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Aula 03 Direito Civil

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CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS 
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO 
Prof. Lauro Escobar 
www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA 03 
 
= BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO = 
 
 
Professor Lauro Escobar 
 
www.pontodosconcursos.com.br 
 
 
 
 
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS 
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO 
Prof. Lauro Escobar 
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 Temas que serão abordados nesta aula  BENS. Diferentes classes de 
bens. 
Subitens  BENS: diferentes classes. Conceito. Espécies. Classificação 
Geral: considerados em si mesmos; reciprocamente considerados; considerados 
em relação ao titular da propriedade; considerados quanto à possibilidade de 
comercialização. Bem de família legal e bem de família convencional. 
Legislação a ser consultada  Código Civil: arts. 79 até 103. Lei n° 
8.009/90: da impenhorabilidade do bem de família. 
 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 03 
 A problemática da conceituação ........................................................... 03 
Classificação Supralegal: bens corpóreos e incorpóreos ........................... 04 
CLASSIFICAÇÃO LEGAL ............................................................................ 05 
 Bens considerados em si mesmos ........................................................ 06 
 Bens reciprocamente considerados ...................................................... 18 
 Bens considerados em relação ao titular do domínio ............................ 23 
 Bens considerados em relação à possibilidade de negociação .............. 28 
 Bens de família ..................................................................................... 29 
 Bens gravados com cláusula de inalienabilidade .................................. 34 
RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA ............................................................. 34 
Bibliografia Básica .................................................................................... 39 
EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ............................................................ 40 
EXERCÍCIOS COMENTADOS (CESPE) ........................................................ 59 
Aula 03 
Dos Bens e sua Classificação 
CURSO REGULAR DE DIREITO CIVIL PARA CONCURSOS 
AULA 03: BENS E SUA CLASSIFICAÇÃO 
Prof. Lauro Escobar 
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INTRODUÇÃO 
Como já sabemos, uma relação jurídica envolve três elementos: as 
pessoas, os bens e o vínculo. Enquanto no tema “pessoas” nós estudamos os 
sujeitos de direito, ou seja, quem pode ser considerado sujeito de direitos e 
deveres na ordem civil, no tema de hoje analisaremos o quê pode ser objeto do 
Direito. Assim, a relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto os bens sobre 
os quais recaem direitos e obrigações. 
Atenção Divergência Doutrinária  
Há muita divergência doutrinária acerca da utilização das expressões coisa 
e bem. 
Alguns autores conceituam coisa como tudo o que existe objetivamente 
no Universo (com a exclusão das pessoas humanas) e que pode satisfazer a uma 
necessidade humana. Já bem é designado para a conceituação de uma coisa útil 
ao homem, economicamente apreciável ou valorável, suscetível de apropriação e 
que pode ser objeto de direito. Desta forma coisa seria o gênero (qualquer 
elemento da natureza, com exceção das pessoas) e bem a espécie. 
Outros autores fornecem conceitos completamente inversos de bem e 
coisa. Para eles bem seria um gênero (qualquer objeto que satisfaz o ser humano, 
seja de expressão econômica ou não). Alguns bens são amparados pelo Direito e 
chamados de bens jurídicos, enquanto outros são bens apenas na acepção 
gramatical da palavra. Dos bens jurídicos somente os que se comportam de forma 
material é que são considerados como coisas (casas veículos, joias, etc.), 
enquanto os bens englobariam também os objetos abstratos ou imateriais (direitos 
autorais, honra, imagem, privacidade, etc.). Assim, coisas seriam espécie de bens 
materiais, suscetíveis de apropriação. 
Uma terceira corrente entende que entre bens e coisas há uma 
sinonímia. De fato, a legislação brasileira acaba por utilizar as duas expressões 
indistintamente, sem diferenciá-las. O próprio Código Civil não é uniforme, pois 
utiliza a expressão “bem” na Parte Geral e passa a utilizar “coisa” na Parte 
Especial, quando trata da propriedade. 
Atenção! Isso já caiu em concurso  Apesar de toda essa discussão 
doutrinária, a ESAF, na prova para MDIC (Analista de Comércio Exterior), 
realizada em 2012, considerou como correta a seguinte afirmação: “Coisas e bens 
são conceitos que não se confundem, embora a coisa represente espécie da qual 
o bem é gênero. A honra, a liberdade, a vida, entre outros, representam bens 
sem, no entanto, serem considerados coisas”. Houve recurso, porém a questão 
não foi anulada... No meu entendimento, questões como essas deveriam ser 
evitadas... caindo, deveriam ser anuladas. Mas como já caiu e não foi anulada, é 
prudente seguir o que as bancas estão pedindo: “bem é gênero; coisa é espécie 
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de bem" (particularmente eu discordo... mas enfim...). Outras bancas como a FCC, 
VUNESP e CESPE ainda não se posicionaram sobre o tema (o que fizeram muito 
bem... até agora). Acompanhando a doutrina majoritária, vamos fornecer um 
conceito, tentando harmonizar os conteúdos das correntes jurídicas. 
BENS são objetos (materiais ou imateriais) que compõem o 
patrimônio das pessoas (naturais ou jurídicas) e que podem ser 
componentes (objeto) das relações jurídicas. 
CLASSIFICAÇÃO 
Definida a expressão que vamos usar e o seu conceito, vamos agora falar 
sobre a classificação dos bens, que é feita segundo critérios de importância 
científica, pois a inclusão de um bem de determinada categoria implica a aplicação 
de regras próprias e específicas, uma que não se pode aplicar as mesmas regras 
a todos os bens. 
CLASSIFICAÇÃO SUPRALEGAL (doutrinária) 
A primeira classificação que é feita não está prevista expressamente no 
Código Civil, mas é plenamente aceita pela doutrina (e também tem grande 
incidência em concursos). Vejamos. 
 Bens Corpóreos (sinônimos: materiais, tangíveis ou concretos): são aqueles 
que possuem existência física ou material; podem ser tocados e são 
visíveis, percebidos pelos sentidos (ex.: terrenos, edificações, joias, veículos, 
dinheiro, livros, etc.). 
 Bens Incorpóreos (sinônimos: imateriais, intangíveis ou abstratos): 
aqueles que não existem fisicamente, pois possuem uma existência 
abstrata. No entanto podem ser traduzidos em dinheiro, possuindo valor 
econômico e sendo objeto de direito. Ex.: no caso de um programa de 
computador (software), o importante não é o CD ou o meio que o contém, 
mas sim a produção intelectual de quem elaborou o programa. Outro 
exemplo: ainda que dois produtos sejam idênticos, um consumidor pode 
decidir comprar de acordo com a marca do produto, pois esta pode lhe 
transmitir maior sensação de confiança. Muitas vezes o importante não é a 
característica material ou física do produto, mas sim a própria marca. Por isso 
é que as empresas investem na criação e desenvolvimento de uma marca, 
que pode ajudá-la a conquistar o consumidor e aumentar seus lucros. O 
mesmo ocorre com o nome de uma empresa. Outros exemplos: propriedadeliterária e/ou científica, direitos autorais, propriedade industrial (marcas de 
propaganda, logotipos, patentes de fabricação), concessões obtidas para a 
exploração de serviços públicos, fundo de comércio (ponto comercial), etc. 
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Na prática os bens corpóreos são objetos de contrato de compra e venda, 
enquanto os bens incorpóreos são objetos de contratos de cessão (transferência 
a outrem). Mas ambos podem integrar o patrimônio de uma pessoa. 
PATRIMÔNIO JURÍDICO 
Anteriormente dizia-se que patrimônio era a representação econômica da 
pessoa. Atualmente afirma-se que é uma universalidade de direitos e 
obrigações (cada pessoa possui apenas um patrimônio). Trata-se, portanto, do 
conjunto das relações jurídicas ativas e passivas (abrange bens, direitos e 
obrigações) de uma pessoa (natural ou jurídica), apreciável economicamente. Não 
se incluem aqui as qualidades pessoais, como a capacidade física ou técnica, 
conhecimento ou a força de trabalho, porque estes são considerados simples 
fatores de obtenção de receitas. No entanto, incluem-se a posse, os direitos reais, 
as obrigações e as ações correspondentes. O patrimônio é composto de elementos 
ativos ou positivos (bens e direitos) e passivos ou negativos (obrigações). 
Patrimônio positivo é aquele em que o ativo é maior que passivo 
(falamos em solvente). O patrimônio do devedor responde por suas dívidas e 
constitui garantia geral dos credores. Patrimônio negativo (insolvente) é 
aquele em que as dívidas superam os bens e direitos. 
PATRIMÔNIO 
Bens e Direitos (a receber) Obrigações (a serem pagas) 
Só para completar o tema: alguns autores admitem a existência do 
chamado “patrimônio moral”, que seria o conjunto de direitos da personalidade. 
Outros se referem ao chamado “patrimônio mínimo”, que, em respeito ao princípio 
da dignidade, cada pessoa deve ter resguardado pela lei civil um mínimo de 
patrimônio para sobreviver de forma efetiva e digna (art. 1°, III, CF/88). 
 
CLASSIFICAÇÃO LEGAL DOS BENS 
 
 Bens considerados em si mesmos  dependem da individualidade do 
próprio bem (arts. 79 a 91, CC): móveis ou imóveis, fungíveis ou infungíveis, 
consumíveis ou inconsumíveis, divisíveis ou indivisíveis, singulares ou 
coletivos. 
 Bens reciprocamente considerados  dependem de sua relação com 
outros bens integrantes do patrimônio do sujeito (arts. 92 a 97, CC): 
principais ou acessórios (frutos, produtos, pertenças e benfeitorias). 
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 Bens considerados em relação ao titular do domínio  dependem do 
próprio sujeito que é o seu titular (arts. 88 a 103, CC): públicos (uso comum 
do povo, uso especial e dominicais), particulares e res nullius. 
 Bens considerados quanto à possibilidade de alienação: bens que 
estão fora do comércio. O atual Código não prevê expressamente essa 
modalidade da classificação em uma seção específica. No entanto ela existe 
esparsa pelo Código, ainda é mencionada pela doutrina e cai em concursos! 
Vejamos agora cada uma dessas espécies de forma minuciosa. 
 
I. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS 
 
I.1 – BENS QUANTO À MOBILIDADE (arts. 79/84, CC) 
A) BENS IMÓVEIS (arts. 79/81, CC) 
São aqueles que não podem ser removidos ou transportados de um lugar 
para o outro sem a sua destruição ou alteração em sua substância. Ocorre que 
com avanço da engenharia e da ciência em geral esse conceito perdeu parte de 
sua força. Atualmente há modalidades de imóveis que não se amoldam 
perfeitamente a este conceito (ex.: edificações que, separadas do solo, conservam 
sua unidade, podendo ser removida para outro local – arts. 81, I e 83, CC). Os 
bens imóveis também são chamados de “bens de raiz” e podem ser divididos em: 
1. Por Natureza (ou por essência): é o solo (terreno) e tudo quanto se 
lhe incorporar naturalmente (árvores, frutos pendentes, etc.), mais adjacências 
(espaço aéreo e subsolo). Alguns autores entendem que apenas o solo seria bem 
imóvel por natureza. Os acessórios e as adjacências seriam bens imóveis por 
acessão natural. 
O art. 1.229, CC dispõe que a propriedade do solo abrange a do espaço 
aéreo e a do subsolo correspondente em altura e profundidade úteis ao seu 
exercício. Quem compra um sítio é o proprietário do subsolo? Resposta para o 
Direito Civil: SIM!! O proprietário do solo é também proprietário do subsolo 
(e do espaço aéreo), especialmente para construção de passagens, garagens 
subterrâneas, porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas 
limitações. Pelo art. 176, CF/88, as jazidas, os recursos minerais e hídricos, 
embora sejam considerados como bens imóveis, constituem propriedade distinta 
da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio 
(propriedade) da União. Lógico que é difícil alguém comprar um terreno e nele 
“achar” uma mina de ouro ou de diamantes ou mesmo um lençol petrolífero. No 
entanto se isso ocorrer, esta pessoa não será o “dono” deste recurso mineral. 
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2. Por Acessão: acessão quer dizer aumento, acréscimo ou aderência de 
uma coisa a outra. Assim, passam a ser considerados imóveis, tudo quanto se 
incorporar natural ou artificialmente ao solo, seja por ação natural ou humana. 
a) Natural: é o acréscimo que ocorre ao solo sem o concurso da ação 
humana, como a aluvião, avulsão a formação de ilhas, etc. 
b) Física, industrial ou artificial: trata-se de tudo quanto o homem 
incorporar permanentemente (o que não significa eternamente) ao solo, não 
podendo removê-lo sem destruição, modificação ou dano. Abrange os bens móveis 
que, incorporados ao solo pelo trabalho do homem, passam a ser bens imóveis. 
Exemplos clássicos genéricos: construções e plantações. Exemplo: um 
caminhão de tijolos, cimento, caibros, etc. são considerados bens móveis. No 
entanto quando esses bens são usados para se realizar uma construção qualquer 
(casa, edifício, ponte, viaduto, etc.), esses bens são incorporados ao solo pela 
aderência física, passando a ser imóveis, pois não podem ser retirados sem causar 
dano à construção onde estão. Da mesma forma os seus acessórios (garagem, 
piscina, etc.). Outro exemplo: sementes lançadas ao solo ou as plantações (café, 
cana, etc.). Cuidado apenas com exemplo que já vi cair: uma árvore geralmente 
é um bem imóvel; no entanto se ela for destinada ao corte será considerada móvel 
por antecipação (veremos isso logo adiante) e se plantada em um vaso (ex.: 
bonsai) também será considerada bem móvel, porque é removível, transportável. 
c) Intelectual (ou por destinação do proprietário): são os bens móveis 
que aderem a um bem imóvel pela vontade do dono, para dar maior utilidade 
ao imóvel (a coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa). Trata-
se de uma ficção jurídica. Ex.: um trator destinado a uma melhor exploração de 
propriedade agrícola, máquinas de uma fábrica têxtil, para aumentar a 
produtividade da empresa, veículos, animais e até objetos de decoração de uma 
residência. 
Atenção: o atual Código Civil não acolhe mais essa classificação em relação 
aos bens imóveis, no entanto alguns autores ainda a mencionam. Seguindo a 
doutrina moderna sobre o tema, o Código qualifica esses bens como pertenças, 
onde a coisa deve ser colocada a serviço do imóvel e não da pessoa, 
constituindo,portanto, a categoria de bens acessórios (que veremos mais 
adiante). Vejam que a imobilização não é definitiva neste caso; o bem poderá 
voltar a ser móvel, por mera declaração de vontade quando não for mais usá-lo 
para fim a que se destinava. Enunciado 11 da I Jornada de Direito Civil do CJF: 
“Não persiste no novo sistema legislativo a categoria de bens imóveis por acessão 
intelectual, não obstante a expressão tudo quanto se lhe incorpora natural ou 
artificialmente, constante da parte final do art. 79”. 
3. Por Determinação Legal: são bens que são considerados imóveis 
somente porque o legislador assim resolveu enquadrá-los (ficção jurídica), 
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possibilitando, como regra, receber maior segurança e proteção jurídica nas 
relações que os envolve. São eles: 
 Direito à sucessão aberta. Falecendo uma pessoa, mesmo que a herança 
seja formada apenas por bens móveis, o direito à sucessão (ou seja, o direito 
de receber uma herança) será considerado como bem imóvel, com todas as 
suas consequências. Ex.: uma pessoa faleceu e deixou um carro, uma joia e 
dez mil reais em uma conta-poupança. É aberto o processo de inventário. O 
conjunto dos bens deixados pelo falecido (de cujus) é chamado de espólio. E 
este tem a natureza de bem imóvel por força de lei. Assim, o que se considera 
imóvel não é o direito aos bens que compõe a herança, mas sim o direito à 
herança como uma unidade. Somente após a partilha é que os bens serão 
considerados de forma individual. Assim, se o herdeiro quiser renunciar à 
herança, somente poderá fazê-lo de modo expresso, por instrumento público 
ou termo judicial (art. 1.806, CC); se quiser ceder sua quota de direitos 
hereditários dependerá de escritura pública. 
 Direitos reais sobre os imóveis (ex.: direito de propriedade, de usufruto, 
uso, superfície, habitação, servidão predial, enfiteuse, hipoteca, etc.). A lei, 
para dar maior segurança às relações jurídicas, trata os direitos reais sobre 
bens imóveis com se imóveis fossem. Encaixam aqui também as ações que 
asseguram os bens imóveis. Assim, se o bem é imóvel (ex.: um terreno), 
também o serão o direito sobre ele (ex.: direito de propriedade) e a ação 
que o protege (ex.: ação reivindicatória da propriedade). 
 Penhor agrícola e as ações que o asseguram. 
 Jazidas e as quedas d’água com aproveitamento para energia hidráulica 
são consideradas bens distintos do solo onde se encontram (arts. 20, inciso 
IX e 176, CF/88). 
4. Regras Especiais: nos termos do art. 81, CC, não perdem o caráter 
de imóvel (ou seja, continuam sendo imóveis): 
 Edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem 
removidas para outro local (ex.: “casa pré-fabricada” transportada de uma 
localidade para outra). 
 Materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se 
reempregarem (ex.: telhas retiradas de uma casa para reforma do telhado, 
sendo nele reempregadas posteriormente). 
B) BENS MÓVEIS (arts. 82/84, CC) 
São aqueles que podem ser removidos, transportados, de um lugar para 
outro, por força própria ou estranha, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social. Podemos classificá-los em: 
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1) Móveis por Natureza: são os bens que podem ser transportados de 
um local para outro sem a sua destruição por força alheia ou que possuem 
movimento próprio. Força alheia: são os bens móveis propriamente ditos (carro, 
cadeira, livro, joias, etc.). Força própria (suscetíveis de movimento próprio; sem 
necessidade da ação humana): são os semoventes, ou seja, os animais de uma 
forma geral (bois, cavalos, carneiros, etc.). 
2) Móveis por Antecipação: são bens que, ainda que estejam 
naturalmente imobilizados (estão incorporados ao solo), destinam-se à mobilidade 
por manifestação da vontade, em função da sua finalidade econômica. Ex.: uma 
árvore é um bem imóvel; no entanto ela pode ser plantada especialmente para 
corte futuro (fábrica de papel, transformação em lenha, etc.). Portanto, embora 
seja fisicamente um imóvel ela tem uma finalidade última como bem móvel. 
Outros exemplos: os frutos de um pomar que ainda estão no pé são considerados 
bem imóveis, mas se destinados à venda (safra futura) tornam-se bens móveis. 
O mesmo ocorre em relação aos minérios destinados à extração e venda. 
3) Móveis por Determinação Legal (art. 83, CC): consideram-se bens 
móveis para efeitos legais: 
a) as energias que tenham valor econômico: a energia elétrica, embora 
não seja um bem corpóreo, é considerada pela lei como sendo um bem móvel. 
Observem que o art. 155, §3° do Código Penal também a equipara com um bem 
móvel, podendo ser objeto do crime de furto (ex.: desvio do medidor, quando 
a corrente passa do fornecedor ao consumidor – trata-se do famoso “gato” ou 
“gambiarra”). Notem que a lei menciona “energias”, pois não existe apenas a 
energia elétrica, sendo que a doutrina fornece outros exemplos: sinal de 
telefonia, de TV a cabo, de internet, gás encanado, etc. Cita a doutrina a 
hipótese do sêmen de um touro reprodutor premiado como “energia biológica”. 
b) direitos reais sobre bens móveis e as ações correspondentes: são os 
direitos de propriedade, usufruto, penhor sobre bens móveis. 
c) direitos pessoais de caráter patrimonial e as respectivas ações: são 
os direitos de crédito, isto é, os direitos que um credor tem contra seu devedor. 
d) ainda incluem-se: direitos autorais (art. 3°, da Lei n° 9.610/98), 
propriedade industrial (art. 5°, da Lei 9.279/96: direitos oriundos do poder 
de criação e invenção da pessoa), quotas e ações de capital em sociedades, etc. 
4) Regra Especial (art. 84, CC): os materiais destinados à construção 
enquanto não forem empregados nesta construção, ainda são considerados como 
bens móveis. Materiais provenientes de demolição e que não serão reempregados, 
perdem a qualidade de imóvel e passam a ser bens móveis. Ex.: comprei um 
“milheiro de tijolos”; enquanto eu não empregar estes tijolos na obra eles são 
bens móveis. Após a construção passam a ser imóveis. Caso ocorra uma demolição 
e eles não sejam reempregados em outra construção voltam a ser móveis. Se a 
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intenção é reempregá-los a seguir em outra construção, não perdem o caráter de 
imóveis. 
Atenção  Os navios e aeronaves são bens móveis ou imóveis? A 
doutrina os classifica como bens móveis especiais ou sui generis. Apesar de 
pela sua natureza e essência serem fisicamente bens móveis (pois podem ser 
transportados de um local para outro), são tratados pela lei como se fossem 
imóveis, pois necessitam de registro especial e admitem hipoteca. O navio tem 
nome e o avião marca, possuindo identificação e individualização próprias. Ambos 
têm nacionalidade. Podem ter projeção territorial no mar e no ar (território ficto). 
Alguns autores os consideram como quase pessoa jurídica, no sentido de se 
constituírem num centro de relações e interesses, como se fossem sujeitos de 
direitos, embora não tenham personalidade jurídica. Portanto, cuidado com a 
forma como a questão foi elaborada. 
 Importância prática na distinção entre Imóveis X Móveis 
Os bens imóveis se distinguem dos móveis pela: forma de aquisição da 
propriedade, necessidade ou não de outorga, prazos de usucapião e os direitos 
reais.Vejamos: 
1) Formas de aquisição da propriedade 
A principal forma de se adquirir a propriedade dos bens móveis é com a 
tradição. Ou seja, em uma compra e venda de bens móveis, somente com a 
entrega destes é que se adquire a sua propriedade. Já os bens imóveis são 
adquiridos com o Registro ou transcrição do título da escritura pública no Registro 
de Imóveis onde estiver situado o bem (art. 1.245, CC). Enquanto não houver o 
registro do título, o vendedor continua sendo o proprietário do imóvel. 
2) Outorga 
Os bens imóveis não podem ser vendidos, doados ou hipotecados por 
pessoa casada sem a outorga do outro cônjuge, exceto se o regime de bens 
escolhido pelo casal for o da separação absoluta de bens (art. 1.647, CC). Já os 
bens móveis não necessitam dessa outorga. A outorga pode ser: 
 Marital: o marido concede à mulher, ou seja, o bem pertence à mulher e 
o marido assina também os documentos anuindo na venda do imóvel. 
 Uxória: a mulher concede ao homem, ou seja, a mulher assina a 
documentação para a venda do imóvel, que pertence ao marido (uxor – em latim 
quer dizer mulher casada). 
Concluindo. Um bem será vendido. Trata-se de um bem imóvel? –Sim! Trata-
se de proprietário casado em regime de bens que não seja separação total de 
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bens? –Sim! Logo essa pessoa irá necessitar da outorga (ou vênia) conjugal 
(uxória ou marital). 
3) Usucapião 
Tanto os bens imóveis quanto os móveis podem ser objeto de usucapião. 
O que vai diferenciar é o prazo para que isso ocorra. Os prazos para se adquirir a 
propriedade imóvel por usucapião são, em regra, maiores. Exemplificando: 
A) Bens Imóveis 
a) Usucapião Extraordinária 
 15 anos: sem justo título, sem boa-fé. 
 10 anos: sem justo título, desde que resida no local ou tenha realizado 
obras produtivas. 
b) Usucapião Ordinária 
 10 anos: com justo título e boa-fé. 
 05 anos: com justo título, boa-fé, adquirido onerosamente, desde que 
resida no local ou tenha realizado investimento de interesse social e 
econômico. 
 02 anos: propriedade dividida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que 
abandonou o lar. 
B) Bens Móveis 
a) Usucapião Extraordinária: sem justo título  05 anos. 
b) Usucapião Ordinária: com justo título e boa-fé  03 anos. 
Lembrando que justo título é definido como sendo o ato jurídico destinado 
a habilitar uma pessoa a adquirir o domínio de uma coisa, mas que por algum 
motivo acabou não produzindo efeito. Na boa-fé o possuidor está convicto que a 
sua posse não prejudica ninguém e desconhece eventuais vícios que lhe impedem 
a aquisição do domínio. A Constituição Federal (e o próprio Código Civil) 
estabelecem outras formas de usucapião de bens imóveis. Confiram: arts. 183 
e 191, CF/88. 
4) Direitos Reais sobre coisa alheia 
 Bens imóveis. Regra  hipoteca (ex.: você recebe uma quantia em 
dinheiro emprestada e oferece um bem imóvel como garantia desse 
empréstimo, não havendo a entrega do bem). 
 Bens móveis. Regra  penhor (ex.: você recebe uma quantia dinheiro em 
empréstimo e entrega um bem móvel como garantia deste empréstimo). 
5) Contratos 
 Comodato. Regra  imóveis;  Mútuo. Regra  móveis;  Locação  
imóveis ou móveis. 
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IMÓVEIS MÓVEIS 
Solo e tudo quanto se lhe incorporar 
natural ou artificialmente (art. 79, CC). 
Suscetíveis de movimento próprio, ou 
de remoção por força alheia, sem 
alteração da substância ou da destinação 
econômico-social (art. 82, CC). 
 Direitos reais sobre imóveis e as 
ações que os asseguram. 
 Direito à sucessão aberta (direito 
hereditário). 
 Edificações que, separadas do solo, 
mas conservando a sua unidade, 
forem removidas para outro local. 
 Materiais provisoriamente separados 
de um prédio para nele se 
reempregarem. 
 Energias que tenham valor econômico. 
 Direitos reais sobre objetos móveis e as 
ações correspondentes. 
 Direitos pessoais de caráter patrimonial 
e respectivas ações. 
 Materiais destinados a construção, 
enquanto não forme empregados. 
 Materiais de demolição de um prédio. 
Adquiridos por escritura pública e 
registro e dependem de outorga. 
Adquiridos por tradição, sem 
necessidade de outorga conjugal. 
Objeto de Hipoteca. Usucapião de 
02, 05, 10 e 15 anos. 
Objeto de Penhor. Usucapião de 03 e 
05 anos. 
I.2 – BENS QUANTO À FUNGIBILIDADE (art. 85, CC) 
A) INFUNGÍVEIS 
São os bens que possuem alguma característica especial, que os tornam 
distintos dos demais, não podendo ser substituídos por outros, mesmo que da 
mesma espécie, qualidade e quantidade. São bens considerados em sua específica 
individualidade, pois, de alguma forma, estão devidamente personalizados. Ex.: 
imóveis de uma forma geral, veículos, um quadro famoso, manuscritos e 
partituras originais, etc. 
B) FUNGÍVEIS 
São os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma 
espécie, qualidade e quantidade. São as coisas que se contam, se medem ou se 
pesam e não se consideram objetivamente como individualidades. Ex.: uma saca 
de arroz, uma resma de papel, gêneros alimentícios de uma forma geral, etc. 
Lembrando que o dinheiro é o bem fungível por excelência. Trata-se do mais 
constante objeto nas obrigações de dar. 
Atenção 
- Os bens imóveis são infungíveis. 
- Os bens móveis podem ser fungíveis ou infungíveis. 
Explicando. Os bens imóveis são personalizados (há uma escritura, possuem 
um registro, um número, etc.), daí serem eles infungíveis, pois estão 
individualizados. Excepcionalmente é possível que sejam tratados como fungíveis. 
Ex.: devedor se obriga a fazer o pagamento por meio de três lotes de terreno, 
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sem que haja a precisa individualização deles; o imóvel nesse caso não integra o 
negócio pela sua essência, mas pelo seu valor econômico. 
Já os bens móveis, em regra, são fungíveis, mas em alguns casos podem 
ser considerados infungíveis. Ex.: um selo de carta é um bem fungível. Mas um 
“selo raro” é infungível, pois se destina a colecionadores. Outros: uma moeda rara, 
o cavalo de corrida Furacão, um quadro pintado por Renoir, etc. Os veículos 
automotores são bens infungíveis, pois possuem número de chassis, número de 
motor, etc., personalizando e diferenciando dos demais. 
A fungibilidade pode ser da própria natureza do bem ou da vontade 
manifestada pelas partes. Portanto, um bem fungível pode se tornar infungível por 
ato de vontade. Ex.: uma cesta de frutas é um bem fungível, mas pode se tornar 
infungível se ela for emprestada apenas para ornamento de uma festa (chamamos 
esta hipótese de: comodatum ad pompam vel ostentationem) para ser devolvida 
posteriormente, intacta. Outro: como regra um livro pode ser um bem fungível. 
Mas se nele contiver uma dedicatória ou estiver autografado pelo autor, este fato 
faz com que ele se torne único. 
Uma obrigação de fazer também pode ser infungível ou fungível. Ex.: 
contrato o famoso pintor “Z”, para pintar um quadro; percebam que a atuação de 
“Z”, neste caso, é personalíssima, pois ele foi contratado tendo-se em vista suas 
habilidades especiais. Portanto trata-se de uma obrigação infungível. Já a pintura 
de um muro que foi pichado, ou a troca da resistência de um chuveiro elétrico são 
exemplos de obrigaçõesfungíveis, pois não requer uma habilidade excepcional 
para o seu cumprimento, podendo ser realizada por qualquer pessoa. 
 Consequências práticas da fungibilidade 
 A diferença básica entre a locação, o comodato e o mútuo (que são 
espécies de contratos de empréstimo) está na sua fungibilidade. Enquanto o 
mútuo é um contrato que se refere ao empréstimo apenas de coisas fungíveis, 
ou seja, o devedor pode devolver outra coisa, desde que seja igual, o comodato 
é um contrato de empréstimo (gratuito) de coisas infungíveis. E a locação 
também é um empréstimo de bens infungíveis, só que oneroso. Nestes dois 
últimos contratos a pessoa deve devolver o mesmo bem. 
 Outra consequência: o credor de coisa infungível não pode ser obrigado a 
receber outra coisa, ainda que esta seja mais valiosa (art. 313, CC). Isto é, o 
credor tem o direito de receber a coisa exata que foi pactuada. 
 Outro efeito: a compensação legal (isto é, “A” deve para “B”, mas “B” 
também deve para “A”) efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas 
fungíveis entre si. Ou seja, dinheiro se compensa com dinheiro; café se 
compensa com café; feijão se compensa com feijão, etc. 
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I.3 – BENS QUANTO À CONSUNTIBILIDADE (art. 86, CC) 
A) CONSUMÍVEIS 
São bens móveis, cujo uso normal importa na destruição imediata da 
própria coisa. Admitem um uso apenas. Ex.: gêneros alimentícios, bebidas, 
lenha, cigarro, giz, dinheiro, gasolina, etc. 
Observação. Há bens que são consumíveis, conforme a destinação que o 
homem lhes dá. Ex.: os livros, em princípio, são bens inconsumíveis, pois 
permitem usos reiterados. Mas expostos numa livraria são considerados como 
consumíveis, pois a destinação é a venda (e o vendedor não pode vender a mesma 
coisa para duas pessoas). Observem que o art. 86, CC possui a seguinte redação: 
são consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria 
substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação 
(consumíveis de direito). 
B) INCONSUMÍVEIS 
São os que proporcionam reiterados usos, permitindo que se retire toda 
a sua utilidade, sem atingir sua integridade. Ex.: roupas de uma forma geral, 
automóvel, casa, etc., ainda que haja possibilidade de sua destruição em 
decorrência do tempo. 
Quando alguém empresta algo (ex.: frutas) para uma exibição, devendo 
restituir o objeto, o bem permanece inconsumível até a sua devolução (a doutrina 
chama isso de ad pompam vel ostentationem). A consuntibilidade não decorre 
propriamente da natureza do bem, mas sim da sua destinação econômico-
jurídica. Assim, o usufruto somente pode recair sobre bens inconsumíveis. Se for 
instituído sobre bens fungíveis, é chamado pela doutrina de quase-usufruto ou 
usufruto impróprio. 
 Não confundir fungibilidade com consuntibilidade. Em geral um bem 
fungível é também consumível (ex.: gêneros alimentícios). No entanto um bem 
pode ser consumível e ao mesmo tempo infungível (ex.: partitura de um 
compositor famoso colocada à venda; uma garrafa de um vinho famoso e raro). 
Por outro lado, um bem pode ser também inconsumível e fungível (ex.: uma 
ferramenta ou um talher). 
I.4 – BENS QUANTO À SUA DIVISIBILIDADE (arts. 87/88, CC) 
A) DIVISÍVEIS 
São os bens que podem se fracionar em porções reais e distintas, formando 
cada qual um todo perfeito: a) sem alteração em sua substância; b) sem 
diminuição considerável de valor; c) sem prejuízo do uso a que se destinam. Ex.: 
uma folha de papel, uma quantidade de arroz, milho, etc. Se repartirmos uma 
saca de arroz, cada metade conservará as mesmas qualidades do produto. Quanto 
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à expressão “diminuição considerável de valor” é interessante notar o seguinte 
exemplo: 05 pessoas herdaram um diamante de 50 quilates. Esta pedra preciosa 
pode ser dividida em 05 partes iguais (05 diamantes de 10 quilates cada). No 
entanto esta divisão fará com que haja uma diminuição considerável no valor do 
bem, ou seja, o brilhante inteiro terá muito mais valor do que os cinco pedaços 
reunidos. Por isso esse bem é considerado indivisível (ao menos em tese). 
B) INDIVISÍVEIS 
São os bens que não podem ser fracionados em porções, pois deixariam de 
formar um todo perfeito. Ex.: uma joia, um anel, um relógio, um par de sapatos, 
etc. No entanto a indivisibilidade pode ser subclassificada em: 
 por natureza  se o bem for dividido perde a característica do todo. Ex.: um 
cavalo, um relógio, um quadro, etc. 
 por determinação legal  alguns bens podem ser divididos fisicamente. No 
entanto a lei que os torna indivisíveis. O exemplo clássico é o da herança. 
Antes da partilha ela é indivisível por determinação legal. O art. 1.791, CC 
determina que a herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários 
sejam os herdeiros. E continua o parágrafo único: até a partilha, o direito dos 
coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e 
regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. Outros exemplos: o módulo 
rural (art. 65 do Estatuto da Terra), os lotes urbanos, a hipoteca, etc. 
 por vontade das partes (convencional)  um bem fisicamente é divisível, 
mas pode se tornar indivisível por força de um contrato. Ex.: entregar 100 
sacas de café. Em tese é uma obrigação divisível (eu poderia entregar 50 sacas 
hoje e 50 na semana que vem). Mas pode ser pactuado no contrato a 
indivisibilidade da prestação: ou seja, todas as 100 sacas devem ser entregues 
hoje. 
I.5 – BENS QUANTO À INDIVIDUALIDADE (arts. 89/91, CC) 
A) BENS SINGULARES 
São singulares (ou individuais) os bens que, embora possam estar 
reunidos, são considerados de modo individual, independentemente dos demais. 
Ex.: um cavalo, uma casa, um carro, uma joia, um livro, etc. Os bens singulares 
podem ser classificados em: a) singulares simples formam um todo 
homogêneo, cujas partes componentes estão unidas em virtude da própria 
natureza ou da ação humana, sem que seja necessária qualquer regulamentação 
(pedra, cavalo, árvore, folha de papel, etc.); b) singulares compostos são os 
que as partes heterogêneas estão ligadas artificialmente pelo engenho humano; 
na realidade são vários objetos independentes que se unem em um só todo, sem 
que desapareça a condição jurídica de cada uma das partes. Ex.: materiais de 
construção. Uma porta ou uma janela, embora estejam ligados à edificação de 
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uma casa, continuarão assim a ser chamados. Quando vendemos a casa é obvio 
que está subentendido que a porta e a janela acompanharão a venda. Outros 
exemplos: navio ou avião, carro, relógio, computador, etc. 
B) BENS COLETIVOS OU UNIVERSAIS 
Universalidade é a pluralidade de bens singulares autônomos que, 
embora ainda conservem sua identidade, são consideradas em seu conjunto, 
formando um todo único (universitas rerum), passando a ter individualidade 
própria, distinta da dos seus objetos componentes. Trata-se de um gênero e que 
tem como espécies: 
a) Universalidade de Fato (art. 90, CC)  é a pluralidade de bens 
singulares, corpóreos e homogêneos, ligados entre si pela vontade humana, 
para um determinado fim. Devem pertencer à mesma pessoa e ter destinação 
unitária (fim específico). Ex.: biblioteca (livros), pinacoteca (quadros), rebanho 
(bovino, ovino, suíno,caprino, etc.), hemeroteca (jornais e revistas), alcateia 
(lobos), cáfila (camelos), panapaná (borboletas), cambada (porção de objetos 
enfiados; por extensão passou a significar o coletivo de caranguejos), etc. 
Observação. Os bens reunidos para a formação da universalidade de fato não 
perdem a sua autonomia e podem ser objeto de relações jurídicas próprias. 
Ou seja, cada bem pode ser objeto de relação jurídica individualizada ou, a critério 
do proprietário, ser negociado coletivamente. Ex.: pode-se vender uma vaca do 
rebanho ou o rebanho inteiro; em uma exposição de arte pode-se vender apenas 
um quadro da galeria. 
b) Universalidade de Direito (art. 91, CC)  é a pluralidade de bens 
singulares, corpóreos (ou incorpóreos) e heterogêneos, a que a norma jurídica 
dá unidade, com o intuito de produzir certos efeitos; é o complexo de relações 
jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Ex.: patrimônio, que é o 
conjunto de relações ativas e passivas (bens, direitos, obrigações) de uma pessoa 
(natural ou jurídica), incluindo a posse, os direitos reais, as obrigações e as ações 
correspondentes. Outros exemplos: herança (ou espólio) que é uma 
universalidade de bens que passa do falecido aos seus sucessores no exato 
momento de sua morte, massa falida, etc. 
 Observações 
01) Na universalidade de fato a destinação é dada pela vontade humana; na 
universalidade de direito a destinação é dada pela norma jurídica. 
02) Nas coisas coletivas, se houver o desaparecimento de todos os indivíduos, 
menos um, ter-se-á a extinção da coletividade, mas não o direito sobre o que 
sobrou. 
 
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 Atenção  ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
O art. 1.142, CC conceitua estabelecimento como sendo “todo complexo 
de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade 
empresária”. A doutrina amplia e melhora o conceito afirmando ser um conjunto 
de bens corpóreos e/ou incorpóreos organizado de forma racional para exercício 
da empresa, entendida esta como atividade economicamente organizada para a 
produção de bens e serviços, visando torná-la mais eficiente para a obtenção de 
lucros. Alguns autores também o chamam de fundo de comércio, azienda, negócio 
empresarial, fundo de empresa, etc. Possui valor patrimonial e pode ser realizado 
em dinheiro. Seus elementos podem ser vendidos em conjunto ou isoladamente. 
Possui as seguintes características: conjunto de bens; ligados por força da 
vontade humana; pertencentes à mesma pessoa; destinação unitária, que é o 
exercício da empresa (atividade empresarial). 
A doutrina majoritária entende que: 
A) Para fins de alienação, o estabelecimento é considerado um bem 
móvel. Isso já caiu em algumas provas (principalmente na FGV)!! Pode ser 
transferido por escritura pública ou particular, não se exigindo outorga conjugal 
(art. 978, CC). O estabelecimento não é sujeito de direitos e não tem 
personalidade jurídica. 
 B) O estabelecimento empresarial é exemplo de universalidade de fato 
(e não de direito), na medida em que o complexo constituído pelos bens que o 
compõem permite tratá-lo de forma unitária (pode ser alienado como um todo), 
o que o distingue dos bens individuais que o integram. Além disso, sua unidade 
não decorre da lei (como ocorre na massa falida e na herança), mas da vontade 
do empresário para uma finalidade específica, que também teria liberdade para 
reduzir ou aumentar o estabelecimento, alterar o seu destino, etc., não se 
confundindo com o patrimônio pessoal do empresário. Recentemente a Fundação 
Carlos Chagas, em um concurso para o ISS/SP elaborou uma questão assim: “O 
estabelecimento é definido como o complexo de bens organizado, para exercício 
da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. A partir dessa 
definição, extrai-se que a natureza jurídica do estabelecimento é a de: (resposta 
dada como correta): (A) universalidade de fato, entendida como conjunto de 
bens pertencentes à mesma pessoa, com destinação unitária”. No entanto a 
professora Maria Helena Diniz, muito consultada para elaboração de questões 
concursos, entende que se trata de uma universalidade de direito, em face do art. 
1.143, CC: “Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios 
jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com sua natureza” 
(Curso de Direito Civil Brasileiro, Vol. 1, pág. 387, Ed. Saraiva, 35ª edição, 2015). 
 
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II. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS 
 
Esta forma de classificação é feita a partir de uma comparação entre os 
bens (arts. 92/97, CC). O que um bem é em relação a outro bem. Segundo esta 
classificação os bens podem ser principais ou acessórios. 
A) PRINCIPAIS 
São os que existem por si, abstrata ou concretamente, independentemente 
de outros; exercem função e finalidades autônomas. Ex.: o solo, um crédito, uma 
joia, etc. 
B) ACESSÓRIOS 
São aqueles cuja existência pressupõe a existência de outro bem; sua 
existência e finalidade dependem de um bem principal. Ex.: um fruto em relação 
à árvore, uma árvore em relação ao solo, um prédio em relação ao solo, os juros, 
etc. 
Regra  o bem acessório segue o principal (salvo disposição 
especial em contrário): acessorium sequitur suum principale. 
 Observações 
01) Esta regra estava prevista no art. 59 do Código anterior e não foi 
reproduzida no atual. Trata-se de um princípio geral do Direito Civil, 
reconhecido de forma unânime pela doutrina, tendo aplicação direta em nosso 
ordenamento, retirada de forma presumida da análise de vários dispositivos da 
atual codificação (ex.: art. 92, CC). A regra é conhecida como princípio da 
gravitação jurídica (um bem atrai o outro para sua órbita, comunicando-lhe seu 
próprio regime jurídico: o principal atrai o acessório; o acessório segue o 
principal). Por essa razão, quem for o proprietário do principal, em regra, será 
também o do acessório. Outro efeito: a natureza do principal será também a do 
acessório. Ex.: se o solo é imóvel, a árvore nele plantada também o será. 
02) Esta regra também se aplica aos contratos. Ex.: a fiança somente existe 
como forma de garantia se houver outro contrato principal, como a locação. Desta 
forma, se o contrato principal (locação) for considerado nulo, nula também será 
considerado acessório (fiança); já o inverso não é verdadeiro, ou seja, se a fiança 
for considerada nula, o contrato principal pode continuar a produzir efeitos. Outro 
exemplo: multa contratual em relação ao contrato em si. 
 
 
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São bens acessórios: 
1) Frutos  são as utilidades que a coisa principal produz periodicamente; 
nascem e renascem da coisa e sua percepção mantém intacta a substância do 
bem que as gera. Os frutos podem ser classificados em: 
a) Naturais: são os que se renovam periodicamente pela própria força 
orgânica da coisa (ex.: frutas, crias de animais, ovos, etc.). 
b) Industriais: são os que surgem em razão da atividade humana (ex.: 
produção de uma fábrica). 
c) Civis: são os rendimentos produzidos pela coisa, em virtude sua utilização 
por outrem que não o proprietário; é a cessão remunerada da coisa (ex.: 
juros de caderneta de poupança, aluguéis, dividendos ou bonificações de 
ações, etc.).Os frutos ainda podem ser classificados, quanto ao seu estado em: 
pendentes (ainda estão ligados fisicamente à coisa que os produziu, mas podem 
ser destacados, sem nenhum risco para a inteireza da coisa); percebidos ou 
colhidos (são os já separados ou destacados da coisa principal da qual se origina); 
estantes (colhidos e armazenados em depósitos; acondicionados para a venda); 
percipiendos (já deveriam ter sido colhidos ao tempo da safra, mas ainda não o 
foram) e consumidos (já colhidos e que não existem mais: utilizados ou 
alienados). 
2) Produtos  são as utilidades que se retiram da coisa, alterando a sua 
substância, com a diminuição da quantidade até o seu esgotamento. E isto é assim 
porque eles não se reproduzem. Ex.: pedras de uma pedreira, minerais de uma 
jazida, carvão mineral, lençol petrolífero, etc. 
Atenção  Os frutos e os produtos, ainda que não separados do bem principal, 
já podem ser objeto de negócio jurídico (art. 95, CC). Ex.: posso vender uma 
possível safra de laranjas que ainda estão ligadas ao principal, por ser prematura 
a sua colheita no momento do contrato. 
 Frutos X Produtos 
Os frutos se renovam quando são utilizados ou separados da coisa, não 
alterando a substância da coisa principal. Ex.: colhendo as frutas de um pomar, 
as árvores não diminuem e continuam produzindo nas próximas safras. Já os 
produtos se exaurem com o uso, sendo que a extração do produto determina 
a progressiva diminuição da coisa principal. Ex.: a extração do minério de ferro 
de uma mina faz com que a mesma vá diminuindo a produção, até o seu 
esgotamento. 
3) Rendimentos  na verdade eles são os próprios frutos civis ou prestações 
periódicas em dinheiro, decorrentes da concessão do uso e gozo de um bem (ex.: 
aluguel). 
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4) Produtos orgânicos da superfície da terra (ex.: vegetais, animais, etc.). 
5) Obras de aderência  obras que são realizadas acima ou abaixo da 
superfície da terra (ex.: uma casa, um prédio de apartamentos, o metrô, pontes, 
túneis, viadutos, etc.). 
6) Pertenças  segundo o art. 93, CC, são os bens que, não constituindo 
partes integrantes (como os frutos, produtos e benfeitorias), se destinam, de 
modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Exemplos 
que costumam cair nas provas: moldura de um quadro que ornamenta uma casa 
de eventos, máquinas agrícolas (trator), animais ou materiais destinados a melhor 
explorar o cultivo de uma propriedade agrícola, máquinas e instalações de uma 
fábrica, geradores de energia, escadas de emergência e outros equipamentos 
contra incêndio, aparelho de ar-condicionado em um escritório, órgão de uma 
igreja, etc. 
ATENÇÃO!! Esse tema é muito exigido em concursos, dada a sua 
peculiaridade. Vamos então aprofundá-lo. 
PERTENÇA vem do latim pertinere (pertencer, fazer parte de). Apesar de 
ser considerada como bem acessório (pois depende economicamente de outro 
bem), conserva sua individualidade e autonomia, tendo com o principal apenas 
uma subordinação econômico-jurídica. Para a caracterização da pertença é 
necessário o vínculo intencional duradouro (estável), estabelecido por quem 
faz uso da coisa e colocado a serviço da utilidade do principal. Segundo a regra do 
art. 94, CC os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não 
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei ou da vontade das 
partes. Assim, em relação às pertenças, nem sempre pode se usar o adágio de 
que “o acessório segue o principal”. Por isso, quando se tratar de negócio que 
envolva transferência de propriedade que contenha uma pertença é conveniente 
que as partes se manifestem expressamente sobre os acessórios (se eles 
acompanham ou não o bem principal), evitando situações dúbias posteriores. Ex.: 
quando se vende um carro deve o vendedor mencionar se o equipamento de som 
está incluso ou não no negócio; quando se vende uma casa, os bens móveis não 
acompanham, salvo disposição em contrário. Só são pertenças os bens que não 
forem partes integrantes, isto é, aqueles que, se forem retirados do principal não 
afetam a sua estrutura. Ex.: uma casa é composta por diversas partes integrantes. 
Uma porta ou uma janela são fundamentais para a existência desta casa, portanto 
são consideradas como partes integrantes. Já o ar-condicionado ou um quadro 
desta casa podem ser considerados como pertenças (eles pertencem a casa, mas 
não são partes integrantes). Quando se vende uma casa, as portas e as janelas 
(partes integrantes) acompanham a venda. Já o ar-condicionado e o quadro 
(pertenças) podem ser vendidos juntos ou podem ser retirados da casa pelo 
vendedor, não fazendo parte do negócio. Tudo vai depender do que for 
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estabelecido no contrato. Da mesma forma os instrumentos agrícolas e os animais 
em relação a uma fazenda. 
7) Acessões (de forma implícita)  aumento do valor ou do volume da 
propriedade devido a forças externas (fatos fortuitos, como formação de ilhas, 
aluvião, avulsão, abandono de álveo, além das construções e plantações). Em 
regra não são indenizáveis. 
ATENÇÃO O tema a seguir também é muito exigido em concursos! 
8) BENFEITORIAS  são obras ou despesas que se fazem em um bem móvel 
ou imóvel, para conservá-lo, melhorá-lo ou embelezá-lo. As benfeitorias são bens 
acessórios introduzidos no principal pelo homem. Se for realizado pela natureza 
não é considerado como benfeitoria. O art. 97, CC prevê que não se consideram 
benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindo ao bem sem a 
intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. Dividem-se as benfeitorias 
em (art. 96, CC): 
a) Necessárias: são as que têm por finalidade conservar ou evitar que o 
bem se deteriore (art. 96, §3°, CC); se não forem feitas a coisa pode perecer. Ex.: 
reforços em alicerces, reforma de telhados, substituição de vigamento podre, 
desinfecção de pomar, etc. 
b) Úteis: são as que aumentam ou facilitam o uso da coisa (art. 96, §2°, 
CC); não são indispensáveis, mas se forem feitas darão um maior aproveitamento 
à coisa. Ex.: construção de uma garagem, de um lavabo dentro da casa, instalação 
de aparelho hidráulico moderno, etc. 
c) Voluptuárias: são as de mero embelezamento, recreio ou deleite, que 
não aumentam o uso habitual do bem, mas o torna mais agradável, aumentando 
o seu valor comercial (art. 96, §1°, CC). Ex.: construção de uma piscina, uma 
churrasqueira, uma pintura artística, um jardim com flores exóticas, etc. 
Atenção A classificação acima não é absoluta, pois uma mesma benfeitoria 
pode enquadrar-se em uma ou outra espécie, dependendo de uma circunstância 
concreta. Ex.: uma pintura pode ser necessária em uma casa de praia para evitar 
uma infiltração ou voluptuária se for apenas para embelezá-la. 
 Relevância jurídica da distinção das benfeitorias 
Se o possuidor estiver de boa-fé (isto é, desconhecia eventuais vícios que 
esta posse tinha) ele tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis. 
Caso elas não sejam indenizadas, o possuidor tem o direito de retenção pelo 
valor das mesmas. Isto é, ele pode reter o bem até que seja indenizado pelas 
benfeitorias feitas. Já as benfeitorias voluptuárias não serão indenizadas, mas elas 
poderão ser levantadas (isto é, retiradas do bem – a doutrina chama isso de jus 
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tollendi), desde que não haja danificação da coisa. Tais direitos estão previstos no 
art. 1.219, CC. 
Por outro lado, se o possuidor estiver de má-fé (ele sabia que aquele bem 
não era seu; conhecia os defeitos de sua posse) serão ressarcidas somente as 
benfeitorias necessárias. Este possuidor não será indenizado pelas benfeitorias 
úteis e nem pelas voluptuárias. Além disso, não poderá levantar nenhuma das 
benfeitorias realizadas e também não terá direito de retenção sobre nenhuma 
delas. Nem mesmo sobre as necessárias. Isto está previsto no art. 1.220, CC. É o 
preço que se paga por estar de má-fé. Vejam o quadrinho abaixo que retrata bem 
o que foi dito agora sobre as indenizações das benfeitorias. 
Benfeitorias Posse de Boa-fé Posse de Má-fé 
Necessárias Indeniza Indeniza 
Úteis Indeniza Não indeniza 
Voluptuárias Não indeniza, mas podem ser 
levantadas 
Não indeniza 
É interessante acrescentar que a Lei do Inquilinato (Lei n° 8.245/91), 
dispõe de forma um pouco diferente, pois permite disposições contratuais em 
contrário. Vejamos: 
Art. 35. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as 
benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não 
autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão 
indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. 
Art. 36. As benfeitorias voluptuárias não serão indenizáveis, podendo 
ser levantadas pelo locatário, finda a locação, desde que sua retirada não 
afete a estrutura e a substância do imóvel. 
 Acessão artificial X Benfeitoria 
 Acessão artificial: obra que cria uma coisa nova, como as construções e 
plantações (ex.: edificação de uma casa em um terreno). 
 Benfeitoria: obra ou despesa realizada em bem já existente, sem 
modificar a sua substância. É apenas uma reforma levada a efeito pelo 
homem (artificial) na coisa e que não aumenta o volume. 
 Benfeitoria X Pertença 
 Benfeitorias: obras realizadas diretamente no bem para conservá-lo 
(necessária), melhorá-lo (útil) ou embelezá-lo (voluptuária). Assim que 
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realizadas, estas obras se tornam parte do próprio bem; elas se incorporam 
ao principal. Por isso, como regra, elas não possuem autonomia e existência 
própria. Quando se vende uma casa e o contrato nada fala, a piscina e a 
garagem (benfeitorias) acompanham o negócio. 
 Pertenças: bens que se destinam de modo duradouro ao uso, ao serviço 
ou ao aformoseamento de outro bem, sem perder a sua autonomia. O bem 
está a serviço da finalidade econômica de outro bem, não havendo 
incorporação. Quando se vende uma fazenda e o contrato nada fala, o trator 
(pertença) não acompanha o negócio. 
Atenção Alguns bens deixam de ser acessórios e passam a ser principais. 
Estas exceções se justificam para valorizar um trabalho artístico, daí a inversão. 
Ex.: a pintura em relação à tela, a escultura em relação à matéria-prima, a 
escritura ou qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, etc. 
 
III. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO AO TITULAR DO DOMÍNIO 
 
Na realidade esta classificação é feita não sob o ponto de vista dos 
proprietários, mas sim pelo modo como se exerce o domínio sobre os bens. 
Neste sentido eles podem ser divididos em particulares, públicos ou coisas de 
ninguém. Vejamos: 
A) BENS PARTICULARES (ou privados) 
São os que pertencem às pessoas naturais ou jurídicas de direito 
privado. Não vemos necessidade de aprofundar o tema. 
B) RES NULLIUS 
São as chamadas “coisas de ninguém”. Existem no universo, mas não são 
públicas nem particulares, pois não têm dono. Ex.: animais selvagens em 
liberdade, pérolas de ostras que estão no fundo do mar, peixes no mar, conchas 
na praia, etc. As coisas abandonadas (também chamadas de res derelictae) são 
espécies do gênero ‘coisas de ninguém’; elas já pertenceram a alguém, mas foram 
abandonadas. 
C) BENS PÚBLICOS (res publicae) 
Estabelece o art. 98, CC que são públicos os bens do domínio nacional 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (União, 
Estados, Distrito Federal, Territórios, Municípios, Autarquias e Fundações de 
Direito Público). Os demais bens são particulares, seja qual for a pessoa a que 
pertencerem. No entanto é interessante ressaltar o Enunciado 287 da IV Jornada 
de Direito Civil do CJF: “O critério da classificação de bens indicado no art. 98, CC 
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não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser classificado como 
tal o bem pertencente à pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à 
prestação de serviços públicos”. 
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS 
Quanto à titularidade (natureza da pessoa titular) os bens públicos 
podem ser federais, estaduais, distritais ou municipais, conforme pertençam, 
respectivamente, à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou aos Municípios, ou 
as suas autarquias ou fundações de direito público. 
Quanto à disponibilidade eles se classificam em: a) indisponíveis por 
natureza: são os que sequer possuem natureza patrimonial, e, por tal motivo, não 
podem ser alienados ou onerados pelas entidades a que pertencem (ex.: mares, 
rios, etc.); b) patrimoniais indisponíveis: apesar de terem natureza patrimonial 
não podem ser alienados, pois são utilizados pelo Estado para uma finalidade 
pública (ex.: escolas, hospitais, etc.); c) patrimoniais disponíveis: são os que 
possuem natureza patrimonial e como não estão afetados a determinada 
finalidade pública, podem ser alienados (ex.: bens dominicais, que veremos mais 
adiante). 
 Para o Direito Civil, a classificação mais importante é quanto à sua 
destinação. Vejamos: 
1. USO COMUM (OU GERAL) DO POVO (art. 99, I, CC): são os destinados 
à utilização do público em geral; podem ser usados sem restrições e em igualdade 
de condições por todos (sem discriminação de usuários) e sem necessidade de 
ordem ou permissão especial para sua fruição. Também são chamados de bens de 
domínio público. O Código Civil fornece uma enumeração exemplificativa: praças, 
jardins, ruas, estradas, mares, rios navegáveis, praias, etc. Não perdem a 
característica de uso comum se o Estado regulamentar seu uso por questões de 
segurança (ex.: fechamento de uma praça à noite), higiene, saúde, etc. ou exigir 
uma contraprestação (ex.: pedágio nas rodovias). Neste sentido, prevê o art. 
103, CC: “O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, 
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração 
pertencerem”. É franqueado o uso e não a propriedade (que pertence à entidade 
de Direito Público), estando presente o poder de polícia do Estado (o povo é o 
usuário do bem). 
2. USO ESPECIAL (art. 99, II, CC): são bens destinados ao funcionamento 
e aprimoramento dos serviços realizados pelo Estado; em regra são os edifícios 
ou terrenos utilizados pelo próprio poder público para a execução de serviço 
público (federal, estadual, territorial ou municipal). Ex.: Prefeituras, Secretarias, 
Ministérios, prédios onde funcionam Tribunais, Assembleias Legislativas, Quartéis, 
Escolas Públicas, Hospitais Públicos, Bibliotecas, Museus, etc. Podem também ser 
móveis, como os veículos oficiais. Incluem-se, também, os bens das autarquias. 
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O Direito Administrativo se refere a todos estes bens públicos como sendo 
afetados. 
Afetação quer dizer que há a imposição de um encargo, um ônus a um bem 
público. Isto é, indica ou determina que um bem está sendo utilizado para uma 
determinada finalidade pública. Assim, uma praça (uso comum do povo) que 
estiver sendo usada pela população como tal, é um bem afetado; da mesma forma 
um prédio em que funcione uma repartição pública (uso especial). De forma 
contrária, um bem que não esteja sendo utilizado para qualquer finalidade pública 
é considerado desafetado. 
3. DOMINICAIS ou dominiais – do latim: dominus  relativo ao domínio, 
senhorio (art. 99, III): são os bens que constituem o patrimônio disponível da 
pessoa jurídica de direito público. Abrange os bens imóveis e também os móveis. 
Na verdade, são os demais bens públicos, por exclusão (ou residual), pois eles 
não são de uso comum do povo e nem têm uma destinação pública especial 
definida; não possuem afetação. São eles (apenas exemplificativamente): 
 Mar territorial: compreende a faixa de 12 milhas marítimas de largura, de 
propriedade da União. Além disso, há a zona econômica exclusiva (de 12 a 200 
milhas), onde o Brasil tem direitos de soberania exclusivos, para fins de exploração 
econômica, preservação ambiental e investigação científica. 
 Terrenos de marinha (e acrescidos): terrenos banhados por mar, lagoas e rios 
(públicos) onde se faça sentir a influência das marés. Estão compreendidos na 
faixa de 33 metros para dentro da terra medidos à linha de preamar média 
(mediação realizada em 1831 e até hoje válida). Pertencem à União, por questão 
de segurança nacional (art. 20, VII, CF/88). 
 Observação: Decreto-lei n° 9.760/46. Art. 2° São terrenos de marinha, em 
uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte 
da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: a) os situados no continente, 
na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência 
das marés; b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a 
influência das marés. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo a influência das 
marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 (cinco) centímetros pelo menos, do 
nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. Art. 3° São terrenos 
acrescidos de marinha os que se tiverem formado, natural ou artificialmente, para o 
lado do mar ou dos rios e lagoas, em seguimento aos terrenos de marinha. Art. 4° 
São terrenos marginais os que banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance 
das marés, vão até a distância de 15 (quinze) metros, medidos horizontalmente para 
a parte da terra, contados desde a linha média das enchentes ordinárias. 
 Terras devolutas: são terras que, embora não destinadas a um uso público 
específico, ainda se encontram sob o domínio público. São terras não 
aproveitadas. As terras devolutas se forem indispensáveis à segurança nacional 
(fronteiras, fortificações militares, preservação ambiental) são consideradas da 
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União (art. 20, II, CF/88). As demais pertencem aos Estados-membros (art. 26, 
IV, CF/88), sendo que podem ser transferidas aos Municípios. 
 Herança: bens que o Município recebeu em razão de herança vacante (pessoa 
morreu sem deixar herdeiros) e que permanecem sem destinação. 
 Outros bens considerados (pela doutrina) como dominicais: prédios 
públicos desativados, móveis inservíveis, estradas de ferro (se forem públicas, 
pois algumas são privadas); títulos da dívida pública; quedas d’água, jazidas e 
minérios; sítios arqueológicos, etc. Quanto às ilhas, há uma divisão: em regra as 
marítimas pertencem à União. Já as fluviais e lacustres pertencem aos Estados-
membros, exceto se localizadas na fronteira com outro País ou em rios que 
banham mais de um Estado. Quanto às terras indígenas (arts. 231, §1° e 20, 
XI, CF/88), há quem diga que são bens de uso especial (corrente majoritária, pois 
há uma afetação) e outros que são dominicais. 
 Questão interessante Meio Ambiente. Para alguns autores o art. 225, 
CF/88 criou uma nova espécie de bem, que foge da tradicional classificação 
público/particular: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo 
para as presentes e futuras gerações”. 
O bem ambiental, assim, seria um bem de uso comum do povo, essencial 
à sadia qualidade de vida. No entanto tal bem não é classificado como público, 
propriamente dito e muito menos como particular, posto que não se refere a uma 
pessoa (física ou jurídica, de direito público ou privado), mas sim a toda uma 
coletividade de pessoas. Portanto é chamado de bem coletivo. Este direito 
ganhou definição legal infraconstitucional com o advento da Lei n° 8.078/90 
(Código de Defesa do Consumidor), que estabeleceu em seu art. 81, parágrafo 
único, inciso I que são interesses difusos os direitos transindividuais (isto é, 
que transcendem, ultrapassam a figura do indivíduo), de natureza indivisível, 
pertencendo a toda uma coletividade simultaneamente (pessoas indeterminadas) 
e não a esta ou aquela pessoa ou um grupo específico de pessoas. 
Características dos Bens Públicos 
 Inalienabilidade  os bens públicos não podem ser vendidos, doados ou 
trocados, desde que destinados ao uso comum do povo e uso especial, ou seja, 
enquanto tiverem afetação pública (art. 100, CC: Os bens públicos de uso 
comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a 
sua qualificação, na forma que a lei determinar). Já os bens públicos dominicais 
podem ser alienados, observadas as exigências legais previstas para a alienação 
de bens da administração (art. 101, CC). Conclusão: a inalienabilidade dos bens 
públicos não é absoluta. 
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 Impenhorabilidade  penhora é um instituto de Direito Processual Civil; 
trata-se de um ato judicial pelo qual se apreendem os bens de um devedor para 
saldar uma dívida que não foi paga. Geralmente o bem penhorado é vendido 
judicialmente e com o produto da venda paga-se o credor, satisfazendo seu 
crédito. No entanto isso não é possível em relação aos bens públicos, posto que 
estes não se sujeitam ao regime da penhora. Isso porque a Constituição Federal 
estabeleceu regra diferenciada para a satisfação dos créditos de terceiros, 
chamada de “precatórios” (art. 100, CF/88). Impede-se, assim, que um bem 
público passe do devedor ao credor, ou seja, vendido, mesmo que por força de 
uma execução judicial. A doutrina costuma citar apenas uma exceção prevista na 
Constituição Federal (art. 100, §6°), uma vez que nesta hipótese admite-se o 
sequestro (ou seja, a apreensão) de dinheiro para assegurar o pagamento do 
precatório em caso de ser preterido o seu direito. 
 Imprescritibilidade  trata-se da impossibilidade total de aquisição da 
propriedade de qualquer bem público por usucapião (também chamada de 
prescrição aquisitiva). A Constituição Federal proíbe a aquisição da propriedade, 
por usucapião de bens públicos (confiram os arts. 183, §3° e 191, parágrafo único 
da CF/88). Nesse sentido, estabelece o art. 102, CC: “Os bens públicos não 
estão sujeitos a usucapião”. A Súmula 340 do Supremo Tribunal Federal 
assim dispõe: “Desde a vigênciado Código Civil, os bens dominicais, como os 
demais bens públicos, não podem ser adquiridos por usucapião”. Assim, ainda que 
uma pessoa tenha a posse de um imóvel por tempo muito além do que o 
necessário para a sua aquisição por usucapião, não nascerá para ele qualquer 
direito diante da expressa vedação constitucional. Interessante acrescentar que a 
Constituição somente faz menção aos bens imóveis, mas há unanimidade no 
sentido de que o dispositivo também se aplica também aos bens móveis. Até 
porque o art. 102, CC foi genérico, não fazendo qualquer distinção entre os bens. 
 Não-onerabilidade  onerar um bem significa deixá-lo em garantia, caso 
haja o descumprimento de uma obrigação (ex.: penhor e hipoteca). Os bens 
públicos não podem ser gravados com qualquer tipo de garantia em favor de 
terceiros. 
 Conversão  os bens públicos dominicais podem ser convertidos em bens 
de uso comum ou de uso especial. Por meio da afetação o bem passa da categoria 
de bem do domínio privado do Estado para a categoria de bem do domínio público. 
Já a desafetação permite que um bem de uso comum do povo ou de uso especial 
seja reclassificado como sendo um bem dominical; retira-se do bem a finalidade 
pública à qual ele se liga. Esta classificação afetação/desafetação tem vital 
importância para se possibilitar a alienação do bem. Isso porque os bens afetados, 
enquanto permanecerem nesta situação, não podem ser alienados. 
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IV. BENS CONSIDERADOS EM RELAÇÃO À NEGOCIAÇÃO 
 
O atual Código Civil não trata mais desta categoria de bens de forma 
explícita. No entanto ela continua existindo e a doutrina se refere a ela 
normalmente. Ela é relativa à possibilidade de comercialização dos bens. 
Lembrando que comércio (em sentido técnico) é possibilidade de compra e 
venda, doação, ou seja, é liberdade de circulação e transferência de bens. 
Vejamos: 
1. Bens que integram o comércio: são os negociáveis, disponíveis; 
podem ser adquiridos e alienados. Estão livres de quaisquer restrições que 
impossibilitem sua apropriação ou transferência, podendo passar, gratuita ou 
onerosamente de um patrimônio para outro. 
2. Bens que estão fora do comércio: são os que não podem ser 
transferidos de um acervo patrimonial a outro. Espécies: 
a) Insuscetíveis de apropriação (inalienáveis por natureza): são bens 
de uso inexaurível (ex.: ar, luz solar, água do alto-mar, etc.); como não são raros, 
não despertam interesse econômico. São também chamados de “coisas comuns a 
todos” (res communes omnium). No entanto, se atender a determinadas 
finalidades, pode ser objeto de comércio (captação do ar ou da água do mar para 
a extração de determinados elementos). 
b) Personalíssimos: são os preservados em respeito à dignidade humana 
(ex.: vida, honra, liberdade, nome, órgãos do corpo humano, cuja comercialização 
é expressamente proibida pela lei, etc.). 
c) Legalmente inalienáveis: apesar de suscetíveis de apropriação, têm 
sua comercialidade excluída pela lei para atender a interesses econômicos-sociais, 
defesa social e proteção de certas pessoas. Só excepcionalmente podem ser 
alienados, exigindo uma lei específica ou uma decisão judicial (alvará). Alguns 
exemplos: 
 Bens públicos (uso comum do povo e uso especial: art. 100, CC). 
 Bens das fundações (arts. 62 a 69, CC). 
 Terras ocupadas pelos índios (art. 231, §4°, CF). 
 Bens de menores (art. 1.691, CC). 
 Terreno onde foi construído edifício de condomínio por andares, enquanto 
persistir o regime condominial (art. 1.331, §2°, CC). 
 Usufruto (art. 1.393, CC: Não se pode transferir o usufruto por alienação; 
mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso), 
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excetuando a possibilidade de sua alienação unicamente para o nu-
proprietário (art. 1.410, VI, CC). 
 Bens de família (veremos melhor adiante). 
 Bens gravados com cláusula de inalienabilidade (veremos melhor adiante). 
 
BEM DE FAMÍLIA 
(Arts. 1.711 a 1.722, CC) 
 
No Brasil a regra é que o devedor, para o cumprimento de suas obrigações, 
responde com todos os seus bens, presentes ou futuros (art. 391, CC). Uma das 
exceções é o bem de família, que teve origem nos EUA. O governo da então 
República do Texas promulgou um ato em 1839, garantindo a cada cidadão 
determinada área de terra, isentas de penhora (Homestead Exemption Act). O 
objetivo era incentivar o povoamento do vasto oeste americano, concedendo o 
benefício e lá fixando as famílias, sob a condição de nela residir, cultivar o solo ou 
usá-la como um meio de se sustentar. 
No Brasil é o instituto pelo qual se vincula o destino de um prédio para ser 
domicílio ou residência de sua família, sendo mais uma forma de se proteger a 
família (em sentido amplo) reforçando o art. 6°, CF/88, que determina: “São 
direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, 
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição”. Como veremos, há duas espécies 
de bem de família: voluntária (Código Civil) e legal (Lei n° 8.009/90). 
 No concurso como eu faço? Se no cabeçalho da questão o examinador não 
se referir expressamente a uma das modalidades, o candidato deve optar pela 
forma voluntária, pois foi essa a estabelecida pelo Código Civil. Vejamos. 
A) CÓDIGO CIVIL: Forma Voluntária 
Nos termos do art. 1.711, CC podem os cônjuges (entidade familiar) ou 
terceiros, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu 
patrimônio (desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido) para 
instituir o bem de família. Completa o art. 1.712, CC prevendo que o bem de 
família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças 
e acessórios, destinando-se a domicílio familiar. No entanto o próprio dispositivo 
prevê que pode abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na 
conservação do imóvel e no sustento da família. Lógico que só pode instituir o 
bem de família voluntário quem for solvente. 
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Como a lei fala em “entidade familiar”, é interessante aprofundar um 
pouco mais o tema. A doutrina a conceitua como “toda e qualquer espécie de união 
capaz de servir de acolhedouro das emoções e das afeições dos seres humanos”, 
estando expressamente prevista no art. 226, §3° e §4°, CF/88. Portanto, entende-
se como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, bem como 
a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes (familia 
monoparental). E recentemente o Supremo Tribunal Federal estendeu a expressão 
também para as uniões homoafetivas. 
Vale acrescentar que terceiros também podem ser instituidores do bem de 
família, por doação ou testamento, contanto que esse ato seja devidamente aceito 
pela entidade familiar beneficiada (art. 1.711, parágrafo único, CC). 
Consequências. Com a instituição do bem de família, surgem, basicamente, dois 
efeitos: 
a) Impenhorabilidade limitada. Isso porque o bem se torna isento de 
dívidas futuras à instituição, salvo as tributárias referentes ao bem (ex.: IPTU) 
e despesas de condomínio (se for prédio de apartamento), nos termos do art. 
1.715, CC. Portanto, impostos como o Imposto de Renda, ISS, etc., não autorizam

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