Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP FACULDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CURSO SUPERIOR TECNÓLOGO EM GESTÃO FINANCEIRA Marcelo PIM - PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR V CYRELA BRASIL. São Paulo / SP 2018 0 Marcelo CYRELA BRASIL. Trabalho referente ao curso de graduação superior tecnólogo à Universidade Paulista, para o primeiro bimestre do curso de gestão financeira. Orientador Prof. Ms. Rodrigo Marchesin São Paulo / SP 2018 1 RESUMO O projeto Integrado Multidisciplinar V do curso de Gestão Financeira – Fontes de Financiamento, Planejamento Tributário e Matemática Financeira. Esta pesquisa foi iniciada com o desígnio de realizar uma análise da gestão financeira, contábil e interpessoal da empresa CYRELA BRAZIL REALTY S.A. EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, com intuito de aplicação dos conceitos apresentados e visualização das ações e resultados possíveis de obtenção a partir da prática e reflexão aprofundada sobre estas ações. O foco de estudo é a estrutura organizacional típica da função financeira e as atribuições do administrador no desenvolvendo um planejamento, de curto, médio e longo prazo e que utilize das ferramentas adequadas para desenvolver um planejamento estratégico, considerando seus objetivos e metas da companhia. Haverá observação de indicadores e metodologias aplicadas à realidade da empresa, análise e apresentação de relatórios das atividades financeiras e econômicas a fim de analisar lucros e prejuízos, assim como o cuidado e tratativa da organização para com seus colaboradores, além de registro de dados. Palavras-Chave: Gestão de Capital, Gestão Financeira, Planejamento, Tributos. 2 ABSTRACT The Integrated Multidisciplinary Project V of the course of Financial Management - Sources of Financing, Tax Planning and Financial Mathematics. This research was initiated with the purpose of conducting an analysis of the financial, accounting and interpersonal management of the company CYRELA BRAZIL REALTY SA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, with the purpose of applying the presented concepts and visualization of the actions and possible results of obtaining from the practice and reflection these actions. The focus of study is the typical organizational structure of the financial function and the duties of the administrator in developing a short, medium and long-term planning and using the appropriate tools to develop a strategic planning, considering its goals and company goals. There will be observation of indicators and methodologies applied to the reality of the company, analysis and reporting of financial and economic activities in order to analyze profits and losses, as well as the care and treatment of the organization with its employees, as well as data recording. Keywords: Capital Management, Financial Management, Planning, Taxation. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 8 2. DESCRIÇÃO ORGANIZACIONAL ....................................................................... 9 2.1 Cyrela ................................................................................................................... 9 2.2 Histórico da organização .................................................................................... 10 2.3 Setor de Atividade e negócio .............................................................................. 10 2.4 Porte da Organização ......................................................................................... 11 2.5 Composição de força de trabalho da organização .............................................. 11 2.6 Principais produtos e serviços negociados ......................................................... 12 2.7 Principais fornecedores e insumos ..................................................................... 12 2.8 Mercados e segmentos de atuação .................................................................... 13 2.9 Principais Concorrentes ...................................................................................... 13 2.10 Estrutura organizacional da empresa ........................................................... 13 3. FONTES DE FINANCIAMENTO ......................................................................... 14 3.1 Operacionalização do Capital de Giro ................................................................ 14 3.2 Custos com Empréstimos e Financiamentos ...................................................... 17 3.3 Debentures ......................................................................................................... 18 4. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ........................................................................ 20 4.1 Regimes Tributários ............................................................................................ 21 4.2 Tributos ............................................................................................................... 22 4.2.1 Principais Tributos ........................................................................................ 23 4 4.2.1.1 Tributos Federais ...................................................................................... 23 4.2.1.2 Tributos Estaduais .................................................................................... 23 4.2.1.3 Tributos Municipais ................................................................................... 25 4.3 Planejamento Tributário - Cyrela ........................................................................ 26 4.3.1 Análise de Tributos Federais ........................................................................ 27 4.3.2 Análise de Tributos Estaduais ...................................................................... 30 4.3.3 Análise de Tributos Municipais ..................................................................... 33 5. MATEMÁTICA FINANCEIRA .............................................................................. 37 5.1 Tipos de Juros .................................................................................................... 38 5.1.1 Juros Simples ............................................................................................... 38 5.1.2 Juros Compostos ......................................................................................... 39 5.2 Matemática Financeiro e Planejamento Tributário .............................................. 40 5.2.1 Aplicação da Matemática Financeira............................................................ 40 5.3 Financiamento de Capital de Giro ...................................................................... 41 5.3.1 Empréstimos e Financiamentos – Taxa de juros ......................................... 41 5.4 Aumento de resultados Financeiros ................................................................... 43 5.4.1 Aplicações Letras Financeiras ..................................................................... 43 5.4.2 Aplicações Automática – Conta Corrente ..................................................... 44 5.5 Sistema de Amortização ..................................................................................... 45 5.6 Análise de Risco ................................................................................................. 46 5.6.1 Aplicações de Alto Risco .............................................................................. 46 5 6. CONCLUSÃO .....................................................................................................49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 51 6 ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES E QUADROS Quadro 1 - Estrutura Organizacional Cyrela.............................................................. 13 Quadro 2 – Valor total - Ativo e Passivo Circulante ................................................... 16 Quadro 4 – Debentures – Juros e valores a pagar .................................................... 19 Quadro 6 – Alíquotas Federais – Regime Tributário ................................................. 27 Quadro 7 – Tributos Federais Lucro Real ................................................................. 28 Quadro 8 – Tributos Federais Lucro Presumido ........................................................ 28 Quadro 9 – Tributos Federais Regime Especial de Tributação (RET) ...................... 29 Quadro 10 – Custo de Bens por Região ................................................................... 31 Quadro 11 – Aplicação de Alíquota Interna ICMS ..................................................... 31 Quadro 12 – Aplicação de Alíquota Interna ICMS - Hipótese Inversa ....................... 32 Quadro 11 – Aplicação de Alíquota ICMS - Interestadual ......................................... 32 Quadro 14 – Breakdown Estoque Total (4T16) ......................................................... 34 Quadro 15 – Alíquota de IPTU – Rio de Janeiro ....................................................... 35 Quadro 16 – Aplicação de Alíquota de IPTU - Rio de Janeiro................................... 35 Quadro 17 – Alíquota de IPTU – São Paulo .............................................................. 36 Quadro 18 – Aplicação de Alíquota de IPTU - São Paulo ......................................... 36 Quadro 19 – Demonstrativo de Aplicações – Letras Financeiras .............................. 48 Tabela 1 – Empréstimos e Financiamentos .............................................................. 15 Tabela 2 – Despesas e Receitas Financeiras ........................................................... 17 Tabela 3 – Empréstimo com BNDES ........................................................................ 18 7 Tabela 4 - ICMS por Estado 2018 ............................................................................. 24 Tabela 5 - Demonstrativo Consolidado Tributos. ...................................................... 40 Tabela 6 - Demonstração dos Valores Adicionados .................................................. 42 Tabela 7 – Demonstrativo conta Caixa – Financiamentos Curto Prazo .................... 42 Tabela 8 – Empréstimos e Financiamentos .............................................................. 43 Tabela 9 – Balanço Patrimonial Cyrela 2016 ............................................................ 45 Tabela 10 – Movimentação de Investimentos ........................................................... 47 Tabela 11 – Despesas Financeiras ........................................................................... 48 Gráfico 1 - Composição de colaboradores ................................................................ 11 Gráfico 2 – Segmentação de Colaboradores ............................................................ 12 Gráfico 3 – Receita Bruta por Atividade .................................................................... 26 Gráfico 4 – Custo por Atividade ................................................................................. 30 Gráfico 5 – Valor de Estoque Pronto (4T16) ............................................................. 33 Gráfico 6 – Breakdown Estoque Total (4t16)............................................................. 34 8 1. INTRODUÇÃO Pretende-se com este trabalho analisar as características, práticas e decisões de um gestor financeiro sob os constantes desafios existentes em uma organização, propondo a aplicabilidade dos conhecimentos técnicos, teóricos, e práticos envoltos a gestão financeira. Este, objetivará o desenvolvimento de uma visão analítica que facilite a identificação e tratativa de possíveis adversidades e a perspectiva de êxito em relação as estratégias financeiras aplicadas à empresa. O trabalho consistirá em adentrar em dados e demonstrativos da companhia Cyrela, uma empresa de grande solidez no mercado, tal qual, conceituar a dinâmica de relações interpessoais adotadas pela empresa, utilizando o conhecimento teórico obtido com as disciplinas cursadas no bimestre, e que seja possível, de forma prática, conhecer e interpretar a saúde financeira da empresa por meio de indicadores, análises, comparativos e gráficos que ressaltem a evolução ou retração de valores durante o período. O projeto empregou a metodologia de pesquisa de tipo bibliográfica, a fim de levantar os dados e buscar informações teóricas com o propósito de criar um enlace da teoria com a prática, proporcionando a conclusão referente aos resultados disponibilizados no site da própria empresa. Está que por sua vez, utiliza de estudos e avaliações minuciosas sobre o mercado imobiliário, a macroeconomia e novas tendências, que viabilizam à elaboração, adoção e atualização de estratégias financeiras bem definidas. Será apresentado um conjunto de informações de forma direta e objetiva, comprovando eficiência de uma boa gestão financeira, que se atente a todos os quesitos abordados em prol do resultado final, desde que, haja direcionamento constituído a partir de fatos retratados por estudos e análises corretamente aplicadas. 9 2. DESCRIÇÃO ORGANIZACIONAL 2.1 Cyrela A Cyrela Brazil Realty S.A. Empreendimentos e Participações (“Companhia”) é uma sociedade anônima de capital aberto com sede em São Paulo, Estado de São Paulo, tendo suas ações negociadas na BM&FBOVESPA S.A. - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros - Novo Mercado - sob a sigla CYRE3. A sede social da Companhia está localizada na Avenida Engenheiro Roberto Zuccolo, 555 - 1º andar, Sala 1.001, na cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo. A Companhia tem como objeto social e atividade preponderante a incorporação e construção de imóveis residenciais, isoladamente ou em conjunto com outras entidades. As sociedades controladas, sob controle compartilhado e coligadas, compartilham com a controladora as estruturas e os custos corporativos, gerenciais e operacionais da Companhia ou do parceiro, conforme cada situação. A Administração afirma que todas as informações relevantes próprias das demonstrações financeiras, estão sendo evidenciadas, e que correspondem às utilizadas por ela na sua gestão. Eles adotam modernas práticas de Governança Corporativa, baseadas em princípios que privilegiam a transparência e o respeito a todos os públicos relacionados. Os modelos de gestão dos negócios e de acompanhamento e prestação de contas se baseiam em rígidos princípios éticos, estabelecendo as condições para a manutenção de um relacionamento de longo prazo com seus investidores. A Cyrela alterou espontaneamente seu Estatuto Social para adequá-lo às regras do Novo Mercado e celebrou, em 29 de julho de 2005, o Contrato de Participação do Novo Mercado com a atual BM&FBOVESPA, por meio do qual aderiu às regras do Novo Mercado, logo após a abertura de seu capital na bolsa. Este segmento de listagem é destinado à negociação de ações emitidas por empresas que se comprometem, voluntariamente, com a adoção das seguintes práticas de Governança Corporativa e disclosure adicionais em relação ao que é exigido pela legislação: De acordo com seu Estatuto Social, a Cyrela é administrada por um Conselho de Administração e uma Diretoria Executiva. O Estatuto Social prevêtambém a constituição de um Conselho Fiscal de funcionamento não permanente, composto de três membros e suplentes em igual número, acionistas ou não, observados os 10 requisitos legais. Os administradores da Companhia, assim como todos os funcionários e prestadores de serviços que têm acesso a informações privilegiadas por força de seu trabalho, aderem à Política de Divulgação de Ato ou Fato Relevante da Cyrela e preservação de sigilo acerca de Informações Relevantes que ainda não tenham sido divulgadas ao público. 2.2 Histórico da organização Em 1962 a Cyrela foi fundada oficialmente em São Paulo e em 1981 foi criada a Cyrela Construtora e Seller. No ano 2000 iniciou o programa social de alfabetização – Construindo Pessoas, já em 2005 ocorreu a primeira oferta pública de ações (IPO) da Cyrela, onde também passou a se chamar Cyrela Brazil Realty S.A. Pioneira na implantação de Resíduos de obras, em 2006 foi criação a Living e ocorreu a incorporação da RJZ Engenharia, com atuação no Rio de Janeiro. Em 2009 aconteceu a incorporação da Goldsztein Participações, com atuação na região Sul. O Instituto Cyrela foi criado em 2011, ano em que se tornou a primeira empresa imobiliária brasileira a fechar uma venda pelo site Facebook. 2.3 Setor de Atividade e negócio A Cyrela e suas controladas atuam no ramo Industrial da Construção Civil e prestadora de serviços, atuando através de duas marcas: Cyrela - foco em atuação na incorporação e construção de empreendimentos residenciais e comerciais de alto padrão e a Living – foco no segmento médio. A Seller foca na atuação do mercado de intermediação e consultoria imobiliária – prestação de serviço de corretagem. 11 2.4 Porte da Organização Empresa de Grande Porte, a Cyrela apresenta faturamento anual nos últimos cinco anos: 2017 – R$ 3.259 milhões 2016 – R$ 2.800 milhões 2015 – R$ 3.390 milhões 2014 – R$ 5.684 milhões 2013 – R$ 7.175 milhões 2.5 Composição de força de trabalho da organização A Cyrela possui grande número de funcionários, e sua composição se dá conforme abaixo, levando em conta o grau de instrução dos funcionários. Gráfico 1 - Composição de colaboradores Fonte: Cyrela 2013 12 Gráfico 2 – Segmentação de Colaboradores Fonte: Cyrela 2013 2.6 Principais produtos e serviços negociados Os principais produtos e serviços negociados são: Compra e venda de imóveis, produtos e terrenos; Locação, administração e construção de imóveis; Prestação de serviços de consultoria voltados para o mercado imobiliário. 2.7 Principais fornecedores e insumos Votorantim Cimentos; Duratex S.A. - Divisão Deca; L. Sant’Ângelo Pinturas 13 2.8 Mercados e segmentos de atuação A Cyrela atua no mercado imobiliário, sendo uma das maiores incorporadoras no mercado imobiliário brasileiro, apresentando-se nos seguimentos de construção e incorporação. 2.9 Principais Concorrentes O mercado imobiliário é bastante competitivo, para a Cyrela os principais concorrentes são: Gafisa; Abyara; Even; PDG. 2.10 Estrutura organizacional da empresa A Cyrela se estrutura de acordo com o quadro abaixo: Quadro 1 - Estrutura Organizacional Cyrela Fonte: Amanda S. Nascimento 2018 14 3. FONTES DE FINANCIAMENTO Para Chiavenato (2014) ‘’ O dinheiro é um dos recursos mais escassos e caros do nosso mundo.’’ As fontes de financiamento representam capitais próprios e de terceiros, disponíveis para utilização da empresa, de forma que sob análises dos custos financeiros, juros, taxas e garantias exigidas, possa ser estipulado se sua utilização acarretará perda ou ganho da autonomia financeira para a companhia. Resumidamente, pode se apresentar quatro tipos principais de fontes de financiamento: Autofinanciamento – quando a empresa consegue com suas disponibilidades financeiras provenientes de seus lucros, se pagar; Capitais Próprios – representado pelo aumento de capitais próprios provenientes de novos sócios ou acionistas; Capitais de terceiros – quando a empresa precisa buscar fora, a entrada de capital, como produtos bancários; Incentivo ao investimento – projetos de apoio criados para incentivar competitividade e investimento das empresas. 3.1 Operacionalização do Capital de Giro Para atender as necessidades de capital de giro de uma empresa, deve-se executar minuciosos estudos das opções disponíveis no mercado, não apenas a fim de projetar impactos e dispêndios, bem como a administrar as responsabilidades sobre seus pagamentos. Em uma administração, o capital de giro representa o capital necessário para financiar a continuidade das operações da empresa, estando diretamente relacionado as contas financeiras que movimentam o dia a dia da companhia. Sendo assim, a necessidade de capital de giro indica valores que são requeridos com o objetivo de financiar suas operações, honrando seus compromissos em dia. Ainda segundo Chiavenato (2014) ‘’ A Gestão Financeira desponta na atualidade como uma das áreas mais importantes na condução das empresas rumo a excelência.’’ Desta forma que uma boa administração de recursos financeiros resultará na redução de despesas e maximização de receitas, logo, ponderando os 15 ativos e passivos circulantes diariamente o gestor financeiro consegue identificar os recursos necessários e como eles serão adquiridos. A Cyrela apresenta em 2017 um montante de R$ 574.471.000,00 em empréstimos e financiamentos a pagar no curto prazo, tendo como disponibilidade no ativo circulante, para realização desses pagamentos R$ 6. 640.859.000,00. Fica claro que ao contrair dívidas de 8,7% de representatividade sobre seu ativo circulante, a empresa possui recursos suficientes para manter sua liquidez. Foram apresentadas como garantias para o financiamento, a caução de recebíveis, chegando a 130% do valor dos empréstimos, hipoteca de futuras unidades e terrenos, assim como o aval da Companhia. Tabela 1 – Empréstimos e Financiamentos Fonte: Cyrela 2017 16 Quadro 2 – Valor total - Ativo e Passivo Circulante Fonte: Cyrela 2017 17 3.2 Custos com Empréstimos e Financiamentos Com base nos empréstimos e financiamentos contraídos, identifica-se as principais despesas incorridas, sendo juros de R$ 121.377.000,00 e despesas bancárias R$ 10.838.000,00 um montante de R$ 132.215.000,00. Tabela 2 – Despesas e Receitas Financeiras Fonte: Cyrela 2017 Sabendo que o BNDES promove o desenvolvimento sustentável, tornando a economia brasileira competitiva, a Cyrela fez uso do Swap de fluxo de caixa, fonte de financiamento com pagamentos periódicos de juros com fluxo constante, e amortização nos últimos quatro meses do contrato. Essa informação deixa claro o planejamento estratégico da companhia, projetando esse pagamento com recebíveis projetados no mesmo período. 18 Tabela 3 – Empréstimo com BNDES Fonte: Cyrela 2017 3.3 Debentures Outra fonte de financiamento é o título de dívida onde o investimento é uma forma de empréstimo, chamado de debêntures. Sendo assim o investidor passa a ser um credor, adquirindo direito de recebimento de juros no final do período. A companhia somou um total de R$ 48.555.000,00 em pagamentos ao final de 2017. Essa captação de recursos é uma opção para aumento da capacidade produtiva, investimento em novos mercados sem recorrer a instituições financeiras, ainda mais atraente por ser flexível, onde a companhia poderá ajustar as parcelas de amortização e a remuneração desses títulos ao seu fluxo decaixa. Novamente a Cyrela demonstra seu planejamento financeiro, fazendo uso de mais de uma opção de captação de capital, ajustando e analisando o melhor cenário para cada situação. 19 Quadro 3 – Debentures – Juros e valores a pagar Fonte: Cyrela 2017 20 4. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO A complexa carga tributária que incide diretamente sobre a pessoa física assim como pessoa jurídica no Brasil, impacta famílias e empreenderes de pequeno ou grande porte anualmente. Certas vezes por insciência de todas as normas ou cálculos necessários, tal qual por falta de planejamento ou conhecimento das leis, muitos deixam de pagar os devidos impostos, e nesses casos, são severamente penalizados pelo governo, mesmo que sem intenção de descumprir a lei e sonegar impostos. As elevadas taxas e tributos, que podem até inviabilizar certos tipos de negócio no território nacional, elevam as despesas fiscais das empresas de forma que algumas entram em colapse financeiro, podendo até virem a quebrar com grandes dívidas fiscais, que nem mesmo em constantes renegociações, trariam ao alivio ao contribuinte. Devido a diversos fatores, incluindo os descritos acima, alguns contribuintes preferem seguir na clandestinidade impedindo o avanço sustentável de seus negócios e impactando a sociedade em geral. De forma a reduzir, amenizar ou até mesmo eliminar legalmente os encargos ou evitar as penalizações e multas, se faz necessário uma gestão e planejamento de pagamento dos tributos. Da mesma forma que um administrador gerencia por exemplo o estoque, as vendas, ou o capital de giro a fim de rentabilizar e agregar valor à empresa, o planejamento tributário parte do cumprimento das obrigações fiscais de forma correta evitando pagamento excedente ou ausência. Conforme descrito por Rocha (1998), o planejamento tributário tem como proposito a previsão ou estimativa das despesas com arrecadações ou tributos que incidirá sobre determinada atividade, e enquanto empenhado a obtenção de resultados, que licitamente atinja o menor dispêndio possível. 21 4.1 Regimes Tributários Diversos são os tributos incidentes em uma empresa, ainda mais se tratando de uma de tamanho porte e divisões de negócios, e que está presente em praticamente todos os estados. Inicialmente os tributos pagos pela companhia são definidos em sua maioria após escolha de um regime tributário, que é o sistema a ser utilizado para averiguar o tributo a ser pago tal qual a sua alíquota. Atualmente há quatro distinções de regimes tributários, são esses: Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Arbitrado e Lucro Real em duas opções, Anual e Trimestral. Cada regime tributário apresenta as características necessárias das empresas que pretendem adotá-lo, porem caso haja algum impedimento ou restrição na operação da companhia, é vedada a adoção do regime intencionado. O Simples Nacional se torna de grande atratividade para pequenas empresas, principalmente pela sua aparente simplicidade de regime e a possibilidade de economia no pagamento de vários tributos, contudo, há diversas restrições legais para a esta modalidade, tal qual, limite de receita bruta anual. Um fato interessante sobre o Simples Nacional, é que as alíquotas são progressivas, podendo muitas vezes ser mais onerosas do que os regimes de Lucro Real ou Presumido, principalmente para empresas de serviços que possuem alíquotas de incidência sobre os serviços mais elevadas. Com sua limitação de faturamento anual de no máximo R$78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), e que a empresa não opere em específicos ramos, como bancos e empresas públicas, o Lucro Presumido é depois do Simples Nacional, o regime tributário com mais empresas enquadradas no Brasil. Empresas do Lucro Presumido tem alíquotas de impostos variáveis, de 1,6% a 32% sobre o faturamento, dependendo do tipo de atividade que exercem. O Lucro Real, não possui impedimentos e é aberto a todas as empresas, sendo o mais complexo na execução, necessitando de escrituração contábil completa, softwares para informações precisas e recursos humanos capacitados para as contabilizações e o fechamento das demonstrações contábeis, incluindo a apuração dos tributos. Além deste ponto, conforme descrito na Lei nº 9.718 de 1998, artigo 14, que afirma que estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas cuja receita total no exercício anterior, ultrapasse o limite de R$78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais). (Redação dada pela Lei nº 12.814, de 2013). 22 4.2 Tributos De acordo com o artigo terceiro da Lei nº 5.172 de 1966, tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A expressão acima engloba todas as características do tributo, e para melhor compreensão, deverá ser analisada cada uma das expressões. Prestação pecuniária, de acordo com Sabbag (2008), refere-se ao dever de se pagar o tributo em dinheiro, não sendo permitido o pagamento in natura ou in labore, ou seja, por meio de entrega de bens, produção ou prestação de serviço a fim de quitação de tributos. Prestação compulsória, conforme Becker (1998), o dever jurídico tributário indefere-se da vontade do sujeito passivo para sua incidência, se tornando de obrigatoriedade após concretização do fato previsto na norma tributária. Em moeda ou cujo valor nela possa se exprimir, trata-se de assim como sobre prestação pecuniária, do dever de pagamento em moeda ou cujo valor possa ser expresso por ela, em casos permitidos no próprio CTN, como exemplo da dação em pagamento de bens imóveis, conforme descrito na lei nº 5.172 de 66, artigo 156 inciso XI, posteriormente alterada pela Lei nº 13.259, de 2016. Ainda segundo Becker, a hipótese de incidência da regra jurídica tributária pode ser qualquer fato desde que lícito. Portanto o pagamento de tributo não deve ser ter o propósito de punição, ou seja, com objetivo de aplicar sanção pela prática de ato ilícito. Compreende-se então, que tributos não devem ser confundidos com multas tributárias. Prestação instituída em lei, define que nenhum tributo poderá ser exigido sem que este esteja estabelecido na lei, ressalta-se nesta expressão o Artigo 150 da Constituição Federal de 1988, inciso I, onde é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Prestação cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A cobrança de tributos somente terá seu início com a atividade pela qual se verifica a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o devedor, tal qual. Não apenas este lançamento, como os subsequentes atos de cobrança, é de competência privativa da administração tributária, estando coberto pelo princípio da legalidade. 23 4.2.1 Principais Tributos Diversos são os tributos ao qual seria possível exemplificar a aplicação do planejamento tributário, contudo, o estudo será focado nos principais tributos que afetam a companhia Cyrela e suas Controladas. 4.2.1.1 Tributos Federais No âmbito federal, teremos o IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica), CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido), PIS (Programa de Integração Social) e a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). Nas empresas tributadas pelo lucro real, são calculados pelas alíquotas regulares de 15%, acrescida de adicional de 10% sobre a parcela de lucro que ultrapassar o limite de R$20.000,00 para o IRPJ, e de 9% para a CSLL, sobre o lucro contábil do exercício, ajustado conformecritérios estabelecidos pela legislação fiscal vigente. O PIS e a COFINS, previstas na Constituição Federal nos Artigos 195, I e 239, impostos não cumulativos, possuem alíquotas regulares de 1,65% para o PIS, e de 7,6% para a COFINS. Nas empresas tributadas pelo lucro presumido, a base de cálculo do IRPJ é de 8% e a da CSLL de 12% sobre as receitas brutas (32% quando a receita for resultante da prestação de serviços e 100% das receitas financeiras), sobre as quais se aplicam as alíquotas regulares do imposto de renda e da contribuição social. Para o PIS e a COFINS, a base de cálculo é de 0,65% e 3%, respectivamente. 4.2.1.2 Tributos Estaduais O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço). Sua regulamentação constitucional está prevista na Lei Complementar 87 de 1996, posteriormente alterada pela Lei Complementar 92 de 1997 revogada pela Lei Complementar 99 de 1999, e pelas Leis Complementares, 102 de 2000, 114 de 2002, 120 de 2005 e 138 de 2010. Trata-se de um imposto não cumulativo sobre operações relativas à circulação de mercadorias, e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação, que é de jurisdição estadual e do Distrito Federal, portanto sua alíquota varia de cada estado, conforme lei vigente. 24 Este incide não apenas nas operações internas estaduais, como sobre operações interestaduais, que sofrem diferentes alíquotas de acordo com o local de origem/destino, conforme tabela abaixo. Tabela 4 - ICMS por Estado 2018 Fonte: SAGE, 2017 25 4.2.1.3 Tributos Municipais ISSQN (Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza) ou ISS (Imposto Sobre Serviços) e IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano). Suas regulamentações estão descritas na Constituição Federal nos Artigos 156 inciso I e III. O ISS principalmente possui suas normas básicas regulamentas pelo Decreto-lei nº 406 de 1968, alterada pelas Lei Complementar de nº 56 de 1987 que fora posteriormente revogada pela Lei Complementar de nº 116 de 2003. Conforme Emenda Constitucional 3 de 1993, o ISS, afere o imposto sobre os serviços prestados de qualquer natureza desde que o fato gerador do serviço já não seja de competência do Estado ou da União. Mesmo este sendo um imposto de competência municipal, os serviços ao quais podem ser aferidos de tributação pelo ISS, são listados na Lei Complementar 116 de 2003, que descreve que o local de recolhimento do imposto deverá ser o estabelecimento prestador ou, na sua falta, o domicílio do prestador. Toda via, alguns tipos de serviços sofrem exceções e a lei complementar determina que o mesmo deva ser pago ao município onde o serviço fora prestado. Por se tratar de um imposto municipal, sua alíquota difere entre os municípios, porem esta deverá respeitar os limites de 2% a 5% conforme estabelecido no artigo 3º da Emenda Constitucional nº 37 de 2002 e o inciso III do artigo 8 da Lei Complementar nº 116 de 2003. O IPTU por sua vez, afere seu valor pelo composto do Imposto Predial e o Imposto Territorial Urbano, sendo este o imposto predial sobre imóveis construídos, parte onde possa ser habitada ou utilizada para exercício de atividades, enquanto o imposto territorial urbano é cobrado sobre a parte não edificada do terreno. O fato gerador deste imposto é a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, localizado na zona urbana do Município. O IPTU é de competência municipal, e sua base de cálculo é feita de acordo com o valor venal do imóvel, este que seria o valor que o bem atingiria caso fosse colocado à venda, sobre o valor de venda à vista. O valor venal sempre será inferior ao valor de mercado, uma vez que é aferido sobre a ditado pela necessidade da venda do imóvel. Portanto, varia de município, localidade, existência de serviços públicos, potencial de comércio e valor de mercado de imóveis semelhantes nas proximidades. 26 4.3 Planejamento Tributário - Cyrela A companhia Cyrela possui diversos empreendimentos resultantes principalmente de incorporações. De acordo com o Release de Resultados do 4º trimestre do 2016, a participação na receita bruta da companhia por atividade foi de 98,4% para as incorporações, e 1,6% para prestação de serviços. Portanto, será utilizado a atividade de incorporação como parâmetro para análise e exemplificação da aplicação de planejamento tributário na empresa. Gráfico 3 – Receita Bruta por Atividade Fonte: Cyrela, 2017 Antes de ser analisado questões como regimes tributários empregados no modelo da companhia, diferenciações tributais sobre a ótica Federal, Estadual ou Municipal, deve ser ressaltado que, assim como descrito no Demonstrações Financeiras Individuais e Consolidadas de 2016 da Cyrela, certas controladas, conforme atribuído pela legislação tributária cujo faturamento anual do exercício anterior fora inferior a R$78.000.000, puderam optar pelo regime de Lucro Presumido. Para essas, a base de cálculo do IRPJ e CSLL é baseada no lucro estimado apurado à razão de 8% e 12% sobre as receitas brutas respectivamente, o qual se aplica as alíquotas nominais do respectivo imposto e contribuição. 27 Observa-se também que a incorporação de alguns empreendimentos fora submetida ao regime da afetação (Regime Especial de Tributação – RET), pelo qual o terreno e as acessões objeto de incorporação imobiliária, bem como os demais bens, direitos e obrigações a ela vinculados, estão apartados do patrimônio do incorporador e constituem patrimônio de afetação, destinado à consecução da incorporação correspondente e à entrega das unidades imobiliárias aos respectivos adquirentes. Conforme descrito na Instrução Normativa nº 1.435 de 30 de dezembro de 2013, as alíquotas das contribuições sociais (PIS, COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL) e Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ para as empresas submetidas ao patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias foi reduzida para 4% aplicado as receitas mensais recebidas, com as seguintes distinções, 1,71% para COFINS, 0,37% para PIS, 1,26% como IRPJ; e 0,66% para CSLL. 4.3.1 Análise de Tributos Federais Sob a ótica dos tributos federais, observa-se as particularidades da aplicabilidade do planejamento tributário na empresa estudada, ao qual possuem diferentes tributações sobre dos regimes tributários aos quais serão calculados, serão calculadas as três distinções dos regimes tributários possíveis para as controladas da companhia. Quadro 4 – Alíquotas Federais – Regime Tributário Tributo Alíquotas - Regime Tributário Lucro Real Lucro Presumido RET (Receita) IRPJ 15,00% 15,00% 1,26% IRPJ (Adicional) 10,00% 10,00% Não possui CSLL 9,00% 9,00% 0,66% PIS (Receita) 1,65% 0,65% 0,37% COFINS (Receita) 7,60% 3,00% 1,71% Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Conforme Demonstrativo Financeiro Anual Completo 2016, a Cyrela aferiu a receita bruta de incorporação e revenda de imóveis de R$ 3.126.299.000,00 (três bilhões, cento e vinte e seis milhões e duzentos e noventa e nove mil) e um lucro contábil de R$ 318.343.000,00 (trezentos e dezoito milhões e trezentos e quarenta e três). Desta forma, pode prosseguir com os seguintes cálculos. 28 Aplicando as alíquotas do regime tributário de lucro real para toda a consolidada, os tributos federais resultarão a um montante de R$ 397.425.877,50, representando 12,7% da receita anual da empresa. Quadro 5 – Tributos Federais Lucro Real Lucro Real Tributo Alíquota Base de Calculo Total IRPJ 15,00% 318.433.000,00 47.764.950,00 IRPJ (Adicional) 10,00% 318.193.000,00 31.819.300,00 CSLL 9,00% 318.433.000,0028.658.970,00 PIS 1,65% 3.126.299.000,00 51.583.933,50 COFINS 7,60% 3.126.299.000,00 237.598.724,00 Total 397.425.877,50 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Presumindo, hipoteticamente, a possibilidade de aplicação de lucro presumido para toda a holding e suas controladas, a representatividade dos tributos sobre a receita, passa a ser de 6,7%, sob um montante de R$ 210.375.922,70. Uma redução significativa de 6 pontos percentuais, uma redução de dispêndio tributário de R$ 187.049.954,80. Quadro 6 – Tributos Federais Lucro Presumido Lucro Presumido Tributo Alíquota Base de Calculo Total IRPJ 15,00% 250.103.920,00 37.515.588,00 IRPJ (Adicional) 10,00% 249.863.920,00 24.986.392,00 CSLL 9,00% 375.155.880,00 33.764.029,20 PIS 0,65% 3.126.299.000,00 20.320.943,50 COFINS 3,00% 3.126.299.000,00 93.788.970,00 Total 210.375.922,70 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Novamente, hipostenizando a aplicação de um regime tributário a todas controladas responsáveis por incorporações realizadas pela companhia, calcula-se conforme quadro abaixo, o dispêndio do contribuinte em relação RET (Regime Especial de Tributação– Patrimônio de Afetação), de R$ 125.051.960,00, 4% sobre a receita bruta da companhia. 29 Quadro 7 – Tributos Federais Regime Especial de Tributação (RET) Regime Especial de Tributação (RET) Tributo Alíquota Base de Calculo Total IRPJ 1,26% 3.126.299.000,00 39.391.367,40 CSLL 0,66% 3.126.299.000,00 20.633.573,40 PIS 0,37% 3.126.299.000,00 11.567.306,30 COFINS 1,71% 3.126.299.000,00 53.459.712,90 Total 125.051.960,00 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Obviamente as limitações e regras para se aderir a cada regime tributário impossibilitariam a aplicabilidade do lucro presumido, assim como a estratégia para cada empreendimento ou incorporação sobre a margem de lucro possa aferir uma divergente carga tributária, principalmente comparando o Lucro Real onde a base de cálculo para o IRPJ e CSLL se dão sobre o lucro contábil ao Regime Especial de Tributação (Patrimônio de Afetação), onde a alíquota mesmo sendo reduzida, aplica- se diretamente sobre a receita do empreendimento. Todavia, avaliando os valores totais encontrados acima, fica claro que devido à margem das incorporações da companhia ser estrategicamente maior que a presunção desta para a atividade de incorporação, conforme Lei nº 9.249 de 95, artigo 15 inciso IV, redação dada pela Lei nº 12.973 de 2014, o valor despendido para cumprimento das obrigações tributárias sobre o Patrimônio de Afetação, seria significativamente menor tanto em relação ao Lucro Real, quando ao Lucro Presumido. Entende-se que mesmo que com a impossibilidade, ou mesmo a não conformidade dos acionista a aplicação do regime supracitado (RET), ainda sim, deve ser avaliado a possibilidade de que as controladas da companhia possam se adequar e aderir ao Lucro Presumido, uma vez que os percentuais aferidos sobre as alíquotas do PIS e da COFINS serão significativamente reduzidos, resultando em uma menor carga tributária total. 30 4.3.2 Análise de Tributos Estaduais Observando os tributos estaduais, é importante ressaltar que nas atividades imobiliárias compreendidas no conceito de incorporação, não existem normativos de especial relevância para sua aplicação, tendo que se considerar a ser tributado pelo ICMS apenas das mercadorias empregadas nas construções do bem incorporado. Para tal, hipoteticamente será utilizado o custo total dos bens no período de 2016, 2.838.000.000,00, conforme release de resultados do 4º trimestre de 2016, aplicando as alíquotas que incidem em decorrência do imposto, variável por estado, e desta forma, obter com maior clareza a necessidade de conhecimento e constante atualização das normas tributárias no Brasil. Gráfico 4 – Custo por Atividade Fonte: Cyrela, 2017 De acordo com os valores registrados pela companhia no 4º trimestre de 2016, os lançamentos de empreendimentos no período tiveram sua maior concentração nas regiões de São Paulo e Sul, representando 46,7% e 18,4% do total dos lançamentos no período, respectivamente. Desta forma, estas serão analisadas sobre a ótica do custo total dos bens, e o valor de base para os cálculos será de, R$ 1.325.346.000,00 para o estado de São Paulo e R$ 522.192.000,00. 31 Quadro 8 – Custo de Bens por Região Custo de Bens por Região - Lançamentos 2016 Região Participação Base de Calculo Total São Paulo 46,70% 2.838.000.000,00 1.325.346.000,00 Sul 18,40% 2.838.000.000,00 522.192.000,00 Total 1.847.538.000,00 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Devido à proximidade das alíquotas internas e interestaduais na região Sul, principalmente em relação a Santa Catarina e Rio Grande do Sul, será utilizado como parâmetro as taxas do estado de Santa Catarina para as próximas análises. São Paulo possui uma tributação baseada no valor percentual de 18% para operações internas de circulação de produtos e serviços, enquanto o estado de Santa Catarina afere 17% para a mesma operação. Contudo, operações interestaduais possuem diferentes alíquotas, previamente citado. Ao cenário pressuposto de circulação de produtos e prestação de serviços interna no estado, a aplicação da alíquota sobre os custos resulta no montante dispendido de R$ 327.334.920,00, sendo estes resultantes de R$ 238.562.280,00 no estado de São Paulo, e R$ 88.772.640,00 para o estado de Santa Catarina. Quadro 9 – Aplicação de Alíquota Interna ICMS Aplicação de Alíquota Interna ICMS - Por estado Região Participação Base de Calculo Total São Paulo 18,00% 1.325.346.000,00 238.562.280,00 Sul 17,00% 522.192.000,00 88.772.640,00 Total 327.334.920,00 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Caso o cenário fosse inverso, com a maior aplicação de lançamentos de empreendimentos na região Sul e a menor na Região de São Paulo, seria possível averiguar uma redução do valor tributado total de R$ 8.031.540,00. Dos quais, R$ 13.253.460,00 seriam provenientes da aplicação da alíquota reduzida da região em questão. 32 Quadro 10 – Aplicação de Alíquota Interna ICMS - Hipótese Inversa Aplicação de Alíquota Interna ICMS - Hipótese Inversa Região Participação Base de Calculo Total São Paulo 18,00% 522.192.000,00 93.994.560,00 Sul 17,00% 1.325.346.000,00 225.308.820,00 Total 319.303.380,00 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Na perspectiva de aplicação das alíquotas interestaduais, como nos casos em que a matéria prima para os empreendimentos, os fretes ou serviços contratados tenham como origem outro estado, a alíquota será de 12%, tanto para São Paulo ou Sul, o valor resultando do cálculo seria no total de R$ 221.704.560,00. Quadro 11 – Aplicação de Alíquota ICMS - Interestadual Aplicação de Alíquota ICMS - Interestadual Região Participação Base de Calculo Total São Paulo 12,00% 1.325.346.000,00 159.041.520,00 Sul 12,00% 522.192.000,00 62.663.040,00 Total 221.704.560,00 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Na análise tributária referente ao ICMS, percebe-se a particularidade estadual das alíquotas do imposto ao qual o gestor financeiro terá de submeter seus negócios, principalmente caso precise avaliar um projeto que demande a nova carga tributária. Conforme averiguado, o simples fato de direcionar o investimento para uma região do pais onde a alíquota é levemente menor, traria a possibilidade de economia tributária de mais de 8 milhões no período. 33 4.3.3 Análise de Tributos Municipais Na esfera municipal, a empresa é tributada pelo IPTU, que incide diretamente sobre o valor venal do estoquede produtos prontos no período, ou seja, posterior a comprovação de que o empreendimento ou imóvel fora construído seguindo-se as exigências estabelecidas pela prefeitura, este que atesta a conclusão de sua construção e disponibilidade para comercialização, conhecido como habite-se. A Cyrela também possui a responsabilidade de contribuição com o ISS, Imposto Sobre Serviço, em suas atividades de prestação de serviços, está de menor monta no faturamento. Como descrito anteriormente, devido a maior representatividade sobre as a receita, será avaliado os tributos sobre a incorporação imobiliária. Resumidamente, averígua-se o valor aferido o IPTU em relação ao estoque finalizado, este que fora de R$ 2.402.000.000,00 no 4T16. Para melhor compreensão da diferenciação das alíquotas municipais, será utilizado os valores sobre a perspectiva do estoque pronto do Rio de Janeiro, que representa 27,4% do período, e de São Paulo representando 17,7%. Consequentemente, os valores para base de cálculos do IPTU sobre as duas localidades selecionadas será de, R$ 658.148.000,00 para os empreendimentos do Rio de Janeiro, e de R$ 425.154.000,00 para São Paulo. Gráfico 5 – Valor de Estoque Pronto (4T16) Fonte: Cyrela, 2017 34 Gráfico 6 – Breakdown Estoque Total (4t16) Fonte: Cyrela, 2017 Quadro 12 – Breakdown Estoque Total (4T16) Breakdown Estoque Total 4T16 Região Participação Base de Calculo Total Rio de Janeiro 27,40% 2.402.000.000,00 658.148.000,00 São Paulo 17,70% 2.402.000.000,00 425.154.000,00 Total 1.083.302.000,00 Fonte: Cyrela, 2017 Em um cenário hipotético, presume-se que o estoque pronto supracitado seja de localidade municipal conforme descrito, e utilizando como base de cálculo o valor médio do empreendimento de R$500.000,00 em ambas as cidades, obteríamos um total de 1.316 unidades prontas dos empreendimentos na cidade de Rio de Janeiro, contra 850 unidades na cidade de São Paulo. Desta forma, será possível calcular a alíquota correlativa, que se diferem não apenas pela metodologia de cálculo, como pela alíquota. Assim como explicado e exemplificado por RJTV, no portal de notícias Globo, em 06 de setembro de 2017, no Rio de Janeiro, de acordo Lei Municipal de nº 6.250 de 2017, o valor do IPTU será cobrado, em média, pelo seguinte cálculo simplificado. Valor de mercado do bem ou imóvel divido por 400. Caso o valor resultante do cálculo seja inferior ao valor de R$ 3.000,00, deverá ser aplicado a taxa de desconto conforme quadro abaixo: 35 Quadro 13 – Alíquota de IPTU – Rio de Janeiro Valor de Mercado / 400 = Resultado Resultado até Faixa de Desconto 800,00 60,00% 1.200,00 40,00% 1.600,00 20,00% 3.000,00 10,00% Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 De acordo com o estoque calculado sobre a cidade do Rio de Janeiro, e presumindo que a média do valor do imóvel ou bem seja de R$ 500.000,00, a imposto pago por unidade do empreendimento após a liberação do Habite-se, será de R$ 1.000,00, conforme quadro abaixo. Quadro 14 – Aplicação de Alíquota de IPTU - Rio de Janeiro R$ 500.000,00 / 400 = 1250 Resultado até Faixa de Desconto Aplica-se Valor Final 1.600,00 20,00% 1250 - 20% 1.000,00 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 Ao multiplicar o valor resultante do calculo acima com a média total da quantidade de unidades prontas dos empreendimentos na cidade, obteremos o total de R$ 1.316.000,00. Este, será teoricamente o valor do tributo a ser pago pelo estoque finalizado no período seguinte caso não ocorra a venda dos bens. Em relação ao estoque da companhia na cidade de São Paulo, a aplicação da alíquota do IPTU sobre o estoque pronto, deverá ser calculado sobre o valor venal conforme anteriormente mencionado, contudo, este é correlativo a localidade do imóvel ou bem, metragem, idade da construção, entre outros previamente citados. Devido à complexidade e volatilidade do valor venal, será utilizado no cálculo o valor médio do imóvel ou bem, aplicado sobre a base de alíquota para o imposto na cidade de São Paulo, de acordo com a secretaria da fazenda do município. 36 Quadro 15 – Alíquota de IPTU – São Paulo Faixas de Valor Venal (R$) Multiplicar por Subtrair Até R$ 150.000,00 0,70% 0,00 De R$ 150.001,00 a R$ 300.000,00 0,90% 300,00 De R$ 300.001,00 a R$ 600.000,00 1,10% 900,00 De R$ 600.001,00 a R$ 1.200.000,00 1,30% 2.100,00 Acima de R$ 1.200.000,00 1,50% 4.500,00 Fonte: Secretaria da Fazenda do Município de São Paulo, 2007 Ao aplicar a média do valor do imóvel ou bem de R$ 500.000,00 sobre a alíquota de sua faixa, resulta-se no valor de imposto por unidade pronta do empreendimento de R$ 4.600,00. Quadro 16 – Aplicação de Alíquota de IPTU - São Paulo Faixas de Valor Venal (R$) Multiplicar por Subtrair Aplica-se Valor Final De R$ 300.001,00 a R$ 600.000,00 1,10% 900,00 500.000,00 4.600,00 Fonte: Marcelo Clementino Pereira, 2018 O montante calculado pelo resultado do cálculo acima com a média total da da quantia de unidades prontas dos empreendimentos em São Paulo, é de total de R$ 3.910.000,00. Aproximadamente 300% a mais dispendido a fim de pagamento do tributo, em relação a cidade do Rio de Janeiro, mesmo esta possuindo um estoque maior de produtos finalizados e prontos para comercialização. Obviamente, devido a impossibilidade de pressupor o valor venal dos bens de forma direta, o montante calculado para o IPTU na cidade de São Paulo, fora superior ao real. Contudo, ainda assim, é possível perceber sob a ótica municipal o quão importante se faz um bom planejamento e controle tributário na empresa, principalmente a fim de análises minuciosas das normas tributárias e aplicações das leis, evitando obviamente o pagamento desnecessário de imposto ou até a ocorrência de multa. 37 5. MATEMÁTICA FINANCEIRA Segundo Puccini (1982, p. 2) ‘’ A Matemática Financeira tem por objetivo o manuseio de fluxos de caixa visando suas transformações em outros fluxos equivalentes que permitam as suas comparações de maneira mais fácil e segura.’’ Apresentando-se como ferramenta indispensável para o Gestor Financeiro, fundamentando as análises de forma quantitativa, propiciando visão ampla de dados e resultados com aplicação de fórmulas e conceito, seu uso é fundamental para tomada de decisão. Todo projeto começa a partir da análise financeira, com o uso de cálculos da matemática financeira, demonstrando retorno e perda, determinado se o investimento será vantajoso a curto ou longo prazo, trazendo a possibilidade de aumento de lucros e redução de custos. O conhecimento e aplicação da matemática financeira pelo gestor financeiro se torna ponto chave para aplicação dos conceitos e a assim avaliar o dinheiro e sua variação, em determinado espaço de tempo. Para entender melhor como esse processo funciona é necessário primeiro, conhecer seus princípios básicos: Capital - No momento zero de uma operação, existe o valor principal que se chama Capital. Representa o dinheiro no presente; Montante - É a variação do valor principal, ou seja, representa o valor do dinheiro no futuro, o Capital acrescido de juros; Taxa de Juros - Representa o custo de um crédito, é a razão entre juro e capital; Juros – Representa o valor cobrado em dinheiro pelo empréstimo ou financiamento, expresso como percentual, divido em Juros Simples e Juros Compostos; Desconto – é a redução ou abatimento sob a operação financeira levando em conta o tempo e taxa de juros; Período – É a representação do tempo na operação financeira; Investimento – Aplicação de capital (dinheiro) com o objetivo de obter lucro; Empréstimo – Recurso de terceiros utilizado paraatender determinadas necessidades. 38 5.1 Tipos de Juros 5.1.1 Juros Simples Para Puccini (1982, p. 5) (...) os juros de cada período são calculados sempre em função do capital inicial empregado. Assim representa a taxa de juros calculada sob o Capital inicial no final da operação. 𝐹𝑜𝑚𝑢𝑙𝑎: 𝐽 = 𝐶. 𝑖. 𝑛 Onde, M é o montante final; i é a taxa de juros; C é o capital inicial; n é o tempo. Observando que a Cyrela utilizou Caixa e equivalentes de caixa, ou seja, movimentação de recurso financeiros no ano de 2016 o valor disponível em moeda e outras contas que possuam as mesmas características de liquidez, correspondente a R$ 416.646,00, aplicado pelo período de 14 meses com taxa de juros simples de 2% ao mês, qual o valor do juro nessa aplicação? Assim como, qual o montante resultante da aplicação 𝐽 = 𝐶. 𝑖. 𝑛 𝐽 = 416.646,00 × 0,02 × 14 𝐽 = 116.660,88 𝑀 = 𝐶 + 𝐽 𝑀 = 416.646,00 + 116.660,88 𝐽 = 533.306,08 39 5.1.2 Juros Compostos O conceito de juros compostos consiste na aplicação de juros sobre juros, ou seja, o cálculo de juros é aplicado ao montante de cada período. É a modalidade de cobrança mais utilizado pelo sistema financeiro por apresentar alta rentabilidade. Segundo Puccini (1982, p. 6) (...) os juros de cada período são calculados sempre em função do saldo existente no início do período correspondente. Exemplo: Para definir o montante de um capital de R$ 12.000,00 aplicado no período de 3 anos no regime de juros compostos com taxa de 15% ao ano, é necessário calcular: 𝐹𝑜𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎: 𝑀 = 𝐶. (1 + 𝑖) 𝑀 = 12.000 × (1 + 0,15)ଷ 𝑀 = 12.000 × (1,15)ଷ 𝑀 = 12.000 × 1,520875 𝑀 = 18.250,50 Sabendo o valor do montante sobre a aplicação do período supracitado, é possível também averiguar o juro total resultante. 𝐽 = 𝑀 − 𝐶 𝐽 = 18.250,50 − 12.000,00 𝐽 = 6.250,50 40 5.2 Matemática Financeiro e Planejamento Tributário 5.2.1 Aplicação da Matemática Financeira A Cyrela aplica parte dos tributos a pagar com a previsão das contas a receber (recebimento de parcela de vendas) em prazos equivalentes, a fim de pagar suas obrigações tributárias, ou seja, determina que nesse período não haverá necessidade de recorrer ao Capital próprio ou de terceiros e opta pelo pagamento dos tributos no vencimento, uma vez que o pagamento antecipado não implica desconto. A Cyrela se mostra atenta as leis para reduzir a carga tributária a pagar, devido também que a incorporação de alguns empreendimentos, onde se submeteu ao regime da afetação (Regime Especial de Tributação – RET). Tabela 5 - Demonstrativo Consolidado Tributos. Fonte: Cyrela, 2016 41 5.3 Financiamento de Capital de Giro 5.3.1 Empréstimos e Financiamentos – Taxa de juros Com base nas informações do quadro abaixo, a Cyrela informa na conta Empréstimos, Financiamentos, Certificado de Recebíveis Imobiliários – CRI, cédulas de crédito bancário e debêntures, o montante de recursos financeiros contraídos, líquido dos custos de transação, mensurados com valor de juros e encargos proporcionais ao período correspondente ao exercício. No exercício de 2015 contraiu R$ 2.046.566 em recursos financeiros, com pagamento de R$ 2.197.553 ao final do período de 12 meses. Para mensurar os juros pagos, utilizara-se a fórmula a seguir, lembrando que a cobrança de juros simples não é muito usada pelo atual sistema financeiro nacional, portanto a aplicação desse cálculo para determinar os juros, será feita com base na cobrança de juros compostos. 𝐹𝑜𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎: 𝐽 = 𝑀 − 𝐶 𝐽 = 2.197.553 − 2.046.566 𝐽 = 150.987 Encontrando o valor do juro, é possível determinar a taxa de juro aplicada nessa operação em seu total ou mensalmente, usando a fórmula a seguir: 𝐹𝑜𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎: 𝐼 = 𝐽 ÷ 𝐶 𝐼 = 150.987 ÷ 2.046.566) 𝐼 = 0,073777 (taxa unitária) 𝐼 = 7,3777% (taxa percentual) 𝐹𝑜𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎: 𝐼 = (𝑀 ÷ 𝐶) ଵ − 1 𝐼 = (2.197.553 ÷ 2.046.566) ଵ ଵଶ − 1 𝐼 = (1,073776),଼ଷଷଷଷ − 1 𝐼 = 1,0059494 − 1 𝐼 = 0,0059494 (taxa unitária ao mês) 𝐼 = 0,59494% (taxa percentual ao mês) 42 Tabela 6 - Demonstração dos Valores Adicionados Fonte: Cyrela, 2017 Analisando o quadro abaixo podemos observar redução do Financiamento curto prazo de um período para outro em R$ R$ 177.133,00, ou seja, a amortização no período de um ano. Tabela 7 – Demonstrativo conta Caixa – Financiamentos Curto Prazo Fonte: Cyrela, 2017 43 5.4 Aumento de resultados Financeiros 5.4.1 Aplicações Letras Financeiras A Cyrela alcançou aumento de R$ 61 milhões no resultado financeiro do 3T16 na capitalização de juros, devido concentração maior em dívidas de SFH (Sistema Financeiro de Habitação) e redução de custo de novas dívidas corporativas. Essas informações indicam o uso da matemática financeira para redução de despesas e aumento de receitas. Para chegar a esses resultados foi necessário aplicar cálculos de valor futuro direcionando para o SFH o retorno alcançado. Em 6 meses com uma taxa de 11,22% ao ano sobre aplicação de juros simples, se obtém os seguintes valores: 𝐹𝑉 = 𝑃𝑉. (1 + 𝑖) 𝐹𝑉 = 61.000.000,00 × (1 + 0,00935) 𝐹𝑉 = 61.000.000,00 × (1,00935) 𝐹𝑉 = 61.000.000,00 × 1,057428 𝐹𝑉 = 64.503.108,00 O Valor Futuro obtido nessa operação corresponde a R$ 64.503.108,00. Tabela 8 – Empréstimos e Financiamentos Fonte: Cyrela, 2018 44 5.4.2 Aplicações Automática – Conta Corrente Uma ação eficaz para garantir recursos com aplicação automática é a conta corrente corporativa, que disponibiliza a empresa uma aplicação automática do saldo disponível, oferecendo rendimento médio de 0,52% ao mês. Para mensurar essa aplicação será utilizando como base o saldo da conta Caixa da Cyrela em 2016 com valor fixo de 30% desse total que representa - R$ 248.553,60, aplicado por um período de 11 meses, quanto será revertido em recursos? Observa-se que a conta - Contas a Receber, prevê disponibilidade de R$ 2.615.078,00, sendo o valor total de tributos a pagar R$ 147.098,00. Levando em conta que a despesa representa aproximadamente 6% da receita provisionada, mesmo que esse valor não seja contabilizado por completo o risco de não liquidar esse pagamento é considerado baixo. Lembrando que o objetivo desse cálculo é demonstrar de forma prática a aplicação da Matemática Financeira para o Gestor Financeiro. 𝐹𝑜𝑟𝑚𝑢𝑙𝑎: 𝑀 = 𝐶. (1 + 𝑖. 𝑛) 𝑀 = 248.553,60 × (1 + 0,0052 × 11) 𝑀 = 248.553,60 × (1 + 0,0572) 𝑀 = 248.553,60 × (1,0572) 𝑀 = 262.770,86 Incorporando ao final da aplicação, juros de: 𝐽 = 𝑀 − 𝐶 𝐽 = 262.770,86 − 248.553,60 𝐽 = 14.217,23 Embora a poupança tenha baixa taxa de rentabilidade não oferece riscos, mantém o saldo disponível e por isso é uma fonte fixa de recursos. Esse exemplo demonstra como a Cyrela gera recursos com a utilização de aplicação em conta corrente com saldo disponível em dinheiro. 45 Tabela 9 – Balanço Patrimonial Cyrela 2016 Fonte: Cyrela, 2016 5.5 Sistema de Amortização O sistema de amortização consiste na liquidação de uma dívida contraída por meio de planejamento. Os pagamentos devem ser feitos periodicamente por uma prestação, podendo ser em parcelas iguais ou diferentes, compostas pelo capital e os juros. Os sistemas de amortização mais praticados são: Sistema de amortização Francês Price (SAF) – prestações iguais e sucessivas, as prestações são compostas por duas parcelas: juros e amortização de capital; Sistema de amortização Constante (SAC) – prestaçõesconstantes, iguais e decrescentes; 46 Sistema de amortização Americano (SAM) – prestações periódicas dos juros, onde os valores são encontrados entre a média das prestações do sistema PRICE e SAC, sendo assim os juros, a amortização e saldo devedor também são a média aritmética dos sistemas citados anteriormente, sendo a parcela de amortização o ultimo pagamento; Sistema Americano de amortização (SAA) - prestações periódicas dos juros e o valor emprestado é pago ao final do prazo de uma única vez; Sistema de Amortização Crescente (Sacre) – prestações periódicas e consideradas constantes, onde os juros são decrescentes após determinados períodos e amortização variável. Esse sistema é uma mistura da Tabela Price e Sistema de Amortização Constante. Sistema de Amortização Varável – prestações constantes com variação no pagamento da amortização e juros. 5.6 Análise de Risco 5.6.1 Aplicações de Alto Risco Com a crise instalado no país nos últimos anos e todos os escândalos políticos nos últimos meses envolvendo troca de governo a insegurança se instalou principalmente para as construtoras e uma onda de especulações atingiu suas ações. A Cyrela atingiu altos retornos no pregão no 1TR17. Levando em conta que para obter maior retorno é necessário correr maior risco, sendo assim a empresa analisou que a chance de retorno valia o risco da operação. Dentro do cenário apresentado a aplicação foi assertiva, alcançando o resultado esperado. 47 Tabela 10 – Movimentação de Investimentos Fonte: Cyrela, 2018 A Aplicação em Letras Financeiras R$ 430.527,00 a taxa de 9,53 % ao ano, no período de 1 ano, assim como o valor de juros na aplicação: 𝑀 = 𝐶. (1 + 𝑖) 𝑀 = 430.527 × (1 + 0,0953)ଵ 𝑀 = 430.527 × 1,0953 𝑀 = 471.556,22 Para encontrar o valor de juros na aplicação: 𝐽 = 471.556,22 − 430.527,00 𝐽 = 41.029,22 Essa aplicação gerou R$ 41.029,22 em ano, ou seja, remuneração alta trazendo receitas para empresa. Quanto maior o tempo da aplicação, maior é seu retorno. 48 Quadro 17 – Demonstrativo de Aplicações – Letras Financeiras Fonte: Cyrela, 2017 Tabela 11 – Despesas Financeiras Fonte: Cyrela, 2017 49 6. CONCLUSÃO Diversas são as necessidades de capital de uma empresa nas particularidades do dia a dia administrativo. Para cada tipo de necessidade, há pelo menos um tipo de fonte de financiamento que mais se adequa a situação, se tornando comum a utilização de fontes diversas simultaneamente, cada uma muito bem analisada e previamente estudada sobre a perspectiva do gestor financeiro. Estas por sua vez demandam esforços notáveis para minimizar os impactos financeiros sobre o capital de giro, desta forma, percebe-se que um plano de negócio bem estruturado e uma análise continua das possibilidades, torna-se uma ótima estratégia para identificar a necessita da empresa de empréstimos ou financiamentos para recomposição de seu capital. É possível afirmar que a empresa faz uso das opções de financiamento de capital próprio e de terceiros, bem como empréstimos e financiamentos disponíveis no mercado financeiro, estes, analisados criteriosamente, viabilizando suas necessidades e priorizando equilíbrio do capital de giro. De forma que o surgimento de necessidade de capital, de curto ou longo prazo são obtidos com planejamento, estudo de mercado e decisões estratégicas que são determinantes em sua solidez financeira. Em relação ao planejamento tributário na empresa, como previamente citado, demonstra-se de suma importância na administração e gestão de negócios, principalmente no caso da Cyrela, que possui empreendimentos e controladas em todos territórios nacionais. Identifica-se muitos desafios para o gestor financeiro ao tratar-se da complexa carga tributária imposta sobre as instituições no Brasil. Contudo, a constante busca por melhor entendimento e aplicação das normas tributarias, assim como a necessidade atualização dos profissionais da área, possibilita a redução significativa de dispêndio tributário. Pode-se afirmar que o impacto causado por uma gestão tributária ineficiente, acarretaria a uma sequência de dificuldades para a organização, tal qual resultaria na distorção de diversos indicadores de resultados na empresa. Todavia, a boa manutenção do setor, não apenas controlando o presente, como munindo o gestor estrategicamente de dados quantitativos sobre a aplicabilidade dos negócios em uma visão macro e micro tributários, pode definir a estratégia de negócios da companhia. 50 Além do planejamento tributário, a Matemática Financeira apresenta-se como ferramenta indispensável sobre a ótica empresarial, pois esta, expressa quantitativamente os dados coletados a fim de representar ganhos e apontar perdas, e sobre a aplicação destes cálculos e princípios define-se um melhor direcionamento. Ao utiliza-la, a tomada de decisão passa a ser embasada por resultados que podem mudar completamente o cenário econômico financeiro da empresa, auxiliando em definições como, realizando um pagamento à vista ou usando o capital de giro da empresa, adquirindo um empréstimo/financiamento ou realizar uma aplicação. Utilizando das as questões atendidas pela Matemática Financeira, é possível identificar que sua aplicação é utilizada de forma bem desenvolvida pela Cyrela, maximizando os resultados em praticamente todas suas operações financeiras. Observa-se também a variação do dinheiro ao longo do tempo, hora provisionando seu fluxo de caixa para honrar pagamentos, hora aplicando parte de seu capital, fornecendo o instrumento necessário para validação de negócios ou assumindo o risco de perda com resultados lucrativos para a organização. 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECKER, Alfredo Augusto. Teoria geral do direito tributário. 3. ed. São Paulo: Lejus, 1998. p. 265. CHIAVENATO, I. Gestão Financeira: Uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. Constituição Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Visualizado em 23/03/2018. CYRELA<http://cyrela.globalri.com.br/upload/files/2733_Demonstrac-o-es- Financeiras-Anuais-Completas-4T16---CBR-Final.pdf >. Visualizado em 23/03/2018. CYRELA<http://cyrela.globalri.com.br/upload/files/2733_Demonstrac-o-es- Financeiras-Anuais-Completas-4T16---CBR-Final.pdf > <https://cdn.cyrela.com.br/Files/Pdf/relatorio-anual/relatorio-anual-cyrela-2013.pdf>. Visualizado em 23/03/2018. CYRELA<http://cyrela.globalri.com.br/upload/files/2857_Cyrela_ITR2T17.pdf>. Visualizado em 23/03/2018. CYRELA<http://cyrela.globalri.com.br/upload/files/2886_Reapresentacao-3ITR- CBR.pdf>. Visualizado em 03/04/2018. CYRELA<http://cyrela.globalri.com.br/upload/files/2731_Cyrela-Earnings-Release- _4T16_PT-vfinal.pdf>. Visualizado em 28/03/2018. Decreto-Lei nº 406, de 31 Dezembro de 1968. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0406.htm>. Visualizado em 28/03/2018. Emenda Constitucional nº 3, de 17 de Março de 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc03.htm#art1>. Visualizado em 25/03/2018. Emenda Constitucional nº 37, de 12 de Julho de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc37.htm>. Visualizado em 25/03/2018. Lei Complementar nº 56, de 15 de Setembro de 1987. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/LCP/Lcp56.htm>. Visualizado em 23/03/2018. 52 Lei Complementar nº 87, de 13 de Setembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm>.Visualizado em 23/03/2018. Lei Complementar nº 92, de 23 de Dezembro de 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp92.htm#art2>. Visualizado em 23/03/2018. Lei Complementar nº 99, de 13 de Setembro de 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp99.htm#2>. Visualizado em 23/03/2018. Lei Complementar nº 102, de 11 de Julho de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp102.htm>. Visualizado em 23/03/2018. Lei Complementar nº 114, de 16 de Dezembro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp114.htm#art2%C2%A71i>. Visualizado em 23/03/2018. Lei Complementar nº 116, de 31 de Julho de 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp116.htm>. Visualizado em 23/03/2018. Lei Complementar nº 120, de 29 de Dezembro de 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp120.htm#art1>. Visualizado em 23/03/2018. Lei Complementar nº 138, de 29 de Dezembro de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/Lcp138.htm#art1>. Visualizado em 22/03/2018. Lei Municipal nº 6.250, de 28 de Setembro de 2017. Disponível em: <http://mail.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/contlei.nsf/da65a6361caf879083257f4 60066ebb6/3518886cb3f67455832581aa005432fb?OpenDocument>. Visualizado em 28/03/2018. Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L5172.htm>. Visualizado em 23/03/2018. Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L5172.htm>. Visualizado em 24/03/2018. Lei nº 9.249, de 26 de Dezembro de 1995. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9249.htm>. Visualizado em 28/03/2018. 53 Lei nº 9.718, de 27 de Novembro de 1998. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9718.htm>. Visualizado em 25/03/2018. Lei nº 10.931, de 02 de Agosto de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.931.htm>. Visualizado em 23/03/2018. Lei nº 12.024, de 27 de Agosto de 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12024.htm> Visualizado em 23/03/2018. Lei nº 12.814, de 16 de Maio de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12814.htm> Visualizado em 23/03/2018. Lei nº 12.973, de 13 de Maio de 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12973.htm#art9> Visualizado em 28/03/2018. Lei nº 13.259, de 16 de Março de 2016. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13259.htm> Visualizado em 23/03/2018. RJTV. Entenda como deve ser o cálculo do novo IPTU no Rio, 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/entenda-como-deve-ser-o-calculo- do-novo-iptu-no-rio.ghtml> Visualizado em 28/03/2018. PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática Financeira. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.; 1983. p. 2-5-6. ROCHA, V. O. Planejamento fiscal: teoria e prática. v. 2. São Paulo: Dialética, 1998. SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito tributário. 9. ed. São Paulo: Premier Máxima, 2008. p. 71-72. SAGE, Blog. Tabela ICMS 2018 Atualizada com as Alíquotas dos Estados, 2017. Disponível em: <https://blog.sage.com.br/tabela-icms-2018-atualizada/> Visualizado em 28/03/2018. Secretaria da Fazenda do Município de São Paulo, IPTU – Cálculo do Imposto, 2007. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/fazenda/servicos/iptu/index.php? p=2456> Visualizado em 28/03/2018.
Compartilhar