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1 Universidade Federal de Ceará Centro de Ciências Departamento de Química Analítica e físico Química Disciplina: Química Analítica Aplicada Profa. Ruth Vidal VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO 1 - INTRODUÇÃO A volumetria de neutralização baseia-se, em princípio, na reação de combinações dos íons H+ e OH-, resultando na formação de H2O. Com soluções padrões ácidas podem ser tituladas substâncias de caráter alcalino (Alcalimetria) semelhantemente, com soluções padrões alcalinas são tituladas soluções de caráter ácido (Acidimetria). A volumetria de neutralização também inclui as titulações de deslocamento, em que o ânion de um ácido fraco é deslocado de seu sal mediante titulação com ácido forte ou o cátion de uma base fraca é deslocado de seu sal mediante titulação com uma base forte. Comumente o ponto final de uma volumetria de neutralização é identificado com auxílio de indicadores de pH. É, pois, muito importante para uma adequada escolha do indicador conhecer o ponto da escala do pH em que se situa o ponto de equivalência da titulação e, principalmente a maneira como varia o pH nas imediações do ponto de equivalência. A curva dando a variação do pH com o volume de reagente adicionado durante a titulação é conhecida com a CURVA DE NEUTRALlZAÇÃO. Na volumetria de neutralização, o ponto de equivalência coincide com o ponto de neutralidade (pH 7) sempre que a titulação envolva uma reação entre um ácido forte e uma base também forte. Nos demais casos, em virtude da hidrólise dos produtos da reação, o ponto de equivalência costuma se deslocar para as regiões ácida ou alcalina. . A curva de titulação pode ser traçada com dados experimentais da análise potenciométrica ou, então, com base em considerações teóricas, que é método adotado nas seções subseqüentes. 2 - CURVAS DE NEUTRALIZAÇÃO São curvas feitas a partir de titulações potenciométricas ou a partir de cálculos teóricos, e que permitem-nos acompanhar a variação da concentração de H+ ou OH- em relação ao volume de ácido ou de base adicionado ao longo da titulação, permitindo, assim a localização exata do ponto de equivalência da titulação em questão. 2 CURVA DE NEUTRALIZAÇÃO DE ÁCIDO FORTE COM BASE FORTE Seja a titulação de 50 mL de Ácido Clorídrico 0,1M (HCl) com Hidróxido de Sódio (NaOH) 0,1M. Obs.: HAc – abreviação de ácido acético (H3CCOOH) e Ac- - abreviação do íon acetato (H3CCOO-) A) Antes do início: [H+] = Ca [H+] = 0,1 pH= 1 B) Após a adição de 10 mL de NaOH 0,1M Teremos que 10 ml de HCl foram neutralizados pelo NaOH adicionado, restando então 40 mL (0,04L)de ácido. O volume total será 50 mL de HCl + 10 mL de NaOH = 60 mL (0,06L) nH+ = 0,04 x 0,1= 0,004 [H+] = 0,0666.... pH = 1,17 0,06 C) No Ponto de Equivalência (após a adição de 50 mL de NaOH 0,1M Teremos um sal de ácido forte com base forte, portanto não sefre hidrólise. Reação: NaOH + HCl → NaCl + H2O A única espécie presente capaz de gerar íons H+ ou OH- é a água, donde: Auto-ionização da água: H2O ↔ H+ + OH- Kw = 1,05x10-14 Kw = [H+] [OH-] como [H+] = [OH-], teremos que Kw = [H+]2 ou u [H+] = √Kx Portanto [H+] = 1x10-7 pH = 7 D) Após a adição 60 mL de Hidróxido de Sódio 0,1M Solução resultante com base em excesso: Teremos que 10 ml (0,01L) de NaOH em excesso. O volume total será 50 mL de HCl + 60 mL de NaOH = 110 mL (0,11L) nOH- = 0,01 x 0,1= 0,001 [OH-] = 0,009 pOH = 2,04 0,11 Como pH + pOH =14 pH = 14 – 2,04 pH = 11,96 3 CURVA DE NEUTRALIZAÇÃO DE ÁCIDO FRACO COM BASE FORTE Seja a titulação de 50 mL de Ácido Acético 0,1M (HOAc) com Hidróxido de Sódio (NaOH) 0,1M. Obs.: HAc – abreviação de ácido acético (H3CCOOH) e Ac- - abreviação do íon acetato (H3CCOO-) A) Antes do início: [H+] = Ka x Ca [H+] = 1,75 x 10-6 [H+] = 0,00132 pH= 2,88 B) Após a adição de 10 mL de NaOH 0,1M Formará uma solução tampão: HOAc + NaOAc Reações envolvidas: HOAc H+ + OAc. Ka = [H+] [OAc] (I) [HOAc] NaOAc Na+ + OAc- (II) [Oac-] = [NaOAc] + [H-] [HOAc](n ) = [HOAc] – [H+] (substituindo em I) Ka = [H+] [NaOAc + H+] [H+] = Ka [HOAc – H+] [H+] = Ka [HA] x [HOAc – H+] [NaOAc – H+] [NaOAc ] [HOAc] = 40x0,1 = 6,6x10-2 [NaOAc] = 10x0,1 = 1,66x10-2 60 60 [H+] = 1,75x10-5x 6,66x10-5 [H+] = 7,22 x 10-5 pH = 4,16 1,66x10-2 C) No Ponto de Equivalência (após a adição de 50 mL de NaOH 0,1M Teremos um sal de ácido fraco sofrendo hidrólise. Reação: NaOAc + H2O ↔ HOAc + OH- Kh = [HOAc] [OH-] (I) [OAc-] Para saber [HOAc] Ka = [H+] [OAc] [HOAc] = [H+] [OAc-] (lI) [HOAc] Ka Substituindo (lI) em (I), teremos: Kh = [H+] [OAc-] [OH-] Kh = Kw (III) Ka [Oac-] Ka Substituindo (III) em (I), teremos: Kw = [HOAc] [OH-] ; onde: [HOAc] = [OH-] e Ka [OAc-] substituindo, teremos Kw = [OH-]2; Ka [NaOac] – [OH-] 4 da equação de Kw, tiramos que: [OH-] = Kw [H-] substituindo, temos que: Kw = (KW)2 [H+]= Kw. Ka pH= 8,72 Ka [H+]2 [NaOAc] [NaOAc] [NaOAc] = 50 x 0,1 = 0,05 100 D) Após a adição 60 mL de Hidróxido de Sódio 0,1M Solução resultante com base em excesso: [OH-] = 60 x 0.1 = 0,054 pOH = 1,26 pH = 14 – 1,26 pH = 12,74 110 CURVA DE NEUTRALIZAÇÃO DE BASE FRACA COM ÁCIDO FORTE Seja a titulação de 50 mL de com Hidróxido de Amônio (NH4OH) 0,1M Ácido clorídrico 0,1M (HCl). A) Antes do início: [OH-] = Kb x Cb [OH-] = 1,75 x 10-6 [OH-] = 0,00132 pOH= 2,88 pH=14 - 2,88 pH= 11,12 B) Após a adição de 10 mL de HCl 0,1M Formará uma solução tampão básica : NH4OH + NH4Cl pH= pKw – pKb+ log [NH4OH] [NH4Cl] [NH4OH] = 40x0,1 = 6,6x10 -2 [NH4Cl] = 10x0,1 = 1,66x10-2 pH = 14 – 4,76 + log 6,66x10-2 60 60 1,66x10-2 pH = 8,64 C) No Ponto de Equivalência (após a adição de 50 mL de HCl 0,1M) Teremos um sal de base fraca sofrendo hidrólise. Reação: NH4Cl + H2O ↔ NH4OH + H+ Kh = [NH4OH] [H+] (I) [NH4 +] A hidrólise é governada por Kw; Kb e pela concentração do sal, de modo que teremos: [H+] = Kw ; pH= ½pKw – ½[pKb + (log [NH4Cl])] Kb [NH4Cl] 5 [NH4Cl] = 50 x 0,1 = 0,05 Kw = 1x10-14 Ka = 1,75x10-5 pH= 5,27 100 D) Após a adição 60 mL de Ácido clorídrico 0,1M teremos uma solução resultante com ácido em excesso: [H+] = 10 x 0.1 = 0,009 pH = 2,04 110 CURVA DE NEUTRALIZAÇÃO DE ÁCIDO FRACO COM BASE FRACA Ex.: Seja a titulação de 50 mL de Ácido Acético 0,1M (HOAc) com 50 mL de com Hidróxido de Amônio (NH4OH) 0,1M. A) Antes do início: [H+] = Ka x Ca [H+] = 1,75 x 10-6 [H+] = 0,00132 pH= 2,88 B) Após a adição de 10 mL de NH4OH 0,1M Formará uma solução tampão ácida : HOAc+ NH4OAc pH= pKa+ log [NH4OAc] [HOAC] [HOAc]=40x0,1 = 6,66x10-2 [NH4OAC]=10x0,1 = 1,66x10-2 pH = 4,76 + log 1,66x10-2 pH = 4,87 60 60 6,66x10-2 C) No Ponto de Equivalência (após a adição de 50 mL de NH4OH 0,1M) Teremos um sal de base fraca e de ácido fraco, ambos sofrendo hidrólise. Reação: NH4OAc + H2O ↔ NH4OH + HOAC Kh = [NH4OH] [HOAC] (I) [NH4OAC] A hidrólise é governada por Kw; Ka e Kb, de modo que teremos: [H +] = Kx Ka ; Kb pH= ½pKw + ½ (pKa - pKb) pH = 7 + (4,76 - 4,76) pH = 7 Obs.: o pH da solução resultante depende da extensão de ionização do ácido e da base fracos. D) Após a adição 60 mL de NH4OH 0,1M teremos uma solução resultante com base fraca em excesso: [OH-] = 10 x 0.1 = 0,009 OH- = Kb Cb pOH = 3,41 pH = 14 – pOH pH = 10,59 110 6 TITULAÇÃO DE ÁCIDOS/BASES POLIPRÓTICOS E TITULAÇÃO DE MISTURA DE ÁCIDOS/BASES As curvas de titulação de ácidos e de bases polipróticos, em geral são mais complexas que a dos ácidos monopróticos. O comportamento das curvas de neutralização depende dos valores relativos e absolutos das respectivas constantes de ionização. De modo que para que o ponto de inflexão se associe a uma variação de pH convenientemente grande, é preciso que: - A razão entre a respectiva constante de ionização e a seguinte constante de ionização, seja maior que 104. - A correspondente constante de ionização não seja de um ácido extremamente fraco. A curva resultante terá teoricamente uma inflexão para cada hidrogênio/hidroxila ionizável. As curvas de titulação de misturas de ácidos ou de bases são comparáveis às dos ácidos/bases polipróticos. Na verdade um ácido/base poliprótico comporta-se como se fora uma mistura de ácidos ou de bases monopróticos, com diferentes constantes de ionização, presentes em quantidades equimiloares. Ex.: Seja a titulação de 50 mL de Ácido carbônico 0,1M (H2CO3) com Hidróxido de Sódio (NaOH) 0,1M. A) Antes do início: [H+] = Ka x Ca B) Após a adição de 10 mL de NaOH 0,1M Formará uma solução tampão ácida: NaHCO3 + H2CO3 pH= pKa1 + log [NaHCO3] [H2CO3] C) No primeiro ponto de equivalência: Teremos a formação de um anfólito: . NaHCO3, que tanto pode formar CO3 = quanto H2CO3, portanto: [H+] = Ka1 x Ka2 D) Após o primeiro ponto de equivalência: Formará uma segunda solução tampão: NaHCO3 + Na2CO3 pH= pKa2 + log [Na2CO3] 7 [NaHCO3] E) No segundo ponto de equivalência: Teremos a formação de um sal de ácido fraco, portanto sujeito à hidrólise, de modo que o pH será dado por: [H+] = Kw Ka2 ; [Na2CO3] D) Após o segundo ponto de equivalência teremos uma solução resultante com base em excesso: [OH-] = CbxVbexc Cb pH = 14 - pOH Vtotal TITULAÇÕES DE DESLOCAMENTO No caso de um sal de ácido fraco NaA, o ânion A- é capaz de reagir com um ácido forte (A- + H+ HA) , originando moléculas não dissociadas do ácido fraco HÁ. Analogamente, no caso de um sal de base fraca BCl, o cátion B+ é capaz de reagir com uma base forte (B+ + OH- BOH) , originando moléculas não dissociadas da base fraca BOH. Estas reações podem servir de base para a titulação de sais de ácidos fracos com ácidos fortes ou de sais de base fraco com base forte, desde que a concentração do íon hidrogênio se modifique de maneira bastante acentuada nas imediações do ponto de equivalência. Para que isso ocorra é necessário que as soluções dos sais de ácidos fracos tenham pH maior que 9 e as soluções dos sais de base fraca tenham pH menor que 5. A possibilidade das titulações de deslocamento, são restritas aos sais de ácidos extremamente fracos com ácidos fortes e de sais de bases muito fracas com bases fortes. Ex.: Seja a titulação de cianeto de potássio 0,1 M com Ácido clorídrico 0,1M (HOAc) com 50 mL de com Hidróxido de Amônio (NH4OH) 0,1M. Reação: KCN K+ + CN- CN- + H+ HCN [H+] = Ka x Ca [H+] = 1,75 x 10-6 [H+] = 0,00132 pH= 2,88 A) Após a adição de 10 mL de HCl 0,1M Formará uma solução tampão ácida: HCN + KCN pH= pKa+ log [KCN] [HCN] C) No Ponto de Equivalência (após a adição de 50 mL de NH4OH 0,1M) 8 Teremos o sal transformado em ácido fraco, portanto: [H+] = Ka x Ca D) Após o ponto de equivalência, teremos uma solução resultante com ácido forte em excesso: [H+] = CaxVaexc Vtotal 3 - INDICADORES DE pH 3.1 - Relação de indicadores de pH. Os indicadores de pH são substâncias orgânicas fracamente ácidas (indicadores ácidos) ou fracamente básicas (indicadores básicos), que mudam gradualmente de coloração dentro de uma faixa de pH relativamente estreita chamada zona de transição. Os indicadores de pH são quase todos usados como soluções a 0,1% em água ou etanol. . 3.2 - Teoria de indicadores de pH. A primeira tentativa para explicar o funcionamento dos indicadores de pH tomou por base a teoria da dissociação eletrolítica. W. Ostwald (1894) formulou a teoria iônica dos indicadores, admitindo que os indicadores são ácidos ou bases fracos, cujas moléculas não-dissociadas deveriam possuir uma coloração diferente da dos respectivos íons. Um indicador ácido qualquer pode ser representado por Hind, em que Ind é a porção aniônica da molécula. A dissociação é dada pela seguinte equação: Hind ↔ Ind- + H+ (col. A) (col. B) No caso de um indicador básico, tem-se: HindOH ↔ Ind+ + OH- (col.c) (col.d) A coloração dos compostos orgânicos é, também, influenciada secundariamente pelos chamados grupos auxocrômicos, que não são cromóforos, mas cuja presença, ao lado de grupos cromóforos, intensifica a coloração devida a estes últimos. A teoria cromófora explica a mudança de coloração dos indicadores como devida a um reagrupamento molecular determinado pela variação das condições de pH do meio. A mudança de coloração reflete a formação ou o desaparecimento de grupos cromóforos. 3.3 - pH e coloração do indicador. A coloração que um indicador assume depende do pH da solução. A relação entre a 9 coloração de um determinado indicador e o pH da solução pode ser estabelecida aplicando a lei da ação das massas aos equilíbrios do indicador na solução. Seja o caso de um indicador ácido; então, os equilíbrios existentes na solução podem ser representados por HindO Hind H+ lnd em que HIndoO e Hind são as duas formas tautômeras do indicador e Ind- , o ânion do segundo tautômero. Semelhantemente, no caso de indicadores básicos. A relação das concentrações das formas ácida e alcalina de um indicador depende da concentração do íon hidrogênio. Para cada concentração de íon hidrogênio, têm-se as formas ácidas e alcalina segundo uma relação de concentrações defenida. As duas formas coexistem, evidentemente, em toda a escala de pH. Entretanto, há um limite inferior para a quantidade de qualquer uma das formas que o olho é capaz de perceber em presença outra, de sorte que a mudança de coloração do indicador se acha confinada a uma faixa definida da concentração de .íon hidrogênio. Os limites entre os quais é perceptível a mudança de coloração de um indicador, expressos em termos de pH, definem a zona de transição do indicador. O indicador compreende duas formastautômeras, distintamente coradas, em equilíbrio. No caso do paranitrofenol, por exemplo, as duas formas tautômeras em equilíbrio são: (I) (II) O = N = O O = N = O O = N = O - Incolor Amarelo Amarelo 3.4 - Influência de diversos fatores sobre a zona de transição. A zona de transição dos indicadores pode ser influenciada pela concentração do indicador, a temperatura e o meio. A) Influência da concentração do indicador. Este efeito se manifesta quando se trata de um indicador Monocromado. A concentração da forma corada é proporcional à concentração OH O O 10 do indicador não-dissociado. Portanto, a intensidade da coloração da solução aumenta com a crescente concentração do indicador (até o ponto de saturação). B) Influência da temperatura. As zonas de transição referem-se à temperatura de 18°C. Com um aumento pronunciado da temperatura, as zonas de transição sofrem um deslocamento, especialmente no caso e indicadores básicos. C) Influência do meio. As zonas de transição são calculadas tomando como solvente a água, no caso de solventes orgânicos como metanol, etanol e acetona, que possuem constantes dielétricas mais baixas do que água? à solução aquosa faz variar as condições de equilíbrio. A adição de etanol, por exemplo, diminui a constante de ionização de ácidos e bases fracos. O resultado é que os indicadores ácidos tornam-se mais sensível ao íon hidrogênio em presença de solventes orgânicos com deslocamento de suas zonas de transição para valores de pH mais altos. Os indicadores básicos, por sua vez, tornam-se menos sensíveis ao íon hidrogênio. 3.5 - Indicadores mistos. A mudança de coloração de alguns indicadores de pH não é muito facilmente observável, principalmente com luz artificial. Em certos casos, é possível obter uma mudança de coloração mais nítida por meio da adição de um corante orgânico ao indicador. Estas misturas são chamadas indicadores mistos. O que se teve, inicia!mente, em vista com os indicadores mistos foi tornar mais pronunciada a mudança de coloração de certos indicadores comuns, como o alaranjado e o vermelho de metila, que mudam do amarelo para o vermelho passando pelo alaranjado. A dificuldade em se acompanhar a mudança de coloração destes indicadores, sem o uso de soluções de comparação, resulta do fato, de serem o amarelo e o vermelho contíguos no espectro. A adição de corantes azuis ao alaranjado ou ao vermelho de metila, quando em proporção adequada, transforma o amarelo e o vermelho, respectivamente, em verde e violeta, que são cores complementares. Os indicadores mistos, além de apresentarem uma mais nítida mudança de coloração, possibilitam ainda a' titulação de soluções bastante diluídas ou fracamente coradas e a condução da operação sob luz artificial. TABELA DE INDICADORES DE NEUTRALIZAÇÃO indicador zona de transição a 18oC zona de transição a 100oC azul de timol 1,2 - 2,8 1,2 - 2,6 tropeolina 1,3 - 3,2 0,8 - 2,2 amarelo de metila 2,9 - 4,0 2,3 - 3,5 11 alaranjado de metila 3,1 - 4,4 2,5 - 3,7 azul de bromofenol 3,0 - 4,6 3,0 - 4,5 verde de bromocresol 4,0 - 5,6 4,0 - 5,6 vermelho de metila 4,4 - 6,2 4,0 - 6,0 p-nitrofenol 5,0 - 7,0 5,0 - 6,0 púrpura de bromocresol 5,2 - 6,8 5,4 - 6,8 azul de bromotimol 6,0 - 7,6 6,2 - 7,8 vermelho de fenol 6,4 - 8,0 6,6 - 8,2 vermelho de cresol 7,2 - 8,8 7,6 - 8,8 azul de timol 8,0 - 9,6 8,2 - 9,4 fenolftaleína 8,0 - 10,0 8,0 - 9,2 timolftaleína 9,4 - 10,6 8,6 - 9,6 nitramina 11,0 - 13,0 9,0 - 10,5 4 – APLICAÇÕES GERAIS DA VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO 4.1 - TITULAÇÃO DE MISTURAS DE ÁCIDOS As curvas de neutralização de misturas de ácidos são comparáveis às dos ácidos polipróticos. Na verdade, uma solução de ácido poliprótico comporta-se como se fora uma mistura de ácidos monopróticos com diferentes constantes de ionização, presentes em quantidades equimolares. A possibilidade de determinar, separadamente, os dois componentes da mistura depende da magnitude da constante de ionização do ácido fraco. Quando a constante de ionização do ácido fraco é menor que 10-5 a variação do pH no primeiro ponto de equivalência é bastante pronunciada; então, é possível determinar o ácido forte e, também, o ácido fraco sempre que sua constante de ionização não seja demasiadamente pequena. Quando a constante de ionização do ácido fraco é maior do que 10-5, somente a acidez total pode ser determinada. 4.2 - TITULAÇÃO DE MISTURAS DE BASES. A possibilidade de titular carbonato de sódio como uma base monoequivalente ou diequivalente serve de base para a análise de misturas de NaOH e Na2CO3 ou, NaOH e NaHCO3. Na titulação, em uma primeira etapa, na presença de fenolftaleína, acontece a total neutralização de NaOH e a conversão do Na2CO3 em NaHCO3; após o descoramento da solução, pode-se levar a titulação em presença de azul de bromofenol, até a total neutralização do NaHCO3. 12 5 - SOLUÇÕES PADRÕES 5.1- SOLUÇÕES PADRÕES ÁCIDAS São principalmente usadas soluções de ácido clorídrico e ácido sulfúrico. Os dois ácidos são encontrados no comércio como soluções concentradas; o ácido clorídrico é aproximadamente 12M e o ácido sulfúrico 18M. As soluções de ácido clorídrico são usadas como soluções padrões para titulações alcalimétricas, de preferência às de ácido sulfúrico, porque com certos indicadores o ponto final é mais bem definido. Às vezes, dão-se como indicadas as soluções de ácido sulfúrico para titulações a quente ou quando a substância a determinar deve ser fervida por algum tempo com excesso de ácido. O ácido nítrico é usado raramente, pois em geral, o reagente contém traços de ácido nitroso, que tem ação destrutiva sobre muitos indicadores de pH. Comumente as soluções padrões ácidas são obtidas por via INDIRETA. Devem ser usados apenas os ácidos puros, e para as diluições, água destilada de boa qualidade. 5.2 - PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES ÁCIDAS OS padrões primários mais usados para padronizar soluções ácidas são: A) Carbonato de sódio - O composto é encontrado no comércio com características de padrão primário, deve ser dessecado, antes do uso, mediante aquecimento a 270-3000C, durante meia a uma hora. O carbonato de sódio anidro, quando exposto à atmosfera, tende a absorver água para formar o monoidrato; por isso, o sal anidro deve ser conservado em um frasco perfeitamente fechado. B) Tetraborato, de sódio - O composto é encontrado puro no comércio. É estável em condições apropriadas de conservação, não absorve umidade durante a pesagem e - possui peso equivalente elevado (190,72) Para padronizar soluções ácidas são ainda indicadas, entre outras substâncias, o oxalato de sódio, o óxido de mercúrio (II), o hidrogeno carbonato de potássio e o iodato de potássio. 5.3 - SOLUÇÕES PADRÕES ALCALINAS Os reagentes usados na preparação de soluções padrões alcalinas são os hidróxidos de sódio, potássio e bário. O mais correntemente empregado é o hidróxido de sódio. Os mencionados reagentes contêm quantidades maiores ou menores de água e carbonato. Por isso, as soluções padrões alcalinas não podem ser preparadas por via direta. Além disso, é desejável em muitos casos trabalhar com soluções alcalinas livres de carbonato. A água utilizada para as diluições, na preparação das soluções alcalinas, não deve conter excesso de dióxido de carbono. A água destilada ordinária é, freqüentemente, 13 supersaturada comdióxido de carbono. O excesso de dióxido de carbono é removido mediante ebulição da água por alguns minutos e subseqüente esfriamento. Quando soluções fortemente alcalinas são conservadas em frascos de vidro comum, elas se contaminam com silicatos devido ao ataque do vidro. É, portanto, recomendável fazer uso de frascos de polietileno, ou frascos parafinados, para armazenar soluções padrões alcalinas. 5.4 - PADRONIZAÇÃO DAS SOLUÇÕES ALCALINAS O título das soluções alcalinas é determinado com relação a padrões primários ácidos. Os reagentes mais usados para este fim são o ácido clorídrico de ebulição constante, hidrogenoftalato de potássio, ácido benzóico, ácido oxálico, hidrogenodiiodato de potássio, ácido sulfâmico e sulfato de hidrazínio. 6 - APLICAÇÕES TÍPICAS 6. 1- Determinação de ácido acético O ácido acético é um ácido fraco, que pode ser titulado com solução padrão de hidróxido de sódio em presença de indicadores com zonas de transição na região fracamente alcalina, tais como fenolftaleína, timolftaleína e azul de timol. 6.2 - Determinação de ácido sulfúrico no ácido concentrado O ácido sulfúrico é um ácido diprótico em que mesmo o segundo hidrogênio se ioniza em larga extensão, de sorte que uma solução diluída de ácido sulfúrico, ao ser titulada com uma solução de hidróxido de sódio, se comporta de maneira idêntica à solução de um ácido monoprótico forte.
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