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SEGURANÇA AMBIENTAL O CASO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NA AMÉRICA DO SUL COMO OBJETO DE ANÁLISE DE SEGURANÇA INTERNACIONAL versão final

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0 
 
 
CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
JÉSSICA DE MELLO DONDONI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA AMBIENTAL: 
O CASO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NA AMÉRICA DO SUL COMO 
OBJETO DE ANÁLISE DE SEGURANÇA INTERNACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2017 
 
1 
 
JÉSSICA DE MELLO DONDONI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SEGURANÇA AMBIENTAL: 
O CASO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS NA AMÉRICA DO SUL COMO 
OBJETO DE ANÁLISE DE SEGURANÇA INTERNACIONAL 
 
Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Curso 
de Graduação em Relações Internacionais, do Centro 
Universitário Ritter dos Reis como requisito parcial 
para a obtenção do título Bacharel em Relações 
Internacionais. 
Orientadora: Profa. Me. Naiane Cossul 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porto Alegre 
2017 
 
2 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço à Deus por ter concluído essa linda e importante jornada, que 
contempla os anseios de meus ideais que estão vinculados às necessidades globais, 
na certeza de que um outro mundo é possível. Agradeço às pessoas que iluminaram 
os meus caminhos propiciando estabilidade e alegria ao meu caminhar. Agradeço aos 
meus familiares, amigas e amigos especiais, alguns mesmos distantes, estiveram 
próximos torcendo e aplaudindo pelas minhas realizações e conquistas na vida 
acadêmica. Agradeço aos amigos Júlio Azambuja e Lia Veiga, pela participação que 
tiveram durante as minhas tensões acadêmicas, amigos especiais que me 
fortaleceram e foram parceiros de chimarrão, café e de boas gargalhadas, que foram 
vitais diante de tantos familiares que perdi nestes dois últimos anos. 
Agradeço o carinho e a parceria de profissionais do Meio Ambiente que 
durante as minhas jornadas de trabalho foram grandes amigos, em especial as 
biólogas Maria Carmen Bastos e Patrícia Witt que me capacitaram como eco 
educadora e contribuíram com informações para minha incessante pesquisa e análise 
junto as Espécies Exóticas Invasoras, que a partir de agora ampliam-se as 
possibilidades das ações de forma global e com objetivos mais abrangentes. 
Agradeço a UniRitter por me receber através do Programa PROUNI, o qual me enche 
de orgulho por levar educação à diversos níveis sociais, especialmente aos mais 
carentes. Agradeço a Empresa Júnior da UniRitter que deu início ao projeto da ONG 
Agave e Cia que poderá colaborar com soluções para a problemática deste meu objeto 
de pesquisa. Agradeço a UNIPAMPA e aos colegas que fizeram parte da Delegação 
do Paraguai pela Menção Honrosa de melhor projeto de capacidade técnica e 
financeira, no qual simulamos a instalação de uma usina de etanol na região do Chaco 
paraguaio, a partir de uma espécie exótica invasora. 
Relações Internacionais é um curso lindo, abrangente e profundo, mexe com 
nossos valores, ideais, conceitos e visão de mundo. Agradeço a todos professores e 
mestres responsáveis pela minha formação e aos meus colegas de curso pelo carinho 
e a atenção recebida que ficarão guardados em meu coração. Agradeço 
especialmente aos Mestres Clarice Paim, Danilo Navarro, Denise de Rocchi, 
Fernanda Barasuol, Giovana Freitas, Jorge Vanin, Joséli Gomes, Rodrigo Corradi, 
Marc Deitos, Marcos Ibias e Thomaz Santos que tiveram uma participação essencial 
à minha formação e que para mim sempre serão referência. 
No decorrer deste curso fiquei procurando em cada professor e professora o 
perfil de quem seria meu orientador ou orientadora, já quase no final do curso, 
contrataram a pessoa certa na hora certa, a minha querida e a mais perfeita 
orientadora, a Profa. Naiane Cossul, que acertou na indicação das bibliografias e 
acreditou na minha causa. 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha mãe Ieny e aos meus filhos Marcus 
Vinícius e Marco Aurélio, com muito amor. 
Ao meu amigo jornalista Jorge Antônio Barros, 
na esperança de um maior comprometimento da 
imprensa nesta questão. 
In memoriam ao meu pai Odilon, ao meu 
padrinho, às minhas tias Anita e Marlene e ao 
meu primo Sérgio Luiz. 
 
4 
 
RESUMO 
 
Esta monografia objetiva analisar o caso das Espécies Exóticas Invasoras como 
objeto de análise em segurança internacional com base nas diretrizes da Estratégia 
Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, constituída pela necessidade de 
controlar, monitorar e erradicar as espécies da fauna e flora que avançam 
aceleradamente pelos territórios, atravessando fronteiras e gerando prejuízos que 
afetam os Estados. Espécies Exóticas Invasoras são a segunda maior causa da perda 
de biodiversidade a nível global e as consequências de suas invasões ameaçam não 
somente a economia, mas os diversos setores que promovem o desenvolvimento de 
um Estado. A América do Sul é o espaço escolhido para esta análise, em especial a 
região fronteiriça, declarada como principal meio de dispersão destas espécies, onde 
serão pesquisados os registros destas invasões e as possíveis soluções. No primeiro 
capítulo discute-se a evolução das teorias de segurança internacional e suas 
aplicações à segurança ambiental, observando como as Espécies Exóticas Invasoras 
podem ser analisadas sob a ótica securitária. No capítulo 2 serão observados 
elementos históricos e as ocorrências desta problemática na América do Sul. Já no 
capítulo 3 serão analisadas as possibilidades de contenção dessas ameaças por meio 
da inclusão dos recursos e insumos gerados a partir das medidas de erradicação 
declaradas na Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras e das 
experiências existentes que poderão servir de referência para iniciativas inovadoras. 
As conclusões desta pesquisa partem da ótica das teorias de segurança internacional 
da Escola de Copenhague e das teorias de integração regional que colaboram com 
as diretrizes do plano de contingência dando maior visibilidade ao direcionamento das 
ações, incentivando o desenvolvimento sustentável da América do Sul. 
Palavras-chave: Espécies Exóticas Invasoras. Segurança ambiental. Segurança 
internacional. Desenvolvimento sustentável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
ABSTRACT 
This monograph aims to analyze the guidelines of the national strategy on exotic and 
invasive species, constituted by the need to control, monitor and eradicate flora and 
fauna invasive alien species that are advancing rapidly through the territories, 
crossing borders and producing losses that affect the national and international 
security. Exotic invasive species are the second major cause of biodiversity loss 
globally and the consequences of their invasions threaten not to only the economy, 
but the various sectors that promote the development of a State, because of that will 
be searched the records of these invasions, so that the severity of this invasion can 
be understood and define it through its threats and vulnerabilities as a environmental 
safety connected to international security. South America is the territory chosen for 
this analysis, especially the border region, declared as the main means of dispersion 
of these species, where they will be searched the records of these invasions and 
possible solutions. The first chapter discusses the evolution of international security 
theories and their applications to environmental security, observing how invasive alien 
species can be analyzed from a security perspective. In chapter 2, historical elements 
and the occurrences of this problem will be observed in South America. Than chapter 
3 will analyze the possibilities of containment of these threats through the inclusion of 
the resources and inputs generated from the eradication measures declared in the 
National Strategy on Species and existing experiencesthat could serve as a reference 
for innovative initiatives. The conclusions of this research are analyzed from the 
perspective of the international security theories of the Copenhagen School and the 
theories of regional integration that collaborate with the guidelines of the contingency 
plan giving greater visibility to the direction of the actions, encouraging the sustainable 
development of South America. 
Keywords: Invasive alien species. Environmental safety. International security. 
Sustainable development. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1: Impacto nos Setores ........................................................................... 18 
Tabela 2: Os Princípios das Ameaças ao Meio Ambiente Global ......................... 24 
Tabela 3: Os Elementos da Institucionalização ................................................... 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ALT - Autoridad Binacional Autónoma del Sistema Hídrico del Lago Titicaca 
ANTAQ - Agência Nacional de Transportes Aquaviários 
BWM - Ballast Water and Sediments 
CDB - Convenção à Biodiversidade Biológica 
CEEI - Comité de Especies Exóticas Invasoras 
CONABIO - Comissão Nacional sobre Biodiversidade 
COP – Conferência das Partes 
COTAMA - Comisión Técnica Asesora de la Protección del Medio Ambiente 
COPRI - Copenhagen Peace Research Institute 
COSAVE - Comitê Regional de Sanidade Vegetal 
COSIPLAN - Conselho Sul-americano de Infraestrutura e Planejamento 
E.E.I. - Espécies Exóticas Invasoras 
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
ENEEI - Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras 
FUEDEI - Fundación para el Estudio de Especies Invasivas 
ESI - Estudos de Segurança Internacional 
EPE - Empresa de Pesquisa Energética 
EPI – Economia Política Internacional 
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations 
GEF - Global Environment Facility 
GISP - Global Invasive Species Programme 
 
8 
 
GISD - Global Invasive Species Database 
ISSG – Invasive Species Specialist Group 
IUCN – International Union for Conservation of Nature 
IABIN – Invasive Information Network 
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
MERCOSUL - Mercado Comum do Sul 
MMA - Ministério do Meio Ambiente 
ONU - Organização das Nações Unidas 
PIB - Produto Interno Bruto 
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
PPA - Plano Pluri-Anual 
SIAM - Sistema de Informação Ambiental do Mercosul 
SISFRON - Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras 
SENASA - Servicio Nacional de Sanidad y Calidad Agroalimentaria 
SMAMS – Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Porto Alegre 
SPS - Application of Sanitary and Phytosanitary Measures 
UNASUL - União das Nações Sul-americanas 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 10 
1. A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DE SEGURANÇA INTERNACIONAL 
APLICADAS À SEGURANÇA AMBIENTAL ............................................................ 13 
1.1 A Evolução dos Estudos de Segurança Internacional ...................................... 13 
1.2 Os Setores de Segurança da Escola de Copenhague, a Teoria das Forças 
Motrizes e a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras ................... 16 
1.3 Segurança Ambiental e as ameaças provocadas pelas Espécies Exóticas 
Invasoras ............................................................................................................... 22 
2. O CASO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS ........................................... 27 
2.1 A história e os efeitos da Globalização ............................................................ 27 
2.2 A situação nos Estados da América do Sul ..................................................... 29 
2.3 Regiões fronteiriças ......................................................................................... 34 
3. POSSIBILIDADES PARA A CONTENÇÃO DA AMEAÇA: UMA ANÁLISE DE 
SOLUÇÕES PARA O USO DAS EEI ....................................................................... 38 
3.1 Desenvolvimento local e sustentabilidade ....................................................... 38 
3.2 Políticas Públicas ............................................................................................. 41 
3.3 Cooperação ..................................................................................................... 44 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 48 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 54 
ANEXO ..................................................................................................................... 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
O objetivo desta pesquisa é analisar a problemática das Espécies Exóticas 
Invasoras (E.E.I.) na América do Sul, como estudo de caso em segurança 
internacional. Espécies Exóticas Invasoras são a segunda maior causa de ameaça à 
biodiversidade mundial. Por esta razão a Convenção à Diversidade Biológica (CDB) 
criou diretrizes para conter as ameaças que atingem os setores políticos, econômicos, 
sociais, culturais e ambientais. A CDB foi criada sob os auspícios da Organização das 
Nações Unidas (ONU), durante a ECO 92 e foi assinada por 175 países1, entrando 
em vigor em 29 de dezembro de 1993. A partir desta convenção, que impõe 
normativas e regras com o objetivo de controlar, manejar e erradicar a invasão destas 
espécies, alguns países membros criaram planos de contingência, denominados de 
Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras (ENEEI). A ENEEI do Brasil, 
anexa na seção final dessa pesquisa, tem o seguinte objetivo declarado: 
Prevenir e mitigar os impactos negativos de Espécies Exóticas Invasoras sobre 
a população humana, os setores produtivos, o meio ambiente e a 
biodiversidade, por meio do planejamento e execução de ações de prevenção, 
erradicação, contenção ou controle de Espécies Exóticas Invasoras com a 
articulação entre os órgãos dos Governos Federal, Estadual e Municipal e a 
sociedade civil, incluindo a cooperação internacional (BRASIL, 2009). 
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente junto à Comissão Nacional de 
Biodiversidade (CONABIO), em parceria com o Instituto Hórus e com o Programa 
Global de Espécies Exóticas Invasoras (GISP) declaram que uma espécie invasora é 
uma espécie introduzida que avança, sem assistência humana, e ameaça hábitats 
naturais ou seminaturais fora do seu território de origem, causando impactos 
econômicos, sociais e ambientais, além de riscos à saúde humana. Desta forma, 
atendendo as normativas impostas pela CDB, criaram a ENEEI que descreve as 
necessidades para execução desse plano de contingência, destacando a cooperação 
internacional e a promoção pública para o controle, redução e erradicação destas 
espécies. 
Esta pesquisa também busca colaborar com a construção do acordo de 
cooperação e projetos de desenvolvimentos sustentáveis, conforme necessidades 
descritas e estabelecidas na Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras. 
 
1 Nem todos os países que assinaram o acordo o ratificaram, pois, uma minoria entende que outros 
acordos e normativas contemplam esta problemática e que de certa forma se divergem. Até o momento 
cerca de 170 países ratificaram.11 
 
A área limítrofe de estudo será a região da América do Sul pela sua posição geográfica 
e características, onde será dado ênfase à região fronteiriça, em razão da maior 
incidência de invasão destas espécies, dos conflitos e problemas específicos 
existentes nesta região. 
Se uma E.E.I. for introduzida e se estabelecer, a medida adequada é erradicar 
os organismos imediatamente (Princípio 13 da Declaração do Rio, no preâmbulo da 
CDB). Desta forma, surge um novo insumo a partir desta erradicação e com base na 
teoria schumpeteriana2, torna-se possível uma nova cadeia produtiva. Algumas 
experiências já estão sendo realizadas neste âmbito e serão compartilhadas no 
capítulo 3 desta pesquisa. 
Os objetivos específicos deste trabalho científico são: i) investigar quais as 
principais ações que deslocaram estas espécies de suas regiões e quais os atores e 
setores envolvidos; ii) como os Estados estão solucionando esta problemática à partir 
do próprio uso destes recursos naturais; iii) de que forma a educação ambiental e as 
políticas públicas poderão servir de soft power3 para os problemas existentes; e iv) 
quais os acordos e tratados já existentes e como os blocos regionais tem administrado 
esta questão na América do Sul. Estes objetivos serão analisados sob a ótica da teoria 
das Forças Motrizes de Barry Buzan, pertencente à Escola de Copenhague, que de 
forma abrangente analisa os setores econômicos, societais e ambientais, além dos 
setores políticos e militares, como fatores determinantes da segurança internacional. 
Este trabalho será apresentado em três capítulos. No primeiro discute-se o 
referencial teórico, a apresentação da Escola de Copenhague e os principais motivos 
que contribuíram com a evolução dos estudos de segurança internacional, onde 
através de sua abrangência e profundidade foi possível identificar e analisar o objeto 
de estudo desta pesquisa. As relações internacionais, através de seus vários 
segmentos, sempre foram um meio de dispersão de Espécies Exóticas Invasoras. 
Para que se possa valer das contribuições das Relações Internacionais para 
construção de um acordo de cooperação internacional, com base nas teorias de 
 
2 A expressão Schumpteriana, neste caso, tem a intenção de justificar uma ação empreendedora e 
inovadora no uso e aproveitamentos dos insumos gerados a partir da extração das espécies exóticas 
invasoras. 
3 Soft power é o poder de obter que outras pessoas desejem o que um Estado quer através da atração 
ao invés da coerção. Conforme Joseph Nye este poder de atração está vinculado a três recursos: aos 
culturais, quando possuem locais atraentes para os outros, aos valores políticos, quando são aceitáveis 
tanto no doméstico como no exterior e a sua política externa quando é vista como legítima e tem 
autoridade moral (NYE, 2004). 
 
12 
 
integração regional, direcionado ao controle e erradicação destas espécies e ao 
aproveitamento destes recursos para o desenvolvimento regional, nos capítulos 2 e 3, 
será apresentado como estas espécies são uma nova ameaça que impacta os 
Estados e que os mesmos precisam, através da cooperação, buscar soluções para 
esta questão. 
(...) exótica ou introduzida é qualquer espécie proveniente de um ambiente ou 
de uma região diferente. Algumas vezes esta definição coincide com as 
fronteiras políticas de um país e neste caso uma espécie é considerada exótica 
se trazida do exterior. Este conceito é adequado para o estabelecimento de 
políticas e regulamentações, mas comporta restrições importantes do ponto de 
vista do manejo de invasões biológicas, porque a movimentação de espécies 
dentro de um país pode constituir um problema tão sério quando a importação 
de novas espécies (GISP, 2003). 
 
Esta é uma pesquisa aplicada, exploratória, explicativa e descritiva, que utiliza 
uma abordagem quali-quantitativa para apresentação de seus resultados, a partir do 
estudo de caso referente à problemática das Espécies Exóticas Invasoras, que se 
destaca pelo seu ineditismo junto a academia, tendo como fonte primária a Estratégia 
Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, com base na Convenção sobre 
Diversidade Biológica realizada junto a Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente em 1992. Serão usados como fonte secundária, livros, documentos oficiais, 
artigos científicos, jornais e demais documentos que se fizerem necessários. 
Sabendo-se que é possível identificar, através de pesquisas bibliográficas, 
quais os possíveis usos de cada espécie, e que as listas de E.E.I. são divulgadas 
obrigatoriamente pelos organismos ambientais governamentais e entendendo que 
estas espécies devem ser controladas, extraídas e erradicadas, pode-se assim pensar 
na criação de novas fontes de trabalho e renda a partir dos serviços necessários 
destacados na Diretriz 7.1 da ENEEI quanto a formação do corpo técnico. 
Espécies invasoras ocorrem em todos principais grupos taxonômicos, 
incluindo vírus, fungos, algas, musgos, samambaias, plantas superiores, 
invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, pássaros e mamíferos, diante desta 
diversidade e da quantidade de espécies existentes em cada grupo, serão analisadas 
as possibilidades de inclusão destes recursos e insumos na otimização do 
desenvolvimento regional, a partir das medidas de erradicação declaradas na 
Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras e das experiências existentes 
que poderão servir de referência para iniciativas inovadoras. 
 
 
13 
 
1. A EVOLUÇÃO DAS TEORIAS DE SEGURANÇA INTERNACIONAL 
APLICADAS À SEGURANÇA AMBIENTAL 
 
1.1 A Evolução dos Estudos de Segurança Internacional 
 Este trabalho está fundamentado numa perspectiva teórica abrangente 
formulada pela Escola de Copenhague que visa desenvolver um conjunto de 
conceitos e quadros analíticos que viabilizam a análise de segurança internacional no 
cenário contemporâneo, de ameaças complexas. Adota-se aqui, especificamente a 
teoria de Barry Buzan que defende que os estudos de segurança deveriam incluir as 
ameaças derivadas dos setores econômico, político, societal e ambiental, além do 
militar, mantendo o Estado como unidade principal de análise. 
 A Escola de Copenhague foi criada em 1985 com a finalidade de promover 
estudos para paz, devido a necessidade de se ter uma política de segurança 
genuinamente europeia, pois a manutenção da ordem pós-Guerra Fria havia se 
tornado perigosa a nova postura dos Estados Unidos. A Copenhagen Peace Research 
Institute (COPRI), nome oficial da Escola de Copenhague, é referência na área de 
segurança internacional e redefine o conceito de segurança e seus limites teóricos 
utilizados nas Relações Internacionais. 
 Para melhor entender como se chegou a esta abrangência, no conceito de 
segurança internacional, e como evoluíram os Estudos de Segurança Internacional 
(ESI), é necessário observar as transformações históricas ocorridas em diferentes 
períodos, marcados por modelos e comportamentos do Estado, de indivíduos e 
comunidades que passaram a ser analisados nos ESI. Nesta seção serão descritos 
alguns tópicos que estão relacionados com a evolução do conceito de segurança 
internacional e sua abrangência e que de forma empírica se correlacionam com a 
problemática do estudo de caso a ser analisado. 
A referência histórica inicia na transição do Estado Medieval, que era baseado 
no princípio da subordinação hierárquica, constituído pelos poderes políticos e 
religiosos, representados pela igreja e pelo império, para o Estado Moderno, 
representado por um governante, período marcado pelo estabelecimento das 
fronteiras, a constituição de um exército permanente para garantir as decisões do 
governo e a formaçãodo Estado territorial soberano. 
O medo e a insegurança assolavam a sociedade, período em que Thomas 
Hobbes descreve sobre o estado natural, sendo o medo, definido por ele, como sendo 
 
14 
 
o sentimento mais intenso da alma. Esse medo gerou na sociedade a necessidade de 
proteção e segurança do Estado, período em que surge o Contrato Social. Hobbes 
descreve que a natureza humana é uma natureza de conflitos, solitária, pobre, cruel, 
cheia de medos e que por medo fazemos mal aos outros (HOBBES, 1651). Nesta 
época o comércio de especiarias e das grandes navegações foram responsáveis por 
carregarem em seus porões uma das mais aterrorizantes Espécies Exóticas 
Invasoras, o rato preto (Rattus rattus), transmissor da peste negra (peste bubônica) 
que foi responsável por cerca de 200 milhões de mortes na Idade Média, atingindo 
dois terços da população europeia (GISP, 2003). 
O Estado soberano tornou o território mais significativo, despertando o 
sentimento de nacionalismo que aumentou a ênfase na igualdade dentro do Estado, 
o senso de identidade, comunidade, pertencimento e compartilhamento de uma 
identidade social, cultural e política. 
 Os realistas privilegiam a segurança dos Estados e entendem a segurança de 
modo amplo pelo uso da força militar, mas também prestam atenção a uma série de 
outras questões e capacidades, inclusive a coesão interna, que podem impactar na 
capacidade do Estado de projetar força militar (BUZAN; LENE, 2012, p. 63). 
As guerras religiosas assombravam a Europa, a Paz de Westfália, que surgiu 
após uma sequência de tratados, é considerada o momento fundador em que os 
Estados decidiram não mais interferir nas escolhas religiosas um dos outros, pré-
condição para se criar a estabilidade e a ordem internacional, surgindo, desta forma, 
o moderno Sistema Internacional. 
Após a Revolução Norte-Americana (1775-1783) e a Revolução Francesa 
(1789-1799) percebeu-se o quanto era inseguro e o quanto ameaçava a segurança o 
desalinhamento entre a nação e o Estado e também a segurança individual e 
segurança grupal-societal quando as pessoas se tornam inseguras por seus próprios 
Estados (BUZAN; LENE, 2012, p. 63). 
No período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o realismo das Relações 
Internacionais, especialmente dos Estados Unidos, assumiu formas cada vez mais 
teóricas. As teorias de segurança tentam explicar o comportamento do Estado, 
enquanto elas mesmas podem ter um impacto naquilo que tentam explicar (BUZAN; 
LENE, 2012). 
Durante a Guerra Fria (1947-1991), a maior parte dos tradicionais Estudos 
 
15 
 
Estratégicos, preocupava-se excessivamente com a bipolaridade e com a dissuasão 
nuclear. Os assuntos de segurança do Terceiro Mundo eram tratados apenas até o 
ponto em que eles tinham impacto nas relações com as superpotências. Após a 
Guerra Fria, percebeu-se a segurança com um caráter mais descentralizado e 
regionalizado. 
Assim, os Estudos de Segurança Internacional foram fundados nos Estados 
Unidos e a maior parte da literatura sobre Guerra Fria convencional foi conduzida por 
uma agenda política da grande potência norte-americana. Parte da história dos ESI é 
a evolução das distintas abordagens, a interação entre um conjunto de forças internas 
e externas que explicam essa evolução a partir de diferentes eventos que perdem o 
sentido da análise positivista norte-americana e que exige propostas epistemológicas 
de causa-efeito. Esse comportamento analítico, conhecido como cientificismo, foi 
posteriormente rejeitado nas escolas Inglesa e de Copenhague. 
Premissas de racionalidade entrelaçam com níveis de decisões analíticas. As 
teorias estruturais e o neorrealismo admitem uma concepção geral do Estado que se 
aplica em todo sistema internacional, cada um dos Estados nos mostram que o Estado 
sempre se comporta racionalmente, mas os que não fizerem serão punidos pela 
estrutura (BUZAN, 2012). Desta forma os regimes e tratados foram constituídos e 
posteriormente a integração regional através de suas Organizações Internacionais, 
criaram normas e regras na intenção de colaborarem com o desenvolvimento da inter-
relação entre os Estados, através de diversos setores, entre eles o econômico, 
político, militar, social, cultural e ambiental, tendo como premissa a manutenção da 
paz. 
Da evolução desta racionalidade, entre o realismo e liberalismo, autores 
realistas e liberais se unem com o objetivo de estudarem as relações humanas como 
produtoras das relações entre os Estados, acreditando numa sociedade internacional 
socialmente construída, onde os seres humanos se relacionam sem intermédio das 
nações. Desta forma, nasce a Escola Inglesa valorizando o Direito Internacional, 
entendendo que o sistema internacional é composto por Estados que partilham as 
mesmas regras. 
As universalidades dos direitos individuais são defendidas e analisadas até os 
dias de hoje através da Pesquisa da Paz e dos Estudos Críticos de Segurança, a 
tradição idealista de pensamento defende que, se forem garantidos ao indivíduo as 
 
16 
 
possibilidades de segurança, liberdade e expressão própria, isto levará a ausência de 
conflito dentro das comunidades e entre as comunidades, considerando-se possível a 
segurança global (BUZAN et all, 2012). 
Na década de 70, o meio ambiente passou a ser assunto de interesse no 
sistema internacional, a partir da Conferência sobre Meio Ambiente Humano em 
Estocolmo, na Suíça, onde os dois temas de maior objetivo desta conferência foram 
o controle da poluição do ar e o controle do crescimento populacional. Posteriormente, 
em 82, foi criada a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento e a partir 
desta esfera foi produzido o Relatório Nosso Futuro Comum, que definiu o conceito 
de desenvolvimento sustentável, tendo como tripé o desenvolvimento econômico, 
social e ambiental. Assim como os Estudos de Segurança Internacional e diversas 
outras teorias de Relações Internacionais, este conceito também evoluiu, e 
atualmente o conceito de desenvolvimento sustentável é holístico, envolvendo mais 
setores. 
Ainda neste mesmo período, nos anos 70, durante a Guerra Fria, os ESI e os 
Estudos de Política Internacional (EPI), surgiram como uma grande subárea das 
Relações Internacionais. De modo que a EPI reivindicava o lado cooperativo, de 
ganhos conjunto da matéria, enquanto que o ESI reivindicava o lado conflituoso de 
ganhos relativos (BUZAN; LENE, 2012, p. 104) 
Diante das ocorrências históricas, aqui destacadas, observam-se diferentes 
fatores e setores responsáveis pelos conflitos existentes no cenário internacional. 
Desta forma, percebendo que o realismo não conseguiu manter a ausência de guerra, 
em análise ao comportamento entre as potências russa e estadunidense durante a 
Guerra Fria, interessados em uma maior abrangência e aprofundamento dos estudos 
de segurança e em defesa de que vários setores seriam responsáveis pela segurança 
internacional, não apenas os políticos e militares, nasce a Escola de Copenhague. 
 
1.2 Os Setores de Segurança da Escola de Copenhague, a Teoria das Forças 
Motrizes e a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras 
 A presente problemática das E.E.I. acaba abrangendo os setores de segurança 
sob a ótica da Escola de Copenhague, defendidos por Buzan, no momento em que as 
consequências destas invasões passam a trazer prejuízos econômicos, danos à 
saúde humana e à biodiversidade, a partir da forma com que estas espécies são 
introduzidas e da forma como elas se estabelecem. 
 
17 
 
Segundo Buzan as ameaças políticas derivam de contradições organizacionais 
entre os Estados. Estas ameaças, no caso das E.E.I., são caracterizadas no momento 
emque um Estado não controla a invasão em seu território e passa a ameaçar a 
política organizada de outro Estado que tem como objetivo o controle destas espécies. 
A segurança no setor societal refere-se a situações que ameaçam a identidade de 
uma sociedade. A soma das condições e das atividades humanas também podem ser 
ameaçadas pela invasão das E.E.I., no momento em que estas podem destruir a 
paisagem existente, invadindo os espaços das espécies nativas que podem estar 
vinculadas diretamente a cultura, a identidade e aos costumes (artesanato, 
agricultura, etc.) característicos de uma sociedade. 
Nesta base, podemos concluir que no sistema internacional contemporâneo, 
segurança societal se refere à habilidade de uma sociedade de permanecer 
com suas características essenciais sob condições mutáveis e ameaças 
possíveis. Especificamente, é sobre a sustentabilidade dentro de condições 
aceitáveis para a evolução de padrões tradicionais de língua, cultura, 
associação, identidade e costumes religiosos e nacionais [...] segurança 
societal se refere a situações em que sociedades percebem a ameaça em 
termos de identidade (WÆVER et alii, 1993, p.23). 
Wendt, em Social Teory of International Politics, defende que “a sociedade civil 
é constituída a partir de ideais e valores por ela construído” e também afirma que, “a 
cultura é o que os agentes fazem dela”, desta forma um Estado pode influenciar na 
cultura de inimizade, rivalidade ou de amizade entre outros Estados, a partir da cultura 
que um Estado adota ou costuma usar, podendo afetar nas relações internacionais, 
comprometendo desta forma a segurança internacional (WENDT, 1999). 
A Escola de Copenhague adverte que não se deve separar o setor político do 
econômico, pois “A insegurança econômica constituirá ameaça no momento em que 
ultrapassar a esfera econômica, estendendo-se para as esferas política e militar” 
(BUZAN, 1991). De acordo com os estudos realizados a nível global, declarados no 
documento oficial de Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, as 
perdas anuais decorrentes do impacto dessas espécies em culturas agrícolas, 
pastagens e florestas, ultrapassam US$1,4 trilhões, aproximadamente 5% do PIB 
mundial. “Estima-se que no Brasil este custo possa ultrapassar os US$ 100 bilhões 
anuais” (BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, 2009), diante destes dados percebe-
se uma ameaça ao setor econômico. 
Na questão de segurança ambiental, os autores da Escola de Copenhague 
sustentam que neste setor, as questões costumam ser tratadas como problema local, 
 
18 
 
mesmo que um problema local possa ser uma ameaça global e que neste setor, 
também existem dois tipos de agenda contraditória, que são a agenda governamental 
e científica (TANNO, 2002). Silvia Ziller, Fundadora e Diretora Executiva do Instituto 
Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental e Coordenadora do Programa 
de Espécies Invasoras para a América do Sul, The Nature Conservancy, esclarece 
que: 
Poucos países do mundo já tomaram medidas concretas para prevenir a 
expansão de Espécies Exóticas Invasoras. A América do Sul precisa aprender 
dessas experiências. Os países precisam agir com rapidez para impedir novas 
introduções de espécies de risco, adotando protocolos de análise de risco que 
incluem parâmetros ambientais, estabelecendo sistemas de prevenção 
eficientes, criando capacidade para responder com rapidez à detecção 
precoce de espécies e desenvolvendo marcos legais e políticas públicas para 
tratar de problemas e soluções em sistemas naturais e de produção. Esses 
esforços levarão à melhores resultados positivos se forem ligados a um 
trabalho de conscientização pública em todos os níveis, atingindo desde o 
público leigo até a área científica (GISP, 2005). 
Para uma melhor compreensão e visualização, a tabela abaixo apresenta a 
problemática referente às Espécies Exóticas Invasoras e suas ameaças aos 
respectivos setores da segurança internacional sob a ótica da teoria da Escola de 
Copenhague: 
Tabela 1: Impacto nos Setores 
SETORES Condições que impactam os setores 
Militar Os prejuízos econômicos causados pelos danos ambientais 
decorrentes das espécies exóticas, ameaçam o setor 
econômico e consequentemente os demais setores, inclusive 
o setor militar. 
Conforme declarado na Estratégia Nacional sobre Espécies 
Exóticas Invasoras, o combate à estas espécies necessitam 
da cooperação militar, para o controle e monitoramento, 
especialmente nas regiões fronteiriças onde ocorrem as 
maiores incidências. 
Econômico As perdas anuais decorrentes do impacto dessas espécies em 
culturas agrícolas, pastagens e florestas, ultrapassam US$1,4 
trilhões, aproximadamente 5% do PIB mundial, estima-se que 
no Brasil este custo ultrapassa os US$ 100 bilhões (BRASIL, 
MMA, 2009). 
Político No momento em que um Estado mantém o controle sobre as 
E.E.I. e outro Estado fronteiriço não o faz, as espécies exóticas 
invadem as fronteiras causando prejuízos nos países vizinhos, 
 
19 
 
tendo este que alterar suas leis domésticas para que não sofra 
penalidades junto aos regimes internacionais. Conforme 
Buzan, as ameaças políticas, derivam de contradições 
organizacionais entre os Estados. 
Societal As consequências vão além da disponibilidade de recursos 
financeiros para resolver esses problemas. A segurança no 
setor societal refere-se a situações que ameaçam a identidade 
de uma sociedade (BUZAN, 1991). A soma das condições e 
das atividades humanas também podem ser ameaçadas pela 
invasão das E.E.I., no momento em que estas podem destruir 
a paisagem existente, invadindo os espaços das espécies 
nativas que podem estar vinculadas diretamente a cultura, a 
identidade e aos costumes (artesanato, agricultura, 
alimentação, etc.) característicos de uma sociedade (WÆVER 
et alii, 1993, p. 23). 
Ambiental Invasões biológicas causam impactos de longo prazo que 
podem levar à extinção de espécies. A invasão de espécies 
exóticas são a segunda maior causa de destruição da 
biodiversidade do planeta (BRASIL, 2009). Com base nos 
autores da Escola de Copenhague, este é um problema local 
que passa a ser uma ameaça global e que neste caso, a 
agenda governamental e científica, precisam andar juntas. 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
O fator central para análise de segurança é compreender o processo pelo qual 
as ameaças se manifestam como problemas de segurança, na agenda política, pois 
nem tudo pode virar segurança, porque nem todas as questões políticas recebem a 
mesma prioridade e “importância de segurança” (BUZAN et al, 1998, p. 24). 
Uma das análises realizada junto aos Estudos de Segurança Internacional e 
que também tem colaborado com a sua evolução e abrangência, é a análise feita 
através da teoria das Forças Motrizes e a interação entre elas. Com base nesta teoria, 
as mesmas forças motrizes que movimentam a guerra são capazes de contê-la. As 
cinco forças motrizes destacadas por Buzan como categorias analíticas são: a política 
das grandes potências, a tecnologia, os eventos essenciais, a dinâmica interna dos 
debates acadêmicos e a institucionalização. 
Estas forças motrizes podem ser facilmente identificadas junto a Estratégia 
Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, podendo desta forma colaborar e facilitar 
a compreensão sobre o cenário e os atores que compõem os estudos estratégicos de 
controle e monitoramento destas espécies que ameaçam a segurança mundial. 
 
20 
 
A política das grandes potências é caracterizada pelo poder e pelos 
movimentos e não-movimentos dos Estados líderes, onde também são estudadas a 
distribuição de poder, os padrões de amizade e inimizade, o grau de envolvimento e 
intervencionismo entre eles e suas disposições societais específicas para os níveisde 
segurança (BUZAN, 2012, p. 93 e 96). Nesta categoria também são analisadas as 
implementações do “poder brando” e do “poder de cooptação” (NYE, 1990), o que 
será analisado no capítulo 2, como possibilidade de o Brasil ser referência no combate 
a invasão de E.E.I, principalmente através de ações junto a região fronteiriça, 
conforme sugere a Estratégia Nacional sobre E.E.I. 
Buzan destaca que uma grande potência deve mostrar ao menos os traços de 
um desejo de estar envolvida na política global (BUZAN; WAEVER, 2003). Esta 
categoria pode ser relacionada aos estudos da problemática das E.E.I, sendo a força 
motriz representada pela posição e relação do Brasil com os líderes mundiais, bem 
como a relação do Brasil com os demais Estados da América do Sul como referência 
regional para solucionar a invasão destas espécies, sendo o Brasil um dos principais 
responsáveis através de seus eventos. 
A tecnologia não precisa ser exclusivamente do tipo militar para ter impacto nos 
Estudos de Segurança Internacional (BUZAN, 2012, p. 98). Temos como exemplos a 
tecnologia da comunicação e a tecnologia nuclear, ambas podem ser de uso militar e 
civil, assim como as armas químicas e biológicas. No caso do meio ambiente, existe 
a ameaça tecnológica dos efeitos da industrialização que degradam o meio ambiente 
com seus avanços na área militar e civil, ao mesmo tempo em que possíveis ameaças 
e ações emergentes ao meio ambiente podem ser solucionadas através do avanço 
tecnológico de equipamentos militares. Modernos recursos tecnológicos pertencentes 
ao Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) do Comando do 
Exército, que atua nos 17 mil quilômetros da fronteira brasileira, apoia prontamente 
em ações de defesa ou contra delitos transfronteiriços e ambientais em cumprimento 
aos dispositivos constitucionais e legais, que atuam em condições isoladas ou em 
conjunto com as outras Forças Armadas ou em operações interagências com outros 
órgãos governamentais (BRASIL, 2017). 
Na categoria eventos, da mesma forma em que são examinados os eventos-
chave junto aos Estudos de Segurança Internacional, podemos observar junto a 
problemática das Espécies Exóticas Invasoras, quais os eventos são mais 
 
21 
 
importantes, onde reside sua importância e como se deveria responder a eles 
(BUZAN, 2012, p 91). Esta categoria também direciona a atenção para inter-relação 
entre fatores internos e externos que interferem abertamente nos eventos mais 
significativos ocorridos constantemente nas relações internacionais, interferindo 
diretamente em todos os setores estudados dentro da Escola de Copenhague. No 
Capítulo 2 pode-se examinar as ocorrências que justificam esta inter-relação e 
interferência. 
Na dinâmica interna dos debates acadêmicos são encontradas dimensões 
significativas para a evolução dos ESI a partir dos debates sobre epistemologia, 
metodologia e a escolha do enfoque da pesquisa que conduzem as Ciências Sociais 
incluindo os ESI. Nesta força motriz, existe uma dicotomia entre o entendimento 
positivista rígido da teoria que prevalece nos Estados Unidos e o entendimento 
reflexivo mais brando encontrado amplamente na Europa (WAEVER, 1998). A maioria 
dos estudiosos acredita que esta competição entre as diferentes interpretações das 
coisas é essencial para a busca da compreensão. 
Os debates acadêmicos também são influenciados por desenvolvimentos em 
outras áreas acadêmicas, baseiam-se em importações significativas de outras 
disciplinas que impactam dentro dos estudos em termos de como a segurança deveria 
ser conceitualizada e como deveria ser analisada e também exportam para outras 
disciplinas avanços significativos (BUZAN et al, 2012, p. 102 - 104). Os ESI se 
constituem como uma área acadêmica, mas foi constituída em torno de questões 
políticas consideradas urgentes. A fronteira entre o acadêmico e o político é sempre 
muito tênue, o estudioso e o conselheiro, a autoridade científica e o defensor político. 
Nesta categoria, pode-se analisar de forma empírica, os estudos revelados referentes 
ao comportamento das E.E.I a partir dos eventos, das experiências e descobertas 
científicas de soluções, bem como a importação de outras disciplinas para a 
construção do planejamento estratégico e ações necessárias de controle e 
monitoramento destas espécies. 
A institucionalização pode ser vista por quatro elementos que se entrelaçam: 
estruturas organizacionais, financiamento, disseminação do conhecimento e redes de 
pesquisa (BUZAN, 2012, p. 107). Nesta categoria faz-se referência às pesquisas, 
universidades acadêmicas e os Think-tanks que influenciam tanto no mundo político 
quanto acadêmico. A influência política é pauta de discussões sobre a ligação entre 
 
22 
 
os ESI e as instituições governamentais, na medida em que as universidades e outras 
instituições de pesquisa são financiadas com recursos públicos. Dependendo do 
sistema político em questão, o financiamento público pode ser direcionado de modo 
mais ou menos explícito, vindo inclusive com restrições específicas (BUZAN, 2012, p. 
110). Da mesma forma ocorre junto aos estudos estratégicos sobre Espécies Exóticas 
Invasoras, isto é, dependendo do sistema político a problemática poderá ser 
prioridade ou não, na pauta do meio ambiente. A Comissão Nacional de 
Biodiversidade (CONABIO) e organizações não-governamentais parceiras, enfrentam 
dificuldades em executar a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras e 
de implementar plenamente na região da América do Sul, as diretrizes estabelecidas 
pela 5ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, para a 
prevenção e controle de Espécies Exóticas Invasoras que ameaçam ecossistemas, 
habitats ou espécies, por falta de financiamento, de investimento em pesquisas e de 
coesão entre os atores funcionais. 
Todas as cinco forças motrizes são identificadas no planejamento e nas ações 
estratégicas da Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, construída em 
parceria com o Instituto Hórus e o Programa Global de Espécies Exóticas Invasoras, 
que serão melhor caracterizadas no decorrer dos próximos capítulos e utilizadas como 
ferramenta de solução desta problemática, pois “as mesmas forças motrizes que 
movimentam a guerra são capazes de contê-la” (BUZAN et al, 1998), logo as mesmas 
forças motrizes que movimentam e possibilitam a invasão de Espécies Exóticas 
Invasoras são as mesmas que podem possibilitar o seu controle e erradicação. 
1.3 Segurança Ambiental e as ameaças provocadas pelas Espécies Exóticas 
Invasoras 
 Geopoliticamente deve se esperar que atores líderes estatais e as grandes 
potências operem sobre os problemas ambientais tanto geograficamente como 
funcionalmente quando o assunto for uma questão mundial, como exemplo a 
destruição da camada de ozônio, quando for numa questão econômica, como no caso 
do desmatamento da floresta tropical, bem como quando a questão for moral, como é 
o caso da pesca da baleia (BUZAN et al, 1998). 
 Os atores funcionais são em larga categoria organizações transnacionais, 
empresas estatais, agrícolas e químicas, indústrias nucleares e de pesca, cujas 
 
23 
 
atividades estão diretamente ligadas a qualidade do ambiente e cujas atitudes afetam 
o ecossistema. Estes atores não tem a pretensão de politizar essas atividades, nem 
tão pouco securitizá-las. O denominador comum é que eles são em larga escala atores 
econômicos, geralmente movidos por geração de lucros. Exploram desenfreadamente 
ecossistemas para construir ou manter o habitat humano. Outro grupo de atores 
funcionais é composto por governantes e suas agências e também por algumas 
Organizações Internacionais.Governantes ditam as regras ambientais aos atores 
econômicos e determinam quão bem ou mal estas regras serão aplicadas (BUZAN et 
al, 1998). 
Estes atores permitem alguma institucionalização no que tange a preocupação 
sobre segurança ambiental através da formação de subdepartamentos para eventos 
ambientais, como por exemplo a CONABIO, que é uma comissão vinculada ao 
Ministério do Meio Ambiente, responsável pela Estratégia Nacional de Espécies 
Exóticas Invasoras do Brasil. Estes mesmos atores também criam agências, como é 
o caso do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que 
compartilham regras e responsabilidades aos atores econômicos e também aos 
setores militares, que são os maiores exploradores do meio ambiente em atividades 
como: testes nucleares, exercícios militares, fabricação de armas nucleares, químicas 
e biológicas. 
Para que se possa definir a segurança ambiental como setor de segurança 
internacional, é preciso entender a lógica das ameaças e as vulnerabilidades deste 
universo a partir de três princípios observados por Wilde, membro da Escola de 
Copenhague, e um dos autores do livro Security: A New Framework for Analysis, que 
são: as ameaças à civilização, ameaças à atividade humana e as ameaças causadas 
pela atividade humana. As ameaças à civilização são causadas por terremotos, 
erupções vulcânicas, ciclos extensivos glaciais e deslocamento da crosta, impactos 
que não são causados pela atividade humana; as ameaças à atividade humana sobre 
sistemas naturais ou que alteram a estrutura da Terra são: efeito estufa, efeito CFC’s 
ou destruições acidentais a níveis regionais e locais, extrações e destruição do 
ecossistema; e por fim, as ameaças da atividade humana aos sistemas naturais ou à 
estrutura do planeta que são: a destruição da fontes minerais (as quais podem ser 
inconvenientes, pois são usadas na tecnologia), temos como exemplo a substituição 
do cobre por silício na indústria eletrônica e do metal por cerâmica na engenharia. 
 
24 
 
Das ameaças acima citadas, as ameaças à atividade humana é o motivo 
principal para falar sobre segurança ambiental, pois representam um ciclo de ameaças 
entre civilização e meio ambiente, no qual o processo civilizatório envolve a 
manipulação do resto da natureza a qual desenvolvem proporções de autodestruição. 
Pela perspectiva global, os principais resultados do desenvolvimento são a explosão 
do crescimento populacional e as atividades econômicas. O problema é que um dos 
esforços necessários à humanidade não é em relação a natureza, mas sim referente 
a sua própria dinâmica de vida (BUZAN et al, 1998). E este é o maior problema que 
desencadeia constantemente a problemática das Espécies Exóticas Invasoras. 
O caso das Espécies Exóticas Invasoras, parece ser a mais grave das 
ameaças, pois sua introdução pode ocorrer em todos os princípios a partir de todas 
as ameaças acima citadas. 
 
 Tabela 2: Princípios das Ameaças ao Meio Ambiente Global 
Tipos de Ameaças Ocorrências Como ocorre a introdução 
 das E.E.I. 
Ameaças à 
 civilização 
Terremotos, erupção de 
vulcões, ciclos extensivos 
glaciais e deslocamento da 
crosta 
Os fenômenos aqui 
citados, devastam a flora e 
a fauna provocando seus 
deslocamentos para 
outros territórios em busca 
de sobrevivência. 
Espécies da fauna e flora 
no caso são levadas pelos 
ventos, rios e mares. O 
deslocamento migratório 
da civilização em razão 
destas ocorrências, 
também possibilitam a 
entrada de E.E.I. 
carregadas 
acidentalmente nas solas 
de calçados, pneus e até 
mesmo transportadas 
como espécies de 
estimação. 
Ameaças à 
 atividade humana 
Efeito estufa, efeito CFC’s ou 
destruições acidentais a níveis 
regionais e locais, extrações e 
destruição do ecossistema; 
Da mesma forma, 
conforme citado na 
ameaça à civilização, 
estas espécies se 
 
25 
 
deslocam de seus 
habitats naturais e se 
estabelecem em outras 
regiões, alterando de 
forma violenta a paisagem 
local, extinguindo 
espécies nativas que 
muitas vezes são a 
matéria-prima principal de 
atividades humanas e seu 
meio de sobrevivência. 
Ameaças causadas 
pela atividade 
humana 
Destruição de fontes minerais 
(as quais podem ser 
inconvenientes, pois são 
usadas na tecnologia), temos 
como exemplo a substituição 
do cobre por silício na 
indústria eletrônica e do metal 
por cerâmica na engenharia. 
 
No caso das ameaças 
causadas pela atividade 
humana, são onde 
ocorrem maior 
intervenção e introdução 
destas espécies de forma 
contínua, pois as 
atividades do comércio 
internacional, a 
transnacionalidade de 
empresas, as atividades 
migratórias e os meios de 
transportes são os 
maiores vetores desta 
ameaça. 
Fonte: Elaborada pela autora 
 
Programas de desenvolvimento do setor econômico, estimulam e promovem 
junto às indústrias o cultivo de mais espécies exóticas consideradas invasoras, 
incentivando novas introduções e intensificando o uso destas espécies, sem prever 
manejo adequado ou medidas preventivas ao processo de invasão. Essas atitudes 
denotam falta de uso da base científica para o desenvolvimento, assim como falta de 
bom senso no manejo de ecossistemas naturais e do uso do princípio da precaução 
em que se fundamenta a Convenção Internacional sobre Diversidade Biológica. 
Mesmo sendo a problemática das E.E.I. uma urgência, declarada por 
ambientalistas, confirmada através de pesquisas biológicas e sendo pauta na CDB, 
acaba fazendo parte de uma agenda normal e as emergências acabam fazendo parte 
de um discurso de políticas pobres. Organizações não-governamentais ambientais 
tentam securitizar as causas e os efeitos dos desastres ambientais, especialmente 
algumas organizações intergovernamentais. Conforme descrito pelo Programa Global 
 
26 
 
de Espécies Invasoras, a invasão de espécies exóticas é um problema de amplitude 
global, que requer cooperação internacional para complementar as ações 
desenvolvidas em nível nacional e local por governos, setores econômicos e 
instituições do terceiro setor. 
A criação de planos de contingência, antecipadamente, não é necessariamente 
uma forma de securitização, porém a execução destes planos é (BUZAN et al, 1998). 
Desta forma, a CONABIO tem avançado na execução de seu plano de contingência, 
consagrando a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras como forma de 
securitização. 
 Observou-se, no decorrer deste capítulo, que o cenário apresentado, diante da 
instabilidade dos setores político, econômico, societal e ambiental e da assimetria 
entre os Estados da América do Sul, caracteriza-se no que Galtung e Buzan 
denominam de “violência estrutural”, que é gerada a partir da injustiça social, 
desigualdade e exploração de recursos (2012, p. 166 - 167). 
 
 
 
 
 
27 
 
2. O CASO DAS ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS 
2.1 A história e os efeitos da Globalização 
De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, "Espécies 
Exóticas Invasoras" são organismos que, introduzidos fora da sua área de distribuição 
natural, ameaçam ecossistemas, habitats ou outras espécies. Possuem elevado 
potencial de dispersão, de colonização e de dominação dos ambientes invadidos, 
criando, em consequência desse processo, pressão sobre as espécies nativas e, por 
vezes, a sua própria exclusão (BRASIL, MMA, 2009). Espécies invasoras ocorrem em 
todos principais grupos taxonômicos, incluindo vírus, fungos, algas, musgos, 
samambaias, plantas superiores, invertebrados, peixes, anfíbios, répteis, pássaros e 
mamíferos (GISP, Programa Global de Espécies Exóticas Invasoras, 2003). 
A movimentação de espécies eraum fenômeno que ocorria de forma natural 
ou pela movimentação de nossos ancestrais. Aparentemente em um dado período 
histórico não pareciam apresentar ameaça. Cavalos, mastodontes e bisões vieram da 
Sibéria para a América através do estreito de Bering, da mesma forma as Américas 
do Norte e do Sul intercambiaram conjuntos inteiros de espécies nos sucessivos 
afloramentos e aprofundamento do istmo do Panamá (GISP, 2003). Alguns séculos 
após esta movimentação natural, iniciou-se também o movimento de trocas de 
mercadorias, onde diversas espécies da flora e da fauna serviam de alimentos e 
também de moeda de troca. Esta troca, posteriormente denominada de comércio, 
iniciou de forma local, depois expandiu de forma regional e com a construção de 
embarcações este comércio expandiu internacionalmente tornando-se global, a partir 
da invenção de variados meios de transporte e modais. 
O comércio sempre foi o ponto de encontro de culturas, países e pessoas. A 
globalização, com o comércio crescente e deslocamento contínuo de pessoas e bens, 
através das fronteiras, tem facilitado a dispersão de espécies invasoras e o aumento 
significativo dos impactos por elas provocados (GISP, 2003). Trata-se aqui de um caso 
de temporalidades e de territorialidades em tensão, onde a velocidade das 
transformações em curso é impulsionada por uma temporalidade natural e por uma 
temporalidade abstrata da acumulação de capital sob a forma de dinheiro e de 
territorialidade, construída ao longo do tempo por diferentes habitats e por diferentes 
hábitos por meio de muitas guerras, alianças e acordos que constituem a história da 
 
28 
 
humanidade na sua diversidade (PORTO GONÇALVES, 2006, p. 276-77). 
As relações internacionais em seus vários segmentos, inclusive nas relações 
diplomáticas, sempre foi um meio de dispersão de Espécies Exóticas Invasoras. Fatos 
historicamente registrados nos mostram a prática de tais ações, num período em que 
não era dado importância ao controle destas espécies. Especialmente na região sul-
americana temos como referência histórica o registro de chegada de diversas mudas, 
vindas da Índia. O Brasil é descoberto a partir da chegada das caravelas de Cabral na 
Bahia em 1500, e é a partir deste estado brasileiro que iniciam as trocas e as relações 
internacionais. A Bahia serviu de conexão, primeiramente, para os navios de Carreira 
da Índia e forneceu inúmeros produtos e serviços, tais como abastecimento, reparos 
e cargas. Escalas na Bahia, também criaram oportunidades para as negociações 
ocultas. O livro publicado pela Fundação Alexandre de Gusmão, Relações intra 
coloniais: Goa-Bahia: 1675-1825, de autoria da professora indiana, Philomena 
Sequeira Antony, nos revela as riquezas dos intercâmbios comerciais e culturais 
ocorridos nesta época, que colaboraram com a biodiversidade de espécies da flora 
brasileira. 
Além das relações diplomáticas (entre chancelarias e entre governos) e das 
relações comerciais, outra ação pertinente às relações internacionais, que influenciam 
na problemática das E.E.I, são as migrações. “Entre 1871 e 1914, a migração 
internacional alcançou seu ponto alto, com 40 milhões de pessoas. Não havia 
qualquer restrição à exportação de capitais ou à repatriação de lucros” (SARAIVA, 
2007, p. 85). Desta forma, também não havia, e ainda não há, o controle devido no 
transporte destas espécies, pelo menos junto aos imigrantes e emigrantes, que além 
de transportarem seus animais e plantas domésticas, também transportam, sem 
perceber, sementes de E.E.I. nos solados de seus calçados e pneus. 
Agentes causadores de doenças infecciosas são com frequência – e talvez 
tipicamente – Espécies Exóticas Invasoras. Agentes infecciosos 
desconhecidos, transmitidos aos seres humanos por animais ou importados 
inadvertidamente por viajantes, podem ter efeitos devastadores sobre 
populações humanas. Pragas e agentes patogênicos também podem 
consumir com produções locais de alimentos de origem agrícola ou pecuária, 
provocando privações individuais e fome coletiva (GISP, 2005). 
 
No próximo subcapítulo serão analisadas as principais invasões ocorridas nos 
Estados sul-americanos e quais soluções encontradas. Estas servirão de referência 
para soluções de desenvolvimento local que possam ser amparadas com programas 
 
29 
 
de políticas públicas para a construção de um acordo de cooperação internacional 
com maior aprofundamento sobre esta questão com base na sustentabilidade da 
América do Sul. 
2.2 A situação nos Estados da América do Sul 
 A América do Sul tem a extensão de 17.819.100 km² e seus limites naturais 
são o mar do Caribe ao norte; o oceano Atlântico a leste, nordeste e sudeste; e o 
Oceano Pacífico a oeste. É constituída por 12 países e 1 território, sendo: Argentina, 
Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai 
Venezuela e Guiana Francesa. Os recursos naturais são parte da estratégia e da força 
deste continente, que além da exploração e do mau uso, estes recursos também se 
encontram ameaçados pela invasão de espécies exóticas que elencam medidas 
urgentes, dispostas no preâmbulo e no item “h” do Artigo 8 da Convenção sobre 
Diversidade Biológica e nos objetivos e diretrizes da Estratégia Nacional sobre 
Espécies Exóticas Invasoras, Resolução n.5 da CONABIO. 
Mesmo com suas políticas independentes e soberania, regimes e normas 
internacionais obrigam os Estados a cumprirem regras, que podem alterar a sua 
política interna em relação à política externa. Desta forma, a seguir serão analisadas 
a situação normativa de cada país e território da América do Sul em cumprimento de 
tais regras internacionais e as principais ocorrências registradas referentes a invasão 
de espécies exóticas, que conforme Decisão VI\23 da CDB, enfatiza que é necessário 
realizar a identificação e inventário dos conhecimentos especializados pertinentes à 
prevenção, detecção precoce, alerta, erradicação e ou controle de Espécies Exóticas 
Invasoras e recuperação dos ecossistemas e habitats invadidos, de forma que essas 
informações possam ser disponibilizadas aos países membros da Convenção. 
No ano de 2016, o governo argentino contou com a parceria do Instituto Hórus 
do Brasil para implementação da Lista Oficial e da Estratégia Nacional de Espécies 
Exóticas Invasoras (ENEEI). O sistema de classificação de espécies foi elaborado 
com base no marco regulatório da Comunidade Europeia e teve apoio e financiamento 
da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) e do Fundo 
Mundial para o Meio Ambiente (GEF) (ARGENTINA, 2016). Com base na Convenção 
Quadro das Nações Unidas sobre Cambio Climático e no Protocolo de Kyoto, no mês 
de maio de 2017, o Ministério dos Transportes da Argentina implantou incentivos 
 
30 
 
econômicos às embarcações que ajudarem a cuidar do meio ambiente, a cada item 
de cuidado com o meio ambiente vai somando pontos e aumentando os descontos 
fiscais, que incentivam na redução de emissão de CO2 dos navios e cruzeiros, 
vinculados também questões de higiene e limpeza especial dos porões e lastros, o 
que diminui a possibilidade de introdução de Espécies Exóticas Invasoras marinhas 
(ARGENTINA, 2017). 
A Argentina também implementou o Sistema Nacional de Informação sobre 
Espécies Exóticas Invasoras, onde conta com a colaboração do público em geral para 
o registro e informações sobre E.E.I. Na lista oficial, encontram-se o registro de 689 
espécies e uma das espécies mais problemáticas registrada é a Rana toro (Lithobates 
catesbeianus), nativa da América Central, foi introduzida de forma voluntária através 
de criadouros para o comércio gastronômico. O fato é que alguns criadouros foramabandonados, pois a especiaria exótica deixou de ser rentável, ou ainda, em 
criadouros ativos, as rãs fogem e se espalham facilmente através de rios e córregos. 
Além de invadir o espaço de espécies nativas, esta espécie apresenta riscos à saúde 
humana por ser portadora de um vírus que provoca hemorragia intestinal. Além dos 
atores acima citados, o SENASA (Servicio Nacional de Sanidad y Calidad 
Agroalimentaria), órgão vinculado ao governo, em parceria com a FUEDEI (Fundación 
para el Estudio de Especies Invasivas), se empenham na fiscalização, controle, 
manejo e pesquisas. 
No Lago Titicaca Espécies Exóticas Invasoras têm provocado o 
desaparecimento de espécies nativas e consequentemente prejudicado a pesca e a 
cultura gastronômica e econômica da região. O responsável pela área de Recursos 
Hidrobiológicos da Autoridad Binacional Autónoma del Sistema Hídrico Lago Titicaca 
(ALT) afirma que o desaparecimento das espécies nativas iniciou após a introdução 
da truta vinda dos Estados Unidos, e posteriormente ocorreu também a introdução do 
peixe Pejerrey (Odontesthes bonariensis) (LA PATRIA, 2013). 
 O Brasil, conforme referenciado no início deste trabalho, tem como documento 
oficial a Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, criada junto a 
Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO) do Ministério do Meio Ambiente, 
com base na Convenção sobre Diversidade Biológica e demais leis que regulam o 
controle e o manejo de E.E.I. Conforme Decisão VI\23 da CDB, uma das obrigações 
dos Estados partes desta convenção, é declarar a lista de E.E.I. existentes em seu 
 
31 
 
país. Desta forma, reservas e unidades de conservação são obrigadas a declararem 
a presença de E.E.I. no Plano de Manejo. No Rio Grande do Sul, na região sul da 
cidade de Porto Alegre, além do capim-anonni (Eragrostis plana Nees), do aspargo-
de-jardim (Asparagus Setaceus), da uva-do-japão (Hovenia dulces) que mais invadem 
a região sul do país (ENEEI, 2009), foi identificado recentemente a presença e invasão 
do Sapo-Touro na elaboração do Plano de Manejo do Refúgio de Vida Silvestre da 
Secretaria Municipal de Porto Alegre. A nota emitida pelos biólogos responsáveis 
declara que: 
(…) é uma espécie exótica com alto potencial invasor e alta voracidade. Essa 
espécie possui grande vantagem competitiva em relação às espécies nativas, 
com impactos diretos e indiretos sobre diversos grupos da fauna aquática e 
terrestre. Por essas razões, a sua presença demanda alguma intervenção para 
garantir a sobrevivência das demais populações nativas na região (SMAMS, 
2017). 
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 
(IBAMA), declara que uma das cem piores Espécies Exóticas Invasoras do mundo é 
o javali (Sus scrofa). Ele ameaça diversos estados brasileiros, havendo registros de 
presença em quinze unidades da federação: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, 
Paraná, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Roraima, Tocantins, Maranhão, Bahia, 
Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O controle e abate da 
espécie foi autorizado pelo IBAMA de acordo com regras estabelecidas por instruções 
normativas (2017). 
A mais recente notícia publicada pela BBC foi o ataque da lebre europeia às 
plantações de brócolis e couve-flor no Sul e Sudeste do Brasil, onde os prejuízos 
chegam a 100% da produção. 
A lebre rói o caule de pés de laranja, limão e tangerina, que 
morrem poucos dias depois, por falta de seiva. Produtores 
rurais reclamam ainda da presença do animal em cultivos de 
soja, maracujá, feijão, hortaliças, melancia, abóbora, melão, 
pupunha, mandioca, mandioquinha, batata-doce, café, quiabo 
e seringueira (BBC, 2017). 
 
Outra espécie que é importante destacar, pela sua maleficência e por estar 
mais próxima a maioria da população, é o caramujo africano Achatina fulica, que até 
o ano de 2010 já tinha invadido 24 estados brasileiros e o Distrito Federal. Esta 
espécie vem causando danos a população, aos jardins e plantações. São 
transmissoras de duas zoonoses (angiostrongilíase abdominal e meningoencefalite 
 
32 
 
eosinofílica) e outras parasitoses de interesse veterinário. Este caramujo é nativo do 
leste da África e foi introduzido de forma voluntária para criação e comercialização na 
região sul do Brasil (ZANOL et al, 2010). 
Como medida de prevenção e alerta às doenças causadas por Espécies 
Exóticas Invasoras, em 2005, a Fundação Osvaldo Cruz, publicou em parceria com o 
MMA, uma Sinopse da Estrutura Legal de Prevenção e Controle da Entrada de 
Espécies Exóticas Invasoras4 que afetam a Saúde Humana, onde constam 
Instrumentos Normativos dos Ministérios da Agricultura Pecuária e Abastecimento, da 
Ciência e Tecnologia, das Comunicações, da Defesa, do Desenvolvimento, Indústria 
e Comércio Exterior, da Fazenda, de Justiça, do Meio Ambiente, da Saúde, do 
Trabalho e Emprego, dos Transportes, dos Planos e Programas do MAPA e do Plano 
Nacional de Segurança Pública e Portuária do MJ. Porém, denota-se que diante das 
ocorrências atuais existem falhas na execução dessas normativas. 
O Ministério do Meio Ambiente do Chile recebeu recentemente o financiamento 
da Global Environment Facility (GEF) para investir no controle de vinte e quatro e 
erradicação de doze E.E.I. O ministro do meio ambiente declarou um prejuízo de 90 
milhões de dólares anuais e revelou que as E.E.I. que mais ameaçam o país e 
principais responsáveis este por este déficit na economia são: Castor canadensis, 
Oryctolagus cuniculus, Sus Scrofa, Neovison vison, Vespula germanica, Rubus spp e 
a Ulex europaeus (EL MERCURIO, 2017). 
O Ministério do Meio Ambiente, Habitação e Desenvolvimento Territorial da 
Colômbia, a partir da Resolução n. 0207 de 03 de fevereiro de 2010, segue as 
diretrizes da CDB e apresenta sua lista de E.E.I. e destaca as seguintes espécies 
como principais ameaças: Caracol de Tierra (Helix aspersa), Mejillón (Electroma sp.), 
Hormiga loca (Paratrechina fulva), Caracol Gigante Africano (Achatina fulica), Jaiba 
azul (Charybdis halleri), Jaiba (Callinectes exasperatus), Camarón del Indo Pacífico 
(Penaeus monodon), Pez león (Pterois volitans), Trucha común o Trucha europea 
(Salmo trutta), Trucha arco iris (Oncorhynchus mykiss), Tilapia nilótica (Oreochromis 
niloticus), Carpa común (Cyprinus carpio), Perca americana (Micropterus salmoides), 
Tilapia negra (Oreochromis mossambicus), Gurami, piel de culebra (Trichogaster 
pectoralis), Rana Coqui (Eleutherodactylus coqui), Rana Toro (Lithobates 
 
4 Brasil, Ministério do Meio Ambiente, Fundação Oswaldo Cruz, Sinopse da Estrutura Legal de 
Prevenção e Controle da Entrada de Espécies Exóticas Invasoras, 2005 Disponível em: 
http://www.mma.gov.br/estruturas/174/_arquivos/174_05122008031348.pdf Acesso em: 29.11.2017. 
 
33 
 
catesbeiana), Buchón (Eichornia crassipes), Alga marina (Kappaphycus alvarezeii), 
Retamo Espinoso (Ulex europaeus), Retamo Liso (Teline monspessulana), Canutillo, 
Yaragua (Melinis minutiflora). Os Parques Nacionais da Colômbia estão trabalhando 
na identificação de quais são as E.E.I. que se encontram no interior das áreas 
protegidas e nas ações de manejo e controle das pressões ocorridas às espécies 
nativas e ao ecossistema afetado (COLÔMBIA, 2017). 
O Ministério do Meio Ambiente do Peru tem seu Plano de Ação Nacional sobre 
Espécies Exóticas Invasoras criado pelo Grupo Técnico de Espécies Exóticas 
Invasoras da Comissão Nacional de Diversidade Biológica com base na Convenção à 
Diversidade Biológica e destaca a lebre europea (Lepus europaeus), como espécie 
altamente perigosa para a conservação da biodiversidade das atividades agrícolas 
que se desenvolvem nosul do país (PERU, 2015). 
O Uruguai, diante da problemática de E.E.I., toma providências com base na 
Conferência sobre Diversidade Biológica (CDB). No ano de 2011, o governo uruguaio 
realizou um concurso público de desenho para escolha de um logotipo que seria usado 
pelo Comitê de Espécies Exóticas Invasoras (CEEI), grupo criado no âmbito da 
Comissão Técnica do Meio Ambiente (COTAMA), que agrupa representantes de 
entidades vinculados a esta temática. O Uruguai também conta com uma base de 
dados denominada de InBUy, ferramenta desenvolvida desde o ano de 2006, para 
elaborar estratégia de prevenção e controle, desenvolver políticas e análises 
científicas com relação às E.E.I. 
O Governo Bolivariano da Venezuela lista as Espécies Exóticas Invasoras 
(VENEZUELA, 2017). A imprensa venezuelana divulgou em fevereiro deste ano as 
principais espécies que mais ameaçam seu território, entre elas, o peixe leão (Pterois 
volitans) é a que mais preocupa em razão da velocidade de sua reprodução e da 
constante introdução a partir dos Estados Unidos, nativa do oceano Índico oriental e 
do Pacífico ocidental, foi introduzido na Flórida como peixe ornamental. Atualmente 
esta espécie é servida como especiaria exótica em alguns restaurantes da Venezuela. 
É uma espécie muito voraz que se reproduz muitíssimo e as correntes 
marinhas colaboram, porque seus ovos fecundados flutuam, o que permite 
povoar o Caribe no período de 10 a 15 anos, declara o ictiólogo. Sua 
reprodução é especialmente veloz: uma fêmea pode pôr até 30 000 ovos em 
cada gestação, que ocorre ao menos sete vezes durante o ano5 (EL 
 
5Es una especie super voraz que se reproduce muchísimo y las corrientes marinas lo ayudan porque 
sus huevos fecundados flotan, lo que le ha permitido poblar el Caribe en un período entre 10 y 15 años”, 
 
34 
 
NACIONAL, 2017, tradução própria). 
Países como Equador, Guiana, Guiana Francesa, Suriname e demais países 
da América do Sul se reuniram em Brasília, em um evento sediado pela EMBRAPA 
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), promovido pelo Governo do Brasil, 
através do Ministério do Meio Ambiente, pelo Governo dos Estados Unidos e o 
Programa Global sobre Espécies Invasoras (GISP) para tratarem de assuntos 
referentes a invasão de espécies invasoras a partir das diretrizes da Convenção à 
Diversidade Biológica. 
2.3 Regiões fronteiriças 
 Transformar as regiões de fronteira em espaços de integração e 
desenvolvimento, planificando o território e atendendo os aspectos econômicos, 
sociais e ambientais são os objetivos da maioria dos acordos e tratados internacionais 
direcionados às regiões fronteiriças. 
Em razão dos crimes que ocorrem nestas regiões como tráfico de armas, 
drogas, biopirataria, animais silvestres e Espécies Exóticas Invasoras, entre outras 
mercadorias e ilícitos, por ser uma divisa de territórios entre Estados, na região 
fronteiriça, existe um maior controle e participação do setor militar e maior fiscalização 
no que se refere às vistorias e inspeções cotidianas. São nestas regiões onde também 
acontecem o maior número de migrações (imigrantes e emigrantes), entre eles 
comerciantes, viajantes, turistas, estudantes e refugiados. As pessoas que 
atravessam as fronteiras, muitas vezes carregam sementes, sem perceber, nos 
solados de seus calçados, também carregam suas espécies de estimação, como 
plantas e animais. 
Nas regiões fronteiriças a problemática é ainda maior, pois embora 
ocorra apenas uma pequena percentagem das espécies 
transportadas, através das fronteiras, estas se tornam invasoras e os 
impactos podem ser extensos (GISP, 2005). 
O comércio internacional, a importação e exportação de espécies da flora e da 
fauna atravessam fronteiras via terrestre, marítima e aérea, consequentemente, o 
 
detalla el ictiólogo. Su reproducción es especialmente veloz: una madre puede poner hasta 30 000 
huevos en cada evento reproductivo, lo que sucede al menos siete veces al mes durante todo el año 
(EL NACIONAL, 2017).detalla el ictiólogo. Su reproducción es especialmente veloz: una madre puede 
poner hasta 30 000 huevos en cada evento reproductivo, lo que sucede al menos siete veces al mes 
durante todo el año (EL NACIONAL, 2017). 
 
35 
 
maior número de invasões de espécies exóticas e o maior número de introduções 
encontram-se na região fronteiriça. Existem normas e listas com a relação de espécies 
não permitidas, porém a falta de recursos humanos e tecnológicos para identificar tais 
espécies comprometem a segurança exigida pela CDB, que por sua vez também entra 
em divergência com o Acordo SPS e o cumprimento das normas de cada Estado. 
No item 7 das Diretrizes da Estratégia Nacional sobre E.E.I., intitulado de 
Controle de Fronteiras e Medidas de Quarentena, indica a necessidade de 
implementação de ações de controle de fronteiras e medidas de quarentena para 
espécies exóticas que são ou que podem se tornar invasoras. Declara ainda que os 
estados deveriam implementar medidas apropriadas para controlar as introduções de 
E.E.I. em suas áreas de jurisdição. E no item 7.3 declara que: 
Estas medidas deveriam ser baseadas em análise de risco das ameaças 
decorrentes das espécies exóticas e de suas potenciais rotas de entrada. Os 
órgãos governamentais ou às autoridades competentes, deveriam ser 
fortalecidos e ampliados, conforme necessário, e os funcionários deveriam 
estar adequadamente treinados para implementar tais medidas. Os sistemas 
de detecção precoce e a coordenação regional e nacional são indispensáveis 
para a prevenção (BRASIL, 2009). 
 
 
 A extensão da costa marítima, a quantidade de vias navegáveis da América do 
Sul, o número de atraques anuais e os diversos tipos de embarcações, tem um volume 
preocupante que dificulta o controle e facilita a dispersão de E.E.I. No Brasil, território 
de maior costa marítima e rios navegáveis da América do Sul, o setor portuário é 
composto por 349 instalações portuárias, sendo 34 Portos Públicos, 126 
Arrendamentos Portuários, 160 terminais de Uso Privado (TUP’s), 27 Estações de 
Transbordo de Carga, e duas Instalações de Cargas de Turismo onde ocorrem em 
média 55.000 atraques anuais (ANTAQ, 2016). 
Estudos realizados no âmbito internacional constataram que muitas bactérias, 
plantas e animais podem sobreviver na água de lastro e nos sedimentos transportados 
pelos navios, mesmo após vários meses de duração. Embora existam outros meios 
de introdução e invasão de E.E.I. marinhas ou de vida aquática, a água de lastro 
descarregada pelos navios tem sido a mais relevante. 
A possiblidade da água de lastro descarregada causar males à saúde pública 
foi reconhecida pela Organização Marítima Internacional e a Organização Mundial da 
Saúde (MARINHA DO BRASIL, 2017). O Ministério do Meio Ambiente do Brasil 
declara que existem aproximadamente 7.000 diferentes espécies de vida aquática 
 
36 
 
transportadas a cada dia ao redor do mundo. Em 2004 foi realizada uma Convenção 
Diplomática para a adoção da Convenção Internacional sobre Controle e Gestão da 
Água de Lastro, onde participaram 74 Estados (BRASIL, 2017). Apenas neste ano de 
2017 passou a vigorar mundialmente a Convenção Internacional para o Controle e 
Gerenciamento da Água de Lastro e Sedimentos dos Navios, conhecida 
internacionalmente como Convenção BWN (BRASIL, 2017). 
Existem diversos tipos de navegação que são controladas pela ANAQ, entre 
elas a navegação marítima, navegação de cabotagem, navegação de apoio marítimo, 
navegação de Interior. Porém existe a navegação lacustre, que é um modal incipiente 
que não tem importância numérica nas estatísticas de transporte

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