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Sociologia e suas Abordagens

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Unidade 1 - Sociologia: sociedade e ser social
Aula 1 - O homem e sua natureza social
O indivíduo tem necessidades humanas, formam grupos sociais e estabelecem interações sociais e sociabilidade. As interações sociais influenciam na identidade social. A sociabilidade marca a humanização.
Como outras espécies na natureza, nós seres humanos, buscando a preservação, nos agrupamos, acasalamos, viabilizamos alimentos e nos defendemos.
Para atender nossas necessidades humanas estabelecemos estratégias sociais de vida e geramos variadas formas de interação social.
É nesse contexto que estabelecemos relações sociais e, assim, formamos sociedades humanas.
1ª PREMISSA SOCIOLÓGICA
É o ato de viver em grupo que nos transforma em seres sociais, pois só assim sobrevivemos em sociedade. Dessa premissa surgem os primeiros conceitos sociológicos como:
Grupo social
Contrato social
Interação social
Relação social
Sociabilidade
Socialização
Isso quer dizer que somos mais do que seres biologicamente constituídos: somos gregários (vivemos em grupo). O processo de vida gregária, grupal e interacional influenciou e influencia quem somos, impactando nossa identidade social.
O fato é: gostando ou não, precisamos de nossos semelhantes, e por isso mesmo, vivemos em grupos sociais.
Ao estudarmos essa unidade básica da vida social que é o grupo, é possível identificar algumas características básicas como:
Mudanças internas de papeis sociais e regras: a entrada ou saída de membros no grupo pode mudar seu perfil e sua dinâmica interna
Ex: Família A(Pai, mãe e filhos) ≠Família B(Mãe e filhos)≠Família C(Filho casado, pai, mãe e irmão)
Grau de interferência na ação coletiva: quanto maior o grupo, menor será o poder individual em interferir na ação coletiva.
Ex: João trabalha em uma pequena empresa.=Sua ausência ou desempenho terá maior impacto no coletivo.
 Valter trabalha em uma multinacional.=Devido ao tamanho da empresa, sua participação não terá tanto impacto no coletivo
Tempo: um grupo pode ter longa vida enquanto outro pode ser efêmero.
Ex: Longa vida=grupo familiar, religioso, amigos de infância, entre outros.
Efêmeros=grupo de festa, universidade, congressos ou aqueles criados para a realização de uma tarefa temporária.
Tamanho: os grupos sociais também podem ser SIMPLES ou COMPLEXOS.
Ex: Simples=grupo formado por alunos em uma sala de aula.
Complexo=grupo constituído pelos docentes, discentes e funcionários de uma universidade. Muitos sociólogos entendem que a própria sociedade é um grupo social complexo.
Outro tema produto do entendimento da natureza social do homem é o desenvolvimento de sua sociabilidade. Não nascemos com essa sociabilidade, mas com os elementos biológicos e psíquicos que permitem o seu desenvolvimento e aprimoramento ao longo da vida.
Portanto, ser social significa um ser em constante interação em sociedade e sem ela, os seres humanos seriam uma espécie animal diferente da que somos.
OBS! A sociabilidade dependerá do tipo de sociedade em que vivemos. Isso porque ao sermos introduzidos em uma sociedade, já encontramos determinados padrões de comportamento criados por outras gerações a serem seguidos e remodelados pelos novos membros da coletividade.
Por essa razão, necessitamos de certas ferramentas, como competências, habilidades, atitudes, o conhecimento dos códigos, das ideias, valores, crenças, normas do grupo para estabelecermos relações sociais.
Quanto mais complexa for a sociedade:
Mais diversas deverão ser as ferramentas para operacionalizarmos em nosso contexto social e histórico.
Maiores serão os desafios de sociabilidade para estabelecer diálogos polissêmicos com os outros subgrupos e subculturas do mesmo contexto social.
Aula 2 - Sociedade: instituições sociais, socialização e cultura
A sociedade é formada por grupos sociais que padronizam o comportamento das instituições sociais e assim socializam a cultura. A cultura é a mediação das relações sociais e orienta grupos e indivíduos.
Sociedade
O indivíduo ao nascer em uma sociedade, produz e encontra uma cultura (ou culturas), isto é, determinados padrões de comportamento a serem seguidos por todos os indivíduos.
Necessitamos, assim, de certas habilidades, competências e atitudes para estabelecermos relações sociais e ampliarmos nosso leque social. Obtemos isso através das instituições sociais e do processo de socialização da cultura.
OBS! INDIVÍDUO: O ser apenas biológico, que se distingue de pessoa social.
 PRESSÃO SOCIAL: Conjunto das influências que se exerce sobre os indivíduos ou grupos com o propósito de modificar a sua conduta, para conseguir certos objetivo claramente definidos. Com um sentido mais restrito, entende-se que é uma forma de opinião pública, cujo peso se faz valer com frequência perante os funcionários públicos ou os corpos legislativos, para levar a cabo determinadas ações a respeito de problemas sociais concretos.
 SOCIEDADE. Estrutura formada pelos grupos principais, ligados entre si, considerados como uma unidade e participando todos de uma cultura comum.
Instituição social
As instituições sociais são fundamentais para organizar a nossa forma de vida, estruturar as nossas organizações formais (seja numa empresa, escola, universidade, igreja etc.) e atuam como guias ou parâmetros para nossas ações individuais.
Para viver em sociedade, nós precisamos aprender a: (são padrões da sociabilidade)
Cooperar socialmente
Comunicar pela linguagem do grupo (códigos e significados)
Interpretar ações e intenções
Construir emoções, representações, controle, normas de comportamento
Essas características serão produzidas durante a: Repetição+Cristalização+Padronização (institucionalização) 
De ações, procedimentos, hábitos, comportamentos e regras no interior dos grupos sociais
Socialização
Concepção Clássica: Processo em que ocorre a internalização da cultura e nos integra ao modo de vida de uma determinada sociedade. Nele, o indivíduo participa de um sistema complexo de interações e se adapta às tradições culturais dos diferentes grupos que participa.
Ponto der vista da sociedade: Supõe a construção da identidade social: compartilhar características, regras e procedimentos de uma coletividade.
Ponto de vista do indivíduo: Forma a nossa identidade individual (pessoal) – tomada de consciência de si mesmo.
A socialização pode:
Ser realizada de diversas maneiras, por variados agentes e em diferentes contextos sociais.
Ser deliberada ou não intencional (acontece com um objetivo previamente planejado ou não).
Ser sistemática ou assistemática.
Ocorrer na fase primária e secundária.
Exigir contatos pessoais ou a distância.
Ser em benefício do socializador ou do socializado.
Ser democrática ou autoritária e conflitiva.
Além disso, a pessoa socializada pode ser relativamente passiva ou ativa no processo, podendo influenciar ou dirigir sua própria socialização.
Cultura
Cada grupo social adota uma cultura, uma forma de vivência normativa que é o conteúdo da socialização institucionalizada. A cultura não é algo natural. É produto de uma luta diária.
Ela também deve ser vista numa relação de poder. Ao longo do tempo, cada grupo social procura impor a outros grupos o seu padrão cultural, sua maneira de viver e de interpretar o mundo.
Podemos observar, numa mesma sociedade, diversos grupos numa luta muitas vezes desigual para manter, dar visibilidade ou estabelecer as bases de sua cultura.
Cultura é um complexo estruturado por vários elementos materiais e imateriais, como:
Crença: Aceitação de uma proposição por indivíduos, que a utilizam para fundamentar suas ações.
Artefatos: Bens materiais criados pelo homem (objetos e instrumentos práticos, domésticos, rituais, arquitetônicos e artísticos).
Conhecimento: O saber acumulado através de gerações.
Divisão social: Todos os grupos estabelecem relações sociais e definem posições para seus membros, que podem variar ao longo do tempo.
Símbolos: Elementos físicos (ex:uma cruz) ou sensoriais (ex: bater palmas) aos quais os indivíduos atribuem um significado específico, como a linguagem (sistema de sinais que incorpora a visão de mundo de cada grupo).
Normas: Regras – convenções – que definem o modo de agir dos indivíduos em certas situações.
Valores: Elementos abstratos consagrados por um indivíduo, grupo ou sociedade, que orientam suas ações. Exemplos: liberdade, sucesso, eficiência.
Hábitos: São formas peculiares para lidar com diferentes situações, desenvolvidas e transmitidas de geração para geração por indivíduos de um mesmo povo. Esses comportamentos só se tornam padrões de ação e, consequentemente, hábitos, se obtiverem bons resultados e passarem a ser repetidos pelos indivíduos.
Aula 3 - Origem e objeto da Sociologia
Origem
CONCEITO DE SOCIOLOGIA
Mas o que é a Sociologia e qual o seu objeto de investigação?
A Sociologia é a ciência da sociedade.
Há diversas definições desta ciência em função das variadas correntes teóricas, mas, em geral, todas concordam que Sociologia refere-se ao:
Estudo da estrutura, organização, funcionamento e transformação da sociedade humana, especialmente a sociedade contemporânea capitalista.
Envolve o conhecimento dos fenômenos sociais e das relações sociais estabelecidas pelo Homem nesse ambiente. Visa, também, contribuir, através dos métodos e técnicas de investigação científica para a solução dos problemas enfrentados pelo homem em sociedade.
Mas a sociedade não é algo amplo para uma investigação sociológica? Como entender as particularidades que a envolvem?
Bem, se considerarmos que a Sociologia estuda a sociedade humana, então poderíamos responder: tudo que envolve o homem em sociedade. Mas isso não seria produtivo, afinal, toda ciência procura estudar um fenômeno para entendê-lo e, se necessário, solucioná-lo, caso o mesmo se torne um problema.
OBS! Já preocupado com essa questão, um dos clássicos das ciências sociais, T. H. Marshall, dizia em uma aula inaugural em Londres:
“Os sociólogos não deviam despender todas as suas energias na procura de generalizações amplas, leis universais e uma compreensão total da sociedade humana como tal. Talvez cheguem lá mais tarde se souberem esperar. Nem recomendo o caminho arenoso das profundezas do turbilhão dos fatos que enchem os olhos e ouvidos até que nada possa ser visto ou ouvido claramente. Mas, acredito que haja um meio-termo que se localiza em chão firme. Conduz a uma região cujas características não são nem gargantuanas nem liliputianas, onde a sociologia pode escolher unidades de estudo de um escopo manejável, não a sociedade, progresso, moral e civilização, mas estruturas sociais específicas nas quais as funções e processos básicos têm significados determinados”. (MARSHALL, T. H. Cidadania, Classe Social e Status. Rio de Janeiro, Zahar Editores. P. 32).
Assim, a Sociologia estuda a realidade social, mas não de forma genérica. Como a realidade social é ampla e complexa, os sociólogos investigam objetos específicos (temas, situações, fatos, aspectos particulares) da mesma.
Como dizia o sociólogo brasileiro Octavio Ianni, era necessário estudar pontos que atendessem “aos desafios imediatos, localizados, setoriais, quotidianos, de normalização e ordenamento dos problemas sociais”. (IANNI, Octavio. A crise dos paradigmas na sociologia: Problemas de explicação, 1989.)
Seguindo essa proposta, diversos sociólogos procuraram segmentar seus estudos, considerando quais elementos eram significativos para entender o que acontecia em uma dada sociedade e oferecer uma resposta mais consolidada a uma efetiva reconstrução social.
OBS! Boa parte dos estudos sociológicos está em descobrir quais são os tipos de relações sociais que se estabelecem em uma sociedade. Ou seja, como as pessoas se relacionam em grupo, como se relacionam nas organizações sociais formais onde atuam diariamente (empresas, escolas, repartições governamentais), e que são extensões desses grupos. E de forma mais macrossocial, como as pessoas interagem, se relacionam no sistema político da sociedade onde vivem, no sistema econômico, no universo jurídico, no mundo rural, no contexto urbano, quais as formas de relações sociais ao longo do tempo e como essas relações podem ser comparadas entre sociedades diferentes. Acima de tudo, se busca entender as causas, as consequências e as soluções para o produto dessas relações sociais, que são o que se chama de fenômenos sociais ou fenômenos sociológicos.
Ex: O desemprego é um fenômeno social, e como tal sociológico, produto da forma como os homens em determinada sociedade estabelecem as relações sociais no universo econômico para produzir. Por isso podemos entender porque há mais desemprego nos Estados Unidos do que na Dinamarca).
Encerramento
Por que o homem é um ser social?
Porque o homem é um ser que vive em grupos e somente se humaniza quando adquire sociabilidade. Depende do outro, direta ou indiretamente, para sobreviver, atender suas necessidades básicas, desenvolver a linguagem e criar novas formas de vida.
Por que surgiu a sociologia?
Surgiu como uma forma de saber sistematizado para analisar as questões sociais provocadas pelo advento das revoluções econômicas, políticas e sociais dos séculos XVIII e XIX na sociedade capitalista.
Qual é a relação de sociedade, cultura e instituições sociais?
Para sua existência a sociedade precisa que todos os indivíduos que dela participam compartilhem, minimamente, determinados padrões culturais que a definem em diversos aspectos do cotidiano. Ou seja, os indivíduos precisam da cultura (ou culturas) de seu contexto social para sobreviver em grupo e para garantir a sobrevivência da própria sociedade. A cultura por sua vez é socializada pelas diversas instituições sociais que existem na sociedade.
Resumo da Unidade
Nesta unidade, você estudou que a sociedade é formada por indivíduos que se organizam em grupos sociais. Nesse processo de viver em grupo, os indivíduos se humanizam e desenvolvem uma forma de viver que projetam para as novas gerações de seus grupos. Ou seja, quando em sociedade os indivíduos desenvolvem uma cultura. É essa cultura que define o perfil desse grupo social e da sociedade como um todo. Cada grupo tem uma cultura própria. Cada sociedade tem uma cultura própria. Essa cultura é socializada (ou seja, ensinada, passada para as novas gerações ou novos membros dos grupos e da sociedade) em dois momentos: na fase primária, quando a pessoa ainda é criança e isso é feito pela família e na fase secundária, realizada por todas as outras instituições que fazem parte de uma sociedade (como os meios de comunicação, a igreja, a escola, os partidos, as empresas etc). A socialização ocorre através das instituições sociais tanto na forma sistemática, com um objetivo claro e um método, como ocorre em uma escola no processo de ensino, quanto de modo assistemático, quando acontece sem nenhum critério (por exemplo, quando estamos vendo TV, muitos programas estão socializando fragmentos de uma cultura, ou seja, crenças, valores, símbolos, mas sem deixar isso claro ou ter um cuidado quanto a isso).
Também foi abordado que a Sociologia é uma ciência criada a partir do século XIX para analisar os fenômenos sociais e as questões sociais produzidas no âmbito das transformações da sociedade capitalista.
Unidade 2 - Primeiras abordagens sobre a sociedade
Aula 1 - Abordagens metodológicas
A Sociologia analisa o homem de modo particular, criando a perspectiva sociológica (olhar sociológico) dos fatos observados.
Mas o que é pensar sociologicamente? O que é construir um olhar sociológico?
A Sociologia não é opinião nem expressão do senso comum. Ela busca a verdade dos fatos desenvolvendo senso crítico.
Por isso transforma questões, fatos, problemas sociais em sociológicos na medida em que mobiliza um aparato metodológico e conceitual a fim de investigar as causas e as consequências dos temas abordados.
Visa contribuir, através de MÉTODOS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA,como delimitação do campo, observação, experimentação, verificação e quantificação para a solução dos problemas enfrentados pelo homem em sociedade.
Na época de sua formação, os primeiros teóricos da Sociologia combatiam as posições idealista e individualista do século XIX, que colocavam em jogo a própria existência de um ente chamado sociedade como meio de influência do comportamento dos indivíduos e de ordenação da vida coletiva.
Não aceitavam que tudo que existia na sociedade era produto das ideias e dos desejos individuais. Deveria haver outra explicação. Isso permitiu a construção de duas grandes linhas de compreensão da vida social e, com elas, diversas abordagens sobre a sociedade e seus problemas.
OBS! Todos os sociólogos são unânimes em considerar que existe um padrão coletivo de ação, ou seja, uma sociedade organizada, porém divergem quanto à forma. Por isso é possível identificar entre os autores clássicos, modernos e contemporâneos da Sociologia, duas grandes linhas do pensamento sociológico, duas correntes metodológicas: a coletivista e a individualista, e que poderiam ser desmembradas em três grandes correntes e diversas teorias, diferenciadas a partir de temas e conceitos-chave.
As principais abordagens metodológicas da sociedade conforme temas e autores:
Na abordagem coletivista, a mais frequente entre os analistas sociais, também se destacam as abordagens sistêmica e holística.
Aula 2 - As teorias de Comte e Spencer
Desde as primeiras tentativas científicas de analisar as enormes transformações e desafios da sociedade capitalista, cada pensador clássico desenvolveu sua própria visão da realidade, de modo sistemático, metódico, coerente e guiado por um aparato teórico-conceitual. Assim:
Foi o caso dos estudos do francês Auguste Comte (1798-1857) e do inglês Herbert Spencer (1820-1903).
Auguste Comte questionava os rumos da sociedade capitalista do século XIX, considerando que os valores familiares e religiosos haviam perdido a força diante da intensa busca por um desenvolvimento tecnológico e econômico que vinha acompanhado por diversos problemas sociais. Isso poderia provocar a desintegração social.
Em sua concepção, era importante que a sociedade fosse em busca da promoção de valores para satisfazer:
1ª ordem necessária: “o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”
2° progresso do capitalismo: Em termos material, intelectual, moral e afetivo – como a busca pelo altruísmo.
OBS! Isso seria identificado em instituições sociais modernas, como a educação e a lei.
Segundo Comte, a sociedade estava desorganizada e os problemas sociais eram produtos da ausência de valores coletivistas, solidários e altruístas. Era preciso, portanto, modificar as seguintes instituições sociais:
Era preciso aumentar a presença de autoridade, hierarquia, tradição e valores morais nas relações sociais.
Vale destacar que Comte era um pensador que valorizava o planejamento para chegar ao bem-estar social e considerava que a elite dirigente da sociedade deveria ser formada por cientistas.
Então, segundo Comte, na lógica positivista, o que fazer para evitar o caos social?
Resposta: Investigar a causa dos fenômenos.
A valorização do saber sistematizado como meio para responder aos problemas sociais (e como tal para reorganizar a sociedade) também foi uma contribuição do pensador.
E como ele chegou a isso?
Para Comte, a humanidade passou por três estados (estágios) de concepção abstrata sobre os fenômenos:
Teológico: Marcado pela presença de Deus/agentes sobrenaturais. Estes eram a resposta e a explicação para todos os fenômenos que aconteciam na sociedade e na vida do homem. Envolvia ideias como “as coisas acontecem dessa forma porque foi Deus quem quis assim.” 
Esse estado se apresentou em seu aspecto de animismo (objetos que têm força interna), politeísmo (crença em mais de uma divindade) e monoteísmo (crença em uma única divindade)
Metafísico: Marcado pela descrença em uma divindade. Os fenômenos são explicados por suas próprias causas internas ou por uma única causa, tais como forças ocultas, entidades metafísicas, qualidades ocultas, e que geram verdades absolutas, com o uso de abstrações e pensamentos circulares. Assim, se reificam ideias como: “O fenômeno acontece dessa forma porque sempre foi assim, é parte dele e não por uma causa divina ou natural”
Positivo: Fase do declínio de formas não científicas de conhecimento e que busca uma visão global da realidade, trabalhando mediante hipóteses e leis gerais. Busca também investigar os fenômenos através de um mecanismo de observação da estática social e da dinâmica social. Nesse sentido, a ideia que se coloca é: As coisas acontecem assim porque naquele tipo de sociedade, num dado momento histórico, há uma desvalorização do indivíduo, causado pelo desrespeito à tradição cultural.
Outro importante pensador da realidade social foi Herbert Spencer.
Ele foi adepto do biologismo sociológico, que compreendia, em termos de analogia, a sociedade como um organismo. Daí o uso de termos como função social, regulação, assimilação, circulação, diferenciação, divisão do trabalho, equilíbrio, órgãos, organismo e corpo.
Por isso Spencer buscou investigar como funcionava, crescia e se diferenciava esse “organismo”.
Ele entendia que era preciso estabelecer de forma equilibrada a interdependência funcional entre as partes especializadas da sociedade, cada qual atuante em sua tarefa, coordenando sua área de atuação com outras partes.
Isso porque Spencer via a sociedade como um “corpo social”, formado por unidades-chave:
Organizações, instituições sociais = órgãos (reunião de células).
Indivíduos = células que se concentram em suas funções para manter a regularidade do organismo.
A ideia é que cada parte existe para atender a uma necessidade. Uma parte depende da outra, criando uma interdependência, na qual uma pode gerar – por não executar bem sua função – a disfuncionalidade da outra e de todo o corpo.
Fala-se hoje da importância de Spencer na fundamentação do pensamento neoliberal na economia e na política, em função de sua visão evolucionista e darwinista no aspecto social.
Aula 3 - Outras contribuições ao pensamento sociológico
Entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, muitos sociólogos investigaram problemas que afetavam a realidade social urbana, produzindo tanto estudos de:
Um desses primeiros trabalhos é do alemão Ferdinand Tonnies (1855-1936). Fundador da Sociedade Alemã de Sociologia (em 1909), destaca em seu estudo “Comunidade e Sociedade” (1887) dois tipos básicos de “relações sociais”:
Comunidade: Formada por laços mais naturais, afetivos e espontâneos, dando o sentido de pertencimento, como a família.
Sociedade: Fundada em laços de racionalidade, mais impessoais, objetivos e formais, como o Estado, a empresa.
Tonnies, inclusive, caracterizava a sociedade como uma estrutura social. Veja o esquema explicativo:
Segundo Tonnies, a frágil coesão social que ele verificava na época era produto do declínio da ideia de comunidade em detrimento da sociedade em franco crescimento.
Esses conceitos nos permitem analisar um fenômeno contemporâneo que se refere ao crescimento das relações sociais informais, dentro de organizações formais (empresas, hospitais, organismos públicos) quando estas tendem a se burocratizar e privilegiar as estruturas formais, impersonalistas, generalistas, presas a regulamentos, procedimentos e regras.
Na medida em que há a presença do excesso de formalismo, como a buropatologia, os indivíduos tendem a criar grupos informais e fortalecer o laço de comunidade dentro de um cenário societário e estruturado. Isso pode colocar o grupo em conflito com os interesses gerais da organização.
Não é por menos a presença hoje de variadas estratégias de gestão para disseminar entre todos os membros da organização sua cultura, procurando unificar valores, crenças, normas e interesses (cultura organizacional).Interacionistas simbólicos
Também merecem destaque, no corpo da Sociologia norte-americana, os estudos dos chamados interacionistas simbólicos.
De acordo com os interacionistas, as pessoas interagem a partir da interpretação e dos significados que dão aos gestos simbólicos, ou seja, o que falamos, nossas expressões faciais e corporais e toda uma gama de sinais que emitimos devem ser interpretados, pois carregam um significado.
A vida em sociedade é mediada por gestos e símbolos. Dependendo do significado que expressam no cotidiano, eles geram um tipo de relação social com consequências na vida social como um todo. Precisamos então compreender:
O sentido de cada gesto simbólico.
Como as pessoas interpretam seus próprios símbolos emitidos.
Como as pessoas reagem aos outros.
Considere a importância dessas reflexões em um mundo pleno de símbolos, uma sociedade marcada pelo contato social virtual e cercada por imagens. Como agir? E no ambiente de trabalho? Como lidar com isso?
É importante compreender o que está por trás das “máscaras sociais” que criamos em nossos espaços sociais e de trabalho. Ler as “impressões” que o outro quer deixar em seus gestos (amizade, autoridade, respeito etc.) durante as interações. Mesmo os pequenos gestos, como fitar excessivamente alguém, podem gerar efeitos inesperados.
Em cada situação carregamos crenças, estado de espírito e interpretações que influenciam a forma como significamos nossas ações e as de outros. A interpretação é sempre contextual e parte da subjetividade. Assim, a pessoa interpreta e age criando normas de ação que podem se repetir em situações similares.
Nesse processo interpretativo o perigo é a manipulação da interpretação do outro, ou seja, dar significado a certas ações e gestos e, a partir disso, catalogar as pessoas por esses critérios e atributos. Segundo Erving Goffman, podemos acabar criando um modelo social de indivíduo com o qual interagimos, marcando um “estigma” em sua conduta.
OBS! Goffman distingue três tipos de estigma: as deformações físicas (deficiências motoras, auditivas, visuais, desfigurações do rosto), os desvios de caráter (distúrbios mentais, vícios, dependências, doenças associadas ao comportamento sexual, reclusão prisional) e estigmas tribais (relacionados com a pertença a uma raça, nação ou religião). (...) interessa sobretudo analisar as relações que se estabelecem entre os estigmatizados e os "normais". Os contatos sociais com o portador de um estigma tendem a enfermar de (...) por exemplo, não saber como reagir, se olhar ou não diretamente para o defeito visível, se auxiliar ou não a pessoa, se contar ou não uma anedota acerca desse "tipo" de pessoa. Qualquer que seja a conduta adotada, por ambas as partes, haverá, muitas vezes, a sensação de que o outro é capaz de ler significados não intencionais nas nossas ações. 
Nos anos de 1960, a abordagem da etnometodologia se vinculou aos interacionistas, tendo Harold Garfinkel (1917-2011) como principal expressão.
Para esses autores a questão central envolve as interações sociais, tanto nos grupos primários como nos secundários, e como as pessoas lidam no dia a dia com as relações que estabelecem em diversas situações.
Encerramento
Quais são as principais abordagens metodológicas para a análise social?
A Sociologia desenvolveu duas grandes abordagens metodológicas: a coletivista e a individualista, que diferem entre si quanto à visão do papel do indivíduo na sociedade. Enquanto a primeira tende a colocar o indivíduo subordinado à estrutura e ao sistema social em que vive, a outra garante maior autoria ao sujeito, considerando a motivação de suas ações sociais no ambiente coletivo. Também se destacam na coletivista uma abordagem sistêmica que analisa o todo e as partes com igual valor e uma abordagem holística preocupada com a visão geral da sociedade.
Qual a forma de abordar a sociedade presente nas teorias de Comte e Spencer?
Comte analisa a sociedade a partir da busca do progresso mediante um processo de integração social através da ordem. Era, pois, preciso conhecer – mediante a ciência – e identificar as formas de manter a ordem social. O pressuposto é que a sociedade vive um consensus, ou seja, seus fenômenos sociais estão intimamente ligados e interligados. Para isso seria preciso investigar a sociedade em seu aspecto estático e dinâmico. Para Spencer, era preciso observar a sociedade como um organismo no qual cada parte cumpre uma função social. Ele também considerava que as partes estavam interligadas em interdependência funcional.
Que outras teorias sociológicas contribuíram para o entendimento da sociedade nessa fase de desenvolvimento do capitalismo?
Diversas teorias foram e ainda são produzidas pela Sociologia. Mas merecem destaque aquelas no âmbito da microssociologia, por sua presença ainda na contemporaneidade, mesmo que sob outra roupagem: como o caso dos estudos do alemão Tonnies e dos interacionistas simbólicos norte-americanos.
Resumo da Unidade
Nesta unidade, foi apresentada a Sociologia como uma ciência que gerou diversas teorias e pensadores, a partir de duas grandes linhas metodológicas: a coletivista (que aborda os fenômenos sociais a partir do critério coletivo) e a individualista (que confere ao indivíduo maior participação na sociedade). Também se destacam na corrente coletivista: a abordagem sistêmica (que analisa o todo e as partes com igual valor) e a holística (preocupada com a visão geral da sociedade). Como parte da perspectiva coletivista estão os trabalhos de Auguste Comte (que criou o Positivismo, um saber fundamentado na valorização da ciência) e de Herbert Spencer (que trata a sociedade como um organismo que precisa estar em constante processo de regulação de suas partes, cada qual cumprindo uma função no corpo social). Finalmente foram identificadas outras abordagens teóricas como o interacionismo simbólico, a etnometodologia e o estudo de comunidade de Tonnies.
Unidade 3 - A sociedade sob diferentes perspectivas
Aula 1 - Émile Durkheim e a solidariedade social
Émile Durkheim (1858-1917) foi o pensador francês responsável por estabelecer a sociologia como disciplina rigorosamente científica. Transformou a sociedade em objeto de análise científica ao considerá-la um fato sui generis.
Por isso, entendia que era preciso:
Ao desenvolver seus estudos, produziu conceitos que ainda hoje são importantes instrumentos de análise: divisão do trabalho social e solidariedade; consciência coletiva, normalidade, patologia e fatos sociais.
Divisão do trabalho social
Segundo Durkheim, as sociedades organizam seus membros – indivíduos, grupos e instituições sociais – através de uma divisão do trabalho social, ou seja, são divididos em diferentes funções necessárias ao funcionamento de uma sociedade.
O grau de desenvolvimento de uma sociedade seria identificado pela quantidade de funções existentes. Veja:
Sociedade simples ou segmentada: Nessas sociedades, quase não haveria uma divisão do trabalho social, pois um indivíduo poderia realizar diversas funções, como: caçar, pescar etc.
Sociedades complexas: Ao evoluir, as sociedades tendem a dividir cada vez mais os papéis especializados, tornando a relação entre os indivíduos mais complexa.
Solidariedade social
Para você, o que mantém a coesão, a harmonia e, portanto, uma adequada articulação funcional entre todos os elementos que compõem uma sociedade complexa?
O sociólogo responde a esta reflexão da seguinte forma: a solidariedade social, que nada mais é do que a base que garante a integração social, pois expressa que os indivíduos compartilham algo em comum (valores, crenças, normas, linguagens, hábitos, costumes, ideologias etc.) que permite a ligação, a coesão entre eles.
Com essa ideia, Durkheim passa a analisar a evolução das formas de solidariedade entre os homens, classificando-as em duas formas:
MECÂNICA: Ocorre em sociedades onde os indivíduos praticamente partilham os mesmos valores, objetivos e sentimentos. São sociedadesmais homogêneas e pequenas.
ORGÂNICA: Ocorre em sociedades onde existem mais variações de valores, metas e sentimentos individuais. São sociedades mais complexas em sua divisão do trabalho social.
OBS! O fundamento da solidariedade orgânica é a crença – partilhada através de várias instituições sociais – de que cada um sabe que depende do outro. Isto é, há uma “interdependência funcional”. Segundo Durkheim, dependemos cada vez mais das funções desempenhadas por outros (indivíduos e organizações). Por essa linha de análise, podemos deduzir que quanto melhor desempenhamos nossas funções, menores serão os problemas de nossa sociedade.
Ex: Um bom funcionamento da escola permite um mercado de trabalho mais qualificado e, consequentemente, uma economia mais desenvolvida. E assim por diante.
Consciência coletiva
Mas como Durkheim chegou a esse conceito de solidariedade como base na vida social?
Preocupado em entender os problemas de sua época, Durkheim chegou à conclusão de que a solidariedade era possível porque os indivíduos estavam submetidos a “consciência coletiva” de sua sociedade, ou seja:
Sistema de representações coletivas em uma determinada sociedade. As ideias, crenças, linguagem, regras, normas ou práticas de trabalho e os dogmas que todos os indivíduos devem partilhar.
Cada sociedade tem sua consciência coletiva que rege e impulsiona a maneira de pensar, agir e sentir das consciências individuais. Observe o esquema:
Considerando a consciência coletiva como um parâmetro, podemos ter duas situações em uma sociedade:
Normalidade social: Acontece quando vivemos de acordo com as leis, normas e os costumes vigentes em nossa sociedade.
Desintegração social: Como a sociedade está em constante processo de desenvolvimento, podem surgir momentos de patologia social (neste caso, a sociedade estaria “doente”, com conflitos e problemas que comprometeriam seu funcionamento). Isto, porque a consciência coletiva não conseguiria manter a sociedade funcionando de forma coesa.
Fatos sociais
Finalmente, não podemos deixar de tratar um conceito importante na teoria durkheimiana: os fatos sociais.
Ao vivermos em uma sociedade, estamos sujeitos a um sem-número de fatos sociais. Ao identificarmos esses fatos e suas causas, poderemos analisar melhor o funcionamento de uma sociedade.
Mas como identificar os fatos, suas causas e consequências de modo objetivo, sem a interferência de nossos preconceitos e sentimentos pessoais?
Segundo Durkheim, é preciso usar o método científico, mantendo certa neutralidade em relação aos fatos, para não distorcer a realidade. Ao tratar o fato como "coisa” (De forma objetiva, sem nossa opinião ou julgamento.), é possível identificar características de sua natureza social. São elas:
Generalidade: Significa que precisa se repetir em todos (em pequenas sociedades, como as indígenas), ou, como acontece em uma sociedade complexa como a capitalista, na maioria, dos indivíduos, representando uma condição comum ao grupo. Afeta direta ou indiretamente a maioria em uma sociedade e mesmo que um indivíduo nessa sociedade não o partilhe diretamente, mesmo assim estará no seu âmbito social (no seu universo cultural). Exemplo: jogar lixo na rua.
Coercitividade: Devem ter uma força sobre o indivíduo, levando-o a aceitar as regras e os costumes do grupo em que vive, muitas vezes contra a sua vontade. Exemplo: pagar impostos ao Estado.
Exterioridade: Existem independentemente do indivíduo e de sua aceitação consciente deles. Por isso não temos controle particular sobre eles. São exteriores a nós. Exemplo: trabalhar para sobreviver.
Anterioridade: Muitos fatos são anteriores à nossa existência individual, já existiam em nossa sociedade. Exemplo: o casamento.
Posterioridade: Após a nossa morte, muitos fenômenos continuarão a existir, sem serem afetados por nosso desaparecimento. Exemplo: votar em um representante do legislativo.
OBS! Em uma dada sociedade, um fato pode ser social em uma e em outra não, como, por exemplo, o uso da burca entre algumas sociedades islâmicas é fato social e na brasileira não.
Aula 2 - Karl Marx e as análises social e econômica do capitalismo
Marx e o marxismo
A importância de Karl Marx (1818-1883) reside no fato de ter produzido a primeira teoria da vida social identificada com a classe trabalhadora industrial e de propor uma ação política transformadora (ter um projeto político) para eliminar a sociedade capitalista que, segundo ele, era fonte de empobrecimento dos trabalhadores.
Nessa concepção, quando os trabalhadores tomassem consciência de sua condição de explorados no capitalismo, poderiam se organizar e criar um novo tipo de sociedade, tomando o controle do Estado.
No total, Marx produziu 21 livros, entre eles os dois mais conhecidos: O capital e O manifesto comunista. Suas teses deram origem ao marxismo.
Classes sociais
Tendo como pressuposto que a história do homem é fundamentada na exploração do homem pelo homem, Marx concluiu que o trabalho não era organizado visando à necessidade humana (como pensava Émile Durkheim) e sim para atender aos interesses de alguns homens em posições sociais mais privilegiadas.
A cada época se definem os perfis e as relações entre as classes sociais. Tais classes mantêm entre si uma relação que é ao mesmo tempo de:
Oposição: Têm interesses diferentes e inconciliáveis.
Exploração e complementaridade: Não conseguem existir sem a outra, o que significa que o fim de uma seria o fim da outra.
Sociedade como modo de produção
Para tentar compreender a forma como os homens se organizavam para produzir e viver a cada período (lógica de funcionamento), Marx formulou alguns conceitos e, dentre eles, está o conceito de modo de produção (Eixo central da sua teoria materialista histórica dialética).
Mas o que é modo de produção?
Veja através do esquema, a seguir:
TIPOS DE SOCIEDADE
Utilizando o conceito de modo de produção, Marx identificou as etapas de desenvolvimento das sociedades humanas. A mudança ocorreria a cada conflito entre as classes sociais, quando as desigualdades chegassem ao seu limite máximo. Então, um tipo suplantaria o outro.
	Comunal primitivo
	➨
	Asiático e germânico
	➨
	Escravista
	➨
	Servil ou feudal
	➨
	Capitalista
Concepção de sociedade
Entenda a concepção de sociedade de Marx:
OBS! A infraestrutura (base econômica), por sua vez, está dividida em forças produtivas e relações sociais de produção, que, combinadas, gerariam a cada fase da história humana um tipo de modo de produção, isto é, um tipo de sociedade.
Há, ainda, outras categorias relevantes na análise marxista: 
Força de trabalho: O trabalho é uma habilidade humana capaz de gerar valor ao transformar um produto ou uma ideia em bens e serviços. A força de trabalho expressa o conjunto de trabalhadores de diversas categorias profissionais que vendem seu trabalho em troca de salário. Por isso, Marx acreditava que a força de trabalho é, também, uma mercadoria. Ela teria um valor de uso(quanto vale pela sua real utilidade para suprir as necessidades da sociedade) e um valor de troca (mais abstrato, pois dependerá das relações econômicas de cada sociedade).
Mais valia: O lucro capitalista está baseado não na relação de compra e venda de uma mercadoria ou serviço. Acontece na fase da produção, quando é extraída a mais-valia do trabalhador. Ou seja, parte do que o trabalhador produz volta para ele na forma de salário e uma outra, o excedente, para o capitalista.
Salário: É uma remuneração recebida pelo trabalhador na relação capitalista em troca de sua força de trabalho. Na concepção de Marx, o salário capitalista só equivale ao necessário para o trabalhador se reproduzir, ou seja, para se manter. Sua variação dependerá do perfil da profissão, da habilidade do trabalhador e do preço dos bens necessários para alimentação, transporte e moradia.
Alienação: O trabalhador, pelo seu ritmo de trabalho e complexidade do processo de produção, não tinha consciência da importânciade seu trabalho e de sua condição de classe. Aprendia, nas instituições capitalistas (meios de comunicação, empresa, escola), a ter ideias, valores, desejos de uma outra classe social (falsa ideologia). Por isso, não podia mudar sua realidade social a não ser que desenvolvesse uma ação política consciente (consciência de classe).
Estado: Uma instituição política que tinha o papel de amenizar os conflitos sociais inerentes às desigualdades geradas pela sociedade capitalista. Um instrumento que visa garantir os interesses dos detentores dos meios de produção. Trocando em miúdos, o Estado não representa a sociedade, mas os interesses de um grupo dentro de sociedade.
Transforma interesses particulares (de uma classe) em coletivos (toda população) através da força (Estado Ditatorial) ou de medidas de seleção de recursos públicos destinados aos meios de consumo coletivos (equipamentos e serviços de saúde, educação, transporte, saneamento, lazer) para a reprodução da força de trabalho em graus variados (Estado Liberal, de Bem-Estar Social).
Aula 3A Sociologia compreensiva de Max Weber
Max Weber (1864-1920) foi um dos pensadores clássicos da sociologia, mas não compartilhava a concepção de Karl Marx e Émile Durkheim, segundo a qual a ordem social submete os indivíduos às suas regras (econômicas e morais, respectivamente).
Para ele, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação (motivação afetiva, tradicional, racional com relação a fins, racional com relação a valores).
Por isso, considerava o homem, suas motivações e o sentido que dá a sua ação, como ponto de partida para entender uma sociedade e as relações sociais.
Teoria da ação social
Era necessário investigar inicialmente não o coletivo, ou seja, os grupos e as instituições, mas a ação social dos indivíduos (conceito central em sua teoria).
Veja o esquema:
A tarefa do cientista social é descobrir e compreender os possíveis sentidos das ações humanas presentes em aspectos da realidade social que lhe interessa estudar.
Weber levantaria questões, como:
O que motivou aquele jovem a sujar a parede da escola?
O que motivou a ação dos demais agentes envolvidos?
Quais as consequências para essa relação social?
Tente responder estas questões.
Para entender a vida social sob a ótica weberiana, é preciso:
Descrever e entender as ideias culturais, intenções, significados e os fatores subjetivos que orientam os agentes sociais. Também é importante analisar a frequência com que certas ações sociais se manifestam, a fim de compor as tendências gerais que levam os indivíduos, em uma dada sociedade, a agir de determinado modo.
Uma sociedade organizada (e suas organizações sociais formais), desenvolvida e racional é que aquela na qual seus indivíduos são conscientes, responsáveis e racionais quanto a seus atos.
A partir da teoria da ação social, Max Weber começou a compreender que a formação do mundo moderno capitalista só se desenvolveu com grande força em algumas sociedades, porque estas tiveram seus indivíduos com ações sociais racionais motivadas por valores que se adaptaram ao capitalismo nascente. Foi o caso da Alemanha, Inglaterra e dos Estados Unidos. Em detrimento de países como Espanha, Portugal, onde os valores eram mais centrados na contemplação, tradicionalismo e ostentação, e não na racionalidade econômica.
Modelo clássico de burocracia
A vida social, as modernas sociedades capitalistas e suas organizações econômicas, também, passaram por um processo de racionalização ou burocratização a fim de eliminar formas pré-burocráticas de relações sociais baseadas num poder sustentado na força, confiança, lealdade, patrimonialista e personalista.
Weber analisa a burocracia nos seus âmbitos (LAKATOS, 1997, p. 80):
Político: Como manifestação do sistema dominante.
Sociológico: Como uma organização social.
Administrativo: Como um aparato capaz de manter rigoroso e racional controle das operações gerenciais.
Em todos os casos, a razão e a lei são a chave para organizar as atividades complexas do capitalismo. Por isso, Max considerava fundamental a existência de uma elite dirigente fundada na meritocracia.
Encerramento
Qual a concepção de Durkheimiana da sociedade?
Segundo Durkheim, a sociedade expressa uma divisão do trabalho social que tem sua sobrevivência garantida pelo grau de solidariedade que se impõe ao individualismo exacerbado. Em outras palavras, depende do peso da consciência coletiva sobre as consciências individuais.
Qual a concepção Marxista da sociedade?
Para Marx, a sociedade é uma totalidade, um modo de produção que expressa a relação entre a infraestrutura econômica, onde se desenvolvem as relações de exploração, e o poder entre as classes sociais, que influenciam e são sustentadas ideologicamente pelas instituições sociais da superestrutura.
Qual a concepção Weberiana da sociedade?
Para Weber, a sociedade expressa as motivações contidas nas ações sociais dos indivíduos que estabelecem relações sociais em diversas instâncias da vida social ao longo do tempo.
Resumo da Unidade
Nesta unidade, você estudou os principais conceitos produzidos pelos clássicos da sociologia: Durkheim, Marx e Weber. Com Émile Durkheim, aprendeu a identificar os fatos de natureza social, verificar como uma sociedade consegue, apesar de sua complexidade, se manter coesa e funcionando de forma articulada. Também compreendeu a força da sociedade, a coerção social sobre as condutas individuais. Com Karl Marx, conheceu conceitos que ainda servem de instrumento para analisar os problemas da sociedade atual. Finalmente, identificou com o sociólogo alemão Max Weber como se analisa uma sociedade a partir de abordagem que trata a ação social, a dominação legítima e a burocracia como conceitos chave.
Unidade 4 - Conceitos fundamentais em Sociologia
Aula 1 - Estrutura e organização social
Para a maioria dos sociólogos, tudo o que acontece em uma dada sociedade é produto da estreita dependência entre forma e conteúdo.
Em outras palavras: para entender uma sociedade, é preciso considerar sua morfologia social (forma) e sua fisiologia social (conteúdo).
Deriva desse olhar morfológico e fisiológico a relação entre estrutura social (forma) e organização social (conteúdo).
A sociedade (ou as suas partes, como estrutura econômica, estrutura política, instituição social familiar, instituição jurídica, organizações sociais formais etc.) forma uma estrutura. E, para cada estrutura, há uma organização. As sociedades podem ter a mesma estrutura, mas com organizações diferentes (isso gera sociedades diferentes).
Não somos um aglomerado de indivíduos. Desde que nascemos, vivemos em uma estrutura que ganha a vida de acordo com uma organização social. Para estabelecer uma vida coletiva, os indivíduos e seus grupos interagem, se relacionam e se organizam a partir de certos padrões sociais.
Por isso os sociólogos procuram investigar os critérios que permitem caracterizar uma dada sociedade (ou grupo) e como ela se organiza de maneira diferente de outras.
Por essa lógica é possível aplicar tais conceitos para:
Analisar a dinâmica econômica de um país, de suas empresas e perfil de mão de obra.
Comparar sociedades ao longo do tempo (Brasil da década de 30 e atual, capitalismo ontem e hoje, feudalismo versus capitalismo).
Comparar sociedades no mesmo tempo histórico (Brasil de hoje em comparação a outros países da América Latina).
Comparar sociedades com estruturas básicas diferentes (sociedade brasileira versus sociedades indígenas; sociedade rural versus sociedade urbana).
Pense que está tirando uma radiografia da sociedade. Você observa a sua forma e suas partes. Depois faz uma ressonância magnética para ver como essas partes e forma se movimentam, interagem, atuam, se modificam.
Status e Papel social
A análise da estrutura e organização sociais possibilitou a construção dedois outros conceitos importantes: status e papel social
Para sua melhor compreensão, observe o esquema:
Vejamos como isso se aplica em fatos do cotidiano.
O que nossa sociedade, sua estrutura e organização educacional espera de um indivíduo no status de aluno? Ou seja, qual o papel que se espera que ele desempenhe?
Provavelmente, o grupo escolar (uma microssociedade) em que ele está inserido espera que ele seja responsável, cumpra suas tarefas e horários. Outro grupo (professores) espera que ele não interrompa as aulas com perguntas não pertinentes ao tema. Ou até um terceiro, que espera que ele aproveite essa posição para questionar tudo.
E se o estudante deste último caso não se adaptar?
Tudo dependerá da pressão social. Caso a definição do papel social venha de um emissor com prestígio social (o próprio grupo de pais, professores e funcionários), o aluno deverá mudar e se adaptar, ou estará em constante conflito. É possível que sua atitude venha a ser reproduzida por outros alunos. Neste caso, o grupo poderá mudar suas expectativas com relação ao papel de estudante.
Aula 2 - Estratificação e desigualdade social
Em uma sociedade somos diferentes ou desiguais?
Essa simples pergunta nos remete à construção de dois importantes conceitos sociológicos: estratificação e desigualdade.
Ao nos inserirmos em uma estrutura social, somos diferenciados por diversos critérios: morfoanatomia (cor dos olhos, altura, tipo do cabelo etc.), gênero (masculino ou feminino), situação funcional, posição econômica, condição étnica, localização geográfica, posição etária (idade) etc.
Porém, quando em nosso convívio social, dentro dos grupos e na sociedade como um todo, essas diferenças são cultural e socialmente hierarquizadas(apesar da aparência de “natural”), transformam-se em marcadores sociais de diferenças (raça, classe, gênero, sexualidade, geração).
E, quando essas diferenças impedem aos indivíduos identificados com tais marcadores o acesso aos bens e serviços, poder, prestígio, privilégio e oportunidades, promovem a desigualdade social entre os membros de uma dada sociedade.
Essa hierarquização que promove a desigualdade se materializa no fenômeno da estratificação social (expressa a divisão na estrutura social, que distribui seus indivíduos e grupos por meio de um sistema de hierarquias, colocando-os em estratos socialmente desiguais).
Uma mesma sociedade pode conviver com vários sistemas de estratificação. Assim, um indivíduo pode estar numa posição privilegiada em termos de raça/etnia e desprestigiada em termos de gênero ou idade. Ele deverá ter habilidade em transitar no mundo social com essas marcas.
Existem diversos tipos de estratificação que expressam as posições que ocupamos na sociedade, com base em determinados critérios. Entre os principais estão classe, raça/etnia e gênero.
Econômica
A estratificação econômica tem como base a posse de bens materiais. Os sociólogos divergem na classificação deste item. Alguns entendem uma divisão entre proprietários e não proprietários de terras, dinheiro ou bens de produção; burguesia e proletariado; outros dividem em ricos, pobres e grupo intermediário; classes alta, média e baixa; classes A, B, C, D, E etc.
Vale destacar que sua relevância pode, em muitos casos, escamotear outras formas de estratificação.
A relação entre estratificação econômica, desigualdade e exclusão produziu diversos estudos e estatísticas sobre o tema. Desde estratégias políticas para garantir a proteção social dos mais pobres até o impacto da desigualdade econômica em diversos campos. 
Racial
Indica quando os indivíduos são classificados de acordo com os marcadores raciais, sejam eles definidos por critérios morfoanatômicos descritivos (tipo de cabelo, formato do olho, nariz etc.), fenotípicos (cor da pele etc.) ou (grupos sanguíneos/herdabilidade genética).
Étnica
Neste caso, trata-se de um grupo de pessoas – como as comunidades indígenas no Brasil – que se reconhecem, e são assim reconhecidos por terceiros, como uma etnia, ao partilharem traços físicos e culturais específicos, aspectos históricos, linguísticos, artísticos e religiosos comuns.
Gênero
Estratificação baseada nas diferenças entre homens e mulheres (as relações de gênero).
Essa estratificação abriu espaço para a discussão sobre sexualidade, dando maior amplitude ao debate.
Outros tipos de estratificação também são identificados em combinação com os demais, como:
Política: Baseada nas condições de poder (quem tem ou não tem poder em uma sociedade)
Religiosa: Baseada nos tipos de religião (judeu, muçulmano, budista, cristão católico, cristão protestante, cristão ortodoxo, espírita, umbandista etc.).
Educacional: Baseada no grau de instrução (analfabeto, elementar, universitária etc.)
Profissional: Baseada nos tipos de atividade funcional (trabalho manual, trabalho intelectual, médico, advogado, operário etc.)
Etnia: Baseada nos grupos de idade (criança, adolescente, adulto, idoso, jovem, velho, maduro, não maduro etc.)
Mobilidade
Apesar de a estratificação ser parte de uma estrutura social (estática), esta tem sua organização social, que é dinâmica. Isso garante – de acordo com o padrão social (valores, crenças etc.) de cada sociedade – a possibilidade de gerar maior ou menor mobilidade social (mudança de estrato social em termos verticais).
Em alguns tipos de estratificação, a mudança de estrato é mais complexa, como no estrato profissional, por exemplo. Isso seria uma mobilidade social horizontal. Assim, uma pessoa poderá deixar de atuar como atendente de banco e se tornar gerente. Isso dependerá do tipo de sociedade e das oportunidades que criará para seus indivíduos. Mas não necessariamente uma pessoa mudará de classe social, de gênero ou de raça, por exemplo.
Esses marcadores ainda teriam grande peso no sistema (por exemplo, a mobilidade social seria dificultada se o atendente fosse uma mulher, mais velha, de classe D e com formação de ensino médio em escolas da periferia de uma metrópole. Se essa mulher vivesse em uma sociedade em que a mulher mais jovem estivesse em uma hierarquia de valores acima, esse processo de mudança seria mais difícil.
Aula 3 - Mudança social e Movimentos sociais
Uma sociedade pode mudar?
“Sim”, respondem os sociólogos. No entanto, essa mudança social (alteração na estrutura e organização de uma sociedade) pode acontecer em momentos diversos e de formas diversas.
Mudar significa deixar uma condição e gerar outra. Por exemplo, um indivíduo pode mudar sua maneira de pensar, de vestir e de dividir as coisas. Como a sociedade é dinâmica, ela também pode mudar total ou parcialmente e, assim, alterar a forma de vida de seus indivíduos.
A mudança social pode ser observada em toda a sociedade ou em seus segmentos (sistema jurídico, de saúde, fundiário etc.), grupos (familiar, de jovens, religioso etc.) e organizações (escolas, empresas, hospitais etc.).
A mudança pode ter causas:
Internas/endógenas
Motivadas por inovações, invenções e avanços (tecnológicos, normativos, de sociabilidade) ou provocadas por conflitos sociais no interior da própria sociedade (provados por fatores culturais, sociais, geográficos, econômicos).
Exemplos:
Ao viver momentos de crise, uma empresa pode criar uma nova maneira de trabalhar com os seus colaboradores de forma produtiva, criando novas estratégias de ação.
Mudança nas relações sociais entre patrões e empregados.
Mudanças no grupo social familiar: da família antiga patriarcal para a família conjugal ou monoparental.
Mudanças no grupo social: do senhor de engenho ao empresário rural.
Externas/exógenas
Ocorrem por assimilação de padrões culturais de outras sociedades, por um processo de difusão cultural entre sociedades.
Exemplos:
Produzir uma nova tecnologia ou assimilar tecnologia estrangeira e adaptá-la à nossa realidade.
Mudar nossos hábitos, padrões de trabalho, como acontece com as grandes empresas que adotam modelos organizacionais utilizados por concorrentes líderesde outras culturas ao comparar seus produtos, serviços e práticas empresariais (um processo de Benchmarking)
A mudança em uma sociedade pode ser de dois tipos:
Revolucionária: Quando provoca uma mudança profunda em toda a estrutura e nas relações sociais. Exemplo: a passagem da sociedade feudal para a capitalista, especialmente com a revolução industrial do século XVII.
Reformista: Quando a mudança é gradual e não ocorre em toda a sociedade. Exemplo: a passagem da sociedade capitalista industrial para a sociedade capitalista globalizada.
Em alguns casos, a sociedade, ou parte dela, não sofre mudanças por um longo período. São aquelas sociedades ou instituições consideradas tradicionais, reacionárias ou conservadoras. Neste caso imperam as forças contrárias às mudanças (especialmente nos elementos culturais como hábitos, regras, valores, formas de interação social), como a tradição, o misoneísmo (horror à novidade), os interesses criados por aqueles que logram vantagens com o “status quo” já adquirido socialmente.
Essas mudanças, internas ou externas, revolucionárias ou conservadoras, precisam da ação dos indivíduos para sua efetividade. Toda mudança, diante da incapacidade do modelo anterior em responder às necessidades postas, gera uma desorganização social, viabilizando rearranjos das relações sociais. A sociedade se coloca em uma condição fluida, pouco sólida, de transformações rápidas. Nesse contexto, se observa o comportamento coletivo, em muitos casos imprevisível, eventual e irracional. Desse comportamento derivam os efeitos das ações das multidões e da opinião pública.
A forma como os indivíduos agem diante de diversas situações podem ser esporádicas e temporárias, ou podem ser ações coletivas que promovem os movimentos sociais, quando se tornam unificadas e duradouras. Em geral, estes apresentam uma ideologia, uma meta (orientada por valores, quando se dirige por um assunto geral como paz, ou orientado por normas, quando procura mudar uma forma ou prática mais específica, como o direito a ocupar uma terra), uma orientação de meios (a natureza dos meios usados para atingir a meta pode variar de centrado no poder – na luta política – , na persuasão – mais gradual e propagandista – e na participação – centrado nos partidários e sua manutenção), um senso de solidariedade e idealismo.
Segundo Gohn (2010), ocorreu uma transformação no foco e nas características dos movimentos sociais. Antes mais ideológicos, universalizantes e gerais, agora estão associados aos interesses específicos dos segmentos da sociedade civil organizada segundo critérios de respeito às diferenças (cor, raça, gênero, profissão), conscientização, movimentos identitários, conflitos gerados por acesso a direitos de recursos estratégicos (água, esgoto, terra) etc. Atua em contextos contraditórios, diante de políticas, programas e projetos que podem paralisar e/ou influenciar suas ações, cooptando e retirando o seu papel de poder de pressão. Soma-se a isso uma variedade de organizações, articulações, agrupamentos, formas, projetos e experiências para colocar em prática suas demandas.
Salienta Gohn (2010) que essas redes associativas se ampliam com as novas tecnologias de comunicação. Esse, por sinal, é um fator que associa movimentos sociais com mobilização social. Neste aspecto, aponta as diferenças entre movimentos sociais e ações ou redes de mobilização civis – ao contrário da visão do senso comum –, destacando que os primeiros mobilizam ideias, consciências e demandas, e as redes de mobilização limitam-se a ações pontuais, de cunho conciliador, e não transformador.
Encerramento
Qual é a relação entre estrutura e relação social?
A sociedade é uma estrutura social formada de partes (indivíduos, grupos, instituições sociais e organizações sociais) que se relacionam entre si. Essa relação expressa a organização social (o padrão da relação entre as partes da estrutura). Assim, toda estrutura tem um tipo de organização social.
O que é estratificação social?
É a forma como uma sociedade divide seus indivíduos em camadas socialmente desiguais a partir de critérios econômicos, culturais, raciais etc.
Quais os tipos de mudança social possíveis em uma sociedade?
Uma sociedade pode mudar, mas essa mudança pode ser revolucionária, com uma profunda modificação em sua estrutura e organização social (mudança estrutural) ou pode ser mediante reformas, com modificações de partes da sociedade, em aspectos de sua organização social (mudança setorial/conjuntural).
Resumo da Unidade
Nesta unidade, foram apresentados diversos conceitos instrumentais para o entendimento e aplicação em diversos fenômenos que envolvem uma sociedade. São eles: estrutura e organização no nível macrossocial, sua correspondente em termos microssociais, relação status e papel social; estratificação e desigualdade social mediante critérios econômicos, raciais ou étnicos, por gênero, etário, político, religioso, educacional, profissional etc. Finalmente, um conceito importante em uma sociedade é a mudança social. Uma sociedade está sempre em processo de mudança, por motivos internos ou externos. Essa mudança pode ocorrer em toda a sociedade ou em partes, ser revolucionária ou reformista e ter efeito na formação de ações coletivas (comportamentos coletivos) e movimentos sociais.

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