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Resumo de Lipideos Asa Norte 2018 docx

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – UniCEUB
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FACES
CURSOS DE BIOMEDICINA, CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E NUTRIÇÃO.
DISCIPLINAS: BIOQUÍMICA
PROFESSOR: CLÁUDIO HENRIQUE CERRI E SILVA
LIPÍDEOS (RESUMO)
Compreende um grande grupo de moléculas com diferentes papéis biológicos (fonte energética, composição de membranas, sinalização celular, cofator, ancoramento de proteínas e isolamento térmico) e que são solúveis em solventes orgânicos como benzeno, clorofórmio e acetona. Por outro lado são insolúveis ou pouco solúveis em água;
São classificados em dois grandes grupos: Hidrolisáveis (capazes de sofrer hidrólise – “quebra” com água) e Não-Hidrolisáveis (não podem sofrer hidrólise).
Os lipídios hidrolisáveis compreendem os ésteres simples, os fosfolipídios e os glicolipídeos. Os componentes desses lipídeos são unidos entre si por ligações do tipo éster. 
Os lipídios não hidrolisáveis são os hidrocarbonetos, os lipídeos álcoois e os lipídeos ácidos. 
Ácidos Graxos, Óleos e Gorduras.
Um ácido graxo possui um grupamento carboxila na extremidade polar e uma cadeia de hidrocarbonetos na cauda apolar. Os ácidos graxos que normalmente aparecem nos organismos vivos contêm um número par de átomos de carbono (são derivados do acetato, molécula com 2 C) e usualmente não é ramificada. Se houver dupla ligação entre os carbonos da cadeia alquila sua cadeia é insaturado, se não, ele é saturado. Quando o número de duplas ligações é somente uma, falamos de um ácido graxo monoinsaturado, e quando possui mais de uma dupla ligação é um ácido graxo poli-insaturado.
Os ácidos graxos são lipídeos ácidos e sua cadeia não é hidrolisável, entretanto pode encontrar-se esterificado a uma molécula de glicerol para compor diferentes compostos, incluindo os fosfolipídeos de membrana. 
Óleos e gorduras utilizados como forma de armazenamento de energia nos organismos vivos, quimicamente são compostos altamente reduzidos e derivados de ácidos graxos. O estado de oxidação dos ácidos graxos é mínimo, isto é, são compostos altamente reduzidos.
 A nomenclatura para os ácidos graxos é feita especificando o comprimento da cadeia alquila e o número de duplas ligações, separadas por dois pontos. Exemplos:
Ácido palmítico 16: 0 – 16 átomos de carbono: 0 dupla ligação; 
Ácido oleico 18:1 – 18 átomos de carbono: 1 dupla ligação;
A posição da dupla ligação é descrita por números sobrescritos seguindo a letra (delta) e considerados a partir da carbonila (C-1).
Por exemplo, um ácido graxo de 20 carbonos e com uma dupla ligação entre C-9 e C-10, e outra entre C-12 e C-13, é escrito 20:2 9,12.
O átomo de carbono da carbonila corresponde sempre ao carbono 1 e o adjacente a ele (C-2) é denominado carbono α (alfa). A seguir aparecem os carbonos β (beta - C-3), γ (gama - C-4), δ (delta - C-5) e assim por diante, até o último carbono (grupamento metil - CH3) que é denominado carbono ω (ômega), independentemente da quantidade de carbonos na molécula. 
As propriedades físicas dos ácidos graxos e dos compostos que os contenham são determinadas pelo comprimento e pela quantidade de insaturações da cadeia hidrocarbônica. Assim, quanto maior a cadeia hidrocarbônica e menor o número de duplas ligações, menor a solubilidade em água. 
O ponto de fusão de ácidos graxos insaturados é menor que o ponto de fusão de ácidos graxos saturados com um mesmo número de carbonos. A presença de insaturação nas cadeias de ácidos graxos dificulta a interação intermolecular, fazendo com que, estes se apresentem no estado liquido a temperatura ambiente e são chamados de óleos.
Quando existe mais de uma dupla ligação na cadeia alquila, elas são separadas por pelo menos 3 carbonos, nunca são adjacentes nem conjugadas (ligações duplas e simples alternadas) e são separadas por um grupo metileno (-CH2).
Óleos de origem vegetal são ricos em ácidos graxos insaturados, e podem ser convertidos em saturados através de Hidrogenação Catalítica (processo também chamado de redução).
As gorduras de origem animal são ricas em ácidos graxos saturados e possuem maior facilidade de empacotamento intermolecular devido à ausência de insaturações. É uma molécula sólida a temperatura ambiente.
Os ácidos graxos essenciais são poli-insaturados e não podem ser sintetizados pelo organismo, portanto devem ser obtidos através de alimentação ou da suplementação. Existem dois ácidos graxos essenciais: ômega-3 (por exemplo, o ácido linolênico) e ômega-6 (por exemplo, o ácido linoleico). O ômega-3 é encontrado principalmente em peixes e óleos de peixe. O ácido graxo ômega-6 é encontrado em fontes alimentares como óleos vegetais de girassol, canola, milho, soja e algodão.
Triglicerídeos
Formado por uma molécula de glicerol (um poli álcool) que teve três grupamentos hidroxila envolvidos em ligações éster com as carboxilas dos ácidos graxos, sendo comum que os três ácidos graxos sejam diferentes (nesse caso é denominado triglicerídeo misto). Os triglicerídeos são moléculas localizadas principalmente em células adiposas de animais servindo de fonte de armazenamento de ácidos graxos. As ligações ésteres são hidrolisadas pelas enzimas chamadas lipases. A reação de hidrólise catalisada pelas lipases pode ocorrer fora de organismos vivos, com ácidos e bases como catalisadores. Quando a reação é realizada com uma base, os produtos da reação, chamada de saponificação, incluem o glicerol e sais de ácidos graxos, que são os sabões. Quando esses sabões são usados com água rica em sais, acabam por formar um precipitado, devido à reação ocorrida entre os sais e os sabões. O glicerol é usado em cremes e loções e na manufatura de nitroglicerina.
Ceras
As ceras biológicas são ésteres de ácidos graxos de cadeia longa e saturada ou insaturada (14 a 36 carbonos) com álcoois de cadeia longa. Seus pontos de fusão são geralmente maiores que dos triglicerídeos. As ceras são as principais formas de armazenamento de combustível metabólico nos organismos que constituem o plâncton marinho. Possuem propriedades repelentes à água e consistência firme. Entre as ceras mais mencionadas estão: a cera de abelha, cujo principal componente é o palmitato de mericelo, e a cera de espermacete, ou cera de baleia, que é constituída de ácidos graxos e álcool cetílico. Nos vegetais as ceras têm função protetora. Por serem dificilmente hidrolisadas, quando ingeridas, não são atacadas por enzimas digestivas, portanto, não são absorvidas.
Graxas
São misturas complexas de ésteres de ácidos carboxílicos e álcoois de cadeias longas que frequentemente servem de cobertura protetora para plantas e animais. Nas plantas, as graxas recobrem caules, folhas e frutas; em animais, elas são achadas no pelo, nas penas e na pele.
Fosfolipídeos
Os fosfolipídeos são os mais abundantes em todas as membranas biológicas. Uma molécula de fosfolipídeo é formada de quatro tipos de componentes: ácidos graxos, uma plataforma à qual se prendem estes ácidos, um fosfato e um álcool unido ao fosfato. Os ácidos graxos componentes fornecem uma barreira hidrofóbica, ao passo que o restante da molécula tem propriedades hidrofílicas que permitem a interação com o ambiente.
A plataforma sobre a qual os fosfolipídeos são formados pode ser o glicerol, um álcool de três carbonos, ou uma esfingosina, um álcool mais complexo. Os fosfolipídeos derivados do glicerol são chamados de fosfoglicerídeos, constituído de um arcabouço de glicerol onde duas cadeias de ácidos graxos estão unidas. Nos fosfoglicerídeos as hidroxilas em C-1 e C-2 do glicerol são esterificadas com as carboxilas de duas cadeias de ácidos graxos. A hidroxila em C-3 do glicerol é esterificada pelo ácido fosfórico. Quando mais nenhuma ligação é feita o composto resultante é um fosfatidato, sendo o mais simples, porém em pequena quantidade na membrana. Os principais fosfoglicerídeos são derivados do fosfatidato, pela formação de um éster entre o fosfato do fosfatidato e a hidroxila de um de diversos álcoois, formando o fosfatidil. As unidades alcoólicas comuns dos fosfoglicerídeossão: serina (fosfatidil serina), etanolamina (fosfatidil etanolamina), colina (fosfatidil colina) e inositol (fosfatidil inositol). 
Devido à natureza anfipática de suas moléculas os fosfolipídeos formam membranas, um exemplo disso é a formação de micelas, em que os lipídeos formam uma estrutura globular onde as cabeças polares são rodeadas por água e as caudas hidrocarbonadas ficam sequestradas no interior interagindo umas com as outras. Um a outra maneira de se satisfazer às preferências das porções hidrofóbicas e hidrofílicas, é a formação de uma bicamada lipídica, essa estrutura é favorecida para a maioria dos fosfolipídeos e glicolipídeos em meios aquosos, devido ao fato de que suas cadeias de ácidos graxos são muito volumosas para se adaptarem no interior de uma micela.
Glicolipídeos
Os glicolipídeos são aqueles que contêm oses. Em células animais, os glicolipídeos, assim como a esfingomielina, são derivados da esfingosina. A amina da esfingosina é acilada por um ácido graxo, como na esfingomielina. Os glicolipídeos diferem da esfingomielina na natureza da unidade ligada à hidroxila primária da esfingosina. Neles, uma ou mais oses ligam-se a este agrupamento, em vez da fosforil colina.
Os glicolipídeos mais simples, chamados de cerebrosídeos, contêm só uma unidade de ose, glicose ou galactose. Glicolipídeos mais complexos, como os gangliosídeos, contêm uma cadeia ramificada de até sete oses. Os glicolipídeos são orientados de um modo completamente assimétrico, com os radicais de oses sempre no lado extracelular da membrana.
Esteroides
O colesterol é um lipídeo com uma estrutura bem diferente da dos fosfolipídeos, constituído de quatro anéis hidrocarbonados ligados. Uma calda hidrocarbonada está ligada em uma extremidade do esteroide, e uma hidroxila na outra. Nas membranas, a molécula é orientada paralela às cadeias de ácidos graxos dos fosfolipídeos, e a hidroxila interage com as cabeças de fosfolipídeos próximas. O colesterol é ausente em procariontes, mas é encontrado em graus variáveis em virtualmente todas as membranas de animais.
Além de constituintes das membranas, os esteróis servem como precursores para uma variedade de produtos com atividades biológicas específicas. Os maiores grupos de hormônios esteroides são os hormônios sexuais masculinos e femininos e hormônios do córtex adrenal, como o cortisol. 
Esfingolipídeos
Os esfingolipídeos têm a esfingosina, um aminoálcool que contém longa cadeia hidrocarbonada insaturada, no local do glicerol. Eles são encontrados em plantas e animais e são particularmente importantes no sistema nervoso. As moléculas mais simples são as ceramidas, que consistem de um ácido graxo ligado ao grupamento amino da esfingosina por uma ligação amida. Na esfingomielina a hidroxila primaria da esfingosina é esterificada com fosforil colina, a esfingomielina está localizada nas membranas celulares do sistema nervoso.
Terpenos
São polímeros do isopreno. Do ponto de vista químico são hidrocarbonetos. Alguns são precursores de certas vitaminas (A, D E e K). O monoterpeno (2 unidades de isopreno) mais conhecido é o limoneno. O anisomorfal (das formigas que "mordem") é um sesquiterpenos (3 moléculas de isopreno). 
A vitamina A é um diterpeno (4 isoprenos), do mesmo modo que o fitol (uma componente maior da clorofila, e que é ingerida nos alimentos de origem vegetal) e a vitamina E (que é a condensação do fitol com a hidroquinona, seguida de ciclilização). 
Os carotenóides (derivados do carotte, cenoura) são tetraterpenos (8 moléculas de isopreno) com grande número de duplas ligações. Essas duplas ligações são responsáveis pela cor (que varia de amarelo até vermelho com o aumento no número de duplas ligações); carotenóides são importantes na alimentação, pelo seu poder antioxidante e capacidade de gerar, por hidrólise, a vitamina A (o beta caroteno é capaz de produzir duas moléculas de vitamina A). A ingestão de alimentos ricos em carotenóides prolonga a sobrevida, por reduzir a mortalidade de causa cardiovascular. Para desespero da indústria farmacêutica, a substituição dos alimentos ricos em carotenos por comprimidos contendo a mesma quantidade de carotenóides falhou em diversos estudos bem conduzidos em manter o efeito protetor dos alimentos naturais.
A ubiquinona (coenzima Q10, da cadeia respiratória mitocondrial) e a vitamina K são geradas pela condensação de uma quinona com terpenos contendo de 6 a 10 isoprenos. 
Os esteróides, de animais (zooesteróis) como colesterol, lanosterol e hormônios sexuais (gônadas), corticais (adrenais) e vegetais fitosteróis (como o beta-sitosterol) são também terpenos (6 isoprenos em cadeia cíclica).
Referências:
Berg, J.M.; Tymoczko, J. L.& Stryer, L. Bioquimica. 5ª ed. 2004. Guanabara Koogan
Campbell, Mary K. Bioquimica. 3ª ed. 2001. Artmed.
Nelson, D.L. COX, M.M. Lipídios. In: Lehninger Princípios de Bioquímica. 3 ed. São Paulo: Guanabra Koogan, 1999. C 9.
Cisternas, J. R.. Lipídios. In: Fundamentos de Bioquímica Experimental. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 1999. C 11.
Lipídios XII: Precursores e Derivados de Lipídios – Isoprenóides. Disponível em: http://www.geocities.com/bioquimicaplicada/resumoslipideos8e.htm. Acessado em: 28/08/07

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