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09/09/2016 1 Defesa, sítio e intervenções Material para acompanhamento de aulas, Professor Luiz Marcello de Almeida Pereira Formato ABNT, para citação desta apostila em trabalhos acadêmicos: PEREIRA, L. M. A. Defesa, sítio e intervenções. Curso de Direito Constitucional II. Salvador: Centro Universitário Estácio de Sá, 2016. Apostila. Defesa, sítio e intervenções Luiz Marcello de Almeida Pereira marcello@lextra.com.br Sumário • Generalidades • Defesa e sítio • Hipóteses • Direitos atingidos • Amplitude • Procedimentos • Intervenções • Hipóteses • Procedimentos • Referências Sistema constitucional das crises • O abismo espreita • Interpretação a partir do 3º, CR • Telos é preservar ou restabelecer a normalidade constitucional Luiz Marcello de Almeida Pereira 4 Princípios • Necessidade: • Apenas na presença dos eventos citados • Proporcionalidade à crise • Exercício do mínimo de exceções à normalidade constitucional • Temporariedade • Nunca pode se estender além dos limites temporais constitucionais Luiz Marcello de Almeida Pereira 5 Efeitos das intervenções e dos estados de defesa e de sítio Intervenções Autonomia das entidades federativas Defesa e sítio Direitos fundamentais 09/09/2016 2 Hipóteses do Estado de Defesa • Preventivo ou repressivo • Protege • Ordem pública • Paz social • De ameaça por • Grave e iminente instabilidade institucional • Calamidades naturais de grandes proporções “Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.” Luiz Marcello de Almeida Pereira 7 Hipóteses do Sítio I • Sítio (causa interna) • Comoção grave de repercussão nacional • Ineficácia de medida tomada durante o Estado de Defesa “Ar t. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficáciade medida tomada durante o estado de defesa;” Luiz Marcello de Almeida Pereira 8 Hipóteses do Sítio II • Sítio (causa externa) • Declaração de estado de guerra • Resposta a agressão armada estrangeira “Ar t. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.” Luiz Marcello de Almeida Pereira 9 Hipóteses • Defesa • Grave e iminente instabilidade institucional • Calamidades naturais de grandes proporções • Sítio (causa interna) • Comoção grave de repercussão nacional • Fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa • Sítio (causa externa) • Declaração de estado de guerra • Resposta a agressão armada estrangeira Luiz Marcello de Almeida Pereira 10 Direitos atingidos Defesa Sítio I, defesa mais: Reunião Locomoção Correspondência Detenção em qualquer edifício Comunicações Incolumidade do lar Prisão por crime contra o Estado Imprensa Publicidade (37) Bens e serviços Defesa Sítio I ocupação e uso temporário de serviços públicos intervenção nas empresas de serviços públicos ocupação e uso temporário de bens públicos requisição de bens 09/09/2016 3 Direitos atingidos na defesa Ar t. 136... § 1º O decreto que instituir o estado de defesa (...) indicará (...) as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes: I - restrições aos direitos de: a) r eunião, ainda que exercida no seio das associações; b) sigilo de correspondência; c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. Direitos atingidos na defesa “Art. 136... § 3º Na vigência do estado de defesa: I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à autoridade policial; II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua autuação; III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.” Direitos atingidos no sítio I Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens. Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. Duração “Ar t. 136... § 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual per íodo, se persistirem as r azões que justificaram a sua decretação.” “Ar t. 138... § 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.” Duração Defesa Sítio I S ítio II 30 + 30 30 + 30 + 30... Enquantohouver ameaça externa Áreas atingidas Defesa S ítio I S ítio II Áreas específicas Local ou nacional Local ou nacional 09/09/2016 4 Procedimento da decretação do estado de defesa 1. Presidente ouve Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional 2. Decretação 3. 24 horas para enviar decreto e justificação ao CN 4. Congresso decide por maioria absoluta, em 10 dias 5. Rejeição leva à cessação imediata do estado de defesa • Decreto conterá: • Tempo de duração • Áreas • Medidas coercitivas Procedimento da decretação do estado de sítio 1. Presidente ouve Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional 2. Solicitação de autorização, motivado 3. Congresso decide por maioria absoluta • Decreto conterá: • Tempo de duração (no sítio I) • Medidas coercitivas • Normas gerais de execução • Após o decreto • Áreas abrangidas • Executor da medida Regras comuns • Decreto do Presidente (84, IX) • Manutenção do funcionamento do Legislativo • Comissão com 5 par lamentares, para fiscalização (140) • Cessação dos efeitos ao seu final (141) • Mensagem posterior do Presidente (141, par. único), contendo: • Providências tomadas • Justificativa das providências • Relação dos atingidos • Relação das restrições aplicadas • Responsabilidadepelos ilícitos cometidos durante (141, parágrafo único) Luiz Marcello de Almeida Pereira 21 Efeitos das intervenções e dos estados de defesa e de sítio Intervenções Autonomia das entidades federativas Defesa e sítio Direitos fundamentais Parte geral das intervenções • Surgimento nos EUA (1791) • No Brasil, em todas as constituições federativas • Para alguns autores (v.g. Bulos) é ato em que a União r epresenta o Estado Federal • Não tem caráter punitivo, logo sem contraditório ou ampla defesa pelo intervindo (RE 106.293, Nér i da Silveira, 1992) Intervenção da União nos Estados e DF — causas violentas “Ar t. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: I - manter a integridade nacional; II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;” • Proibição de secessão • Causas que podem motivar estado de defesa ou sítio! • Presidente deve zelar pela existência da União (85, I) 09/09/2016 5 Causas institucionais “Ar t. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;” • Ordem judicial • Apenas se não houver remédio processual • Falha ao pagar precatório não justifica (IF 298/SP, Gilmar Mendes, 2000) • Desobediência à ordem do precatório justifica (Recl. 2143, Celso de Mello, 2003) Causas financeiras “Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;” • Dívida fundada: • Em títulos • Em contratos • Lei de Resp. Fiscal: • Orçamento • Não paga no precatório • Repasses dos estados aos municípios: 158 Causas sensíveis “Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.” Iniciativa da intervenção federal “Ar t. 36. A decretação da intervenção dependerá: I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de r equisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário;” • Poder Judiciário é uno • Legislativo e Executivo não, daí a legitimidade local Iniciativa da intervenção federal “Ar t. 36. A decretação da intervenção dependerá: II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de r equisição do Supremo Tr ibunal Federal, do Superior Tr ibunal de Justiça ou do Tr ibunal Superior Eleitoral;” • Cr itério é a matéria em que se funda o ato judicial desobedecido • Constituição • Lei Federal • Direito Eleitoral • (IF 2792, Marco Aurélio, 2003) • Procedimento administrativo! Iniciativa da intervenção federal “Ar t. 36. A decretação da intervenção dependerá: III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de r epresentação do Procurador- Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de r ecusa à execução de lei federal.” • Processo judicial • Ato vinculado do Presidente da República 09/09/2016 6 Decreto • Competência indelegável do Presidente (84, X) • Estipula amplitude, prazo e condições para execução e nomeação de eventual interventor (36, § 1º) • Ratificação ou rejeição pelo CN, em 24 horas (36, § 1º) • Salvo no caso do 34, VI e VII, quando pode bastar a suspenção da execução do ato impugnado (36, § 3º) Intervenção nos municípios “Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada; II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.” Procedimento das constituições estaduais • Procedimento federal aplicável, por simetria • Governador decreta • TJ faz as vezes do STF • Assembleia Legislativa as do Congresso Nacional • “Não cabe recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça que defere pedido de intervenção estadual em Município” STF, Súmula 637 Referências • ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2014. • BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2012. • CUNHA, Dirley. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Podivm, 2014. • LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2013. • MOTA, Leda Pereira; SPITZCOVSKY, Celso. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2015. • SARLET, Ingo Wolfgang. Curso de Direito Constitucional. São PauloÇ Revista dos Tribunais, 2015. • SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. • TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2015. Controle de versões Versão Data Descrição 0.8 5/8/16 Inicial 1.0 9/9/16 Adiçãode referências
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