Prévia do material em texto
1. Fenómenos Aleatórios, Eventos e Métodos de Contagem 1. Introdução A Estatística como ciência divide-se em dois grandes ramos: Estatística Descritiva e a Estatística Inferencial (Inferência Estatística). A Estatística Descritiva é um ramo da Estatística que se dedica ao resumo de uma grande quantidade/volume de dados através medidas numéricas (média, proporções/percentagens etc.) ou tabelas e gráficos. Seu objectivo é descrever as características de uma população. A Inferência Estatística é o ramo da Estatística que estuda as técnicas estatísticas que permitem fazer o estudo de uma população com base na amostra (subconjunto dos elementos da população) de tal maneira que os resultados ou conclusões obtidos da amostra se generalizam a toda a população (inferência). É evidente que com base na informação que nos proporciona uma amostra é impossível conhecer com exactidão as características de toda a população e portanto, qualquer medida sobre uma característica da população conterá inevitavelmente uma incerteza. O grau dessa incerteza mede-se através de Probabilidade. A probabilidade permite-nos passar das afirmações feitas com certeza sobre as características da amostra para prognosticar em termos probabilísticos as características da população. Portanto a Teoria de Probabilidades é a base da Inferência Estatística A Teoria de Probabilidades é uma teoria matemática que estuda a possibilidade de ocorrência de fenómenos aleatórios ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 2 2. Experimentos Aleatórios, Espaço Amostral e Eventos 2.1 Experimentos Aleatórios Um experimento é qualquer acção, situação ou operação capaz de produzir resultados que permite a um investigador fazer observações ou medições de um fenómeno. Os experimentos podem ser determinísticos ou aleatórios. Os experimentos determinísticos são aqueles que quando se realizam nas mesmas condições os resultados são sempre os mesmos (são previsíveis), qualquer que seja o nº de ocorrência dos mesmos. Toda a acção ou experiência conduz a um resultado conhecido (previsível). Exemplos: a) Sabe-se que quando se coloca a água no sistema de frio até atingir 0º C, sob pressão atmosférica normal, a água passará do estado líquido para o estado sólido. b) Pela lei da gravidade sabe-se que ao lançar um objecto ao ar, ele vai cair. Os experimentos determinísticos podem ser representados por modelos determinísticos. Exemplos de alguns modelos determinísticos conhecidos na Física são: maF (Lei de Newton); vtS Os experimentos aleatórios são aqueles que mesmo que se realizam nas mesmas condições os resultados não são os mesmos (não são previsíveis), mesmo que se repitam um grande nº de vezes. Neste tipo de experimento não se sabe, a prior, o resultado mas conhece-se o conjunto dos resultados possíveis. Exemplos: a) Lançamento de uma moeda não viciada. Não sabe qual deles vai aparecer antes de lançamento da moeda mas sabe-se que os resultados possíveis são cara (c) ou coroa (r). b) Lançamento de um dado não viciado. Sabe-se que os resultados possíveis são 1, 2,…, 6, mas não se sabe a prior qual das faces vai aparecer. ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 3 c) Nº de chamadas que chegam a um telefone durante 5 minutos. Não se sabe quantas chamadas vão chegar dentro de 5 minutos mas sabe-se que esse nº pode ser 0; 1; 2;,…. d) Etc. Um experimento aleatório apresenta as seguintes características: 1. Pode repetir-se um grande nº de vezes nas mesmas condições ou pelo menos em condições similares; 2. Em cada vez que se repete obtém-se um resultado diferente mas nunca há conhecimento suficiente para prever com exactidão o resultado mesmo que se façam esforços para manter sob controlo as circunstâncias relevantes; 3. Ainda que os resultados dos experimentos particulares não sejam previsíveis, verifica-se que quando se repete o experimento um grande nº de vezes, apresenta alguma regularidade estatística nos resultados. Por exemplo está demonstrado que lançando uma moeda não viciada 100 vezes pode-se observar que a frequência da ocorrência da cara é idêntica a da coroa e é igual a ½. 2.2 Espaço amostral Um espaço amostral (ou espaço de resultados) de um experimento aleatório é o conjunto universal de todos os resultados possíveis desse experimento, O espaço amostral como conjunto pode ser representado pelas letras Ω, S ou E. A cada elemento do espaço amostral chama-se ponto amostral ou resultado elementar. Exemplos: Indique o espaço amostral dos seguintes experimentos: a) Lançamento de uma moeda honesta b) Lançamento de um dado não viciado, c) Nº de chamadas que chegam a um telefone durante 5 minutos. d) Lançamento de duas moedas não viciadas. e) O tempo que leva um servidor ( caixa, ATM etc.) para atender um cliente Respostas: a) rc; b) 6;5;4;3;2;1 ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 4 c) ;....;2;1;0 d) rrcrccrc ,;,;,;, e) ;00 tt Os espaços amostrais associados a um experimento aleatório podem ser finito, infinito enumerável e contínuo. Um espaço amostral finito é aquele que tem um nº finito de elementos, exemplos de alíneas a, b e d. Um espaço amostral infinito enumerável ( ou espaço amostral discreto) é aquele que tem um nº infinito enumerável de elementos, ou seja quando se pode estabelecer uma correspondência biunívoca entre os elementos do espaço amostral com a sucessão dos nºs naturais, caso do exemplo alínea c. Um espaço continuo é aquele que tem um nº infinito não enumerável de elementos, caso do exemplo de alínea e. ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 5 2.3 Determinação do espaço amostral Para enumerar de forma exaustiva os elementos do espaço amostral de mais de um evento recorre-se a tabela de dupla entrada ou ao diagrama de árvore. Tabela de dupla entrada A tabela de dupla entrada é utilizada para encontrar o espaço amostral de dois experimentos aleatórios. Exemplo: Lança-se uma moeda ao ar duas vezes. Encontrar o espaço amostral. Solução: M2 M1 c r c (c,c) (c,r) r (r,c) (r,r) Ω={(c,c); (c,r); (r,c); (r,r)} ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 6 Diagrama de árvore Vimos que a tabela de dupla entrada pode ser usada para dterminar o espaço amostral de dois experimentos o que constitui uma limitante quando temos mais de 2 experimentos. O diagrama de árvore pode ser usado para determinar espaço amostral de dois, três ou mais experimentos aleatórios, sendo a única limitante o espaço para desenhar o gráfico. Voltando ao exemplo anterior tem-se o seguinte diagrama: c : (c,c) cr :(c,r) c :(r,c) r r: (r,r) Ω={(c,c); (c,r); (r,c); (r,r)} ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 7 Exemplo: Lança-se uma moeda ao ar três vezes. Encontrar o espaço amostral desse experimento, a) . Solução: C :(c,c,c) r: (c,c,r) c c :(c,r,c) c r r: (c,r,r) c : (r,c,c) c r: (c,c,r) c : (r,r,c) r r r: (r,r,r) Ω={(c,c,c); (c,c,,r); (c,r,c); ); (c,r,r) ; (r,c,c); (r,c,r); (r,r,c) ; (r,r,r)} ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 8 2.4 Eventos Um evento (ou acontecimento) é um subconjunto do espaço amostral. Ao realizar um experimento aleatório, em muitos casos, não nos interessam os resultados elementares do experimento, mas sim algum subconjunto contido no espaço amostral. Como conjuntos os eventos representam-se por letras maiúsculas A, B, C,… Exemplo: Lança-se um dado não viciado ao ar. Determine os seguintes eventos: a) Saída de um nº impar. b) Saída de um nº maior que 4. c) Saída de um nº primo. d) Saída do nº 3. e) Saída de um nº menor que 7. f) Saída de um nº maior que 6. Respostas: O espaço amostral é 6;5;4;3;2;1 Os eventos são: a) 5;3;1A b) 6;5B c) 5;3;2C d) 3;D e) 6;5;4;3;2;1E f) F Diz-se que um evento ocorre quando ao realizar-se o experimento aleatório dá lugar a um dos resultados elementares pertencente ao subconjunto que define o evento. Existem 4 tipos de eventos: 1. Evento elementar é aquele que consta de um único elemento do espaço amostral, por exemplo o evento D. 2. Evento composto é aquele que consta de dois ou mais eventos elementares. Os eventos A, B, C e E são compostos. ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 9 3. Evento certo (seguro) é aquele que consta de todos os eventos elementares do espaço amostral, e coincide com o espaço amostral. O evento certo sempre ocorre ao realizar o experimento. Exemplo o evento E. 4. Evento impossível é aquele que nunca ocorre quando se realiza um ou mais experimentos. Exemplo F 2.5 Operações sobre eventos aleatórios Vimos que os eventos de um experimento são subconjuntos do espaço amostral, por essa razão gozam das mesmas operações sobre conjuntos. Sejam A e B dois eventos do espaço amostral . As seguintes operações estão definidas sobre A e B: 1. Inclusão BA , se sempre que ocorre o evento A, também ocorre o evento B. 2. Igualdade BA , se sempre que o evento A também ocorre o evento B, e sempre que ocorre o evento B também ocorre o evento B. Isto é ABBABA 3. União BA : é um evento que ocorre se pelo menos ocorre um dos eventos (A ou B ou A e B) Em geral, dados n eventos nAAA ;...;; 21 , sua união i n i n AAAA 1 21 ;...; é um evento que ocorre se pelo menos ocorre um dos eventos iA ( i=1,2,…,n). 4. Intersecção ABBA : é um evento que ocorre se A e B ocorrem simultaneamente. Se BA diz-se que os eventos A e B são mutuamente exclusivos ou incompatíveis, isto significa que A e B não podem ocorre ao mesmo tempo, ou seja a ocorrência de um exclui a possibilidade da ocorrência do outro. Por exemplo no lançamento de um dado os eventos: A: ocorrência de face impar e B: ocorrência de face par são incompatíveis. Em geral, dados n eventos nAAA ;...;; 21 , a intersecção ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 10 i n i n AAAA 1 21 ;...; é um evento que ocorre se os eventos iA ( i=1,2,…,n) ocorrem simultaneamente. 5. Diferença BA \ : é um evento que representa que A ocorre e B não ocorre. 6. Complementar AA \ : é um evento complementar ou contrário do evento A. A ocorre quando A não ocorre. Note que: AA , isto é, A e A são eventos incompatíveis. AA BABA \ . 7. Propriedades das operações sobre eventos As operações sobre os eventos gozam das seguintes propriedades: P1: Comutativa: ABBA ; ABBA P2: Associativa: CBACBA ; CBACBA P3: Distributiva: CABACBA ; CABACBA P4: Leis de Morgan: BABA ________ ; BABA ________ P5: AA P6: BABA \ Etc. Partição do espaço amostral Diz-se que os eventos nAAA ;...;; 21 formam uma partição do espaço amostral se: 1. niAi ,...,2,1; ; 2. jiAA ji ; ; 3. i n i A 1 ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 11 Classe de eventos aleatórios Uma classe de eventos aleatórios é um conjunto formado por todos os eventos (subconjuntos) do espaço amostral, Consideremos um espaço amostral finito 4321 ;;; eeee . A classe de eventos aleatórios deste espaço é a seguinte: 4321 4324314321421321 434232413121 4321 ;;; ;;;;;;;;;;;;;;; ;;;;;;;;;;; ;;;; eeee eeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeee eeee F Pode-se demonstrar que para finito com n elementos então a classe de eventos de tem n2 eventos. Pelo binómio de Newton sabemos que n n i i n n nnnn F 2... 210 # 0 . σ-Álgebra Seja F uma classe de eventos aleatórios do espaço amostral , F é uma σ-álgebra se verifica as seguintes propriedades: 1. F 2. Si FA, então FA 3. Se ,...2,1..( nAn é uma sucessão qualquer de eventos de F , então FAn Ao par F, chama-se espaço probabilizável ou mensurável. ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 12 3. Métodos de contagem No cálculo de probabilidades é necessário contar o nº de resultados possíveis e prováveis dos eventos de um experimento aleatório. Na teoria de conjunto foram desenvolvidos vários métodos de contagem que se aplicam no cálculo de probabilidades. Esta secção dedica-se ao estudo desses métodos de contagem. 3.1 Contagem do número dos elementos de evento Definição: O número total dos elementos de um conjunto (evento) chama-se cardinal (#) desse conjunto. Se o conjunto A tem 10 elementos, então #A=10. Exemplo: Dado o conjunto B={a,b,c,d}, então #B=4. Se é um universo (espaço amostral) com n elementos, então n# . É obvio que 0# Dados dois eventos A e B de um espaço amostral );( BA : 1. BABABA #### É obvio que se A e B são incompatíveis ( BA ) então BABA ### 2. O resultado anterior pode ser generalizado para mais de dois eventos. Para três eventos A, B e C temos: CBACBCABACBACBA ######## Se A, B, C são incompatíveis então: CBACBA #### 3. Seja A um evento do espaço amostral e n# , então AnA ## Demonstração: AnAAAAAAAA ######## 4. BAABA ##\# . É obvio que se A e B são incompatíveis então ABA #\# ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 13 Exemplo: Foi feito um inquérito a 574 pessoas acerca dos seus hábitos de leitura, onde se constatou que 132 pessoas afirmam ler regularmente livros e 420 afirmam ler regularmente jornais. Apenas 68 responderam que lêem livros e jornais. Diga quantas pessoas: a) Não lêem regularmente livros b) Não lêem regularmente jornais c) Lêem pelo menos uma das publicações d) Lêem apenas livros e) Lêem apenas jornais f) Lêem apenas uma das publicações g) Não lêem livros e nem jornais Respostas: Considere os conjuntos: Ω={Todas as pessoas inqueridas} L={Pessoas que lêem regularmente livros} J={Pessoas que lêem regularmente jornais} Dados: n=#Ω=574; #L=132; #J=420; #(L J)=68 a) 442132574### LL b) 154420574### JJ c) 48468420132#### JLJLJL d) 6468132##\# JLLJL e) 35268420##\# JLJLJ f) 41635264\##\\# LJJLLJJL g) 90484574#### _______ JLJLJL Obs: Estes cálculos também podem ser realizados graficamente usando diagramas de Veen ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 14 3.2 Contagem com técnicas de análise combinatória Quando o nº de resultados possíveis de um experimento é grande torna-se difícil visualizar o espaço amostra através do diagrama de árvore porque teríamos um desenho enorme. Nesse caso recorre-se a técnicas de análise combinatória. 3.2.1 Princípio fundamental de contagem O princípio fundamental de contagem (regra de multiplicação) é a base de toda teoria da análise combinatória dado que todas as técnicas de análise combinatória são deduzidas a partir deste princípio. Esta regra de contagem é uma generalização do diagrama de árvore e é usado para contar o nº de resultados possíveis de um experimento complexo quando o nº de resultados possíveis for relativamente grande e impossível de visualizá-lo através de um diagrama de árvore. Considere-se um experimento mais ou menos complexo da qual se pretende determinar os seus resultados possíveis. Suponha-se que esse experimento possa ser visto como uma sucessão ordenada de k experimentos mais simples E1 ; E2; …;EK. Sejam: n1= nº de resultados possíveis de E1 n2= nº de resultados possíveis de E2 ……………………………………………………………. nk= nº de resultados possíveis de Ek Então o nº total de resultados do experimento complexo é: k i ik nnnnn 1 21 ... ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 15 Exemplos: 1. De quantas maneiras diferentes pode-se colocar três objectos distintos em ordem? Solução: Sejam A, B, C três objectos distintos. Na 1ª posição existem 3 maneiras: pode-se colocar A, B ou C. Uma vez ocupada a 1ª posição, existem 2 maneiras para a 2ª posição: pode-se colocar A ou B, A ou C, B ou C. Uma vez ocupada a 2ª posição, existe 1 maneira para a 3ª posição: pode-se colocar A ou B ou C. Então 6123 n Este resultado pode ser visualizado através da árvore, já que o nº de resultados possíveis do experimento é pequeno. 2. As chapas de matrículas de viaturas possuem três letras e quatro dígitos. Encontre o nº possível de chapas de matriculas que se podem formar: a) Caso não haja restrição quanto ao uso das letras e dos dígitos. b) Caso as letras e os dígitos não podem ser repetidos. Solução: Existem 26 letras e 10 dígitos. a) 1757600001000017576102610101010262626 43 n b) 7862400078910242526 n ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 16 3.2.2 Permutações e arranjos Uma aplicação do princípio de multiplicação é contar o nº de possíveis maneiras que n elementos distintos de um conjunto podem ser colocados em ordem. As diferentes ordenações dos n elementos chamam-se permutações de n elementos, escreve-se nP . Exemplo: De quantas maneiras diferentes pode-se organizar três objectos distintos em ordem? Solução: Sejam A, B, C três objectos distintos. As possíveis permutações são: ABC ACB BAC BCA CAB CBA. Então temos 6 permutações: P3=6 Pode-se demonstrar pelo principio de multiplicação que 0;! nnPn Sabe-se que 12...)2(1! nnnn !1! nnn 1!0 Então 6123!33 xxP ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 17 Permutação com elementos Caso o conjunto contenha alguns elementos repetidos é necessário eliminar o nº dos elementos repetidos porque a troca de elementos repetidos não altera a ordem, por exemplo, na sequência AABB, a Troca entre os As e entre os Bs não altera a ordem. As ordenações válidas são: AABB BBAA ABBA BAAB ABAB BABA Temos 6 ordenações diferentes e não 24 (P4). Em geral, quando um conjunto tem n elementos dos quais existem n1 do tipo 1, n2 do tipo 2,…, nk do tipo k o número de permutações é dado por: !!...! ! 21 ..., 21 k nnn n nnn n P k No caso do exemplo, temos: 6 !2!2 !42,2 4 1 P ____________________________________________________________________________________________Domingos Uchavo pg. 18 3.2.3 Arranjos simples Quando estamos interessados em colocar os n elementos de um conjunto para ocupar r lugares (r<n) temos um arranjo de n elementos tomados r a r e representa-se por: n rA Suponhamos que temos 4 candidatos para ocupar duas vagas, de quantas maneiras possíveis os candidatos podem ocupar as duas vagas? Solução: Sejam A, B, C, D candidatos. Os arranjos possíveis são: AB AC AD BA BC BD CA CB CD DA DB DC Temos 12 arranjos possíveis. Note que um arranjo simples (sem elementos repetidos) difere de outro pela ordem em que os r elementos ocupam. Por exemplo AB é diferente de BA. Para calcular o nº de arranjos podemos usar o princípio de multiplicação: Para ocupar a 1ª posição existem 4 maneiras Uma vez ocupada a 1ª posição para a 2ª posição existem 3 maneiras Então temos 1234 n Em geral, temos n elementos para ocupar r posições teremos: Para ocupar a 1ª posição existem n maneiras ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 19 Uma vez ocupada a 1ª posição para a 2ª posição existem n-1 maneiras ---------------------------------------------------------------------------------------------- Para a r-ésima posição existem n-(r-1)=n-r+1 Então temos um total de )1)...(1( rnnn , então, 1....1 rnnnAnr Pode-se demonstrar que: ! ! rn n Anr No exemplo temos, 123442 A ou 12 !2 !4 !24 !44 2 A Pode-se demonstrar que permutações simples são casos particulares de arranjos simples quando r=n, com efeito n n n Pn nn nn n A ! 1 ! !0 ! ! ! 3.2.4 Combinações simples Considere um conjunto de n elementos, a partir da qual se pretende formar um subconjunto de r elementos distintos (não há elementos repetidos). De quantas maneiras possíveis se pode formar os subconjuntos? O número de subconjuntos possíveis é dado pelas combinações simples de n elementos tomados r a r e representa-se por: n rC .ou r n Exemplo: Com 4 pessoas A, B, C, D, quantas maneiras possíveis se pode formar uma comissão de 2 pessoas? ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 20 Solução: AB AC AD BC BD CD Existem 6 maneiras possíveis. Note que uma combinação difere de outra somente pela natureza dos seus elementos e não pela ordem. Por exemplo a combinação AB é igual a BA. Observe que o resultado anterior pode ser obtido a partir de arranjos de 4 tomando 2 a 2 e eliminando a repetição de conjuntos com os mesmos elementos. AB AC AD BA BC BD CA CB CD DA DB DC Pegando este raciocínio, a dedução da fórmula para o cálculo de n rC pode ser feita da seguinte maneira: 1. Se as diferentes ordens dos elementos no subconjunto originassem subconjuntos distintos teríamos ! ! rn n Anr mas nesse caso teríamos uma contagem dupla. ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 21 2. Neste caso, é necessário eliminar subconjuntos possíveis de formar com os r elementos dado por rP . Assim tem-se: !! ! ! ! ! 12....1 )1(...)1( rrn n r rn n rr rnnn P A C r n rn r Então podemos usar as seguintes fórmulas: 12....1 )1(...)1( rr rnnn C nr !! ! rrn n r n C nr No caso do exemplo temos: 6 !12 34 2 4 ou 6 !2!2 !234 !2!24 !4 2 4 Algumas propriedades das combinações que ajudam a simplificarem os cálculos: P1: n rn n r CC P2: 1 1 1 nr n r n r CCC Demonstre estes teoremas! Exemplo o calculo de 75 72C fica mais simples se aplicarmos P1: 67525 123 73747575 3 75 72 CC ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 22 Exercícios 1. Lança-se um dado. Enumerar o espaço amostral e os eventos seguintes: A: saída de um número ímpar. B: saída de um número maior que 4. C: saída de um número primo. 2. Lançam-se dois dados. Descreva os seguintes eventos: A: os dois apresentam o mesmo número. B: o produto dos dois iguais a 6 e o segundo apresentar um número ímpar. C: ocorrência de pelo menos um 3. D: a soma dos dois iguais a 8. 3. Lançam-se três moedas. Descreva os seguintes eventos: A: ocorrência de cara na primeira moeda. B: ocorrência de exactamente uma coroa. C: ocorrência de pelo menos uma coroa. D: ocorrência de faces iguais. 4. Usando os eventos do número anterior, obtenha e interprete os seguintes eventos: a) BA b) BA c) CB d) D 5. Sejam A, B e C três eventos de um espaço amostral. Usando as operações sobre eventos, exprimir os seguintes eventos: a) Somente A ocorre. b) A e C ocorre, mas B não. c) A, B, e C ocorrem. d) Pelo menos um ocorre. e) Exactamente um ocorre. f) Nenhum ocorre. ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 23 g) Exactamente dois ocorrem h) Pelo menos dois ocorrem. i) No máximo dois ocorrem. 6. Numa certa comunidade existem dois jornais J e P. Sabe-se que 5000 pessoas são assinantes do jornal J, 4000 do jornal P, 1200 são assinantes dos dois jornais e 800 não são assinantes de nenhum jornal. Calcule o número de pessoas da comunidade, que: a) São assinantes de pelo menos um jornal. b) São assinantes de ambos jornais. c) São assinantes de apenas um jornal. d) Não são assinantes de nenhum jornal. 7. Num estabelecimento comercial que vende música, foram inquiridos 1872 clientes para saber quais os géneros musicais usualmente compram. Os resultados do inquerido mostraram que: 149 clientes compram música clássica; 307 compram música Jazz; 1629 compram Rock; 80 compram música clássica e Jazz; 206 compram Jazz e Rock; 37 compram música clássica e Rock e 28 compram os três géneros musicais. do conjunto dos clientes inquiridos, pretende se saber: a) Quantos compram apenas música clássica. b) Quantos compram pelo menos um dos géneros musicais considerados. c) Quantos compram exactamente dois dos três géneros musicais considerados. d) Quantos não compram nenhum dos géneros musicais considerados. 8. Um homem tem duas gravatas e quatro camisas. De quantas maneiras ele poderá escolher uma gravata e uma camisa. 9. Temos 3 cidades X, Y e Z. Existem 4 rodovias que ligam X com Y e 5 que ligam Y com Z. Partindo de X e passando por Y, de quantas maneiras pode-se chegar a Z. 10. Uma moeda é lançada três vezes. Qual é o número de sequênciaspossíveis de cara e coroa. ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 24 11. Quatro atletas participam de uma corrida. Quantos resultados existem para 1º, 2º e 3º lugares. 12. De quantas formas diferentes se pode responder a 12 questões de um questionário, cuja resposta para cada pergunta é sim ou não. 13. Um teste consiste de 15 perguntas de escolha múltipla. Cada pergunta apresenta 4 respostas alternativas mas só uma está correcta. a) De quantas maneiras um estudante pode marcar uma resposta em cada pergunta. b) Calcule o número de respostas erradas. 14. De quantas maneiras 5 pessoas podem ocupar um banco de 5 lugares. 15. Quantos números de dois algarismos distintos podem ser formados com os dígitos 0, 1, 2, 3, 4 e 5? 16. Formados e dispostos em ordem crescente todos os números que se obtém permutando os algarismos 1, 4, 5 e 8. Que ordem ocupa o número 8145? 17. Um cofre possui um disco marcado com os dígitos de 0 a 9. O segredo do cofre é marcado por uma sequência de 3 dígitos distintos. Se uma pessoa que não conhece o segredo tentar abrir o cofre, quantas tentativas deverá fazer ao máximo para conseguir abri-lo? 18. Quantos anagramas têm as seguintes palavras? a) Teoria b) Física c) Estatística d) Variância e) Probabilidade ____________________________________________________________________________________________ Domingos Uchavo pg. 25 19. Uma prateleira tem 15 livros dos quais 4 são de Matemática. De quantas maneiras se podem arrumá-los em ordem de modo que os livros de matemática fiquem sempre juntos. 20. Um cocktail é preparado com duas ou mais bebidas distintas. Se existem 7 bebidas distintas, quantos cocktails diferentes podem ser preparados. 21. Pretende-se formar uma comissão de 3 membros e dispõe-se de 10 pessoas. Quantas comissões possíveis se podem formar. 22. Um exame consta de 15 questões das quais o estudante deve responder 10. De quantas formas ele poderá escolher as perguntas. 23. Uma família com 5 pessoas possui um automóvel de 5 lugares. Sabendo que somente 2 pessoas sabem conduzir, de quantos modos elas se podem acomodar no automóvel. 24. Mostre que 0; n rn n r n 25. Calcule o valor de k, sabendo que: 2 8 1 8 2 k k C C 26. Calcule mA3 , sabendo que 843 mC Fim