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Noções de lógica (termo, proposição, silogismo) Introdução A lógica aristotélica Aristóteles foi um organizador, um homem extremamente meticuloso, que queria por ordem nos conceitos dos homens. Fundou a ciência da lógica e estabeleceu uma série de normas rígidas para que as conclusões ou provas pudessem ser consideradas logicamente válidas. Aristóteles distinguiu claramente três operações mentais: o termo (conceito, ideia), o juízo e o raciocínio; este subdividido em dedução (silogismo) e indução. A palavra lógica vem do grego logos, que significa “palavra”, “expressão”, “pensamento”, “conceito”, “discurso”, “razão”. Portanto, a lógica oferece as regras do pensamento correto. A lógica foi tratada como ciência por Aristóteles. A lógica aristotélica foi apresentada em sua obra Organon, que significa “instrumento” (ou seja, o instrumento para se proceder corretamente no pensar). A lógica formal estuda as leis do raciocínio. Aristóteles se preocupava com as leis do pensamento e o ato de raciocinar (argumentar) propriamente dito. O que é o raciocínio? “É um tipo de operação discursiva do pensamento, consistente em encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão”. É um tipo de conhecimento mediato, isto é, procede por mediação entre determinados elementos básicos. Para se construir um raciocínio lógico, é preciso organizar os elementos básicos necessários à sua construção. Eis um exemplo de raciocínio lógico: Toda baleia é um mamífero. Ora, nenhum mamífero é peixe. Logo, a baleia não é peixe. O primeiro destes elementos é o termo. O termo ou conceito é uma simples apreensão, é o ato pelo qual a inteligência atinge ou percebe alguma coisa, sem dela nada afirmar ou negar. No exemplo acima, “baleia”, “mamífero” e “peixe” são exemplos de termos. O segundo elemento é a proposição. A proposição é a representação lógica do juízo. Juízo é o ato pelo qual a inteligência afirma ou nega a identidade representativa de dois conceitos. Exemplos: Toda baleia é um mamífero. (afirmação) Nenhum mamífero é peixe. (negação) O homem é livre. (afirmação) O homem não é mineral. (negação) O terceiro elemento é a argumentação → conclusão. Argumentação é a terceira operação do espírito. É o ato pelo qual o espírito, com o que já conhece, adquire um novo conhecimento. Estabelece relações entre proposições estabelecidas (premissas) e delas pode se tirar uma conclusão. No exemplo acima das proposições “toda baleia é um mamífero” e “nenhum mamífero é peixe”, chega-se a conclusão “a baleia não é peixe”. Um argumento é um conjunto de afirmações de tal forma organizadas que uma delas, a denominada “conclusão” seja apoiada pelas outras, a que se chamam premissas. Dedução / Silogismo Dedução ou silogismo é uma inferência que vai dos princípios para uma consequência logicamente necessária. É o que conhecemos em matemática como: se x = y e z = x, então z = y. Assim, quando dizemos: “Todos os homens são mortais / Sócrates é homem / Logo Sócrates é mortal”, a conclusão é necessária porque deriva das premissas (proposições). Podemos dizer que o silogismo é um raciocínio que parte de uma proposição geral e conclui uma particular. A dedução parte do geral /universal para o particular/singular. A grande crítica à dedução aristotélica é que é estéril, na medida em que não nos ensina nada de novo, mas apenas organiza o conhecimento já adquirido. Indução Indução é uma argumentação na qual, a partir de dados singulares suficientemente enumerados, inferimos uma verdade universal. Exemplos: O cobre é condutor de eletricidade, e o ouro, e o ferro, e o zinco, e a prata. Também: logo, o metal (isto é, todo metal) é condutor de eletricidade. Apesar da aparente fragilidade da indução, que não possui o rigor do raciocínio dedutivo, trata-se de uma forma muito fecunda de pensar, sendo responsável pela fundamentação de grande parte de nossos conhecimentos na vida diária e de grande valia nas ciências experimentais. A indução parte do particular/singular para o universal. E na indução podemos ter argumentos fortes ou fracos, conforme a conclusão seja mais ou menos provável. Sofismas / Falácias Os sofismas / falácias são falsos raciocínios. Existem várias formas de sofismas onde aparecem os raciocínios incorretos. Segundo os modelos do método dedutível podemos encontrar sofismas em relação à matéria (conteúdo – falácia formal) e à forma (estrutura). Examinaremos alguns argumentos: A) Todos os homens são loiros. Ora, eu sou homem. Logo, eu sou loiro. B) Todos os homens são vertebrados. Ora, eu sou vertebrado. Logo, eu sou homem. A falácia é uma argumentação falsa, um raciocínio falso, através do qual simula-se o verdadeiro. É um raciocínio errado que se apresenta com as aparências de verdade. Pode-se dizer que a falácia, ou paralogismo, é um tipo de raciocínio incorreto, apesar de ter a aparência de correção. É conhecida também como sofisma, embora alguns estudiosos façam uma distinção, pela qual o sofisma teria a intenção de enganar o interlocutor, diferentemente da falácia, que seria um engano involuntário. → Pode-se dizer que o sofisma é uma falácia construída de má-fé, com intenção de enganar (como retrata alguns estudiosos). VERDADE /VALIDADE /CORREÇÃO Verdade e validade são, em lógica, duas noções distintas. Argumentos são válidos ou inválidos, ao passo que sentenças são verdadeiras ou falsas. A validade do argumento não é suficiente para a verdade da conclusão. Existem argumentos válidos com conclusão falsa, mas também existem argumentos inválidos com conclusão verdadeira. A validade não se refere ao conteúdo (e o fato de ser verdadeiro ou falso) nem das premissas e nem da conclusão. Em função disso pode-se escrever: Todo Zebetrix é zibilex. Zapalix é zebetrix. Logo, Zapalix é zibilex. → Mesmo não sabendo o que significa zebetrix, zibilex e zapalix, podemos afirmar que o argumento é válido. → O argumento válido com premissas verdadeiras é denominado argumento CORRETO. O objeto central do estudo da lógica é a noção de consequência lógica: o problema é saber quando uma conclusão se segue logicamente de um determinado conjunto de premissas. Um argumento é sempre composto por sentenças declarativas, isto é, que têm valor de verdade. Há dois valores de verdade: o verdadeiro e o falso. É impossível que um argumento válido constituído por premissas verdadeiras tenha conclusão falsa. → É a forma / estrutura do argumento que determina sua validade. O que se pretende num argumento válido é que as suas premissas estejam de tal forma organizadas que “arrastem” consigo a conclusão. No argumento válido as premissas justificam o argumento, ou seja, quando os argumentos são válidos as premissas estão conectadas com a conclusão. É preciso aqui ressaltar que a melhor forma de verificar se um argumento é ou não válido é através da teoria dos conjuntos. Forma válida: � Todo A é B C é A Logo C é B � Forma inválida: � Todo A é B C é B Logo C é A PROPOSIÇÕES / PREMISSAS As proposições se classificam quanto à qualidade e à quantidade. Conforme a qualidade, elas dividem-se em afirmativas (atribuem um predicado a um sujeito: S é P) e negativas (separam o sujeito de alguma coisa: S não é P). Quanto à quantidade, dividem-se em: universais (quando o predicado refere-se à extensão total do sujeito afirmativa ou negativamente: Todos os S são P; Nenhum S é P); particulares (quando o predicado é atribuído a uma parte da extensão do sujeito afirmativa ou negativamente: Alguns S são P; Alguns S não são P) e singulares (quando o predicado é atribuído a um único indivíduo/objeto afirmativa ou negativamente: Este S é P; Este S não é P). * Além da distinção pela qualidade e pela quantidade, as proposições distinguem-se pela modalidade, sendo classificadas como: Necessárias: quando o predicado está incluído necessariamente na essência do sujeito, fazendo parte dessaessência (ex.: Todo homem é mortal). Não-necessárias: quando o predicado não pode ser atribuído ao sujeito (ex.: o triângulo é uma figura de quatro lados). Possíveis: quando o predicado pode ser ou deixar de ser atribuído ao sujeito (ex.: Alguns homens são bons). OS PRINCÍPIOS LÓGICOS Como todo pensamento e todo juízo, a proposição está submetida aos três princípios lógicos fundamentais: → Princípio da identidade: um ser é sempre idêntico a si mesmo (A é A). → Princípio da não-contradição: é impossível que um ser seja e não seja idêntico a si mesmo ao mesmo tempo e na mesma relação (é impossível A é A e não-A). → Princípio do terceiro excluído: dadas duas proposições com o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma afirmativa e a outra negativa, uma delas é necessariamente verdadeira e a outra necessariamente falsa (A é x ou não-x, não havendo terceira possibilidade). Graças a esses princípios, obtemos a última maneira pela qual as proposições se distinguem. Trata-se da classificação das proposições segundo a relação: → Contraditórias: quando temos o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma das proposições é universal afirmativa (Todos os S são P) e a outra é particular negativa (Alguns S não são P); ou quando se tem uma universal negativa (Nenhum S é P) e uma particular afirmativa (Alguns S são P) / se diferem na qualidade e na quantidade. → Contrárias: quando, tendo o mesmo sujeito e o mesmo predicado, uma das proposições é universal afirmativa (Todo S é P) e a outra é universal negativa (Nenhum S é P); ou quando uma das proposições é particular afirmativa (Alguns S são P) e a outra é particular negativa (Alguns S não são P) / se diferem na qualidade. → Subalternas: quando uma universal afirmativa subordina uma particular afirmativa de mesmo sujeito e predicado, ou quando uma universal negativa subordina uma particular negativa de mesmo sujeito e predicado / se diferem na quantidade. OS JUÍZOS Por juízo entende-se o ato pelo qual a inteligência afirma ou nega a identidade representativa de dois conceitos. Os juízos podem ser: A) Apodíticos: quando a proposição é universal e necessária (seja afirmativa ou negativa). Ex.: Todo triângulo é uma figura de três lados. B) Hipotéticos: quando a proposição é universal ou particular possível (afirmativa ou negativa). A formulação do juízo hipotético é: Se... então... (ex.: Se a educação for boa, então ele será virtuoso). C) Disjuntivos: quando a proposição é universal ou particular (afirmativa ou negativa) e comporta uma alternativa que depende dos acontecimentos ou das circunstâncias. A formulação do juízo disjuntivo é: Ou... ou... (ex.: Ou choverá amanhã ou não choverá amanhã).
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