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Inflamação Aguda Profa Maria Carolina Histórico Celso (Sec I a.C) – Sinais cardinais da inflamação: rubor, tumor, calor, dor Galeno (Sec II d. C) – 5o sinal cardinal: perda da função John Hunter (1794) – Inflamação como mecanismo de defesa Definição Reação vásculo-conjuntiva do organismo a uma agressão local com a finalidade de destruir, neutralizar ou inibir a ação de um agente lesivo para mais tarde reparar o transtorno produzido. Ocorrem em sequência cronológica: lesões celulares e teciduais, distúrbios circulatórios, exsudação e fenômenos reparativos. Resposta do hospedeiro à doença Os sinais clínicos da inflamação aguda são: rubor, calor, tumor, dor e perda da função. A vermelhidão e o calor são devidos à dilatação dos capilares, transportando sangue para as áreas afetadas. Somente na pele poderá haver um aumento de temperatura, pois normalmente ela está sempre abaixo daquela do sangue. Posteriormente ocorrem retardamento e estase do sangue, acompanhado de saída do plasma dos vasos. A permeabilidade vascular aumentada leva ao edema do tecido devido à exsudação de líquido rico em proteína, incluindo fibrinogênio, através de frestas na superfície endotelial das vênulas. Este aumento da permeabilidade vascular é mediado por produtos químicos como a histamina. Outro componente da resposta inflamatória aguda é a dor. O grau de dor experimentada está relacionada à tensão aumentada do tecido, mas pode também ser causada por alguns dos mediadores químicos tais como as cininas e as prostaglandinas. A perda da função, exceto nos casos de intensa necrose celular, é principalmente uma resposta reflexa a dor e ao edema. Assim fica claro, que há um componente celular e um componente químico na resposta inflamatória aguda. O efeito dos mediadores químicos na permeabilidade vascular e o movimento dos leucócitos na área afetada resulta nos sinais físicos que nós associamos a esta resposta. Classificação quanto a duração Aguda ou de evolução rápida Crônica ou de evolução lenta Causas Variadas: qualquer agente que lese as células e os tecidos sejam físicos, químicos ou biológicos Exemplos: - agentes físicos: calor, frio, radiações ionizantes, eletricidade e trauma - agentes químicos: . extrínsecos – picada de abelha . intrínsecos – enzimas deslocadas . extrínsecos + intrínsecos – reação antígeno/anticorpo - agentes biológicos: fungos, vírus e bactérias Nomenclatura Prefixo indicativo do órgão ou tecido + sufixo ite Amígdalas – amigdalite Músculos – miosite Nariz – rinite Estômago – gastrite Fígado – hepatite INFLAMAÇÃO AGUDA Reação inflamatória de curta duração em que predominam os fenômenos vasculares e exsudativos Alterações vasculares 1 – Dilatação arteriolar precedida de rápida vasoconstrição 2 – Aumento do fluxo sanguíneo 3 – Abertura de novos leitos capilares 4 – Congestão do fluxo venoso (hiperemia passiva) 5 – Aumento do extravasamento de fluido extravascular (liquordiapedese) 6 – Concentração ou empilhamento de glóbulos vermelhos em capilares e vênulas 7 – Diminuição ou estase do fluxo sanguíneo nos pequenos vasos até a estagnação 8 – Marginação leucocitária Mediadores químicos da inflamação O aumento da permeabilidade vascular e o acúmulo de neutrófilos no local da inflamação são influenciados pelos mediadores químicos endógenos em circulação no soro sanguíneo, armazenados em células derivados das células lesadas (citógenos). A cascata plasmática envolvida na resposta inflamatória inclui os sistemas de coagulação, cininas e fibrinolítico. Acredita-se que os estímulos para sua ativação sejam a exposição do colágeno e seu contato com o fator de Hagemman ( fator de coagulação). Assim, os mediadores da resposta inflamatória, os fatores da hemostasia e a coagulação intravascular estão intimamente relacionados. Um dos mediadores químicos importantes do sistema de cininas é a bradicinina que está envolvida na vasodilatação e na permeabilidade vascular e é produtora da dor. O mediador mais poderoso de origem celular é a histamina, derivada dos mastócitos e sua liberação se dá de diferentes maneiras: pode ser liberada pela ação de agentes físicos e químicos e pela ação das enzimas lisossomais dos mastócitos. Pode também ser liberada pela ação antigênica da ligação mastócito-IgE. As prostaglandinas derivadas dos lipídeos nas membranas celulares, os leucotrienos liberados dos polimorfos e as enzimas proteolóticas derivadas dos neutrófilos são outros mediadores químicos da inflamação derivados das células. Mediadores citógenos e seus efeitos Mediador Origem Função Histamina Grânulos dos mastócitos e plaquetas Dilatação em arterílas e vênulas. Vasoconstrição em veias.↑ permeabilidade vascular Serotonina Plaquetas e céls cromafins Vasodilatação e ↑ permeabilidade vascular Prostaglandinas Ácidos graxos insaturados da membrana celular Vasodilatação arterial e ↑ permeabilidade vascular Leucotrienos Ácidos graxos insaturados da membrana celular, eosinófilos e basófilos Quimiotáxica para neutrófilos Ptns catiônicas Grânulos dos polimorfosnucleares ↑ permeabilidade vascular Degradação de ptns, bactérias e restos celulares Proteases ácidas Proteases neutras Eventos celulares 1 – marginação leucocitária 2 – emigração (diapedese) 3 – quimiotaxia 4 – agregação 5 – fagocitose Componentes celulares da resposta inflamatória Leucócitos polimorfonucleares neutrófilos Valores normais Infecção grave 7.600 mm3 16.800 mm3 69% polimorfonucleares 85% polimorfonucleares (12% de formas imaturas) 29% linfócitos 14% linfócitos 2% monócitos 1% monócitos Eosinófilos Macrófagos Exsudato inflamatório Composição: plasma, proteínas e células inflamatórias Funções: diluição do agressor, liberação de mediadores, células com várias funções Tipos de exsudato Seroso – Estímulos pouco expressivos. Comum nas serosas (pleura, perocárdio, peritônio( e na pele( queimadura). É um líquido claro e amarelado. Contém proteínas, escassa fibrina, poucos leucócitos, neutrófilos e hemácias. Muscinoso ou catarral – Nas superfícies mucosas, as infecções de baixo grau produzem uma hipersecreção de muco acompanhada por um exsudato de neutrófilos. Exemplos típicos são vistos nas secreções nasofaringeanas e endocervicais com pouca evidência de inflamação nos tecidos circunjacentes. Fibrinoso – Estímulos mais demorados e agressivos nos quais não há crescimento bacteriano, há aumento da permeabilidade capilar com passagem de fibrinogênio,e formação de um áspero, grosseiro, visto nas lesões não infectadas como o infarto ou nas efusões serosas reativas que se sobrepõem à pneumonia formando membrana acinzentada que provoca aderências e que pode ser substituída por tecido fibroso. Comum também nas serosas. Exsudato pseudo-membranoso – há formação de exsudato fibrinoso com necrose do epitélio de revestimento. Ocorre precipitação da fibrina cobrindo a mucosa e aderindo a ela firmemente na forma de uma membrana opaca e acinzentada. É encontrado na difteria, podendo acometer a faringe, traquéia, brônquios, assim como no cólon na colite, derivada de certas toxinas bacterianas e em úlceras. Hemorrágico – chamado de purpúrico ou sanguíneo. Decorre de maior lesão vascular, estase extensa e prolongada, maior fragilidade vascular fisiológica. Geralmente graves. Inflamações agudas e fulminantes. Pode ocorrer em viroses e em neoplasias. Purulento ou supurado – constitui-se de pus. Além de bactérias piogênicas, outros agentes provocam supuração. Característico de agentes com quimiotaxia altamente positiva que tendem a localizar a inflamação. Necessita de um número elevado de leucócitos acumulados e da extensão da necrose para que as enzimas proteolíticas liberadas possam atuar na digestão dos elementos necrosados. Pode ser mucopurulento ou fibrinopurulento, dependendoda superfície (mucosa ou serosa) envolvida, ou órgão visceral. Pus – é um exsudato contendo um crescimento intenso e bactérias piogênicas, rico em neutrófilos mortos ou agonizantes e tecido liquefeito pelas enzimas lisossomais. Denominação do exsudato purulento de acordo com sua localização - abscesso – no interior dos tecidos, formará um abscesso e a crescente pressão inibirá a formação futura de exsudato. Este se tornará encarcerado por tecido fibroso a não ser que o pus se descarregue espontaneamente ou seja drenado cirurgicamente para a superfície mais próxima. - furúnculo – são pequenos abscessos na base de um pêlo. - empiema – é a coleção de pus em cavidades pré-formadas. Ex: cavidade pleural – piotórax Cavidade peritonial – pioperitônio Repercussões sistêmicas da inflamação - linfadenopatia -lassidão (debilidade muscular) - mal-estar (incômodo geral e impreciso) - apatia e prostração - febre e taquicardia (aumento da pressão sanguínea + aumento da pressão arterial) - leucocitose - aumento da velocidade da sedimentação -anorexia Evolução e forma de cura A inflamação aguda pode resultar em uma completa resolução, regeneração do tecido lesado ou organização por uma cicatriz de tecido fibroso. Sob certas condições, o processo inflamatório não resolve e pode se tornar crônico. Resolução A inflamação aguda sem tecido necrosado pode sofrer completa resolução. Neste processo, ocorre efetiva fibrinólise e fagocitose pelos macrófagos dos restos celulares, o fluido é absorvido pelos linfáticos ou são expelidos do corpo (ex: tosse). O tecido volta a sua plena atividade funcional e anatômica, se as células tiverem sido lesadas, a possibilidade de cura depende do seu tipo celular, ou seja, lábeis, estáveis ou perenes. Organização Quando o agente agressor é eliminado, mas há persistência do exsudato por falta de digestão leucocitária da fibrina, haverá substituição paulatina por tecido conjuntivo fibroso. Cicatrização Há substituição por tecido conjuntivo formando-se uma cicatriz. Reparo Havendo perda substancial de tecido, haverá proliferação vásculo-conjuntiva (tecido de granulação), para substituir o tecido perdido. Fatores que protegem do estímulo inflamatório . Quantidade do agressor – válido para agentes animados e inanimados. Exemplo: Sol (30 minutos) – eritema ligeiro Sol (6 horas) – queimaduras extensas com exsudação que podem levar a morte. . Quanto ao local da agressão Exemplo: Estafilococos áureos Na pele – furúnculo No peritônio – peritonite grave com morte No osso – osteomielite crônica de longa duração . Quanto à duração Tem influência na destruição celular e ação importante com relação a cura. Os agentes animados tem ação mais prolongada, proliferando no hospedeiro, agindo diretamente ou através de suas toxinas (dias, semanas e meses) Os agentes inanimados podem causar reações intensas, mas de curta duração (traumas mecânicos, corrosão, queimaduras) Em lesões de longa duração (exemplo: tuberculose, lepra), temos lesões degenerativas com reação inflamatória, linfócitos, macrófagos, fibrose incipiente. Há neoformação vascular, esclerose, grande teor de fibroblastos (tecido de granulação) e até áreas de cura. . Quanto a resistência do hospedeiro A resistência do hospedeiro está ligada a: - estado de saúde (exemplo: síndrome nefrótica, diabetes melito, agranulocitose) - distúrbios nutricionais (carência protéica de vitamina A, B,C, carência de ferro – anemia) - hormônios - fadiga - ação de medicamentos (uso prolongado provocando a ação de fungos oportunistas) - idade
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