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A civilização grega

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História do Pensamento Jurídico
A civilização grega:
a cidade-estado de Esparta
Os tempos homéricos
século XII ao século VIII
Os tempos arcaicos
século VIII ao século VI
Os tempos clássicos
século V e século IV
O período helenístico
A cidade-estado de Esparta
Grécia Antiga
Origem de Esparta
Organização social Organização Política
A educação em Esparta
Esparta
Fundada no século IX na Península do Peloponeso – união das tribos dórias
“Se a cidade dos Lacedemónios tivesse ficado deserta e tudo tivesse sido abandonado à excepção dos templos e das fundações dos outros edifícios, penso que, à medida que o tempo fosse passando, alguma dúvida subsistiria sobre se o poder real de que usufruía corresponderia ao seu renome. E no entanto ocuparam dois quintos do Peloponeso e mandam em toda essa região, bem como em muitos aliados de outras zonas. Ao mesmo tempo, visto que nem a cidade é construída com boas estruturas, nem dispõe de templos e de edifícios valiosos, mas é habitada em povoações à maneira da antiga Hélade, esse poder poderia parecer inferior. Atenas, por seu lado, se passasse pelo
Organização social
Espartanos ou Esparciatas
Periecos
Hilotas
Espartanos ou esparciatas: os descendentes dos conquistadores dórios, os fundadores da cidade. Eram os únicos detentores da cidadania e com direitos políticos, portanto formavam uma classe privilegiada que concentrava em suas mãos o controle do poder militar, político e religioso. Dedicavam sua vida ao exército e ao governo da cidade.
“Pois não há homem valente no combate, se não suportar a vista da carnificina sangrenta e não atacar, colocando-se de perto. É esta a excelência, este é entre os homens o maior galardão e o mais belo que um jovem deve obter. É um bem comum para a cidade e todo o povo que um homem aguarde, de pés fincados na primeira fila, encarniçado e de todo esquecido da fuga vergonhosa, expondo sua vida e ânimo sofredor, e, aproximando-se, inspire confiança com suas palavras ao que lhe fica ao lado. Um homem assim distingue-se no combate. Em breve derrota as falanges furiosas dos inimigos, com o seu ardor
Periecos: habitavam os arredores da cidade. São os descendentes das populações nativas que foram submetidas aos invasores dórios que fundaram a cidade. Como os espartanos, os periecos eram livres e dedicavam-se as atividades ligadas ao comércio, artesanato e a manufatura, sendo que essas tarefas eram desprezadas pelos espartanos.
Hilotas: os habitantes que eram descendentes da população que havia sido subjugada pelos dórios. Eram os servos que pertenciam ao estado, obrigados a cultivar as terras durantes toda a vida para sustentar os cidadãos, mas não tinha direito a nada. Constituía a maioria da população. Os hilotas organizaram muitas revoltas contra a opressão em que viviam. No entanto, os espartanos mantinham os hilotas em clima de terror, perseguindo e matando quem fosse considerado
“Como burros carregados de enormes fardos, obrigados por uma necessidade terrível, entregam aos seus senhores metade dos frutos que a terra dá. Eles e as suas companheiras devem chorar os seus senhores, cada vez que os atinge o destino sinistro da morte” (Tirteu, fragmento 5).
A legislação espartana fora redigida pelo lendário Licurgo no século IX, depois de suas viagens a outras cidades-estados, como, por exemplo, Creta, para poder conhecer as outras instituições antes de começar o seu trabalho. Em sua legislação, Licurgo teria transformado em lei os costumes que já existiam. Entretanto, é possível que tenha utilizado como modelo a legislação de Gortina. A sua legislação deu uma forma definitiva para a organização política da cidade-estado de
Organização política:
Diarquia
Gerúsia
Eforato
Estrutura política
5 éforos
[administravam os negócios públicos – eleitos anualmente]
Diaquia ↔ Gerúsia
[funções religiosas e militares]	[28 anciãos – funções legislativas e corte suprema]
↑
Assembléia popular/Ápela
[espartanos, elegiam os anciãos – soldados]
No geral, a política grega basicamente estava ligada a monarquia. A diferença é que em Esparta a monarquia era dividida por dois reis, portanto uma diarquia. Explica-se o fato de Esparta ter tido dois reis pela existência de duas famílias reais, a família dos Ágidas e a dos Euripôntidas. Isso também demonstra as diferenças sociais entre os próprios espartanos, havendo pobres, medianos e nobres pertencentes a realeza, porém, independente da condição social, todos
A Gerúsia era formada por 30 membros, com idade igual ou superior a sessenta anos, portanto eram composta pelos cidadão espartanos que não necessitavam mais cumprir o serviço militar. Alguns historiadores afirmam que a composição desta assembleia era a soma de 28 membros idosos mais a presença dos dois reis, mas não temos fontes históricas que nos permita afirmar categoricamente qual seria a formação precisa da Gerúsia e de como os gerontes
O Eforato era a assembleia composta por 5 membros eleitos anualmente. E seus participantes eram denominados de éforos. Tinham a função de exercer o poder executivo, ou seja, tomar as decisões sobre a administração do Estado. Sobre quem poderia ser eleito para esse cargo há divergência entre os autores na Antiguidade. Para Heródoto qualquer cidadão espartano poderia ser eleito, mas Aristóteles afirmava que somente os cidadão pertencentes as famílias mais privilegiadas eram
candidatos para o Eforato. Entretanto, ainda apoiados
Na base da organização política estava a Ápela, que era uma assembleia geral ou popular. De forma geral todos os cidadão espartanos com 30 anos completos poderiam participar desta assembleia, que tinha como função discutir assuntos relativos aos interesses do estado. Pela falta de informações precisas não sabemos dizer como funcionava esta assembleia e qual era a influência dos reis nela. No começo da história espartana a Ápela era a principal assembleia do estado,
A educação em Esparta
A educação era rígida e voltada para a obediência à autoridade enquanto condição necessária para um estado militarizado, como dito acima. A primeira condição que deveria ser verificada era a saúde física, pois a debilidade, doença ou fraqueza eram inadmissíveis e as crianças já ao nascer eram examinadas e se constatado algum indício de problema físico eram sacrificadas ou abandonadas. As crianças ficavam com suas famílias até os sete anos de idade,
O objetivo principal era garantir a formação dos jovens em guerreiros. Para isso, passavam por treinamentos militar e por exercícios físicos como corrida, salto e lançamento de disco e de dardo. Também faziam com que as crianças vivessem em condições adversas, sob rígida disciplina, inclusive com a alimentação controlada. As crianças deveriam andar descalças para aumentar as resistência dos pés, usar um único tipo de roupa durante o ano para aprender a suportar as
Depois de anos de férrea educação guerreira, com 20 anos o jovem espartanos poderiam ingressar no exército, tornando-se hoplitas. No entanto, somente aos 30 anos adquiriam todos os direitos políticos, ou seja, a cidadania plena, podendo se casar e ter participação na vida política. A desmobilização do exército era possibilitada ao se alcançar os 60 anos de idade.Tendo todas essas condições em vista e o valor dado ao preparo físico, as mulheres espartanas também recebiam uma educação severa semelhante ao dos homens, tendo que participar de atividades esportivas e torneios. Tal necessidade era justificada na medida em que os espartanos entendiam que se as mulheres tivessem corpos fortes e fossem saudáveis gerariam filhos saudáveis e fortes também.
História do Pensamento Jurídico
A civilização grega:
a cidade-estado de Atenas
I
No período clássico alguns pontos importantes devem ser destacados:
nenhuma casta sacerdotal monopolizou o poder;
os chefes de estado tiveram o seu poder limitado (intervenção dos cidadãos nos assuntos públicos);
os reis não possuíam caráter divino;
II
Atenas
Fundada pelos jônios, na Ática
Também passou pela dissolução da sociedade gentílica Unificação das famílias, gens, em quatro tribos
- Em torno da acrópole, centro político, militar e religioso
Da monarquia → aristocracia
Atenas
Tendo em conta a evolução política, Atenas no início foi governada por um rei, o basileu, funcionando também um supremo tribunal do estado: o Areópago.
No início também já havia as assembléias populares que fiscalizavam as medidas tomadas pelo rei.
Com o fortalecimento dos eupátridas (bem-nascidos) a monarquia foi substituída pelo arcontado. Os arcontes (nove) assumiram os antigos poderes do rei e presidiam os tribunais. Com isso, a aristocracia monopolizou o direito (não era escrito) e dominou os cargos públicos. Os arcontes e os membros do Areópago eram eleitos pelos eupátridas..
III
Caminho para a democracia – Drácon e Sólon.
O primeiro reformador foi Drácon, por volta do ano 650. Destaca-se:
surgimentos das leis escritas. Drácon foi o primeiro legislador a redigi-las;
tornou as leis acessíveis ao povo;
não criou nenhuma novidade, antes reproduziu o
Devido ao monopólio dos eupátridas e pela situação econômica criou-se um descontentamento popular que levou a necessidade da elaboração de uma nova legislação.
Coube a Sólon redigir essas leis, pois era considerado, em seu tempo, um dos homens mais sábios de Atenas. Sólon era aristocrata de nascimento e comerciante de profissão.
Dentre as medidas de Sólon, destacaram-se:
redução dos juros, o que aliviou a situação dos devedores;
fixou os impostos de acordo com a classe dos contribuintes;
para evitar a sonegação fiscal estabeleceu que o
aboliu o direito de primogenitura e instituiu o direito sucessório da mulher e o testamento;
proibiu a prisão por dívidas (liberdade para os devedores escravizados);
dividiu a sociedade ateniense em quatro classes: pentacosimedimnas, cavaleiros, zeugitas e tetas, de acordo com o rendimento de suas terras;
todos podiam votar na assembléia popular (Eclésia), mas somente para as três primeiras classes foram reservado as magistraturas;
criou a Heliéia, o tribunal popular, cujos membros, os heliastas, eram escolhidos entre os cidadãos por meio de sorteio.
diminuiu o poder do Areópago ao criar o conselho de
Depois da reforma de Sólon e do governo tirânico de Pisístrato, Clístenes realizou mudanças significativas que conduziram Atenas a democracia.
Modificou a constituição das tribos existentes, aumentando de quatro para dez o seu número. O conselho dos 400 transformou-se em conselho de 500, formado por 50 homens de cada tribo escolhidos através de eleição. O conselho dos 500 constituiu a base política do governo.
Clístines criou os chamados estrategos; os quais, de fato, exerceram o governo.
Clístines também introduziu o ostracismo – recebera esse nome porque o nome do cidadão era escrito em uma concha (ostracon, em grego). No sexto mês do ano, a assembléia popular poderia aplicar essa medida a qualquer cidadão devido a sua influência política, militar ou intelectual que lhe rendesse excessiva popularidade e pudesse ameaçar a equilíbrio da democracia.
As mudanças conduzidas por Clístenes foram completadas por Aristides, que, dentre as suas medidas mais significativas, estabeleceu que o Areópago, o antigo refúgio da nobreza, ficasse encarregado dos julgamentos dos casos de homicídio. As demais questões legais eram tomadas no tribunal dos heliastas.
A Eclésia (assembléia popular) formou a base da organização política de Atenas, sendo encarregada de votar as leis e nomear os diversos magistrados, que exerciam o governo em seu nome.
A Eclésia se reunia de três a quatro vezes por mês em Pnyx, uma colina próxima da acrópole.
ACRÓPOLE
As decisões da assembléia eram executadas por 10 magistrados, os estrategos; que substituíram os arcontes depois das Guerras Médicas. Os estrategos eram os chefes do exército e do governo, dirigiam, portanto, a política de Atenas.
Os magistrados e funcionários eram escolhidos por votação; esta poderia ser a partir de uma lista de todos os cidadãos ou baseado numa lista daqueles que se candidatavam. A duração dos mandatos era de um ano.
Já os estrategos poderiam ser reeleitos indefinidamente. Péricles, por exemplo, esteve à frente de Atenas, como estratego, por mais de 30 anos.
No final do mandato, os estrategos, os membros do conselho dos 500, os membros do Areópago e os magistrados eram julgados quanto ao seu desempenho pela assembléia popular (Eclésia)..
IV
Sobre os tribunais.
O velho tribunal chamado Areópago ainda tinha prestígio, mas foi despojado de suas faculdades, relegado apenas ao julgamento dos casos de homicídio.
Clístenes criou comissões com jurisdição penal. As questões cíveis eram tratadas pelo tribunal dos
Os membros dos tribunais populares eram escolhidos da seguinte forma:
todos os anos 6.000 cidadãos eram escolhidos para compor uma lista;
pela manhã, sorteavam-se grupos de 500 membros;
também eram sorteados os casos que cada grupo
durante os julgamentos cabia as partes fazer a própria defesa, sendo controladas por um relógio de areia para que o tempo fosse controlado e ninguém falasse mais do que o outro durante a sessão;
a votação era feita em silêncio, sendo que cada um dos heliastas depositava uma pedrinha em uma das duas urnas, destinas a recolher os votos positivos e negativos;
V
Algumas considerações sobre a família ateniense.
a partir da reforma de Sólon, a mulher pôde herdar e ser proprietária; no entanto, vivia reclusa no seu lar;
a poligamia não era permitida, mas o concubinato do marido era admitido pelos costumes;
somente os homens tinham direito ao divórcio em conseqüência de infidelidade;
a partir da reforma de Sólon, os filhos obtinham a emancipação com 18 anos;
também aboliu os direitos de primogenitura;
também foi instituído o testamento. Dessa forma, acabou com a obrigação de dividir a herança apenas entre os membros da família..

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