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Memoriais de Defesa em Processo Criminal

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BRASÍLIA/DF
Processso nº: xxxxx
Réu: Luan dos Santos
LUAN DOS SANTOS, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio do procurador signatário, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar MEMORIAIS, com fulcro no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, pelas razões fundamentadas a seguir.
I – DOS FATOS
O réu foi acusado pelo suposto cometimento do delito insculpido no artigo 155, § 4º, inciso II, do Código Penal.
A denúncia foi recebida na data xxxxxx.
Citado, não houve apresentação de resposta à acusação.
Durante a instrução processual, foram ouvidas testemunhas de acusação.
Em sede de memoriais, o Ministério Público pugnou pela condenação do acusado, nos exatos termos da denúncia.
É a síntese necessária.
II – DA PRELIMINAR DE MÉRITO:
II.I – DO CERCEAMENTO DE DEFESA PELA AUSÊNCIA DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO:
De prelúdio, Excelência, evidencia-se dos autos manifesta nulidade por não ter sido observado o correto procedimento processual, uma vez que, embora o réu tenha ficado inerte após a citação, não houve a competente resposta à acusação, ínsita à ampla defesa que assiste ao réu.
Com efeito, de acordo com o artigo 396-A, § 2º, do Código de Processo Penal, Vossa Excelência deveria ter nomeado defensor ao acusado, para que este apresentasse resposta à acusação no prazo de 10 (dez) dias, o que não o fez.
Referida situação viola princípios constitucionais garantidos ao réu, tais como o da ampla defesa, contraditório e do devido processo legal, conforme precedente do Egrégio Tribunal de Justiça Gaúcho:
“RECURSO CRIME. DESOBEDIÊNCIA. ART. 330 DO CÓDIGO PENAL. RECEBIMENTO IMPLÍCITO DA DENÚNCIA. NULIDADE. PRESCRIÇÃO. Embora possível o recebimento implícito da denúncia, há nulidade do processo quando não oportunizada apresentação de resposta à acusação, no procedimento regido pela Lei n. 9.099/95. A omissão viola os princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, consagrados no artigo 5º, incisos LV e LIV, da CF/88. Como resultado, restam maculados pela nulidade todos os atos processuais subseqüentes. Prescrição declarada. DECLARADA A NULIDADE DO FEITO E A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO. (Recurso Crime Nº 71006486369, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Edson Jorge Cechet, Julgado em 27/03/2017)”
De rigor, portanto, o acolhimento da presente prefacial de mérito, declarando a nulidade absoluta do feito, nos termos do artigo 564, inciso IV, do Código de Processo Penal.
Outrossim, em conformidade com o artigo 65, I do Código Penal, na data do fato, o réu era menor de 21 anos, portanto Excelência, há de se verificar este atenuante.
II – DO MÉRITO:
II.I – DA AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES À CONDENAÇÃO:
A improcedência do pedido deduzido na inicial acusatória, com a consequente absolvição do acusado, nos termos do artigo 386, inciso VII do Código de Processo Penal, é medida que se impõe.
As provas produzidas durante a instrução processual – a saber, os depoimentos das testemunhas - são frágeis e insuficientes para dar ensejo a um édito condenatório.
Excelência, o teor probatório angariado aos autos é evidentemente inconclusivo para se saber a autoria do crime. Nenhuma das testemunhas puderam confirmar, com idônea certeza, ter o réu perpetrado o furto. Sustentar a condenação do acusado, como quer fazer crer o órgão ministerial, é absolutamente inviável, pois tamanha é a falta de provas que se depreende do caderno processual, visto que o Direito Penal não admite ilações.
É temerário estabelecer uma rigorosa sanção penal, que ceifa direitos individuais inerentes da pessoa humana em favor da sociedade, com base em suposições e incertezas, ou até mesmo pela personalidade do agente, remetendo-nos ao odioso direito penal do autor, sendo vedado, inclusive, pela Carta Magna.
Dessarte, é evidente que o Ministério Público não demonstrou com segurança os fatos narrados na denúncia, tampouco conseguiu derruir a dúvida que milita em favor do acusado, isto porque, como é sabido, vige em nosso sistema processual penal o princípio constitucional do in dubio pro reo, ínsito no artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal, segundo o qual estabelece que: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”.
Assim é o entendimento jurisprudencial:
“APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO. AUTORIA NÃO COMPROVADA. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. Incongruências contidas nos depoimentos das testemunhas da denúncia, trazendo incerteza sobre questões pontuais e necessárias à confirmação da imputação, fragilizam a prova acusatória. Não tendo o conjunto probatório coligido nos autos elidido a dúvida quanto à autoria do delito de furto imputado ao réu, impositiva a manutenção de sua absolvição em observância ao princípio in dubio pro reo. APELAÇÃO DESPROVIDA. (Apelação Crime Nº 70064505258, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 08/07/2015)”
Logo, é medida impositiva a absolvição do acusado, conforme as fundamentações expendidas acima.
III – DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, requer-se:
(a) Sejam os presentes memoriais apreciados e acolhidos para o fim de que, preliminarmente, seja reconhecida a nulidade absoluta do feito pela ausência de resposta à acusação, a teor dos artigos 396-A, § 2º, e 564, inciso IV, ambos do Código de Processo Penal;
(b) Que seja atenuada a pena, conforme artigo 65, I do Código Penal;
(c) No mérito, seja julgado improcedente a ação penal, absolvendo-se o réu Luan dos Santos, fulcro no artigo 386, inciso VII, do Código de Processo Penal.
Guaíba/RS, 14 de setembro de 2017.
 Diógenes Ribas Eduardo Kaminski
 OAB/RS 00.000 OAB/RS 00.001

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