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2.Texto desenvolvimento e aprendizagem

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
DISCIPLINAS: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
PROFESSORA: NICOLETA MENDES DE MATTOS
	
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM�
NICOLETA MENDES DE MATTOS� 
I. DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO
	Quando se fala em crescimento, todo mundo se lembra facilmente do aumento de estatura, de peso outras mudanças tanto estruturais como orgânicas que ocorrem na constituição física.
	O termo desenvolvimento, porém, é muito mais amplo e complexo. Ele define o processo ordenado e continuo que principia com a própria vida, no ato da concepção, e abrange todas as modificações que ocorrem no organismo e na personalidade. Inclusive os comportamentos mais sofisticados, resultantes do crescimento e amadurecimento físicos e da estimulação variada do ambiente físico e social (BOCK, 1999).
	Nesse sentido, o desenvolvimento refere-se às mudanças qualitativas, tais como aquisição e aperfeiçoamento de capacidades e funções que permitem ao indivíduo realizar coisas novas, progressivamente mais complexas, com uma habilidade cada vez maior. È possível considerar que o crescimento e o desenvolvimento são processos praticamente inseparáveis, ainda que distintos. A curva do crescimento nem sempre coincide com a do desenvolvimento. A primeira tende a atingir seu ponto mais alto quando a maturação biológica é alcançada. A curva do desenvolvimento, por outro lado, é contínua, acompanhando o homem durante toda a sua vida. (DAVIS, 1998).
Ou seja, enquanto o crescimento termina em determinada idade, quando esta alcança maturidade biológica, o desenvolvimento é um processo que acompanha o homem através de toda sua existência.
São fatores do desenvolvimento:
Condições biológicas (hereditária, hormonais) 
Condições sócio-econômicas (nutricionais) 
Condições psicológicas (afeto) 
Outras condições – clima, hábitos, ambiente familiar e escolar, cultura, medicamentos, acidentes. 
Tanto o crescimento quanto o desenvolvimento produzem mudanças nos componentes físico, mental, emocional e social do indivíduo, independentemente de sua vontade. As mudanças ocorrem segundo uma ordem invariante.
Por exemplo: antes de falar a primeira palavra, a criança balbucia. Antes de formar uma sentença completa com sujeito, predicado e complemento, ela usa frases monossilábicas. O mesmo acontece com a marcha. Antes de andar, a criança senta e/ou engatinha. Essa seqüência segue um padrão de evolução e da mesma forma acontece com outras áreas do desenvolvimento.
No caso do desenvolvimento infantil, temos que levar em consideração as necessidades básicas das crianças, devendo-se entende a criança em todos os aspectos níveis de desenvolvimento (Dreikurs, 2001):
Primeiramente é ela um organismo fisiológico, com seus mecanismos  e exigências biológicas. Além disso, é uma entidade psicológica subordinada ás leis psicológicas do pensar, do sentir, do interpretar e do agir. Mas do que tudo, porém, a criança é um ser social, que deseja pertencer á vida grupal e age de acordo com a atmosfera desse grupo. Em qualquer idade, suas necessidades básicas só serão satisfeitas se a criança tiver oportunidade para funcionar adequadamente em todos esses três níveis de desenvolvimento (DREIKURS, 2001).
A hereditariedade e o ambiente, a maturação e a aprendizagem são fatores de desenvolvimento. Isto significa que, para determinar o processo de desenvolvimento em todas as suas fases, as condições estruturais e orgânicas atuam simultaneamente com os estímulos ambientais. No seu processo global, o desenvolvimento vem acompanhado de dois outros processos complementares, que atuam em reciprocidade, da mesma maneira que a hereditariedade e o meio ambiente: a maturação e a aprendizagem.
II. MATURAÇAO
	É o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum mecanismo interno. É o processo através do qual ocorre a mudança e o crescimento progressivo na área física e psicológica do organismo. Subjacentes às tais mudanças, existem fatores intrínsecos transmitidos pela hereditariedade, que constituem parte do equipamento congênito do recém nascido�.
	Por isso, a maturação conduz ao desenvolvimento do potencial do organismo. Caracteriza-se por mudanças estruturais, que ocorrem em dado momento, envolvendo a coordenação de numerosas partes do sistema nervoso. 
Nesse sentido, a hereditariedade estabelece os limites fisiológicos e psicológicos sobre os quais o ambiente agirá. É por isso que é ineficaz, por exemplo, ensinar, ensinar uma criança a andar aos 05 meses, ou a ler e escrever precocemente. Por outro lado, sabe-se que certos contextos sócio-ambientais podem acelerar ou retardar os processos maturacionais, como no caso da ocorrência do fenômeno da puberdade cada vez mais precoce nas meninas atualmente.
	Na verdade, não existe acordo entre os estudiosos do comportamento humano no que se refere às relações entre a maturação e a aprendizagem. De modo geral, pode-se organizar as posições dos estudiosos em duas categorias:
1. Maturação como alicerce indispensável e pré-requisito para aprendizagem. A maturação, nesta perspectiva, seria determinada somente pelo código genético. Nesta posição encontram-se as teorias maturacionais do desenvolvimento e aprendizagem, como a de Arnold Gesell�, que afirma a aprendizagem nunca pode transcender a maturação. Isto é, para que a aprendizagem se processe, é necessário que o organismo esteja suficientemente maduro.
2. Maturação preparando e tornando possível a aprendizagem, que, por sua vez, estimula e empurra para frente o processo maturacional. A maturação, nesta perspectiva, sofreria também influência dos fatores ambientais. Como representantes dessa posição, podemos citar as teorias sócio-históricas (Teorias de Vygotsky e Wallon), que enfatizam a função organizadora da cultura diante dos processos maturacionais e de desenvolvimento. Para essas teorias, a maturação biológica e o desenvolvimento das funções psicológicas dependem do meio sócio-cultural, que é essencialmente semiótico (DROVET, 1995).
	Concluindo, toda atividade humana depende da maturação. Desde o mais simples comportamento, como segurar um objeto, até as abstrações e raciocínios mais complexos.
	
III. APRENDIZAGEM
É consenso que através da aprendizagem o homem desenvolve os comportamentos que o possibilita viver, e, atualmente, estudiosos afirmam que este processo se inicia antes mesmo do seu nascimento. É comum as pessoas restringirem o conceito de aprendizagem somente aos fenômenos que ocorrem na instituição escolar, como resultado do ensino. Entretanto, o termo tem um sentido muito mais amplo: abrange as aquisições de conhecimento, os hábitos que formamos, os aspectos de nossa vida afetiva e assimilação de valores culturais. 
Para a Psicologia, o conceito de aprendizagem não é tão simples de ser construído. Há diversas possibilidades de aprendizagem, ou seja, há diversos fatores que nos levam a apresentar um comportamento que anteriormente não apresentávamos como o crescimento físico, descobertas, tentativas e erros, ensino etc. A transformação da aprendizagem um processo a ser investigado levanta questões consideradas importantes pelos técnicos da aprendizagem: qual o limite da aprendizagem? Qual a participação do aprendiz no processo? Qual a natureza da aprendizagem? Há ou não motivação subjacente ao processo? As respostas a essas questões têm originado controvérsias entre os estudiosos.
Embora com explicações diferentes e até irredutíveis, os teóricos que estudam a aprendizagem estão de acordo que, em termos genéricos, a aprendizagem se refere à passagem de um estado inicial a um estado final e sempre envolve a aquisição de uma nova atitude, habilidade, valor, conhecimento (DROVET, 1995).
Além disso, toda a aprendizagem depende da maturação (condições orgânicas e psicológicas) e das condições ambientais (física: clima, alimentação etc; sociais: cultura, classesocial etc) e, no que diz respeito aos aspectos internos do indivíduo, ela envolve (FONSECA, 1995):
1. BASE NEUROLÓGICA: Reações químicas, atividades bioelétricas, arranjos moleculares nas células nervosas, rede interneurais, eficiência sináptica, metabolismo protéico, mielinização etc.
2. Os SISTEMAS DE PROCESSAMENTO SENSORIAL evocam as relações entre os sistemas neuro-sensorais visuais, auditivos e tátil-cinestéscos, que se relacionam e se integram em áreas específicas do cérebro, por níveis diferenciados, uns intrasensoriais, outros intersensoriais e integrativos.
3. Os SISTEMAS DE PROCESSAMENTO DE CONTEÚDO dizem respeito à espacialização hemisférica. O hemisfério direito é responsável pelos conteúdos não verbais. Nesse sentido, as funções subordinadas a este hemisfério caracterizam-se pelo reconhecimento de formas e padrões. O hemisfério esquerdo é responsável pelos conteúdos verbais. As funções subordinadas a esse hemisfério estão associadas à capacidade de compreensão e interpretação.
	FUNÇÕES
	HEMISFÉRIO DIREITO
(CONTEÚDOS NÃO-VERBAIS)
	HEMISFÉRIO ESQUERDO
(CONTEÚDOS VERBAIS)
	Funções visuais
	Reconhecimento de rostos e formas
	Reconhecimento de expressões
	Funções manuais
	Reconhecimento de relevos e estruturas
	Funções manuais: movimentos complexos
	Funções auditivas
	Reconhecimento de sons e padrões melódicos
	Reconhecimento de sílabas e de palavras
3. Os SISTEMAS DE PROCESSAMENTO COGNITIVO estão relacionados com a capacidade cognitiva, ou seja, com as representações, fruto da capacidade humana de receber sensações e manejá-las simbolicamente. Esta é a característica básica que diferencia o ser humano de outros animais. A palavra cognição vem do latim cognecere, que significa conhecer. Enquanto conceito, refere-se à propriedade do cérebro humano que integra um nível intermediário entre o mundo físico e a linguagem. Nesse nível são constituídas representações. Essas representações são estocadas na memória e ativadas por situações similares; quanto mais ativadas, mais têm chance de tornar-se parte do  inventário pessoal ou sócio-cultural comum, o que nos permite uma base para conceituar e categorizar, ou seja, interpretar o mundo, quer físico, quer abstrato. 
O sistema cognitivo tem como função a adaptação e organização do mundo que se experimenta, permite ao indivíduo transformar em conceitos as experiências vividas. Por sua vez, os conceitos criados orientam e organizam, de alguma forma e em algum grau, o comportamento dos indivíduos. A função cognitiva possui as seguintes qualidades: interdependência, hierarquia, auto-regulação e controle, equilíbrio e adaptabilidade.
Esses sistemas se organizam num processo de complexidade crescente, envolvendo os seguintes sub processos:
PERCEPÇÃO: processo de conversão, seleção e interpretação de sensações.
IMAGEM: processo que diferencia a percepção e a retenção, permitindo a relação com a sensação depois desta ter sido interrompida.
SIMBOLIZAÇÃO: processo de re-experimentação de equivalência significativa e representação interior da experiência.
CONCEPTALIZAÇÃO: processo de classificação e de categorização da informação através de sistemas d agrupamentos de atributos, que permitem a formação de conceitos e o acesso à abstração e ao pensamento formal.
 
5. O SISTEMA AFETIVO-EMOCIONAL relaciona-se com a base emocional e o desenvolvimento da afetividade humana. Envolve os seguinte processos:
MOTIVAÇÃO - processo que mobiliza e impulsiona o indivíduo para a realização de algo, para a ação, que tem como base seu impulso de sobrevivência associado a suas necessidades básicas, a partir de inter-relações estabelecidas entre ambiente, a necessidade e o objeto de satisfação.
A motivação pode ser intrínseca (caso o interesse resida na atividade em si) ou extrínseca. (caso a atividade seja encarada como meio para alcançar outro objetivo).
AUTOCONCEITO – São impressões que temos de nós mesmos, construídas a partir das inter relações com o meio sócio-cultural. Inclui um amplo conjunto de representações (imagens, juízos, conceitos), expectativas, atribuições que temos e que se tem sobre nós mesmos, e que englobam aspectos corporais, psicológicos, sociais, morais e outros. 
Valle (in WITTER, 2004), citando Fierro (1995), explica que o autoconceito constitui-se num conjunto de representações, sendo suas funções as mesmas de outros esquemas cognitivos: funções de recepção, processamento e utilização do fluxo de informações; neste caso, da informação ao próprio sujeito a respeito de si mesmo�.
AUTO-ESTIMA - juízos de valor associados ao autoconceito, que fazem parte da imagem que o indivíduo tem de si mesmo. É a visão valorativa de si mesmo, influenciada por experiência passadas, opiniões relevantes (expressas por figuras chaves) no entorno social do indivíduo, sentimentos e percepções de si mesmo, inseguranças e êxitos e fracasso da atividade e um sem fim de variáveis que, em dada personalidade, tornam-se o ponto de apoio ou referência para aumentar ou diminuir a visão de si mesmo (VALLE In WITTER, op. Cit)�. 
Assim, pode-se considerar a auto-estima como a direção da atitude (positiva ou negativa) que a pessoa tem para consigo, associada diretamente aos seguintes sentimentos: confiança e amor próprio. O primeiro refere-se à aparência, competência e poder. O outro envolve recompensa social, virtudes e significação. Apesar de interligados, são diferentes: uma pessoa pode ter amor próprio, mas sentir falta de confiança em si, em determinadas tarefas; por outro lado, alguém pode sentir-se confiante sem achar que merece mérito no que faz.
ALGUMAS QUESTÕES IMPORTANTES SOBRE A APRENDIZAGEM:
I. A aprendizagem é processo cuja matriz é vincular (sem o outro não há possibilidade de aprender) e lúdica e sua raiz é corporal. No ser humano, a aprendizagem funciona como o equivalente funcional do instinto animal. 
1. O homem é um ser histórico, e cada geração acumula conhecimentos sobre o anterior. O homem torna-se humano porque aprende.
2. A reprodução do ser humano não termina no suporte orgânico. No homem, os comportamentos não vêm inscritos geneticamente, mas só a possibilidade de adquiri-los. As diversas maneiras de organizar o mundo e a si mesmo (cultura) não se herdam, se aprendem.
3. As constantes da espécie estão garantidas, então, pela presença de estruturas gerais de elaboração cognitiva e semiótica (linguagem e significação), preparadas para possibilitar a integração do sujeito à cultura. 
4. A aprendizagem é um processo e uma função, que vai além da aprendizagem escolar e que não se circunscreve exclusivamente àquele que aprende.
II. Segundo SARA PAÍN (1990), a aprendizagem deve ser definida como o processo que permite a transmissão do conhecimento de um outro que sabe (um outro do conhecimento) a um sujeito que vai chegar a ser sujeito, exatamente através da aprendizagem. Portanto, envolve sempre dois elementos, que se encontram inseridos nos diversos contextos sociais e culturais (família, escola, comunidade etc.):
ENSINANTE: aquele que transmite sinais do conhecimento (e também ignorância) para que o sujeito possa, ao transformá-los, reproduzi-lo.
APRENDENTE: aquele que possui as estruturas que o permite transformar os sinais em conhecimento.
Essa transformação se dá através de quatro NÍVEIS de ELABORAÇÃO, que são constitutivos do sujeito e se constroem numa inter-relação dialética constante e permanente como o meio sócio-cultural. São eles:
1. ORGÂNICO: base biológica e neurológica, associadas à auto-regulações.
2. CORPORAL: relaciona-se com a base biológica, mas avança para uma organização que transcende o organismo. Refere-se a corporeidade, que significa a possibilidade de integrar as diversas partes do corpo numa totalidade, o EU corporal.
3. INTELECTUAL: refere-se a estrutura lógica e cognitiva do sujeito.
4. DESEJANTE (SEMIÓTICO): nível das significações. Aqui seencontram os afetos, as emoções, os pensamentos.
IV. APRENDIZAGEM SOB O PONTO DE VISTA DA PSICOLOGIA A PARTIR DAS DIVERSAS ABORDAGENS FILOSÓFICAS QUE DEFINEM MODELOS DE HOMEM E DE MUNDO
Considera-se, inicialmente, que a Psicologia, ciência humana formalizada no final do século XIX, assumiu, no século XX, importância decisiva nos estudos em qualquer área das ciências humanas, pois permitiram dimensionar o ser humano, a pesquisa e a sociedade com base em compreensões mais elaboradas da constituição psíquica e em explicações dos comportamentos à luz do intrapsiquismo. 
A título de exemplificação, basta citar os revolucionários estudos de Freud e de Lacan, no início do século. Após suas teorias, todas as ciências agregadas à Psicologia tomaram rumos diferenciados, redefiniram conceitos básicos e propuseram ampliadas abordagens sobre a vida humana. 
As diversas teorias psicológicas de desenvolvimento apóiam-se em diferentes CONCEPÇÕES DE HOMEM e no modo como ele chega a conhecer. Tais teorias, como em qualquer estudo científico, dependem da VISÃO DE MUNDO existente em uma situação histórica e evoluem conforme se mostram capazes ou incapazes de explicar a realidade. 
Entende-se por CONCEPÇÕES DE HOMEM as visões, olhares, modos de pensar, construídos de maneira coletiva numa determinada cultura, que expressam formas de conhecimento organizado como resultado da tentativa humana de compreensão e de explicação da ação humana diante um determinado fenômeno. 
Já a VISÃO DE MUNDO se refere ao modo de compreensão da realidade, daquilo que se constitui o entorno das ações e relações humanas.
As diferentes concepções de homem e visões de mundo estabelecidas ao longo da história do pensamento humano possibilitaram o aparecimento de diversos modelos explicativos da realidade e do homem, que tinham o valor de verdade e orientaram e determinaram as práticas sociais. Esses modelos são chamados de paradigmas. O conceito de paradigma, criado por Kuhn�
Em termos de relação que os sujeitos estabelecem com os objetos do conhecimento, a Psicologia apresenta três grandes paradigmas, que repousam nas abordagens filosóficas de compreensão de homem e de mundo. A característica básica entre eles é a relação que o sujeito – “aprendente” – estabelece com o aprendido – objeto do conhecimento. Na forma como se relacionam, prevê-se a aprendizagem, a saber:
a) CONCEPÇÃO AMBIENTALISTA (PRIMADO DO OBJETO)
S O: Nesta concepção, acredita-se que o objeto (realidade) orienta o aprendizado do sujeito. É a idéia difundida pelos defensores do empirismo e do comportamentalismo. 
O comportamentalismo está inserido na tradição das investigações empiristas em psicologia e pressupõe que a aprendizagem é a mudança de comportamento resultante do treino ou da experiência, já que é o meio ou o objeto que determina o sujeito.
b) CONCEPÇÃO INATISTA (PRIMADO DO SUJEITO)
S O: Esta é a proposição cujo alicerce é a idéia que o sujeito já possui a capacidade de conhecimento do objeto de aprendizagem. Para que este conhecimento se efetive é preciso que o sujeito aja sobre o objeto, internalizando-o. 
O alicerce é a idéia que o sujeito já pressupõe um conhecimento anterior sobre o objeto, manipulando-o, lidando com ele, reconfigurando-o. O conhecimento é, portanto, anterior à aprendizagem. Ao lidar com os objetos, os sujeitos vão tornando-os conhecidos e podem constituí-los como conhecimentos. É a idéia defendida pelo inatismo e pelo não-diretivismo, embasada na concepção que o sujeito determina o objeto. Há um primado absoluto do sujeito sobre o objeto do conhecimento. 
A partir dessa concepção, a aprendizagem dependerá do sujeito, da sua capacidade de concentração e abstração, etc., estando diretamente associada à apreensão do real. 
c) CONCEPÇÃO INTERACIONISTA
S O: O sujeito age em relação ao objeto, apreende-o e aprende sobre si próprio. Há uma inter-relação com vistas ao conhecimento. Do ponto de vista epistêmico, associa-se este posicionamento ao interacionismo. 
No modelo interacionista, o conhecimento é construído, na sua forma e conteúdo, por um processo de interação entre sujeito e meio, processo ativado pela atividade do sujeito e estimulado pelo meio. O interacionismo propõe a mediação como o elemento desestruturante, possibilitador de o sujeito, em interação com outros sujeitos e utilizando a linguagem, produzir saberes. O interacionismo pressupõe que o indivíduo interioriza ativamente a cultura, a natureza e, progressivamente, torna-se autônomo, cada vez mais apto a utilizar a linguagem em favor da produção de seu conhecimento. 
Assim, a aprendizagem é o resultado do esforço de atribuir significados para o mundo, o que implica na construção e revisão de hipóteses sobre o objeto do conhecimento.
O divisor de águas entre esta terceira concepção e as anteriores reside no aspecto caracterizador da relação sujeito e objeto de conhecimento. 
Nas duas primeiras, este objeto é o ponto convergente, o sujeito age no intuito de obter o conhecimento relacionando-se com este objeto, DETERMINANDO-O OU SOFRENDO SUA DETERMINAÇÃO. 
Na terceira concepção, insere-se a ação e a linguagem como as formas de produção do conhecimento. Sobretudo a linguagem gera uma mudança na concepção de aprendizagem, pois passa-se de uma idéia de unidade, de saber único, para a possibilidade de se recriar o saber e até mesmo o objeto a ser conhecido por meio da linguagem. No processo de aprender, também aquele que aprende vai reconfigurando-se, como uma metalinguagem, ao aprender sobre o outro, aprende sobre si.
No que diz respeito ao fenômeno da aprendizagem, os diferentes modos de estabelecer a relação entre o sujeito e o objeto da aprendizagem pode-se apontar três controvérsias básicas entre essas concepções. A primeira refere-se à questão do que é aprendido e como isso acontece. A segunda refere-se à questão do que mantém o comportamento que foi aprendido, ou seja, como uma aprendizagem permanece sem se desvanecer. A terceira controvérsia refere-se à maneira como solucionamos uma nova situação-problema (transferência de aprendizagem).
REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS
BOCK, Ana Mercês Bahia, FURTADO, Odair, TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi – Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 13ª edição. São Paulo: Saraiva, 1999.
DAVIS, Claudia – Psicologia na Educação, 2ª edição – São Paulo: Cortez Autores Associados, 1998.
DAVIDOFF, Linda L. – Introdução à Psicologia, São Paulo: McGraw – Hill do Brasil, 1983.
Dreikurs, Rudolf . Educação: um desafio aos pais. Lisboa: ed. McGraw-Hill,   2001. 
DROVET, Ruth Caribé da Rocha – Distúrbios de Aprendizagem, 2º ed., São Paulo: Ática, 1995.
FERNANDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto alegre: artes Médicas, 1990.
FONSECA, Vitor da. Introdução às dificuldades de aprendizagem - 2ª edição revisada e ampliada - Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995.
VALLE, Luiza Elena Leite Ribeiro. Auto-estima e aprendizagem infantil IN WITTER, Geraldina Porto (org.) Psicologia e educação: professor, ensino e aprendizagem. São Paulo: Alínea, 2004.
WITTER, Geraldina Porto (org.) Psicologia e educação: professor, ensino e aprendizagem. São Paulo: Alínea, 2004.
 
QUADRO DEMONSTRATIVO DAS DIFERENTES ABORDAGENS /TEORIAS DE ACORDO COM A ÊNFASE DADA AOS ANTECEDENTES FILOSÓFI8COS QUE EMBASAM AS TEORIAS
	Bases filosóficas
	Teorias da aprendizagem
	Representantes
	Princípios
	Inatismo
	Humanistas
Gestalt
Cognitivista
	Maslow
Combs
Rogers
Wertheimer
Kohler
Koffka
Lewin
Ausubel
	* Aprendizagem centrada no formando
* Auto-aprendizagem
* Aprendizagem de sentimentos, conceitos e habilidades
* Ajudar a tornar-se pessoa
Atmosfera emocional positiva, empática
* Motivação intrínseca
* aprendizagem como insight
* Condições deconhecimento intuitivo
* Compreensão
* Relacionamento do novo como adquirido
* Sistematização
	Ambientalismo
	Comportamentalistas (Behavioristas)
	Watson
Thorndike
Guthrie
Hull
Skinner
Bandura
	* Apresentação de estímulos 
*Condicionamento clássico
* Reforço comportamentos desejados
* Apresentação das matérias em pequenas seqüências
* Repetição
*apendizagem como condicionamento operante
* Exposição ao modelo
	Interacionismo
	Epistemologia genética
Sócio-históricos
Psicanálise**
	Piaget
Vigotsky
Wallon
Freud
	* o desenvolvimento precede a aprendizagem * sujeito ativo
* respeito às etapas do desenvolvimento
*A aprendizagem precede o desenvolvimento
*Zona de desenvolvimento proximal – auxílio do professor e dos colegas
* tirar proveito de crises
* o desejo inconsciente e a falta orientam a aprendizagem.
** embora a Psicanálise não possa ser considerada uma teoria psicológica, ela se encontra no quadro acima, enquanto uma teoria que aborda o homem (enquanto sujeito do inconsciente) e que traz contribuições para a compreensão da aprendizagem.
� Texto organizado por Nicoleta Mendes de Mattos para ser utilizado exclusivamente para atividade em sala de aula. Não pode ser reproduzido. 2012.
� � HYPERLINK "mailto:nicoletamattos@hotmail.com" �nicoletamattos@hotmail.com� 
� Equipamento congênito: totalidade de dotação de origem filogeneticamente pré-formada e herdada do recém-nascido (características e tendências que a criança traz ao nascer), seja física ou psicológica.
� Arnold Gesell. El niño de 5 a 10 anos. Psicólogo americano famoso em sua época (décadas de 50 e 60) e que influenciou gerações. Gesell enfatizava o papel da maturação no desenvolvimento infantil devido a grande semelhança do comportamento apresentado por crianças em uma mesma idade, apesar de reconhecer a atuação da estimulação do meio ambiente.
� De acordo com Valle, outros termos são empregados em lugar do autoconceito: auto-identidade, autopercepção, autoconhecimento e autoconsciência.
� Também existem diversos termos que são empregados no lugar da auto-estima: autoconsideração, auto-reverência, auto-aceitação, auto-respeito, autovalor, auto-sentimento e auto-avaliação.
� Thomas S. Kunh: filósofo ameriacno que em 1962 publicou o livro A estrutura das revoluções científicas, onde analisa a história das ciências através do coneito de paradigma.

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