusável, 
pois não poderia, com um exercício mental razoável, saber 
que aquela não era sua bolsa; 
x Inescusável ± Ocorre quando o agente incorre em erro sobre 
elemento essencial do tipo, mas poderia, mediante um esforço 
mental razoável, não ter agido desta forma. Exemplo: 
Imaginemos que Marcelo esteja numa repartição pública e 
acabe por desacatar funcionário público que lá estava. 
Marcelo não sabia que se tratava de funcionário público, mas 
mediante esforço mental mínimo poderia ter chegado a esta 
conclusão, analisando a postura da pessoa com quem falava e 
o que a pessoa fazia no local. Assim, Marcelo incorreu em erro 
de tipo inescusável, e responderia por crime culposo, caso 
houvesse previsão de desacato culposo (não há); 
Assim, lembrem-se: 
 
Agente comete o fato 
típico por incidir em 
erro sobre um dos 
elementos que 
compõem o tipo penal 
ERRO DE 
TIPO 
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Pode ser que a banca utilize o termo ³(UUR� VREUH� HOHPHQWR�
FRQVWLWXWLYR�GR�WLSR�SHQDO´. Eu prefiro essa nomenclatura, mas ela não 
é muito utilizada, principalmente em concursos que não são de nível 
muito elevado (É mais utilizada em concursos para Juiz, Defensor, 
Promotor). 
A.1) ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
O erro de tipo acidental é aquele que recai sobre circunstâncias 
diversas dos elementos que constituem a infração penal. Recaem sobre 
circunstâncias irrelevantes da figura típica, que permanece íntegra. O erro 
de tipo acidental pode ser: 
9 ERRO SOBRE A PESSOA (ERROR IN PERSONA) ± Aqui o 
agente pratica o ato contra pessoa diversa da pessoa visada, 
por confundi-la com a pessoa que deveria ser o alvo do delito. 
Neste caso, o erro é irrelevante, pois o agente responde como 
se tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA VISADA. 
Essa previsão está no art. 20, §3° do CP; 
9 ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL (ABERRATIO CAUSAE) ± 
Aqui temos o que se chama de DOLO GERAL OU 
SUCESSIVO. É o engano no que se refere ao meio de 
execução do delito. Ocorre quando o agente, acreditando já ter 
ocorrido o resultado pretendido, pratica outra conduta, mas ao 
final verifica que esta última foi a que provocou o resultado. 
Ex.: O agente atira contra a vítima, visando suamorte. 
Acreditando que a vítima morreu, a atira num rio, visando 
esconder o corpo. Mais tarde, descobre-se que esta última 
conduta foi a que causou a morte da vítima, por afogamento, 
pois ainda estava viva. A Doutrina majoritária entende que o 
agente responde pelo crime originalmente previsto (homicídio 
doloso consumado, e não homicídio tentado c/c homicídio 
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culposo), embora, na verdade, tivéssemos um homicídio 
tentado (a primeira conduta) e um homicídio culposo 
consumado (a segunda conduta); 
9 ERRO NA EXECUÇÃO (ABERRATIO ICTUS) ± Aqui o agente 
atinge pessoa diversa daquela que fora visada, mas não por 
confundi-la, mas por ERRAR NA HORA DE PRATICAR O 
DELITO�� ,PDJLQH�TXH�R�DJHQWH�� WHQWDQGR�DFHUWDU� ³$´�� HUUR� R�
WLUR� H� DFDED� DFHUWDQGR� ³%´��1R� HUUR� VREUH� D� SHVVRD� R� DJHQWH�
QmR� ³HUUD� R� DOYR´�� HOH� ³DFHUWD� R� DOYR´�� PDV� R� DOYR� IRL�
confundido. SÃO COISAS DIFERENTES! Nesse caso, assim 
como no erro sobre a pessoa, o agente responde pelo crime 
originalmente pretendido. Esta é a previsão do art. 73 do CP. O 
erro na execução pode ser: a) Com unidade simples ± O 
agente atinge somente a pessoa diversa daquela visada; b) 
Com unidade complexa ± O agente atinge a vítima não 
visada, mas atinge também a vítima originalmente pretendida. 
Nesse caso, responde pelos dois crimes, em CONCURSO 
FORMAL; 
9 ERRO NO CRIME (ABERRATIO DELICTI) ± Aqui o agente 
pretendia cometer um crime, mas acaba cometendo outro. 
Imagine que alguém atire uma pedra num veículo parado, com 
o dolo de danificá-lo (art. 163 do CP). Entretanto, o agente 
erra o alvo e atinge o dono, que estava perto (cometendo 
lesões corporais, art. 129 do CP). Nesse caso, o agente acaba 
por cometer CRIME DIVERSO DO PRETENDIDO. Responderá 
apenas pelo crime praticado efetivamente (lesão corporal 
culposa). Aplica-se a mesma regra do erro na execução: Se o 
agente atingir ambos os bens jurídicos (o pretendido e o não 
pretendido) responderá por AMBOS OS CRIMES, em 
CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP). 
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B) ERRO DE PROIBIÇÃO 
A culpabilidade (terceiro elemento do conceito analítico de crime) é 
formada por alguns elementos, dentre eles, a POTENCIAL 
CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE. 
A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE é a possibilidade de 
o agente, de acordo com suas características, conhecer o caráter ilícito do 
fato. Não se trata do parâmetro do homem médio, MAS DE UMA 
ANÁLISE DA PESSOA DO AGENTE. 
Quando o agente age acreditando que sua conduta não é ilícita, 
comete ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 do CP). 
O erro de proibição pode ser: 
¾ Escusável ± Nesse caso, era impossível àquele agente, 
naquele caso concreto, saber que sua conduta era contrária ao 
Direito. Nesse caso, exclui-se a culpabilidade e o agente é 
isento de pena; 
¾ Inescusável ± Nesse caso, o erro do agente quanto à 
proibição da conduta não é tão perdoável, pois era possível, 
mediante algum esforço, entender que se tratava de conduta 
ilícita. Assim, permanece a culpabilidade, respondendo pelo 
crime, com pena diminuída de um sexto a um terço (conforme 
o grau de possibilidade de conhecimento da ilicitude). 
Assim, imaginem a seguinte hipótese: Um cidadão, lá do interior, 
encontra um bem (relógio de ouro, por exemplo) e fica com ele para si. 
Entretanto, mal sabe ele que essa conduta é crime, previsto no CP 
(apropriação de coisa achada). Vejamos: 
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por 
erro, caso fortuito ou força da natureza: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Na mesma pena incorre: 
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(...) 
Apropriação de coisa achada 
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou 
parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou 
de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 
(quinze) dias. 
Percebam que até mesmo uma pessoa de razoável intelecto é capaz 
de não conhecer a ilicitude desta conduta. Assim, o agente, 
diferentemente do que ocorre no erro de tipo, REPRESENTA 
PERFEITAMENTE A REALIDADE (Sabe que a coisa não é sua, é uma 
coisa que foi perdida por alguém), mas ACREDITA QUE A CONDUTA É 
LÍCITA. 
Imaginem, no mesmo exemplo, que o camarada que achou o relógio, 
na verdade, soubesse que não podia ficar com as coisas dos outros, mas 
acreditasse que o relógio era um relógio que ele tinha perdido horas antes 
(quando, na verdade, era o relógio de outra pessoa). Nesse caso, o 
DJHQWH�VDELD�TXH�QmR�SRGLD�SUDWLFDU�D�FRQGXWD�GH�³VH�DSURSULDU�GH�FRLVD�
DOKHLD�SHUGLGD´��Não há, portanto, erro de proibição), mas acreditou 
TXH�D�FRLVD�QmR�HUD�³DOKHLD´��DFKDQGR�TXH�IRVVH�VXD��HUUR�GH�WLSR���Ficou 
clara a diferença? 
 
C) AS TEORIAS DA CULPABILIADE E O TRATAMENTO DADO AO 
ERRO DE TIPO E AO ERRO DE PROIBIÇÃO 
A teoria limitada, que é a adotada pelo CP, difere da teoria normativa 
pura com relação ao tratamento dado às descriminantes putativas. 
Agente comete o fato não 
por incidir em erro sobre 
a realidade, mas POR 
ACHAR QUE A CONDUTA 
NÃO É PROIBIDA 
ERRO DE 
PROIBIÇÃO 
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As descriminantes putativas são tratadas nos arts. 20, § 1° e 21 do 
CP: 
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas 
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a 
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e 
o fato é punível como crime culposo 
(...) 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a 
ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá 
diminuí-la de um sexto a um terço. 
Para a teoria normativa pura (ou teoria extremada, segundo parte da 
Doutrina), as descriminantes putativas serão sempre erro de 
proibição. Ou seja, sempre que um agente supor que existe uma 
situação fática que legitima sua ação, e esta não existir, estará errando 
com relação à licitude do fato, logo, comete erro de proibição, o que pode 
afastar a culpabilidade. 
Já a teoria limitada (adotada pelo CP), divide as 
descriminantes em dois blocos: 
¾ De fato ± O agente supõe que existe um fato que legitima sua 
ação. Por exemplo: O agente pega um relógio que está sobre a 
mesa, acreditando que é seu. Na verdade, o relógio era de 
outra pessoa. Nesse caso, o agente cometeu um erro de fato, 
não de Direito, pois sabe que furtar é errado, apenas acreditou 
se tratar de bem a ele pertencente. Nesse caso, há erro de 
tipo, logo, não se chega nem a ter fato típico, desde que se 
trate de erro escusável. Se o erro for inescusável, o agente 
responde pelo crime na modalidade culposa, se houver. No 
exemplo, não responderia, pois não há o crime de furto 
culposo; 
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¾ De Direito ± São tratadas como erro de proibição. Aqui, o 
agente representa fielmente a realidade (não se engana quanto 
aos fatos), mas acredita que mesmo assim sua ação é legítima. 
No exemplo acima, imaginem que o agente pega o relógio 
sabendo que não é seu, mas acredita que furtar não é crime. 
Assim, nesse caso, o erro não é de fato, mas de direito. Se o 
erro for escusável (O agente não tinha condições de saber que 
era ilícito), está excluída a culpabilidade. Se for erro 
inescusável (o agentetinha como saber que era ilícito), 
responderá pelo crime, com pena diminuída de um sexto a um 
terço. 
Vejam que há implicações práticas, principalmente se o erro for 
inescusável, pois no erro de tipo inescusável o agente responde por crime 
culposo, se houver (se não houver, o fato é atípico). Já no erro de 
proibição inescusável o agente responde pelo crime doloso, só que com 
pena diminuída (no caso acima, responderia por furto, com pena 
diminuída). 
Assim, o fato de ter-se adotado a teoria limitada tem reflexos 
práticos na configuração da conduta criminosa, não apenas doutrinários. 
CUIDADO!! Não confundam Descriminantes Putativas com delito 
putativo. 
As descriminantes putativas são QUAISQUER SITUAÇÕES NAS 
QUAIS O AGENTE INCIDA EM ERRO POR ACREDITAR QUE ESTÁ 
PRESENTE UMA SITUAÇÃO QUE TORNE A SUA CONDUTA LEGÍTIMA 
(SEJA UMA SITUAÇÃO FÁTICA OU UMA SITUAÇÃO JURÍDICA). As 
descriminantes putativas podem ser relativas à suposta existência de uma 
causa de exclusão da tipicidade, da ilicitude ou da culpabilidade. 
Assim, se o agente furta uma mala de terceira pessoa, acreditando 
que é sua, age com erro, pois vislumbra uma situação que, se existisse 
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(se a mala fosse sua, como imaginou), tornaria sua ação legítima 
(Descriminante putativa por erro de tipo). 
Imagine, agora, que o agente está numa casa de festas e ouça gritos 
GH� ³IRJR´�� 6XSRQGR� KDYHU� XP� LQFrQGLR�� FRUUH� DWURSHODQGR� SHVVRDV��
agredindo quem está na frente, para poder se salvar. Na verdade, tudo 
não passava de um trote. Nesse caso, o agente agrediu pessoas 
(moderadamente, é claro), para se salvar, supondo haver uma situação 
que, se existisse (incêndio) justificaria a sua conduta (estado de 
necessidade). Dessa forma, há uma descriminante putativa por estado de 
necessidade putativo (causa de exclusão da ilicitude putativa). 
Por fim, imagine que o Harold Van Dame, holandês, está no Brasil e 
GHFLGH� ³SX[DU� XP� EDVHDGR´�� +DUROG�� HQWUHWDQWR�� LPDJLQD� TXe isso é 
permitido no Brasil. No entanto, ele não sabe que no Brasil isto é crime 
(art. 28 da Lei 11.343/06). Nesse caso, Harold incidiu em erro, pois 
acreditou estar presente uma situação (legalidade da conduta) que, se 
existisse, tornaria sua conduta legítima (Logo, há uma descriminante 
putativa por erro sobre a ilicitude do fato, portanto, ERRO DE 
PROIBIÇÃO). Essa descriminante putativa exclui a culpabilidade. 
NO DELITO PUTATIVO acontece EXATAMENTE O OPOSTO. O 
agente acredita que está cometendo o crime, quando, na verdade, está 
cometendo um INDIFERENTE PENAL. 
Imagine a seguinte situação: Um cidadão, sem querer, esbarra no 
carro de um terceiro, causando dano. Com medo de ser preso, foge. Na 
verdade, ele acredita que está cometendo crime de DANO CULPOSO, 
mas não sabe que o CRIME DE DANO CULPOSO NÃO EXISTE. 
Portanto, há, aqui, DELITO PUTATIVO POR ERRO DE PROIBIÇÃO. 
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II ± PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO 
Quando alguém comete um fato definido como crime, surge para o 
Estado o poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius 
puniendi. 
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Em regra, todo fato típico, ilícito e praticado por agente culpável, é 
punível. No entanto, o exercício do ius puniendi encontra limitações de 
diversas ordens, sendo a principal delas a limitação temporal (prescrição). 
Desta forma, o Estado deve exercer o ius puniendi da maneira 
prevista na lei (através do manejo da Ação Penal no processo penal), bem 
como deve fazê-lo no prazo legal. 
Para o nosso estudo interessam mais as hipóteses de extinção da 
punibilidade. Vamos analisá-las então! 
O art. 107 do CP prevê que: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia, graça ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos 
crimes de ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
O primeiro caso é bem simples. Falecendo o agente, extingue-se a 
punibilidade do crime, pois, como vimos, no Direito Penal vigora o 
princípio da intranscendência da pena, ou seja, a pena não pode passar 
da pessoa do criminoso. Assim, com a morte deste, cessa o direito de 
punir do Estado. 
A anistia, a graça e o indulto são modalidades muito parecidas de 
extinção da punibilidade. Entretanto, não se confundem. 
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A anistia exclui o próprio crime, ou seja, o Estado determina que 
as condutas praticadas pelos agentes não sejam consideradas crimes. A 
anistia pode ser concedida pelo Poder Legislativo, e pode ser conferida a 
qualquer momento (inclusive após a sentença penal condenatória 
transitada em julgado). 
Já a Graça e o indulto são bem mais semelhantes, pois não 
excluem o crime em si, mas apenas extinguem a punibilidade em 
relação àqueles casos específicos, e só podem ser concedidos pelo 
Presidente da República. 
A Graça é conferida de maneira individual, e o indulto é conferido 
coletivamente (a um grupo que se encontre na mesma situação). 
A anistia só pode ser causa de extinção total da punibilidade (pois, 
como disse, exclui o próprio crime). Já a Graça e o indulto podem ser 
parciais. 
Pode ser extinta a punibilidade, também, pelo fenômeno da abolitio 
criminis, nos termos do art. 107, III do CP. Como vimos, a abolitio 
criminis ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o fato 
como crime. 
Pode ocorrer, ainda, de o ofendido, nos crimes de ação penal 
privada, renunciar ao direito de oferecer queixa, ou conceder o 
perdão ao acusado. Nesses casos, também estará extinta a 
punibilidade. 
A renúncia ao direito de queixa ocorre quando, dentro do prazo de 
seis meses de que dispõe o ofendido para oferecê-la, este renuncia a este 
direito, de maneira expressa ou tácita. A renúncia tácita ocorre quando o 
ofendido pratica algum ato incompatível com a intenção de processar o 
agente (quando, por exemplo, se casa com ele). 
O perdão, por sua vez, é muito semelhante à renúncia, com a 
ressalva de que o perdão só pode ser concedido quando já ajuizada a 
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ação penal privada, e que o simples oferecimento do perdão, por si só, 
não gera a extinção da punibilidade, devendo o agente aceitar o perdão. 
Ocorrendo a renúncia ao direito de queixa, ou o perdão do 
ofendido, e sendo este último aceito pelo querelado (autor do 
fato), estará extinta a punibilidade. 
Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator, por 
entender que a aplicaçmR�GD�SHQD�QmR�p�QHFHVViULD��e�R�FKDPDGR�³SHUGmR�
MXGLFLDO´��e�R�TXH�RFRUUH��SRU�H[HPSOR��QR�FDVR�GH�KRPLFtGLR�FXOSRVR�QR�
qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do caso 
Herbert Viana?). Essa hipótese está prevista no art. 121, § 5° do CP: 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de 
aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio 
agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
(Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) 
Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicial, também estará 
extinta a punibilidade.Além disso, o art. 120 do CP diz que se houver o 
perdão judicial, esta sentença que concede o perdão judicial não é 
considerada para fins de reincidência (apesar de ser uma sentença 
condenatória). 
Nos termos do inciso VI do art. 107, a retratação do agente 
também é hipótese de extinção da punibilidade, nos casos em que a 
lei a admite. Acontece isto, por exemplo, nos crimes de calúnia ou 
difamação, nos quais a lei admite a retratação como causa de extinção da 
punibilidade, se realizada antes da sentença. Nos termos do art. 143 do 
CP: 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata 
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
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Por fim, temos a clássica e mais comum hipótese de extinção da 
punibilidade: a PRESCRIÇÃO. A prescrição é a perda do poder de exercer 
um direito em razão da inércia do seu titular. Ou seja, é o famoso 
³FDPDUmR TXH�GRUPH�D�RQGD�OHYD´� 
A prescrição pode ser dividida basicamente em duas espécies: 
Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão 
executória. 
A primeira pode ocorrer quando ainda não há sentença penal 
condenatória transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer 
somente depois de já haver sentença penal condenatória 
transitada em julgado. Vamos estudá-las em tópicos separados. 
A) Prescrição da pretensão punitiva 
Aqui o Estado ainda não aplicou (em caráter definitivo) uma sanção 
penal ao agente que praticou a conduta criminosa. 
Mas qual é o prazo de prescrição? O prazo prescricional varia de 
crime para crime, e é definido tendo por base a pena máxima 
estabelecida, em abstrato, para a conduta criminosa. Nos termos do art. 
109 do CP: 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, 
salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo 
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, 
verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). 
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e 
não excede a doze; 
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e 
não excede a oito; 
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IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não 
excede a quatro; 
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo 
superior, não excede a dois; 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
(Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). 
Prescrição das penas restritivas de direito 
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os 
mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Assim, no crime de homicídio simples, por exemplo, para o qual a lei 
estabelece pena máxima de 20 anos (art. 121 do CP), o prazo 
prescricional é de 20 anos, pois a pena máxima é superior a 12 anos. O 
crime de furto simples, por exemplo, (art. 155 do CP) prescreve em oito 
anos, pois a pena máxima prevista é quatro anos. 
Portanto, não confundam: O prazo de prescrição do crime não é igual 
à pena máxima a ele estabelecida, mas é calculado através de uma 
tabela que leva em consideração a pena máxima!
Mas professor, quando começa a correr o prazo prescricional?
Simples, meus caros. A resposta para esta pergunta está no art. 111 do 
CP: 
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Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, 
começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de 
assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou 
conhecido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Apenas um comentário em relação a este artigo: A regra, aqui, é de 
que o prazo prescricional comece a fluir no dia em que o crime se 
consuma. CUIDADO! Lembrem-se de que o crime se considera praticado 
(tempo do crime) quando ocorre a conduta, e não a consumação. Assim: 
Tempo do crime ± Momento da conduta 
Início do prazo prescricional ± Momento da consumação 
Prestem atenção para não errarem isso, pois esta é uma pegadinha 
que pode derrubar vocês no concurso. 
Como nos crimes tentados não há propriamente consumação (pois 
não há resultado naturalístico esperado), o prazo prescricional começa a 
fluir da data em que cessa a atividade criminosa, mesmo critério 
utilizado para os crimes permanentes. 
Vejam que no que se refere aos crimes permanentes, o início do 
prazo prescricional coincide com o tempo do crime. Lembram-se do 
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verbete n° 711 da súmula de jurisprudência do STF? Então, esse 
verbete diz que se considera praticado o crime quando da cessação da 
atividade criminosa. Assim, nesses crimes, o tempo do crime e o 
início do prazo prescricional ocorrem simultaneamente!
Na hipótese de pena de multa, como calcular o prazo 
prescricional? Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o prazo 
será de dois anos. Porém, se a multa for aplicada ou prevista 
cumulativamente com a pena de prisão (privativa de liberdade), o prazo 
de prescrição será o mesmo estabelecido para a pena privativa de 
liberdade. Isto é que se extrai do art. 114 do CP: 
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada 
pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou 
aplicada; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de 
liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente 
cominada ou cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, 
de 1º.4.1996) 
B) Prescrição da pretensão executória 
Como disse a vocês, a prescrição pode ocorrer antes do trânsito 
em julgado (prescrição da pretensão punitiva) ou depois do 
trânsito em julgado (quando teremos a prescrição da pretensão 
executória). Esta última ocorre quando o Estado condena o indivíduo, de 
maneira irrecorrível, mas não consegue fazer cumprir a decisão. 
Nos termos do art. 110 do CP: 
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença 
condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos 
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fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o 
condenado é reincidente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Assim, na hipótese do crime de homicídio, conforme o exemplo dado 
acima, antes de transitar em julgado a sentença condenatória, o prazo 
prescricional é regulado pela pena máxima cominada ao crime em 
abstrato, de acordo com a tabelinha do art. 109 do CP. Após o trânsito 
em julgado, o parâmetro utilizado pela lei para o cálculo do prazo 
prescricional deixa de ser a pena máxima prevista e passa a ser a 
pena efetivamente aplicada. 
Assim, se no crime de homicídio simples, que tem pena prevista de 
06 a 20 anos, o agente for condenado a apenas 06 (seis) anos de 
reclusão, o prazo prescricionalpassa a ser de apenas 12 (doze) anos, nos 
termos do art. 109, III do CP. 
O art. 112 do CP estabelece o marco inicial (termo a quo) do prazo 
prescricional da pretensão executória: 
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a 
correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a 
acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o 
livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo 
da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
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C) Disposições gerais sobre a prescrição 
O CP prevê, ainda, hipóteses nas quais a prescrição não corre, tanto 
no que se refere à prescrição da pretensão punitiva quanto à prescrição 
da pretensão executória, embora as circunstâncias sejam diferentes para 
cada uma delas. Nos termos do art. 116 e seu § único, do CP: 
Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a 
correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a 
acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o 
livramento condicional; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
II - do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo 
da interrupção deva computar-se na pena. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença 
condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o 
condenado está preso por outro motivo. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Assim, nestes casos, o prazo prescricional não se inicia. Pode 
ocorrer, ainda, de o prazo prescricional se iniciar, mas ser interrompido, 
em razão da ocorrência de alguns fatos. É o que prevê o art. 117 do CP: 
Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - pela pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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III - pela decisão confirmatória da pronúncia; (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; 
(Redação dada pela Lei nº 11.596, de 2007). 
V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (Redação 
dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
VI - pela reincidência. (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
§ 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a 
interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os 
autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo 
processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer 
deles. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste 
artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da 
interrupção. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
A interrupção é uma causa de paralisação do prazo 
prescricional, assim como a suspensão. Entretanto, na interrupção o 
prazo prescricional, cessado o motivo que levou à interrupção, volta a 
correr desde o início, e não de onde havia parado. 
Exemplo: Imagine que Poliana esteja sendo acusada pelo crime de 
homicídio simples (prescrição em 20 anos). O prazo prescricional vem 
IOXLQGR�QRUPDOPHQWH�DWp�TXH�R�-XL]�³SURQXQFLD´�3ROLDQD��GHFLVmR�QD�TXDO�R�
Juiz diz que o caso deve ser levado à Júri popular). Nesse caso, se o 
prazo prescricional estava já com 04 anos, por exemplo, ele será 
interrompido e voltará a ser contado do zero (mais 20 anos), e não 
apenas os 16 (dezesseis) anos que faltavam. 
Bons estudos! 
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 LISTA DAS QUESTÕES 
01 - (CESPE ± 2009 ± PC/RN ± AGENTE DE POLÍCIA) 
Exclui-se a culpabilidade do agente 
A) que falece após a ocorrência do fato. 
B) inteiramente incapaz ao tempo do fato. 
C) que age em estrito cumprimento do dever legal. 
D) portador de perturbação mental após o fato. 
E) maior de 70 anos de idade na data da sentença. 
02 - (CESPE ± 2010 ± DETRAN/ES ± ADVOGADO) 
Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a teoria 
limitada são derivações da teoria normativa pura e divergem apenas a 
respeito do tratamento das descriminantes putativas. 
03 - (CESPE ± 2011 ± PC/ES ± ESCRIVÃO DE POLÍCIA) 
A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a culpabilidade. 
04 - (CESPE ± 2011 ± STM ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
As causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de 
conduta diversa incluem a estrita obediência a ordem não 
manifestamente ilegal de superior hierárquico. Caso o agente cumpra 
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ordem ilegal ou extrapole os limites que lhe foram determinados, a 
conduta é culpável. 
05 - (CESPE ± 2009 ± DPE/AL ± DEFENSOR PÚBLICO) 
Para a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro, toda 
espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites autorizadores da 
norma, seja incidente sobre situação fática pressuposto de uma causa de 
justificação, é sempre considerada erro de proibição. 
06 - (CESPE ± 2004 ± AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL) 
A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria ação, não 
respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, responderá pelo crime o 
coator. 
07 - (CESPE ± 2011 ± TER/ES ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
ADMINISTRATIVA) 
Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, 
cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, 
ele era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Nessa 
situação, embora tenha praticado fato penalmente típico e ilícito, Abel 
ficará isento de pena. 
08 - (CESPE ± 2008 ± STJ ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Na obediência hierárquica, para que se configure a causa de exclusão de 
culpabilidade, é necessário que exista dependência funcional do executor 
da ordem dentro do serviço público, de forma que não há que se falar, 
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para fins de exclusão da culpabilidade, em relação hierárquica entre 
particulares. 
09 - (CESPE ± 2011 ± TJ/ES ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
O perdão judicial, uma das possíveis causas extintivas da punibilidade, 
consiste na manifestação de vontade, expressa ou tácita, do ofendido ou 
de seu representante legal, acerca de sua desistência da ação penal 
privada já iniciada. 
10 - (CESPE ± 2011 ± STM ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz cessar 
todos os efeitos penais e cíveis da sentença condenatória. 
11 - (CESPE ± 2009 ± SEJUS /ES ± AGENTE PENITENCIÁRIO) 
A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue totalmente a 
punibilidade, tendo, de regra, ao contrário da graça, o caráter da 
generalidade, ao abranger fatos e não pessoas. 
12 - (CESPE ± 2009 ± AGU ± ADVOGADO DA UNIÃO) 
Caso a pena de multa seja alternativa ou cumulativamente cominada ou 
cumulativamente aplicada, aplicam-se a ela os mesmos prazos previstos 
para as respectivas penas privativasde liberdade. 
13 - (CESPE ± 2011 ± TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE 
EXTERNO) 
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Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a 
seguir. 
Na doutrina e jurisprudência contemporâneas, predomina o entendimento 
de que a punibilidade não integra o conceito analítico de delito, que ficaria 
definido como conduta típica, ilícita e culpável. 
14 - (CESPE ± 2010 ± ABIN ± OFICIAL TÉCNICO DE 
INTELIGÊNCIA) 
Julgue o item a seguir, referente a institutos de direito penal. 
O erro de proibição escusável exclui o dolo e a culpa; o inescusável exclui 
o dolo, permanecendo, contudo, a modalidade culposa. 
15 - (CESPE ± 2011 ± TCU ± AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE 
EXTERNO) 
Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a 
seguir. 
O menor de dezoito anos de idade é isento de pena por inimputabilidade, 
mas é capaz de agir com dolo, ou seja, é capaz de praticar uma ação 
típica. 
16 - (CESPE ± 2011 ± TCU ± AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE 
EXTERNO) 
Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a 
seguir. 
As escusas absolutórias também são consideradas causas de exclusão da 
culpabilidade. 
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17 - (CESPE ± 2011 ± TCU ± AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE 
EXTERNO) 
Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o item a 
seguir. 
São causas de exclusão da culpabilidade, expressamente previstas no 
Código Penal brasileiro, a coação moral irresistível e a ordem não 
manifestamente ilegal de superior hierárquico. 
18 - (CESPE ± 2011 ± TCU ± AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE 
EXTERNO) 
A respeito dos crimes contra a fé pública, dos crimes previstos na Lei de 
Licitações, bem como dos princípios e conceitos gerais de direito penal, 
julgue o item a seguir. 
No quadro geral das teorias do delito, a consciência da ilicitude ora 
pertence à estrutura do dolo, ora, à estrutura da culpabilidade; no 
entanto, sua eventual ausência, desde que inevitável, conduz à isenção 
de pena. 
19 - (CESPE ± 2011 ± TRE/ES ± ANALISTA JUDICIÁRIO) 
No próximo item, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma 
assertiva a ser julgada no que se refere aos institutos de direito penal. 
Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso fortuito, 
cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao tempo do crime, 
ele era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Nessa 
situação, embora tenha praticado fato penalmente típico e ilícito, Abel 
ficará isento de pena. 
20 - (CESPE - 2012 ± PC/AL ± DELEGADO) 
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A imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e a potencial 
consciência da ilicitude são elementos da culpabilidade. 
21 - (CESPE - 2012 ± TJ/AL ± AJAJ) 
A coação moral irresistível e a obediência à ordem não manifestamente 
ilegal de superior hierárquico são causas de exclusão da 
a) imputabilidade. 
b) tipicidade subjetiva. 
c) ilicitude. 
d) culpabilidade. 
e) tipicidade objetiva. 
22 - (CESPE - 2012 ± TC/DF± AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) 
A respeito dos crimes contra a fé pública, dos crimes previstos na Lei de 
Licitações, bem como dos princípios e conceitos gerais de direito penal, 
julgue o item a seguir. 
No quadro geral das teorias do delito, a consciência da ilicitude ora 
pertence à estrutura do dolo, ora, à estrutura da culpabilidade; no 
entanto, sua eventual ausência, desde que inevitável, conduz à isenção 
de pena. 
23 - (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) 
Acerca dos institutos do direito penal brasileiro, julgue os próximos itens. 
Por caracterizar inexigibilidade de conduta diversa, a coação moral ou 
física exclui a culpabilidade do crime. 
24 - (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) 
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Considere que um indivíduo penalmente capaz, em total estado de 
embriaguez, decorrente de caso fortuito, atropele um pedestre, 
causando-lhe a morte. Nessa situação, a embriaguez não excluía 
imputabilidade penal do agente. 
25 - (CESPE - 2013 - PRF - POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL) 
O ordenamento jurídico brasileiro prevê a possibilidade de ocorrência de 
tipicidade sem antijuridicidade, assim como de antijuridicidade sem 
culpabilidade. 
26 - (CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - ESCRIVÃO DA POLÍCIA 
FEDERAL) 
No que concerne a infração penal, fato típico e seus elementos, formas 
consumadas e tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade 
penal, julgue os itens que se seguem. 
Considere que Bartolomeu, penalmente capaz e mentalmente são, tenha 
praticado ato típico e antijurídico, em estado de absoluta inconsciência, 
em razão de estar voluntariamente sob a influência de álcool. Nessa 
situação, Bartolomeu será apenado normalmente, por força da teoria 
da actio libera in causa. 
27 - (CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA) 
De acordo com a teoria extremada da culpabilidade, o erro sobre os 
pressupostos fáticos das causas descriminantes consiste em erro de tipo 
permissivo. 
28 - (CESPE - 2013 - PC-BA - DELEGADO DE POLÍCIA) 
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Tanto a conduta do agente que age imprudentemente, por 
desconhecimento invencível de algum elemento do tipo quanto a conduta 
do agente que age acreditando estar autorizado a fazê-lo ensejam como 
consequência a exclusão do dolo e, por conseguinte, a do próprio crime. 
29 - (CESPE - 2013 - TJ-DF - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA 
ADMINISTRATIVA) 
Em relação à menoridade penal, o Código Penal adotou o critério 
puramente biológico, considerando penalmente inimputáveis os menores 
de dezoito anos de idade, ainda que cabalmente demonstrado que 
entendam o caráter ilícito de seus atos. 
30 - (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFICIAL DE 
JUSTIÇA AVALIADOR) 
De acordo com o Código Penal, a incidência da exclusão de culpabilidade 
na coação irresistível ocorre apenas nos casos de coação física ou vis 
absoluta, uma vez que, na coação moral, há apenas redução do poder de 
escolha da vítima entre praticar ou omitir a conduta ou sofrer as 
consequências da coação. 
31 - (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) 
A coação moral irresistível é uma hipótese de autoria mediata, em que o 
autor da coação detém o domínio do fato e comete o fato punível por 
meio de outra pessoa. 
32 - (CESPE - 2013 - TJ-DF - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA 
ADMINISTRATIVA) 
Aquele que se utiliza de menor de dezoito anos de idade para a prática de 
crime é considerado seu autor mediato. 
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33 - (CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - ESCRIVÃO DA POLÍCIA 
FEDERAL) 
Julgue os itens subsequentes, relativos à aplicação da lei penal e seus 
princípios. 
A contagem do prazo para efeito da decadência, causa extintiva da 
punibilidade, obedece aos critérios processuais penais, computando-se o 
dia do começo. Todavia, se este recair em domingos ou feriados, o início 
do prazo será o dia útil imediatamente subsequente 
34 - (CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA) 
Suponha que determinada sentença condenatória, com pena de dez anos 
de reclusão, imposta ao réu, tenha sido recebida em termo próprio, em 
cartório, pelo escrivão, em 13/8/2011 e publicada no órgão oficial em 
17/8/2011,e que tenha sido o réu intimado, pessoalmente, em 
20/8/2011, e a defensoria pública e o MP intimados, pessoalmente, em 
19/8/2011. Nessa situação hipotética, a interrupção do curso da 
prescrição ocorreu em 17/8/2011. 
35 - (CESPE - 2013 - POLÍCIA FEDERAL - DELEGADO DE POLÍCIA) 
Considere que Jorge, Carlos e Antônio sejam condenados, 
definitivamente, a uma mesma pena, por terem praticado, em coautoria, 
o crime de roubo. Nessa situação, incidindo a interrupção da prescrição da 
pretensão executória da referida pena em relação a Jorge, essa 
interrupção não produzirá efeitos em relação aos demais coautores. 
36 - (CESPE - 2013 - TJ-DF - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
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Em 15/10/2005, nas dependências do banco Y, Carlos, com o objetivo de 
prejudicar direitos da instituição financeira, preencheu e assinou 
declaração falsa na qual se autodenominava Maurício. No mesmo dia, foi 
até outra agência do mesmo banco e, agindo da mesma forma, declarou 
falsamente chamar-se Alexandre. 
Em 1/5/2010, Carlos foi denunciado, tendo a denúncia sido 
recebida em 24/5/2010. Após o devido processo legal, em sentença 
proferida em 23/8/2012, o acusado foi condenado a um ano e dois
meses de reclusão, em regime inicialmente aberto, e ao pagamento 
de doze dias-multa, no valor unitário mínimo legal. A pena 
privativa de liberdade foi substituída por uma pena restritiva de 
direitos e multa. O MP não apelou da sentença condenatória. 
Com relação à situação hipotética acima, julgue os itens seguintes.
Como, entre a data da prática do delito e a do recebimento da denúncia, 
passaram-se mais de quatro anos, deve ser reconhecida a extinção da 
punibilidade de Carlos, pela prescrição da pretensão punitiva retroativa. 
37 - (CESPE - 2013 - TJ-DF - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA 
ADMINISTRATIVA) 
A anistia representa o esquecimento do crime, afastando a punição por 
fatos considerados delituosos, e constitui ato privativo do presidente da 
República. 
38 - (CESPE - 2013 - CNJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
A extinção da punibilidade de um crime que seja pressuposto, elemento 
constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. 
Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, 
quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. 
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39 - (CESPE - 2013 - TC-DF - PROCURADOR) 
No sistema penal brasileiro, há causas pessoais que excluem e extinguem 
totalmente a punibilidade e, igualmente, causas pessoais de exclusão e 
extinção parcial da punibilidade. 
01 - (CESPE ± 2009 ± PC/RN ± AGENTE DE POLÍCIA) 
Exclui-se a culpabilidade do agente 
A) que falece após a ocorrência do fato. 
B) inteiramente incapaz ao tempo do fato. 
C) que age em estrito cumprimento do dever legal. 
D) portador de perturbação mental após o fato. 
E) maior de 70 anos de idade na data da sentença. 
COMENTÁRIOS: O falecimento após a ocorrência do fato gera, apenas, a 
extinção da punibilidade, mas o crime considera-se praticado, nos termos 
do art. 107, I do CP. A superveniência de doença mental também não é 
causa de exclusão da culpabilidade, que é aferida no momento da 
conduta. A circunstância de ser o agente maior de 70 anos na data da 
sentença é mera causa de diminuição de pena. Aquele que age em estrito 
cumprimento do dever legal não chega, sequer, a praticar fato ilícito, pois 
essa circunstância é uma causa de exclusão da ilicitude. Por fim, se o 
agente era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato à 
época da conduta, ou será considerado inimputável (se se enquadrar nas 
hipóteses de inimputabilidade), ou não terá culpabilidade em razão da 
ausência de potencial consciência da ilicitude. 
Assim, a alternativa correta é a letra B. 
QUESTÕES COMENTADAS 
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02 - (CESPE ± 2010 ± DETRAN/ES ± ADVOGADO) 
Tratando-se de culpabilidade, a teoria estrita ou extremada e a 
teoria limitada são derivações da teoria normativa pura e 
divergem apenas a respeito do tratamento das descriminantes 
putativas. 
CORRETA: Como disse a vocês antes, a teoria limitada, que é a 
adotada pelo CP, difere da teoria normativa pura com relação ao 
tratamento dado às descriminantes putativas. As descriminantes 
putativas são tratadas nos arts. 20, § 1° e 21 do CP:§ 1º - É isento de 
pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe 
situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há 
isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como 
crime culposo. (...) Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O 
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, 
poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Para a teoria normativa pura, as descriminantes putativas 
serão sempre erro de proibição. Ou seja, sempre que um agente 
supor que existe uma situação fática que legitima sua ação, e esta não 
existir, estará errando com relação à licitude do fato, logo, comete erro de 
proibição, o que pode afastar a culpabilidade. 
Já a teoria limitada (adotada pelo CP), divide as descriminantes em 
de fato e de direito. Na primeira hipótese, o agente age supondo haver 
uma situação fática que legitime sua função. No segundo caso, o agente 
visualiza corretamente a situação fática, mas acredita que a conduta, no 
entanto, não é proibida. 
Assim, a afirmativa está correta. 
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03 - (CESPE ± 2011 ± PC/ES ± ESCRIVÃO DE POLÍCIA) 
A falta de consciência da ilicitude, se inevitável, exclui a 
culpabilidade. 
CORRETA: A potencial consciência da ilicitude é um dos elementos da 
culpabilidade. Assim, se o agente pratica a conduta mas não possuía, ao 
tempo da ação ou omissão, capacidade de entender que a conduta 
praticada era ilícita, não é considerado culpável, pois ausente um dos 
elementos da culpabilidade. 
Desta maneira, a afirmativa está correta. 
04 - (CESPE ± 2011 ± STM ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
As causas legais de exclusão da culpabilidade por inexigibilidade 
de conduta diversa incluem a estrita obediência a ordem não 
manifestamente ilegal de superior hierárquico. Caso o agente 
cumpra ordem ilegal ou extrapole os limites que lhe foram 
determinados, a conduta é culpável. 
CORRETA: De fato, o art. 22 do CP diz: Art. 22 - Se o fato é cometido 
sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não 
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da 
coação ou da ordem. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984). 
Assim, se a ordem emanada não é manifestamente ilegal, e o agente a 
cumpre, não comete crime, pois não é culpável. No entanto, se a ordem 
for manifestamente ilegal, ou se o agente extrapolar os limites da ordem 
recebida, responderá pelo crime. A questão deveria, apenas, ter colocado 
R�WHUPR�³PDQLIHVWDPHQWH´�QR�HQXQFLDGR��SRLV�D�VXD�DXVrQFLD�SRGH�JHUDU�
no concursando a dúvida acerca de ser ou não uma pegadinha. 
Entretanto, a banca considerou a questão como correta. 
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 
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05 - (CESPE ± 2009 ± DPE/AL ± DEFENSOR PÚBLICO) 
Para a teoria limitada da culpabilidade, adotada pelo CP brasileiro, 
toda espécie de descriminante putativa, seja sobre os limites 
autorizadoresda norma, seja incidente sobre situação fática 
pressuposto de uma causa de justificação, é sempre considerada 
erro de proibição. 
ERRADA: A teoria limitada da culpabilidade, embora adota pelo nosso 
CP, ao contrário da teoria normativa pura, diferencia as hipóteses de 
descriminantes putativas, dividindo-as em de fato e de direito. 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 
06 - (CESPE ± 2004 ± AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL) 
A coação física e a coação moral irresistíveis afastam a própria 
ação, não respondendo o agente pelo crime. Em tais casos, 
responderá pelo crime o coator. 
ERRADA: Apenas a coação física irresistível (vis absoluta) exclui a 
própria conduta, pois, nesse caso, o agente é mero objeto na mão de um 
terceiro, que é quem, de fato, comete o crime. Na coação moral 
irresistível, há conduta, embora seja uma conduta viciada (pois o agente 
não é inteiramente livre para realizar a escolha de praticar ou não o 
crime, pois se encontra sob coação). 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 
07 - (CESPE ± 2011 ± TER/ES ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
ADMINISTRATIVA) 
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Abel, em completo estado de embriaguez proveniente de caso 
fortuito, cometeu delito de roubo, tendo sido comprovado que, ao 
tempo do crime, ele era inteiramente incapaz de entender o 
caráter ilícito do fato. Nessa situação, embora tenha praticado 
fato penalmente típico e ilícito, Abel ficará isento de pena. 
CORRETA: A embriaguez completa, decorrente de caso fortuito ou força 
maior, exclui a imputabilidade do agente, se ele era, ao tempo do fato, 
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito de sua conduta, nos 
termos do art. 28, § 1° do CP. 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 
08 - (CESPE ± 2008 ± STJ ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Na obediência hierárquica, para que se configure a causa de 
exclusão de culpabilidade, é necessário que exista dependência 
funcional do executor da ordem dentro do serviço público, de 
forma que não há que se falar, para fins de exclusão da 
culpabilidade, em relação hierárquica entre particulares. 
CORRETA: A Doutrina é pacífica em afirmar que para que seja 
caracterizada a excludente de culpabilidade em questão, é necessário que 
haja uma relação de hierarquia funcional entre o autor do fato e o 
mandante. 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 
 
09 - (CESPE ± 2011 ± TJ/ES ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
O perdão judicial, uma das possíveis causas extintivas da 
punibilidade, consiste na manifestação de vontade, expressa ou 
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tácita, do ofendido ou de seu representante legal, acerca de sua 
desistência da ação penal privada já iniciada. 
ERRADA: O enunciado da questão descreve a figura do perdão do 
ofendido, não do perdão judicial. Em determinados crimes o Estado 
confere o perdão ao infrator, por entender que a aplicação da pena não é 
QHFHVViULD��e�R�FKDPDGR�³SHUGmR�MXGLFLDO´��e�R�TXH�RFRUUH��SRU�H[HPSOR��
no caso de homicídio culposo no qual o infrator tenha perdido alguém 
querido (Lembram-se do caso Herbert Viana?). Essa hipótese está 
prevista no art. 121, § 5° do CP: § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, 
o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração 
atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se 
torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977). Este sim 
é o chamado perdão judicial. 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 
10 - (CESPE ± 2011 ± STM ± ANALISTA JUDICIÁRIO ± ÁREA 
JUDICIÁRIA) 
Além de conduzir à extinção da punibilidade, a abolitio criminis faz 
cessar todos os efeitos penais e cíveis da sentença condenatória. 
ERRADA: A abolitio criminis, de fato, conduz à extinção da punibilidade 
(art. 107, III do CP). Entretanto, apenas faz desaparecer os efeitos penais 
de eventual condenação, não possuindo reflexos na seara cível, nos 
termos do art. 2° do CP. 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ ERRADA. 
11 - (CESPE ± 200P ± SEJUS /ES ± AGENTE PENITENCIÁRIO) 
A anistia exclui o crime, rescinde a condenação e extingue 
totalmente a punibilidade, tendo, de regra, ao contrário da graça, 
o caráter da generalidade, ao abranger fatos e não pessoas. 
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CORRETA: A anistia é uma forma de extinção da punibilidade mais 
abrangente que a graça e o indulto, pois a anistia é um instituto mediante 
o qual o Estado passa a considerar que as condutas praticadas pelos 
agentes não são mais crimes. Não se trata de abolitio criminis, pois as 
condutas já foram realizadas. Já a graça e o indulto são de caráter 
pessoal, ou seja, o Estado concede àquela(s) pessoas a extinção da 
punibilidade, por razões de política criminal, embora permaneça a 
consideração de que o fato praticado foi um crime. 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 
12 - (CESPE ± 2009 ± AGU ± ADVOGADO DA UNIÃO) 
Caso a pena de multa seja alternativa ou cumulativamente 
cominada ou cumulativamente aplicada, aplicam-se a ela os 
mesmos prazos previstos para as respectivas penas privativas de 
liberdade. 
CORRETA: Esta é a previsão legal, contida no art. 114, II do CP: Art. 114 
- A prescrição da pena de multa ocorrerá: (...) II - no mesmo prazo 
estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a 
multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente 
aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
Assim, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA. 
13 - (CESPE ± 2011 ± TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE 
EXTERNO) 
Acerca da tipicidade, da culpabilidade e da punibilidade, julgue o 
item a seguir. 
Na doutrina e jurisprudência contemporâneas, predomina o 
entendimento de que a punibilidade não integra o conceito 
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analítico de delito, que ficaria definido como conduta típica, ilícita 
e culpável. 
COMENTÁRIO: O crime pode ser conceituado a partir de diversos 
aspectos. Sob o aspecto analítico, o crime é analisado em sua 
composição, que, para a maioria da Doutrina, é TRIPARTIDA, sendo o 
crime composto por três elementos: 
x FATO TÍPICO; 
x ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE); 
x CULPABILIDADE 
A teoria bipartida, menor, mas não menos influente, defende que o crime 
é composto por apenas DOIS elementos: 
x FATO TÍPICO; 
x ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE); 
Para esta teoria, a culpabilidade é mero pressuposto de aplicação da 
pena, eis que não se refere ao fato em si, mas às condições pessoais do 
agente, motivo pelo qual um fato típico e ilícito já seria um crime. 
 
Ambas as teorias são aceitas, embora a primeira predomine. Porém, 
certo é que a teoria quadripartida (que inclui no conceito de crime 
também a punibilidade) não encontra um número significativo de 
defensores na Doutrina e é rechaçada pela Jurisprudência. 
 
Portanto, a afirmativa está CORRETA. 
14 - (CESPE ± 2010 ± ABIN ± OFICIAL TÉCNICO DE 
INTELIGÊNCIA) 
Julgue o item a seguir, referente a institutos de direito penal. 
O erro de proibição escusável exclui o dolo e a culpa; o 
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inescusável exclui o dolo, permanecendo, contudo, a modalidade 
culposa. 
COMENTÁRIO: A afirmativa está errada, pois dá a definição das 
consequências do erro de tipo, não do erro de proibição. O erro de 
proibição, ou erro sobre a ilicitude do fato, quando escusável, isenta de 
pena (exclui a culpabilidade do agente,

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