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art 1 a 5º do Código Penal com explicação

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PARTE GERAL 
TÍTULO I 
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Anterioridade da Lei 
 Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Lei penal no tempo 
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela 
a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda 
que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 1984) 
 Tempo do crime 
 Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do 
resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 Territorialidade 
 Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime 
cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves 
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as 
aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações 
estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo 
correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem 
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
1984) 
 I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de 
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 1984) 
 c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em 
território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no 
estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído 
pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, 
de 1984) 
 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
1984) 
 e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a 
lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, 
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) 
 Pena cumprida no estrangeiro (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou 
nela é computada, quando idênticas. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Eficácia de sentença estrangeira (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Art. 1º - Anterioridade da Lei 
 
Art. 1º -p Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia 
cominação legal. 
 
 
O teor da norma contida no artigo 1.º do Código Penal desdobra-se em dois 
enunciados tidos como garantias fundamentais no direito penal: a) o princípio da legalidade 
(reserva legal) e b) o da anterioridade da lei penal. 
 
 
 
a) princípio da legalidade (reserva legal): Além de previsto no Código Penal, o 
princípio da legalidade foi também recepcionado na Constituição Federal, sendo nela 
destacado em seu art. 5.º, inc. XXXIX, arrolado entre as garantia fundamentais da Carta 
Magna. Ele significa, em síntese, que somente a lei em sentido estrito pode descrever 
crimes e cominar penas. 
 
Por consequência, a reserva exclusiva da lei na disciplina da norma penal impede 
que os demais textos legais (Decretos, Medidas Provisórias, etc) sejam manejados para 
descrição de crimes e fixação de penas, assim como para a regulação dos institutos 
contidos na Parte Geral do Código Penal. 
 
 
Nesse aspecto, aliás, há tempos a doutrina destaca, de forma uníssona, que a 
Medida Provisória não pode versar sobre matéria de direito penal. 
 
Não obstante, tal entendimento restou incorporado à norma constitucional que, com a 
edição da EC n.º32 de 2001, contém agora a expressa proibição de se editar MP 
disciplinando direito penal, processual penal e processual civil (art. 62, §1.º, inc. I, "b", da 
CF - acrescido pela Emenda Constitucional n.º 32 de 2001). 
 
Efetivamente, se antes havia alguma controvérsia sobre a possibilidade de se editar 
MP em sede de direito penal, ela restou superada com a referida emenda à Carta Magna. 
 
 
Exemplo: A Medida Provisória n.º 1571-7/97, da qual se concluiu a existência de uma 
hipótese de extinção da punibilidade nos delitos de apropriação indébita de contribuições 
previdenciárias, pelo parcelamento na dívida após o recebimento da denúncia. O assunto 
foi enfrentado no REsp n.º253.147, MC 1190 - STJ, sendo rejeitada a tese de que a aludida 
MP poderia tratar de matéria penal, ainda que maisbenéfica ao autor do fato. 
 
De modo absoluto, então, agora se pode afirmar que somente através de lei, 
constituída a partir de regular processo legislativo na Câmara dos Deputados, Senado 
Federal e Presidência da República (art. 61 de seguintes da CF), admite-se a descrição de 
uma conduta como criminosa, fixação da respectiva pena ou mesmo inovação na disciplina 
dos institutos da Parte Geral do Código Penal. 
 
Outro aspecto relevante sobre o princípio da legalidade é a exigência de que a lei 
deve ser taxativa na descrição do delito, contendo condutas certas. A taxatividade da 
norma repugna o tipo delineado de forma vaga e indeterminada. A cominação da sanção, 
do mesmo modo, também não pode ser vaga, indefinida, sem definição de limites mínimos 
e máximos de pena. 
 
 
b) princípio da anterioridade da lei penal: Por tal princípio, a norma penal (diga-se, 
a mais severa) só se aplica aos fatos praticados a partir de sua vigência. Novamente neste 
ponto a Constituição Federal recepcionou tal garantia penal, pois prevista no inc. XL do seu 
art. 5.º. 
 
Diz-se de tal princípio que ele implica também na irretroatividade da lei penal, já que 
ela não alcançará os fatos praticados antes de sua vigência, ainda que venham a ser 
futuramente tidos como crime. 
 
No entanto, surge situação interessante quando a lei penal mais severa entra em 
vigor no momento em que esta sendo praticado o crime continuado (art. 71 do Código 
Penal). Aquele que, por uma questão de política criminal, o legislador entendeu pela 
punição de apenas um dos delitos contidos na cadeia delitiva, majorando, contudo, a 
sanção dele, diante da pluralidade de fatos. 
 
Nesse aspecto, dois entendimentos são possíveis, pois já verificados nos tribunais: 
 
1º) A lei penal mais severa não alcança os fatos praticados antes de sua vigência. 
Logo, agravando-se o rigor da norma no curso da continuidade delitiva, os fatos anteriores 
à nova lei não seriam alcançados por ela. Então, ao menos o aumento da pena ocorreria 
com base nas sanções mais brandas, mais antigas (no exemplo da prática de dois delitos 
sob lei antiga e um sob lei nova - STJ - RHC - 3910/PA, HC 93751/SP). 
 
2º) O art. 71 do CP encerra uma ficção jurídica da qual se entende a prática de 
apenas um delito. Tendo o autor do fato praticado a conduta quando em vigor a lei mais 
severa, toda a continuidade delitiva submete-se a esta, quando for mais recente. Tal 
entendimento não viola o princípio da irretroatividade da lei penal mais severa, pois se 
entende que o delito foi praticado quando em vigor a nova norma (STF - HC - 81544/RS, 
HC 76382/MG, HC 76978/RS). Compreendo correta esta, que deve prevalecer. 
 
Acrescentando, a partir dos comentários postados, a segunda posição restou 
efetivamente sumulada: 
 
Súmula 711 do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao 
crime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
Art. 2.º - Lei penal no tempo 
O caput do art. 2.º do Código Penal faz referência aos efeitos retroativos da abolitio 
criminis, "...fato que a lei posterior deixa de considerar crime". 
 
O parágrafo único trata da retroatividade da norma penal mais branda, "...que de qualquer 
modo favorecer o agente". 
 
Nas duas hipóteses a norma penal se apresenta mais benéfica ao autor do fato e, por isso, 
terá efeitos retroativos, atingindo fatos praticados antes de sua vigência. 
 
Por ter dado tratamento mais brando ao fato, ou por não mais considerá-lo crime, a norma 
retroagirá para beneficiar o autor. 
 
Também nessa situação, diante do princípio da reserva legal (só a lei em sentido estrito 
pode tratar de matéria penal), não se admite a via da Medida Provisória para tornar mais amena a 
sanção ou abolir o crime. Assim, o réu não pode ser beneficiado com a edição de MP que deixe de 
considerar criminosa determnada conduta, ainda que tal diploma legal o beneficie. 
 
Abolitio crininis e vacatio legis - publicada lei mais benéfica, e sendo ela revogada antes 
de entrar em vigor, não se cogita a hipótese de incidência de efeitos retroativos à norma, mesmo 
que já publicada, pois, se ainda não entrou em vigor, não produziu efeitos no mundo jurídico. 
 
A lei penal inconstitucional mais benéfica - compreende-se, nesta situação, que o vício 
de inconstitucioalidade não pode prejudicar o réu (STJ - RHC 3.337-1 - no caso, o DL - 2.457/88 
registrava a extinção da punibilidade quando do pagamento de tributo de importação diante da 
entrada ilegal de veículo no país. Contudo, a constituição anterior já previa reserva exclusiva da lei 
em matéria penal. A extinção da punibilidade não poderia estar prevista em Decreto-Lei, ainda 
assim, compreendeu-se que tal circunstância não poderia vir em prejuízo ao réu). 
 
Normas mistas (com elementos de direito material e processual) - as disposições de 
direito material, mais favoráveis, devem ser retroativas, quando dissociáveis das de direito 
processual. Sendo elas indissociáveis, se a disciplina das matérias (processual/material) não 
admitir tratamento distinto, não se pode cogitar a retroatividade da norma mais benéfica. A 
exemplo: a hipótese do art. 366 do Código de Processo Penal foi interpretada como indissociável. 
Noutros termos, entendeu-se irretroativas tanto a suspensão do feito quanto a suspensão dos 
prazos prescricionais nos processos em curso mas iniciados antes da reforma do artigo 366 do 
CPP, em face do réu revél citado por edital (STF - HC 74.695-SP). 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
Art. 3º - Lei excepcional ou temporária 
O art. 3.º do CP descreve uma espécie de norma penal que, por se voltar apenas à tutela 
temporária de determinado bem jurídico, mantém puníveis os fatos praticados em situações sociais 
ou econômicas temporárias ou de exceção, mesmo após cessadas as causas que as 
determinaram. 
 
 Ao atribuir tal eficácia à lei excepcional, o legislador reserva ao Estado o direito de punir 
fatos que, já se sabe de antemão, deixarão de ser considerados crime, quando cessadas as 
circunstâncias excepcionais ou temporárias que determinaram a incidência da norma. Os exemplos 
correntes na doutrina são os crimes militares praticados em período de guerra (arts. 355 a 408 do 
CPM). Cessado o conflito, os delitos cometidos durante ele ainda serão puníveis, mesmo que fatos 
idênticos, ocorridos posteriormente não mais sejam entendidos como tais. 
 
 Pretende-se evitar aqui a expectativa de que o autor do fato será contemplado por 
eventual abolitio criminis, quando cessar a situação que determinou a vigência da lei. 
 Situação peculiar ocorre quando sob análise as normas penais em branco (elas podem ser 
homogêneas ou heterogêneas, caso advenham ou não da mesma fonte legislativa), entendidas 
como tais aquelas que pedem uma complementação em seu conteúdo para que possam incidir 
sobre determinada conduta: 
 
 a) Se a variação da norma complementadora ocorrer por motivo excepcional ou temporário, 
é de se aplicar a regra do art. 3.º do Código Penal. 
Exemplos: 
 
- art. 334 do Código Penal - Tornando-se permtida a importação ou a exportação de 
determinada mercadoria, cuja entrada ou saída era proibida no território nacional, mantém-se a 
ultratividade da lei e a punibilidade do agente que praticou o crime quando a norma estava em 
vigor, tendo em vista as circunstâncias políticas ou econômicas sociais que determinaram tal 
vedação (STF - HC 73.168 - SP - Trata-se de julgamento de Habeas Corpuscontra decisão do 
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, entendendo que a superveniência de portaria 
administrativa, admitindo a importação de determinada motocicleta não afasta a incidência do art. 
3.º do Código Penal. Quanto a este delito, portando, a portaria adminisrativa que complementa a 
norma não tem efeitos retroativos (ainda que menos severa); 
 
- Crimes contra a economia popular - Tabelas de preços editadas pelo governo para 
controlar a economia interna. Praticando o comerciante o preço superior ao previsto na tabela 
oficial, os fatos promovidos na vigência desta permanecerão puníveis, mesmo que sobrevenha 
posteriormente outra tabela mais branda, da qual se verifique a adequação daqueles preços 
praticados na vigência da norma mais antiga (mais severa). 
 
 b) Se a variação da norma complementadora não ocorrer por algum motivo excepcional ou 
temporário não se aplica a regra do art. 3.º do Código Penal, tendo, então, efeitos retroativos 
quando for mais benéfica. 
Exemplo: 
 
 Lei de tóxicos - deixando de ser proibido tráfico de determinada substância, a conduta 
quanto a esta não é mais punível, pois se compreendeu que tal substância nunca foi nociva a 
ponto de determinar a incidência da norma penal. 
 
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias 
que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. 
Art. 4º - Tempo do crime 
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro 
seja o momento do resultado. 
 
 A lei em si já sintetiza a teoria adotada pelo Código Penal, que é a da atividade. A doutrina 
também destaca a existência da teoria do resultado e a mista (nas quais se considera praticado o 
crime no momento do resultado ou no momento da ação e do resultado, simultaneamente). No 
entanto, no Brasil, considera-se praticado o crime no momento em que o autor do fato praticou a 
conduta, sendo irrelevante o momento em que se deu o resultado. 
 
Exemplo: 
- Vítima atingida por disparo de arma de fogo vem a falecer dois dias após o fato, considera-se 
praticado o crime no momento em que a vítima foi atingida e não no momento em que faleceu. 
Art. 5º - Territorialidade 
 Como regra geral, como expressão da soberania, no Brasil se adota o princípio da territorialidade. 
 
 Independentemente da nacionalidade do autor e da vítima do delito, aplica-se a lei brasileira ao 
crime praticado no território nacional. A exceção, entretanto, está prevista no própriocaput do art. 
5.º (convenções, tratados e regras de direito internacional podem prever exceções à 
territorialidade), o que se considera como uma territorialidade temperada. 
 Como exemplo de exceção ao princípio da territorialidade da lei brasileira, tem-se as imunidades 
diplomáticas. 
 Para efeitos penais, o §1.º do art. 5.º do CP estabelece como extensão do território nacional as 
embarcações ou aeronaves brasileiras nas seguintes condições: 
a) as de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro consideram-se parte do território 
nacional onde quer que se encontrem; 
b) as mercantes ou de propriedade privada consideram-se parte do território nacional desde que 
estejam no alto-mar ou no espaço aereo correspondente ao alto-mar. 
 
 É o que se chama de lei da bandeira (ou do pavilhão), resume ela que a nacionalidade sustentada 
pela embarcação ou aeronave define a incidência da lei brasileira. 
 O mar territorial compreende a faixa de 12 milhas náuticas medidas a partir da linha de baixa-mar 
do litoral continental e insular brasileiro. Para as aeronaves se compreende como espaço aéreo 
nacional a coluna atmosférica, até o limite do mar territorial. 
 O §2.º estabelece que: 
 
a) As aeronaves estrangeiras de natureza privada em pouso no território nacional ou em vôo no 
espaço aéreo correspondente ao território nacional (dentro da coluna atmosférica correspondente 
ao território) submetem-se à lei brasileira; 
 
b) As embarcações estrangeiras de natureza privada submetem-se à lei brasileira quando em 
porto ou em mar territorial territorial do Brasil. 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações 
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território 
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. 
 
Art. 6º - Lugar do Crime 
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo 
ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
Quanto ao local do crime o Código Penal considera a teoria da ubiquidade. 
 
O local do crime é tanto o da ação criminosa como o do seu resultado. 
 
Obs: O Código de Processo Penal estabelece regra diversa acerca da competência territorial para 
processar e julgar o crime (art. 70, caput, do CPP). 
 
Art. 7º - Extraterritorialidade 
 Este dispositivo descreve situações em que a lei brasileira se aplica a fatos que não foram praticados dentro do 
território nacional, mas que ainda assim o Brasil se reserva o direito de julgá-los. 
 
 As hipóteses arroladas no inciso I do art. 7.º do Código Penal elencam situações em que se 
aplica a lei brasileira, ainda que tribunal estrangeiro já tenha conhecido o fato e condenado, ou 
absolvido, o seu autor (conforme §1.º do art. 7. do CP). Considera-se aqui a extraerritorialidade 
incondicionada. 
 As hipóteses arroladas no inciso II do art. 7.º do Código Penal contêm situações em que o Brasil 
também pune fatos praticados fora do território nacional. Contudo, a incidência da norma penal 
brasileira e a ação penal em tribunal pátrio impõem a implementação das condições previstas no 
§2.º do art. 7.º do Código Penal. 
 
 É o que doutrina chama de extraterritorialidade condicionada. 
 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de 
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída 
pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, 
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou 
condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A leibrasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do 
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
 
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

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