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Terapia Cognitiva e Construtivista

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PSICOLOGIA COGNITIVA – NP2
TERAPIA COGNITIVA
- Foi direcionada a resolver problemas atuais e a modificar os pensamentos e os comportamentos disfuncionais. Propõe que o pensamento distorcido ou disfuncional seja comum a todos os distúrbios psicológicos.
- O terapeuta busca produzir a mudança cognitiva - mudanças no pensamento e no sistema de crenças -, visando promover mudança emocional e comportamental duradoura.
- Somente após a pessoa dar um significado ao fato é que ela reage e adquire um comportamento. Nosso HUMOR e COMPORTAMENTO são determinados pela nossa PERCEPÇÃO. Surgiu a partir da PRÁTICA CLÍNICA de terapeutas.
- Baseia-se no modelo cognitivo, que levanta a hipótese de que as emoções e comportamentos das pessoas são influenciados por sua percepção dos eventos. Não é uma situação por si só que determina o que as pessoas sentem, mas, antes, o modo como elas interpretam uma situação. A situação em si não determina diretamente como eles sentem; sua resposta emocional é intermediada por sua percepção da situação. 
- Um dos primeiros focos => a DEPRESSÃO (não havia sido tratada com sucesso pela terapia comportamental).
- DISTÚRBIOS EMOCIONAIS => causados por processos Cognitivos ou Cognições Disfuncionais (pelos pensamentos ilógicos e irracionais)
- COGNIÇÕES DISFUNCIONAIS => Crenças rígidas, excessivas ou inapropriadas.
- Concepção Epistemológica Objetivista => os SIGNIFICADOS que transitam em nossa mente são entendidos como fruto direto das representações extraídas da realidade EXTERNA. 
- Conhecimento como representação imediata do mundo exterior (da realidade que é única). Cabe ao terapeuta auxiliar o paciente no ajuste, no aperfeiçoamento ou na busca de padrões mais convergentes com a existência socialmente estabelecida.
- EMOÇÃO => derivada dos padrões de pensamento que, pautados nas crenças, direcionam a maneira como as pessoas INTERPRETAM as situações (torna-se disfuncional quando decorrente de pensamentos irrealistas ou absolutistas).
- PSICOPATOLOGIA => resultado de crenças excessivamente disfuncionais ou pensamentos demasiadamente distorcidos
 (- PENSAMENTO => criação de SIGNIFICADO. 
- TERAPEUTA => papel ATIVO, COLABORATIVO e EDUCATIVO. Terapeuta e Paciente SEMPRE trabalham juntos.
- TERAPIA => Breve, Focal, Educativa, Estruturada e Ênfase no Presente.
- “PENSO, LOGO EXISTO”
TERAPIA CONSTRUTIVISTA
- É RECENTE. No Brasil, é mais conhecida sua versão PIAGETIANA (Pedagogia).
- Característica Marcante => Grande MULTIDISCIPLINARIDADE.
- Surgimento => a partir das ciências: BIOLÓGICAS, FILOSOFIA, LINGUÍSTICA, ANTROPOLOGIA, COMPUTAÇÃO e de vários ramos da PSICOLOGIA. 
- CONCEPÇÃO => todo o processo de construção de SIGNIFICADOS realiza-se na interface entre a COGNIÇÃO, a EMOÇÃO e a EXPERIÊNCIA, a partir da participação ATIVA do indivíduo, formando um conjunto de CRENÇAS que sustenta o processo de JULGAMENTO, a TOMADA DE DECISÕES e as AÇÕES do ser humano. Metateoria que contesta, de maneira difusa, as premissas tradicionais como o POSITIVISMO, a OBJETIVIDADE e o RACIONALISMO). 
- EPISTEMOLOGIA => entender COMO se dá o conhecimento.
- Avanço da Ciência => as CERTEZAS dão lugar a POSSIBILIDADES e PROBABILIDADES (pós-modernismo). Na interação humana, não há mais apenas um OBSERVADOR, e sim um PARTICIPANTE do processo. O novo OBJETO de investigação são as relações entre os elementos e o observador, e não o objeto-em-si. 
- Observação Direta => PENSAMENTO, EMOÇÃO e SENSAÇÕES NÃO são passíveis de observação direta.
- Aceitação do SUBJETIVO => como objeto de estudo da ciência tornou VIÁVEL o surgimento e a incorporação de conceitos cognitivos à então vigente terapia comportamental. 
- EMOÇÃO X SENTIMENTOS (fazem parte de um continuum funcional em constante relacionamento).
- EMOÇÃO => Conjunto de reações corporais. NÃO necessita de uma consciência para existir ou ser acionada. Faz parte de um aparato biológico que visa à SOBREVIVÊNCIA.
- SENTIMENTOS => Experiência mental privada de emoção.
Obs.1: CIÊNCIA MODERNA => descarta as construções e as explicações pessoais baseadas na premissa de que não representam a verdade (não podiam ser verificáveis quanto a sua veracidade).
Obs.2: TERIAS PÓS-MODERNISTAS => vêm trazer de volta este conteúdo mental à posição de destaque nas pesquisas, partindo de premissas completamente diferentes (a construtivista está interessada nas influências dessas construções sobre a vida do próprio indivíduo) (Construtivismo). A Psicologia pós-moderna é ICONOCLASTA quando rompe com os interesses fixos. 
- REVOLUÇÃO COGNITIVA construção dos significados.
- RELAÇÃO TERAPÊUTICA => busca a interpretação que o próprio paciente tem sobre suas experiências, sobre seu mundo e sobre si mesmo. Não se trata de descobrir os significados ocultos, mas de conhecer os PROCESSOS DE SUA CONSTRUÇÃO. 
- CONDIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA PSICOLÓGICA => desenvolvimento de uma estrutura narrativa coerente.
- CONHECER => é a CONSTRUÇÃO e a RECONSTRUÇÃO contínua de uma realidade capaz de dar COERÊNCIA ao curso da experiência (construídos em grande parte em nível TÁCITO). 
- Conhecimento Tácito => não-consciente e não-verbal
- DESCONFORTO => surge quando há CONTRADIÇÃO entre a experiência em si e a explicação ou a elaboração dessa experiência, ou quando duas ou mais crenças revelam-se incompatíveis. 
- CONSTRUTIVISMO => mas tornar o cliente consciente de seus processos de atribuição de SIGNIFICADO e mais capaz de flexibilizar suas construções. 
- SÍNTESE DIALÉTICA CONSTRUTIVISTA => ocorre entre a Experiência e a Explicação, entre os Conceitos e as Experiências Corporais.
- CULTURA => Encontra-se em um processo constante de RECRIAÇÃO, na medida em que é INTERPRETADA e RENEGOCIADA por seus membros.
- O ofício da SIGNIFICAÇÃO encontra-se primeiramente subordinado à influência das EMOÇÕES, e não à dialética da razão (é através dos elementos proprioceptivos e das estruturas vivenciais - aquelas que interpretam os estímulos pela experiência - que ocorrerá o processo de atribuição de significados). 
- MENTE => não só reflete o mundo exterior, mas também o transpõe, atribuindo significados que, muitas vezes, não são originários do estímulo em si. Assim, a realidade interna será vista como fundamentalmente derivada do modo pelo qual cada indivíduo sente emocionalmente o mundo, e NÃO só como o concebe de maneira racional. 
- CONHECIMENTO => fruto de uma ORGANIZAÇÃO PESSOAL, arquitetada e organizada por cada pessoa (princípio da multiplicidade: possibilidade de múltiplas construções de sentido, e não mais o princípio da correspondência: que contempla apenas uma única construção quando utilizado pelas outras concepções epistemológicas). 
- 2 TIPOS DE ATRIBUIÇÃO DE SENTIDO (SIGNIFICADO). PROCESSAMENTO:
(1) CONCEITUAL => correspondência versus o contraste entre as nossas representações mentais e o mundo externo (objetivista).
(2) VIVENCIAL => possibilidade de geração de significado NÃO reside no estímulo em si ou na capacidade do pensamento em enxergá-lo, mas na PERCEPÇÃO corpórea e tácita produzida pelo seu aparecimento (interpretamos as situações sob uma ótica EMOCIONAL). 
- CONSTRUTIVISTA => os SIGNIFICADOS serão construídos extraindo dados do processamento conceitual e do vivencial. 
- “É a partir da CONSTRUÇÃO INTERNA que os clientes atribuem os SIGNIFICADOS à realidade EXTERNA”.
- EMOÇÃO => contribui para a formação dos significados no sistema psicológico humano (uma das composições BASAIS para a edificação de sentido e significado). Seria impossível considerar as estruturas cognitivas de significado sem que se agregue o funcionamento EMOCIONAL (este é de importância fundamental para a construção de significados).
Emoções Primárias => MEDO, RAIVA, TRISTEZA, ALEGRIA
Emoções Secundárias => CIÚME, INVEJA, VERGONHA, etc. 
(estas são usadas pelo indivíduo para se proteger das primárias que muitas vezes são vergonhosas, ameaçadoras, embaraçosas ou dolorosas por natureza – Abreu).
- CONTRUTIVISTA=> as EMOÇÕES não são nem racionais nem irracionais, mas sim ADAPTATIVAS. Não são as emoções que nos afligem, e sim nossa dificuldade em entendê-las. Somos aquilo que sentimos que somos (a experiência Imediata sempre precederá a experiência Reflexiva, uma vez que primeiro sempre sentimos algo, para depois podermos explica-lo). META: auxiliar os indivíduos na construção de um SIGNIFICADO, utilizando as EMOÇÕES como PONTO DE PARTIDA (encorajando uma postura de maior abertura), num sistema contínuo de integração razão e emoção.
- PSICOPATOLOGIA => EMOÇÕES em si NÃO são a fonte do sofrimento e do desequilíbrio, mas os PENSAMENTOS, a INTERPRETAÇÃO ou mesmo o surgimento de outras REAÇÕES EMOCIONAIS àquelas primeiras emoções que serão a FONTE de grande parte das DISFUNÇÕES PSICOLÓGICAS. 
- “A PATOLOGIA estaria relacionada à incapacidade das pessoas de aceitar ou tratar seus sentimentos e suas emoções como necessidades básicas que devem ser OUVIDAS e RESPEITADAS. Disfuncionais, portanto, NÃO são as emoções, MAS o fato de o indivíduo NÃO se sentir AUTORIZADO a sentir tais conteúdos”. 
- TÉCNICAS VISAM => incentivar a VIVÊNCIA dessas emoções presentes e ainda NÃO totalmente SIMBOLIZADAS pelas pessoas.
- TERAPEUTA => papel ATIVO, COLABORATIVO. Revisão do sistema de significados pessoais a partir do ponto de vista do PRÓPRIO INDIVÍDUO, e NÃO do CLÍNICO. NÃO se baseia num processo de CORREÇÃO e de busca dos conteúdos ilógicos ou disfuncionais, MAS na análise, facilitação e ampliação dos significados restritivos aos quais ele se percebe atrelado. CLIENTE = “expert” se sua própria vida; TERAPEUTA = oferece instrumentos facilitadores da mudança. 
- METÁFORA RAIZ (estratégia utilizada em quase todas as propostas) => TÉCNICA NARRATIVA (favorece a MAXIMIZAÇÃO da expressão pessoal). É na LINGUAGEM que se constrói o SIGNIFICADO.
- “É através da NARRATIVA que se consegue SISTEMATIZAR e ORGANIZAR a experiência em curso”.
- RESISTÊNCIA PASSIVA => Dificuldade do cliente de entender a explicação de sua problemática ou mesmo a resistência em aderir a certas tarefas que lhe são prescritas (quando, na especificação da disfunção, predomina a visão do clínico, e NÃO a do cliente)
- AUTOPOIESE => sabedoria que o sistema vivo possui em sua tentativa natural de ADAPTAÇÃO ao ambiente (construtivismo); sua capacidade de se (re)organizar.
- TERAPIA => MUDANÇA psicológica: através da EXPLORAÇÃO das prováveis contradições existentes no processo dialético entre a EXPERIÊNCIA e o CONCEITO (desenvolvido pelo indivíduo após ter vivido a experiência). A MUDANÇA não é um processo linear, mas um MOVIMENTO no qual ocorrem diferentes formas de ABERTURAS e FECHAMENTOS.
-“O pensamento desenvolvido SOBRE nossas EMOÇÕES é que deve ser EXPANDIDO”
- CERNE DO PROCESSO DE MUDANÇA => a ACEITAÇÃO do outro com TODAS as suas particularidades e idiossincrasias.
- TRABLHO DOS 3 “Ps” => (1) enfocar o PROBLEMA; (2) análise dos PADRÕES gerais; e (3) análise mais aprofundada dos PROCESSOS pelos quais tais padrões e problemas foram sendo construídos e manifestados ao longo da vida do indivíduo. 
- “A experiência humana NÃO é uma busca pela VERDADE, mas uma INFINITA CONSTRUÇÃO DE SIGNIFICADOS”. 
- “EXISTO, LOGO PENSO”.
CONCLUSÕES:
1- MODELOS OBJETIVISTAS => dimensões CONCEITUAIS da experiência.
2- MODELOS CONSTRUTIVISTAS EMOCIONAIS da experiência.
3- “Não existe uma modalidade mais eficiente, e sim uma ampla variedade de concepções de como ocorre o funcionamento pessoal e a construção de sentido para cada um”. 
TERAPIA NARRATIVA - ABREU
- MÉTODO => PÓS-MODERNO, MULTIFUNCIONAL, PORTA DE ENTRADA, TERAPÊUTICO. Enxerga a personalidade, ou individualidade, como uma CONSTRUÇÃO da história de vida, o transtorno emocional como um DESVIO da história de vida e a psicoterapia como uma REPARAÇÃO da história de vida.
- CONSISTE DE => 2 partes: (1) PANTOGRAFIA (referente a um transtorno); e (2) BIOGRAFIA (contexto dos sintomas).
- PRINCÍPIO CENTRAL => encontrar SIGNIFICADO no sofrimento do paciente por meio de um empreendimento COOPERATIVO.
- TERAPEUTA => é um CO-CONSTRUTOR que dirige as histórias contadas pelo paciente no processo criativo de DESCOBRIR, FAZER, PONDERAR e CONCLUIR uma narrativa pessoal curativa.
- TERAPIA => é a ARTE de aplicar o RELATIVISMO ao substituir uma construção inadequada por outra melhor. Como um processo dialético entre paciente e terapeuta, é um pré-requisito para construir uma narrativa pessoal curativa. 
- “No pensamento narrativo, compreensão é tão valiosa e legítima quanto explicação.
- “Implica na IMPOSSIBILIDADE de saber tudo sobre alguma coisa. NÃO considera a realidade como um dado objetivo, subjetivo ou mesmo intersubjetivo, e sim como um processo complexo de construção cognitiva, social e cultural”. 
- “As histórias dolorosas são reformuladas pela interpretação das reações anormais do paciente como sendo normais em circunstâncias angustiantes anormais. Ao contar e recontar, os pacientes passam a compreender o significado de seus problemas, viabilizando, assim, as possíveis soluções”.
- “Dar ao paciente a oportunidade de contar é conceder-lhe um espaço para respirar de maneira socialmente aceitável. Ao contar a história toda, o paciente torna-se um ator que participa ativamente de sua própria história e começa a dar sentido fora do infortúnio, criando um texto falado ou escrito”. 
- Método de Análise de Texto => HERMENÊUTICA (a leitura heurística - processo pedagógico que pretende encaminhar o aluno a descobrir por si mesmo o que se quer ensinar, geralmente através de perguntas - PRECEDE o processo hermenêutico).
- “Em virtude da natureza histórica da narrativa, contar uma história combina FATO e FICÇÃO. Só é possível entender eventos históricos em um contexto de ESPAÇO e TEMPO, invocando uma abordagem contextual. O foco está na SÍNTESE, em vez de na análise dos elementos distintos de um evento. O significado muda de acordo com o seu contexto”.
O processo terapêutico de dar sentido ocorre de uma interação dialética entre o paciente que narra e o terapeuta que interpreta. O terapeuta construtivista é um perito em histórias de vida e na tentativa de ajudar a discernir das narrativas funcionais e disfuncionais. Na maioria das vezes, o paciente apresenta uma história fragmentada, que é o reflexo do estado e da condição em que ele se encontra. Porém, conforme a história é contada e recontada, ele encontrará o enredo principal que a torna compreensível.
- PATOGRAFIA => relato escrito ou oral de um paciente sobre um transtorno psicológico.
-AUTOBIOGRAFIA => história de vida do paciente. 
-METÁFORA CENTRAL (que liga a patografia à autobiografia) => MULTIFUNCIONALIDADE (Função = inter-relacionamentos entre os fatores antecedentes e subsequentes como a unidade básica da análise). 
- “Ao avaliar o contexto dos SINTOMAS, todas as experiências EMOCIONAIS significativas durante o curso de vida do paciente precisam ser examinadas minuciosamente”.
- REBIOGRAFIA NARRATIVA => é essencialmente uma RECONSTRUÇÃO, de modo que o paciente reavalia e interpreta novamente as experiências do passado presentes ainda hoje. É uma tentativa de INTEGRAR a patografia fragmentada, mantida FORA da consciência, em um contexto autobiográfico. 
- (1) pergunto sobre os SINTOMAS; (2) investigo os SINTOMAS (ganhos primários e secundários); (3) observo o início dos SINTOMAS (pode ocorrer repentina ou gradualmente).
- CAUSALIDADE CIRCULAR => abriga características sistêmicas na qual a CAUSA é o EFEITO e o EFEITO é a CAUSA
-DIÁLOGO SOCRÁTICO => a SABEDORIA é, em essência, o NÃO SABER (admitir que cada um tem sua própria verdade, que é relativa e dependente do contexto).
TERAPIA NARRATIVA - GONÇALVES
- PRESSUPOSTOS EPISTEMOLÓGICOS => Alicerçados em 4 conceitos centrais: EXISTÊNCIA, SIGNIFICAÇÃO, NARRATIVA E CULTURA. Em torno destes conceitos organiza-se uma malha de 4 pressupostos: (1) existência como conhecimento; (2) conhecimento como hermenêutica; (3) hermenêuticacomo discurso narrativo; (4) discurso narrativo como cultura.
1-EXISTÊNCIA COMO CONHECIMENTO => como os seres vivos CONSTROEM e TRANSFORMAM o CONHECIMENTO, não somente num processo de assimilação passiva, mas sobretudo num processo de PRÓ-AÇÃO ATIVA, passando a ser INDISSOCIÁVEL da própria existência. 
- Da localização essencialista e intrapsíquica habitual, o OBJETO da psicologia vai re-situar-se no contexto da EXPERIÊNCIA do indivíduo. Em qualquer ser vivo a existência NÃO pode ser dissociada do conhecimento. 
- Trata-se de uma passagem da visão estritamente epistemológica que tem caracterizado o cognitivismo, para uma visão EXISTENCIAL. 
2-CONHECIMENTO COMO HERMENÊUTICA => A construção simbólica da realidade corresponde a um processo de significação que opera através da imposição de processos hermenêuticos. 
- A hermenêutica nasce da interpretação dos textos sagrados, mais tarde dos textos legais e só no final do século passado, se liga à interpretação do discurso individual através da psicanálise (neles, interpreta com base em pressupostos essencialistas constituídos aprioristicamente). Mas aqui surge com um significado completamente diferente, visto que a função hermenêutica da existência é essencialmente CRIATIVA e LIBERTADORA para a produção de significações múltiplas. 
- SUBJETIVIDADE HERMENÊUTICA do Indivíduo => impõe uma coerência interpretativa ao caos multi-potencial do mundo. A ordem e regularidade corresponde sobretudo à necessidade psicológica de dar ordem, sentido e coerência à experiência. 
3-HERMENÊUTICA COMO DISCURSO NARRATIVO => Como a hermenêutica se liga à experiência? Há 2 hipóteses: (1) lógica abstrata universal – Proposicional (Piaget; a lógica assume o papel de organizador fundamental; metáfora do computador; falhas quando aplicada ao Homem) e (2) multiplicidade de significados (só possível graças ao poder curativo e múltiplo da linguagem e do discurso humano (é na LINGUAGEM que se constrói o significado; é fenômeno psicológico de primeira ordem, elemento fundacional da experiência).
4- DISCURSO NARRATIVO COMO CULTURA => a narrativa é uma produção discursiva de natureza interpessoal, ou seja, INSEPARÁVEL do contexto cultural onde ocorrem. Os SIGNIFICADOS só fazem sentido quando localizados no ESPAÇO e no TEMPO (no contexto interpessoal que os enquadra).
PSICOPATOLOGIA NARRATIVA => As classificações nosológicas em psicopatologia deverão ser entendidas como METÁFORAS (formas condensadas de organização de significado). A psicopatologia é, neste contexto, uma ciência da SIGNIFICAÇÃO e como tal INSEPARÁVEL de um discurso narrativo, e NÃO uma realidade externa que possa ser objetivável.
- A inspeção da matriz narrativa do indivíduo, tal como esta se expressa na realidade conversacional, pode permitir a construção de formas idiossincráticas de SIGNIFICAÇÃO em psicopatologia.
- Os aspectos estruturais, processuais e de conteúdo dão conta da COERÊNCIA, COMPLEXIDADE e MULTIPLICIDADE das construções de conhecimento de um indivíduo. 
- Os sujeitos que melhoraram significativa e consistentemente através do seu processo narrativo são aqueles cujas narrativas evoluíram progressivamente na direção de uma maior COERÊNCIA ESTRUTURAL.
PSICOTERAPIA NARRATIVA – OBJETIVO: levar o cliente a CONSTRUIR, no decurso da sua interação com o terapeuta e com a sua comunidade conversacional, uma realidade múltipla de experiências sensoriais, emocionais, cognitivas e de significação. Procura-se deste modo capacitar o cliente a construir um discurso narrativo rico em termos de multiplicidade, complexidade e coerência, adaptativo das exigências impostas por uma sociedade que é essencialmente multivocal, multicultural e multifrúnica.
- DESÂNIMO => pela incapacidade de poder ANTEVER múltiplas possibilidades para a sua experiência sensorial, emocional, cognitiva e de significações. 
- SINGULARIDADE => pela estranheza em ver-se DIFERENTE dos outros nessa construção da experiência.
- TRABALHO TERAPÊUTICO => Em 2 vetores: SINCRÔNICO e DIACRÔNICO
- SINCRÔNICO => desenvolvimento de atitudes narrativas enriquecedoras do processo narrativo no contexto de cada uma das experiências singulares e diárias do cliente. 
- DIACRÔNICO => terapeuta e cliente aplicam essas atitudes aos temas centrais das suas histórias de vida.
RECORDAÇÃO => NÃO há narrativa sem Recordação.	
- Ter uma existência narrativa é ser capaz de RECORDAR, sincrônica e diacronicamente, múltiplos episódios de vida.
- Cumpre uma dupla função: (1) assegura a diferenciação da experiência; e (2) organiza-a numa estrutura de coerência. 
- Através da recordação procura-se CAPACITAR o cliente para a ABERTURA à experiência e para o DESENVOLVIMENTO inicial de um maior sentido de COERÊNCIA na sua elaboração narrativa. 
OBJETIVAÇÃO => o cliente é levado a EXPERIENCIAR a multiplicidade de realidades externas através de toda a dinâmica disponibilizada pelas capacidades sensoriais (a realidade constitui um incomensurável menu de que o cliente em situação de PERTURBAÇÃO raramente desfruta). 
- SENSORIALIDADE => porta de entrada na construção de uma Multirrealidade. 
- TERAPIA => o clínico encoraja o cliente para a OBJETIVAÇÃO de cada uma das suas recordações episódicas diárias através da DESMULTIPLICAÇÃO das experiências sensoriais (a perceber que a REALIDADE é um contexto possibilitador de uma grande diversidade de EXPERIÊNCIAS).
SUBJETIVAÇÃO => Procura-se a VARIEDADE de experiências emocionais e cognitivas. O objetivo NÃO é ensinar o cliente a pensar de um determinado modo, mas sim CAPACITÁ-LO para o desenvolvimento de um processo que possibilite a extensão CRIATIVA das dimensões cobertas da conversação que consigo próprio vai mantendo. 
- PSICOPATOLOGIA COGNITIVA => discurso cognitivo Unitemático, Inflexível e Redundante.
METAFORIZAÇÃO => Metáforas são os CONDENSADORES de significados. Por meio delas é que damos sentido a cada uma das recordações que vamos experimentando sensorial, emocional e cognitivamente. 
- TERAPIA => procura fazer com que as NARRATIVAS sejam SIMBOLIZADAS em termos das suas múltiplas significações através da construção de uma variedade de METÁFORAS.
PROJEÇÃO => INDIVÍDUO em constante MOVIMENTO num ESPAÇO e num TEMPO, também eles próprios em acelerada mutação. Consiste na capacidade de INTENCIONALIZAR de um modo narrativo as experiências do futuro.
- TERAPIA => O cliente CONSTRÓI-SE e DESCONSTRÓI-SE a todo o momento, intencionalizando experiências que originam NOVAS POSSIBILIDADES de construção narrativa e da qual decorrem NOVAS possibilidades de intencionalização da experiência (constrói uma metáfora alternativa à metáfora de raiz - que tem orientado os seus sistemas conversacionais e de significação).
TRANSPARÊNCIAS ÁDAN + ANOTAÇÕES AULA
TERAPIA COGNITIVA CONSTRUTIVISTA
= Fundamenta-se na concepção de um processo de construção de SIGNIFICADO que se realiza na interface da cognição, emoção e experiência, a partir da participação ativa do indivíduo (diferença: usa a emoção como também construtora de significado).
SIGNIFICADO => como resultado de uma interface da Emoção/Cognição/Experiência. O que nos guia para a tomada de decisão, reflexão sobre algo, advém desses 3 pilares. Eles (os 3) não são sequenciais, mas decorrem de uma interface.
= Formando um conjunto de crenças (nada a ver com crença central) que sustenta um processo de julgamento, tomada de decisões e ações do ser humano. 
* As concepções construtivistas pressupõem que o ofício (base) da significação encontra-se subordinado à influência das EMOÇÕES, e não da dialética da razão (aqui, a emoção tem primazia sobre a razão). 
* Ou seja, é através dos elementos proprioceptivos (sensação) e das estruturas vivenciais (que interpretam os estímulos da experiência) que ocorrerá o processo de atribuição de SIGNIFICADOS.
* O funcionamento cognitivo se caracterizará pelo mundo exterior e sua transposição, atribuindo significados que, muitas vezes, não são originários do estímulo emsi.
* Assim, a realidade interna vista é derivada do modo como o indivíduo sente emocionalmente o mundo, e não só a maneira racional. 
* Conhecimento então é fruto de uma organização pessoal, arquitetada e organizada por cada pessoa. 
* Existem 2 tipos globais e complexos de atribuição de sentidos (significados). Retratando a maneira nosso ... (questão de prova):
= 1- Processamento conceitual => percebido através de nossa razão e raciocínio lógico (também influenciado pela emoção, mas é racional) (da Terapia Cognitiva Objetivista).
= 2- Processamento vivencial => significados gerados na sua consciência advém da atividade da percepção e leitura dos conteúdos corpóreos, estando em uma condição de quase total pré-conceitualidade e inconsciência. 
Obs.: Esta Teoria não reconhece as psicopatologias: tudo é fruto de uma arquitetura pessoal.
=> Teorias construtivistas em psicoterapia são divididas em 2 variantes, em diferentes conceitos do significado da realidade (como se vê a realidade):
= 1- Construtivismo radical => posição idealista, como filosofia, afirmando que não há realidade além da experiência pessoal (não existe realidade externa, mas o que eu penso sobre; só existe a minha realidade interna). Conhecimento refletido na experiência tal qual construímos. Maturana e Varela utilizam o conceito de autopoiese (sistema se auto-organiza constantemente).
= 2- Construtivismo crítico => não nega a existência do mundo real, mesmo que não o possamos conhecer diretamente. Indivíduo como co-criador de sua realidade pessoal. Realidade externa existe objetivamente, porém o conhecimento desta jamais será objetivo e sim, cada um tem as suas próprias percepções/experiências. Destaque: Vittorio Guidano, Óscar Gonçalves. 
= Indicada quando o objetivo é compreender a “construção de significados” que o indivíduo realizou ao longo da vida e provavelmente causando sofrimento.
= Foco sobre esquemas emocionais orientaram tal “construção” e as narrativas que o paciente faz de sua história de vida e experiências atuais.
= A prioridade é o indivíduo e sua história, não a observação externa, o diagnóstico ou aplicação de técnicas na realização de uma psicoterapia científica (Abreu, C. 2003).
=> Diagnóstico, generalização de dados e técnicas, importantes, mas não são o foco. 
Obs.: Cristiano Nabuco aprendeu diretamente com o Mahoney e trouxe pra o Brasil (a teoria Construtivista).
= Psicoterapia Construtivista recente Brasil.
= Versão mais conhecida piagetiana
= Visão Piagetiana: desenvolvimento amplo e dinâmico desde período sensório-motor até operatório abstrato.
= propondo atividades que provoquem desequilíbrios e reequilibrações sucessivas, promovendo a descoberta e a construção do conhecimento.
= Para construir o conhecimento, as concepções combinam-se com as informações do meio, conhecimento não descoberto espontaneamente, nem transmitido de forma mecânica com o meio exterior ou adultos.
= Conhecimento como resultado da interação, sujeito sempre como elemento ativo, procurando ativamente compreender o mundo, buscando resolver as interrogações que o mundo provoca.
= É aquele que aprende basicamente através das próprias e ações sobre os objetos do mundo, constrói suas próprias categorias de pensamento ao mesmo tempo que organiza o seu mundo.
= Não sujeito que espera alguém que possui conhecimento que transmita ato de bondade.
= Nasce contra visão de realidade ordenada e cognoscível, cujas formas/funções podem ser refletidas na mente humana e em seus produtos.
= Em psicoterapia, interessados em eximir julgamentos da realidade pessoal do cliente por critérios externos de racionalidade/objetividade.
Obs.: Nesta teoria, não existe emoção negativa (ou errada), mas sim desconfortáveis: elas representam a maneira do seu corpo se adaptar à realidade. Elas são inatas e adaptativas (podem ser confortáveis ou desconfortáveis). Todas as emoções são legítimas (como para Beck, com a diferença de que aqui elas não devem ser trabalhadas/modificadas).
= Principal problema com DSM-IV é sua aplicação excessiva de níveis que rejeitam/subordinam maneiras alternativas de compreender o cliente.
= Colocando-se no mesmo nível, como modelos de funcionamento psicológico alternativos e viáveis.
TERAPIA COGNITIVA NARRATIVA (Gonçalves, 1998; Cap 1 e 2, talvez o 3)
I. Fundamentos de uma Psicologia Narrativa
= Ao procurar apresentar-se como alternativa aos modelos racionalistas/mecanicistas (ex.: comportamental) dominantes na psicologia, a psicologia narrativa obriga uma redefinição de grande parte dos seus pressupostos epistemológicos.
= Esta epistemologia é resultante de uma nova quadratura, alicerçada em 4 conceitos centrais:
1- Existência Como Conhecimento: Indissociação entre conhecimento e experiência (ao longo de toda a vida, desde o nascimento).
. Revolução Cognitiva dos anos 1950 – estruturas, processos e conteúdos envolvidos na construção do conhecimento (pegou os conceitos de Wundt: Estruturalismo) (Metáfora Computacional).
. Temática central: processos por intermédio dos quais os seres vivos constroem e transformam conhecimento: assimilação passiva X pró-ação ativa.
. Em qualquer ser vivo, a existência não pode ser dissociada do conhecimento (se você existe, você tem um conhecimento, vem junto com a existência). Existo, logo, conheço.
. Todos os seres vivos conhecem, reconhecem, transformam e transformam-se no decurso de sua existência.
. Trata-se da passagem da visão estritamente epistemológica (cognitivismo), para uma visão existencial.
. Procura a organização hierárquica dos elementos fundamentais (esquemas cognitivos, pressupostos filosóficos, estruturas cognitivas, mecanismos tácitos, constructos pessoais da psicologia) e dá lugar à apreciação da matriz relacional da experiência como elemento indissociável do conhecimento.
2- Conhecimento Como Hermenêutica
. Ideia que todo conhecimento (e por implicação, toda existência) tem natureza inerentemente hermenêutica (a Hermenêutica é a arte ou o método interpretativo que procura compreender um determinado texto).
. O processo de substituição de modelos retroativos sensorialistas (behaviorismo) por modelos ativos e motores acentuou a ideia de um sujeito que constrói a (sua) realidade por um processo de codificação ativa.
. A construção simbólica da realidade corresponde ao processo de significação que opera através da imposição de processos hermenêuticos (atribuir significado às coisas, não devido a conceitos internos, mas a processos hermenêuticos das experiências externas e internas).
. O fenômeno psicológico (subjetividade) situa-se no nível da construção ativa de significados e do processo por intermédio do qual esses significados constituem a realidade psicológica dos indivíduos.
. Neste sentido, compreender o comportamento humano é essencialmente compreender os sintomas interpretativos utilizados pelos sujeitos no sentido de expandir, dar significado às experiências.
. Mas aqui, a própria hermenêutica surge com significado diferente de procura/encontro de significado.
. Hermenêutica nasce da interpretação dos textos sagrados; e mais tarde, dos textos legais (jurídicos).
. Só recentemente, final do século passado, se liga à interpretação do discurso individual (Psicanálise – Freud).
. Em cada um destes casos, a hermenêutica procura interpretar ou levar o indivíduo a interpretar com base nos pressupostos essencialistas constituídos aprioristicamente
. A multiplicidade da existência nas suas diversas vertentes remete a uma miríade de significados, desdobramento complexo/múltiplo do conhecimento (abre-se um leque de; não há limite).
. Segundo Shotter vivemos num mundo vago, parcialmente especificado, instável e em desenvolvimento.
. Esta dimensão de inespecificidade dá espaço para a dimensão criativa e hermenêutica do conhecimento humano (podemos criar algo que o mundo ainda não definiu/conhece).
. Por paradoxal que pareça, a realidadeespecifica-se e adquire uma dimensão maior de estabilidade não por referência ao mundo externo, mas pela subjetividade hermenêutica do indivíduo (não é pelo mundo externo que você estabiliza o mundo externo).
. Impõe coerência interpretativa ao caos multi-potencial do mundo (é sua subjetividade hermenêutica que vai estabilizar a instabilidade do mundo externo). Minha subjetividade não é racional nem lógica (o que daria a ideia de que há algo ilógico (o que nesta teoria não existe), mas minha maneira de interpretar hermeneuticamente dentre uma gama de possibilidades).
. A ordem/regularidade corresponde sobretudo à necessidade psicológica de dar ordem, sentido, coerência e existência.
. A definição do mundo único estável através da sacralização de uma pretensa hiper-realidade, é a negação profunda da multirrealidade.
3- Hermenêutica Como Discurso Narrativo
. Discutimos Até aqui como conhecimento é indissociável existência e como ambos vão se organizando no indivíduo num processo hermenêutico construção significados.
. Resta esclarecer o processo hermenêutica se liga a experiência.
. Duas hipóteses surgem a este propósito:
(1) Para os primeiros construtivistas (Piaget 1985), esta hermenêutica estabelece-se através de uma lógica abstrata (não é baseada numa lógica objetiva; já nasce conosco) universal, originando um sistema formalizado de pensamento com invariantes fundamentais essenciais (já havia alguns blocos de conteúdos pré-definidos essencialistas; assim, o significado é a soma da lógica abstrata de cada um, individual + essência universal). 
. Domínio de uma primazia ontológica (estuda o ser/existência) do abstrato e no campo epistemológico da lógica proposicional.
. Lógica abstrata assume um papel organizador fundamental. Formalização matemática do pensamento que se revelasse legitimadora das suas tentativas de aproximação das ciências hard (computacional).
. Surge assim um tema dominante para primeira revolução cognitiva. Metáfora Computacional.
. Mas essa hermenêutica parece falhar quando aplicada à forma como seres humanos vão construindo as significações de sua própria vida.
. Por vezes o sujeito comporta-se de modo contrário àquilo que a lógica ditaria. 
. Logo, não abrange a ideia de que o indivíduo opera de modo irracional.
(2) Outra hipótese é que a multiplicidade de significados (multirracionalidade) só é possível graças ao poder criativo e múltiplo da linguagem/discurso humano. A narrativa é que dá significado às coisas. Não há que se falar em patologia, pois estaria limitando o discurso (que é múltiplo de significados, criativo).
. Linguagem como construtora de significados (como ela discursa sobre a própria experiência). Se é na linguagem que o discurso se faz, também é nela que se busca a mudança de significados, de possibilidades.
. De modo progressivo, linguagem e discurso constituem meios e fins do processo de significação/conhecimento por si só e não reveladores da realidade essencial preexistente (foi a linguagem que formou o que estava na narração, e não a lógica abstrata; não há essências).
. A linguagem surge como fenômeno psicológico de primeira ordem. (Como você narra é que define quem você é).
. Elemento verdadeiramente fundacional da experiência, e não com papel “extra-adicional”.
4- Discurso Narrativo Como Cultura
. Narrativas não podem ser vistas como originando-se ou fechando-se no próprio indivíduo, em sistema de exclusividade autopoiética.
. As narrativas só existem num processo interpessoal de construção discursiva, logo, inseparáveis do contexto cultural onde ocorrem.
. Significados só fazem sentido num determinado espaço/tempo.
. Então, narrativas são formas de significação que operam num contexto, no espaço de interindividualidade (espaço que surge na interação entre dois indivíduos, gerando um significado neste espaço; que depende da cultura em que inserido).
. Elas que dão sentido à existência, tornando comum.
FUNDAMENTOS DE UMA PSICOTERAPIA NARRATIVA
= A Terapia Cognitiva Narrativa, tem o objetivo de levar o cliente a construir na interação com o terapeuta, uma comunidade conversacional, uma realidade múltipla de experiências sensoriais, emocionais, cognitivas e de significação. 
= Capacitar o cliente a construir um discurso narrativo rico em termos de multiplicidade, complexidade, coerência, adaptativo de exigências impostas pela sociedade complexa e multi (você vai ajudá-lo a construir um discurso mais coerente, o que vai adaptá-lo melhor às exigências da sociedade; que ele multiplique as possibilidades de narração) .
= Últimos anos psicoterapias cognitivas testemunhando considerável evolução.
= Desenvolvimentos + recentes, destaque papel atribuído narrativa como elemento central construção conhecimento e implicações clínicas.
= Perturbação psicológica provocada pela incapacidade de dar conta da diversidade/potencialidade da experiência através da organização de um discurso narrativo diversificado, complexo e coerente (o mundo te enche de questões, e você precisa pegar tudo isso e conseguir criar uma narrativa (discurso) coerente; se não conseguir, ocorrerá uma perturbação psicológica).
= Cliente assume a existência de realidade externa/interna absolutas, insubstituíveis (o significado é formado no contato interpessoal).
= Dificuldade de organização de experiência numa narrativa coerente (vai cair na prova uma questão dissertativa sobre isso?)
= Em vez de ver a realidade como processo negociação interpessoal de possibilidades múltiplas, assume a responsabilidade como único construtor desta realidade.
= Resultando desânimo e singularidade.
= Desânimo por incapacidade de poder prever as múltiplas possibilidades p/ experiência sensorial, emocional, cognitiva e significações (não consegue abrir para perceber outras narrativas, e se fecha apenas numa possibilidade, seja sensorial, emocional, cognitiva ou significação).
= Singularidade, pela estranheza em ver-se ≠ dos outros nessa construção de experiência (ele se vê um peixinho fora d’água)
= A psicoterapia narrativa procura responder a estes problemas através da facilitação da construção narrativa.
= Proporciona a elaboração narrativa múltipla de conteúdo, processualmente + complexa e estruturalmente + coerente, num contexto de elaboração discursiva e conversacional com o terapeuta/comunidade linguística do cliente (estruturalmente mais coerente, organizando).
A RECORDAÇÃO
= Não há narrativa sem recordação.
= Capacidade de singularizar episódios significativos da vida que faz cada indivíduo autor de sua própria narrativa (a experiência não é que ela foi, mas como você a narra, a conta).
= Ter uma existência narrativa é ser capaz de recordar, sincrônica/diacronicamente, múltiplos episódios da vida (sincrônica = é sua; diacrônica = tem a participação do outro).
= Recordar é sinônimo da construção de sentido, de coerência através da diversidade de experiência.
= Em suma, é através da recordação, que procura capacitar o cliente à abertura, à experiência e para o desenvolvimento inicial maior de sentido e de coerência na elaboração narrativa. (recordar: mostrar que há possibilidade do discurso (narrativa) sobre aquele fato mudar).
A OBJETIVAÇÃO
= Cliente levado a experienciar uma multiplicidade de realidades externas através de toda uma dinâmica disponibilizada pelas capacidades sensoriais (o ajuda a trazer para a sessão as sensações que ele não estava se permitindo trazer, sentir; cada vez sentir e pensar que aquela narrativa pode ser vista de uma forma diferente).
= Realidade constitui um incomensurável menu que o cliente em perturbação raramente desfruta.
= Terapeuta encoraja o cliente p/ objetivação de cada uma recordação episódica diária, para perceber a complexidade das experiências. 
= Cliente vai progressivamente se dando conta de que a realidade é um contexto possibilitador de uma grande diversidade de experiências.
= Dimensão da complexidade sensorialda experiência, permitindo a emergência de uma progressiva de narrativas diárias, podendo ser vista como ricos menu diversificados para elaboração narrativa.
METAFORIZAÇÃO
= Condensadores de significado.
= Através dela damos sentido a recordações sensoriais, emocionais e cognitivamente (é o jeito que você conta, você explica; é o nome que você dá; ex.: fiquei entalado).
= Capacitar o cliente a produzir múltiplos significados p/ cada memória episódica (determinado episódio particular, individual). 
SUJETIVAÇÃO
= Trabalho de construção múltipla prossegue.
= Aqui é a variedade de experiências emocionais/cognitivas que se procura.
= Mostrar possibilidade de diversidade de experiências emocionais do passado, presente e da procura ativa no futuro (à medida que vai contando, ela vai sentindo de maneira diferente).
= Através de exercícios de ativação emocional, realizados nas sessão e em exercícios diários, procura-se alargar o leque de experiência emocional, p/ ser capaz de elaborar em cada situação matizes diferenciados de ressonância emocional.
PROJEÇÃO
= Remete à ideia do indivíduo estar em constante movimento no espaço/tempo.
= Capacidade de intencionalizar de modo narrativo as experiências do futuro. (elaborar o discurso antes da coisa acontecer, mas um discurso mais aberto, mais amplo).
= Cliente constrói e descontrói-se a todo momento, intencionalizando as experiências que geram novas possibilidades de intencionalização da experiência. (vai treinando o cliente: exercícios diários)
= Orientar o cliente a construir uma metáfora alternativa à metáfora raiz que tem orientado seus sistemas conversacionais e de significação.
= Depois, o cliente parte para nova revisão da história de vida, de modo a encontrar/fundamentar, no passado histórico, episódios caracterizadores desta nova forma de significação significação (remake melhor que o original)
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