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30 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 5 10 7 AJUSTE DE CURVAS Em matemática e estatística aplicada, existem muitas situações em que conhecemos uma tabela de pontos (x; y). Nessa tabela, os valores de y são obtidos experimentalmente e deseja-se obter uma expressão analítica de uma curva y = f(x) que melhor se ajuste a esse conjunto de pontos. Por exemplo, no departamento de uma empresa, podemos obter uma tabela com valores do custo total (CT) de um produto em função da quantidade q de produção, como mostra a tabela abaixo: Quantidade (q) Custo total (CT) 1 164 2 272 3 348 4 416 5 500 Fazendo a representação gráfica dos pontos da tabela abaixo, temos: 600 500 400 300 200 100 0 Custo total X Quantidade Cu st o to ta l e m R $ 0 1 2 3 4 5 6 Quantidade em unidades Unidade II 31 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Observamos que no gráfico acima não passa uma reta por todos os pontos. Com base nisso, podemos fazer as seguintes perguntas: 1) Qual é a curva que melhor se adapta para o conjunto de pontos, isto é, qual é a expressão analítica ou a função que melhor se ajusta para os pontos (x; y)? 2) Qual é a previsão do custo total para dez unidades do produto? Introdução à regressão linear A título de exemplo, utilizaremos pares ordenados obtidos resultantes de algum experimento, como: x x1 x2 x3 x4 x5 ... xn-1 xn y y1 y2 y3 y4 y5 ... yn-1 yn A ordenação desses pares em uma distribuição cartesiana será influenciada pelos valores de xi e yi, (i = 1...n), logo, podemos obter um gráfico, por exemplo: 70 60 50 40 30 20 10 0 2 4 7 10 14 19 27 30 Fonte: FONSECA, Jairo Simon da; MARTINS, Gilberto de Andrade; TOLEDO, Geraldo Luciano. Estatística aplicada. São Paulo: Atlas, 2009. Podemos constatar a possibilidade de obtenção de uma função real que passe nos pontos ou pelo menos passe próxima dos pontos (xi,yi) dados. 5 10 15 32 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 A teoria de interpolação é a área matemática destinada a estudar tais processos para obter funções que passem exatamente pelos pontos dados, enquanto que a teoria de aproximação estuda processos resultantes de funções que se aproximem ao máximo dos pontos dados. Lógico que, se pudermos gerar funções que se aproximem dos pontos dados e que tenham uma expressão fácil de ser manuseada, teremos gerado algo positivo e de valor científico. Existem vários processos matemáticos para a solução do problema; podemos destacar o método dos mínimos quadrados, que tem por finalidade gerar o que se chama em estatística de regressão linear ou ajuste linear. Dentre as curvas mais comuns aplicadas, estão: Ordem Função Nome 1 y = ao+a1 x Reta 2 y = ao+a1 x+a2 x² Parábola A proposta de qualquer uma das funções é encontrar quais são os valores dos coeficientes ao, a1 e a2, de forma que a soma dos quadrados das distâncias (tomadas na vertical) da referida curva y = f(x) a cada um dos pontos dados (yi) seja a praticável, daí o nome método dos mínimos quadrados. Isso pode ser feito através de cálculos avançados que consideram todas as variáveis utilizadas ou simplificado pelo chamado método dos mínimos quadrados que estudaremos a seguir. Método dos mínimos quadrados (MMQ) Consiste em um dos mais simples e eficazes métodos da análise de regressão; é utilizado quando temos uma distribuição de pontos e precisamos ajustar a melhor curva para esse conjunto de dados. 5 10 15 20 25 33 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Regressão linear Analisaremos o caso em que a curva de ajuste é uma função linear, muito frequente nos casos empresariais. Na verdade, pela necessidade de agilidade nas respostas e tomadas de decisões, problemas mais complexos podem ser aproximados pelo caso linear, considerando as duas variáveis mais significativas para cada caso. Matematicamente, vamos considerar y = ax + b, cujo gráfico é uma reta. A equação da reta ou a função que aproxima o conjunto de pontos é dada por: y = Ax + B A x y n x y x n x e B y Ax= ∑ − ∑ − ( ) = −. . . 2 2 _ _ Onde: n = número de pontos observados; Σx= soma dos valores de x (abscissas); Σy= soma dos valores de y (ordenadas); Σx.y = soma dos produtos entre x e y; Σx2 = soma dos quadrados dos valores de x; x x n = ∑ e y y n = ∑ (médias aritméticas). Aplicaremos o modelo para responder as duas perguntas do problema inicialmente proposto nesta unidade. 5 10 15 20 34 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Para facilitar os cálculos, construímos a tabela e calculamos os elementos da fórmula do método dos mínimos quadrados, onde y representa o custo total (CT) e x representa a quantidade q. x y x.y x2 1 164 164 1 2 272 544 4 3 348 1044 9 4 416 1664 16 5 500 2500 25 Soma = ∑ 15 1700 5916 55 x x n = ∑ = =15 5 3 y y n = ∑ = =1700 5 340 A= − − = =5916 5 3 340 55 5 3 816 10 816 2 . . , , . 81,6 B = 340 - 81,6.3 = 95,20. Substituindo os valores de A e B, a equação da reta que aproxima os pontos da tabela é: y = 81,6x + 95,20 Isto é, CT = 81,6q + 95,20, e a previsão para a quantidade q = 10 unidades é dada por: q = 10 ⇒ CT = 81,6. 10 + 95,20 = 911,20. Assim, o custo total para dez unidades é de $ 911,20. 5 10 35 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Graficamente, 600 500 400 300 200 100 0 Custo total X Quantidade Cu st o to ta l e m R $ 0 1 2 3 4 5 6 Quantidade em unidades y = 81,6x + 95,2 Lembramos aqui que o símbolo Σ é a representação de um somatório e corresponde à letra grega sigma maiúscula. Regressão quadrática Em muitos problemas de matemática aplicada, também é comum ocorrerem situações em que a curva de ajuste não é uma reta, podendo os pontos se aproximarem de uma curva cujo gráfico é uma função quadrática, exponencial, logarítmica e outras. Vamos analisar o caso em que a curva de ajuste é uma função quadrática: y = ax2 + b.x + c. O modelo de ajuste da regressão quadrática é dado por y = Ax + Bx + C, onde A, B e C é uma solução do sistema de equações lineares abaixo: A x B x C x x y A x B x C x xy A x B x C n y 4 3 2 2 3 2 2 + + = + + = + + = ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑ ∑∑ . 5 10 36 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Exemplo A tabela a seguir apresenta os valores da quantidade demandada de um bem e os preços de venda correspondentes em determinado período: Preço de venda 150 185 210 173 145 Quantidade vendida 15 38 59 80 100 Ajuste uma parábola para os dados da tabela e projete a quantidade vendida para um preço de venda igual a $ 120,00. Solução Inicialmente, marcamos os pontos num gráfico para verificar se eles tendem mesmo a uma parábola. 240 200 160 120 80 0 Quantidade X Preço de venda Q ua nt id ad e em un id ad es 0 15 30 45 60 75 90 Preço de venda (R$) 105 40 Parafacilitar os cálculos, construímos uma tabela e calculamos os elementos da fórmula do ajuste da parábola, onde y representa a quantidade e x o preço de venda, e, na última linha, os somatórios das colunas. x y x.y x2 x3 x4 x2. y 15 150 2250 225 3375 50625 33750 38 185 7030 1444 54872 2085136 267140 59 210 12390 3481 205379 12117361 731010 80 173 13840 6400 512000 40960000 1107200 100 145 14500 10000 1000000 100000000 1450000 292 863 50010 21550 1775626 155213122 3589100 5 10 37 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Substituindo os valores obtidos da tabela acima no sistema de equações e resolvendo, obtemos: A = -0,0298 B = 3,3416 e C = 105,95. A equação que aproxima os pontos da tabela é: y = -0,0298x2 + 3,3416x + 105,95. Isto é, q = - 0,0298 p2 + 3,3416 p + 105,95, onde q representa a quantidade demandada e p o preço de venda. Calculando a projeção da quantidade para o preço de venda igual a $ 120,00, temos: p = 120 ⇒ q = -0,0298. (120)2 + 3,3416. 120 + 105,95 = 77,82. Assim, a quantidade demandada para o preço de $ 120,00 é de 77,82 unidades. Graficamente, 240 200 160 120 80 0 Quantidade X Preço de venda Q ua nt id ad e em un id ad es 0 15 30 45 60 75 90 Preço de venda (R$) 105 40 y= -0,0298x2 + 3,3416x + 105,95 O estudo das regressões é muito aplicado em problemas de estatística. Se estamos interessados em aprender o “processo” (isto é, fazer dele uma ferramenta de trabalho), devemos 5 10 15 38 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 observar as mudanças que ocorreram quando passamos da reta para a parábola. Não construiremos o processo para função cúbica ou até mesmo quártica, mas a analogia entre os casos permanece. Obviamente, quando necessitamos desse tipo de análise empresarialmente, buscamos soluções rápidas para os casos de interesse. A grande aliada desse tipo de cálculo é a informática, que nos possibilita ter à disposição programas domésticos, pacotes e até sistemas dedicados a cada nova situação a ser simulada. O método de regressão linear consta no tutorial, por exemplo, do Microsoft Excel*, que faz parte do pacote Office da Microsoft, utilizado pela grande maioria dos profissionais. É fácil utilizá-lo para ajustar curvas ou equações de múltiplas variáveis. O programa possui duas ferramentas para desenvolver regressões. A primeira é a descrita neste estudo e tem a vantagem de ser mais automatizada. Essa opção precisa ser instalada, através do menu Ferramentas/Suplementos/Análise de dados, escolhendo- se depois a opção Ferramentas/Análise de dados/Regressão. Nesse caso, o MS-Excel pode calcular os resíduos e gerar os gráficos automaticamente, porém, cada nova equação precisa ser gerada desde o início. No segundo formato, os resultados se ajustam imediatamente às alterações nos dados e o programa aceita até dezesseis variáveis independentes, reconhecendo automaticamente os dados em uma planilha, a partir do formato da variável dependente (y), como descrito a seguir1: A ferramenta de análise Regressão realiza uma análise de regressão linear usando o método de “quadrados mínimos” para encaixar uma linha em um conjunto de observações. Podemos analisar como uma única 1 Fonte: Manual do Microsoft Excel. Disponível em www.inf.unisinos.br/ gonzalez/valor/inferenc/excel.html. 5 10 15 20 25 30 39 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod variável dependente é afetada pelos valores de uma ou mais variáveis independentes. Por exemplo, ao analisar como o desempenho de um atleta é afetado por fatores como idade, altura e peso. Podemos distribuir partes da medição de desempenho para cada um desses três fatores, com base em um conjunto de dados de desempenho e, em seguida, usar os resultados para prever o desempenho de um novo atleta não testado. A ferramenta Regressão usa a função de planilha LINEST. Sistemática de cálculo Para uma função linear, com o aspecto formal tipo Y = a0 + a1*X1+ a2*X2+... +ak*Xk, o ajustamento da equação de regressão pode ser realizado com a função estatística PROJ.LIN (na versão em inglês, LINEST), da seguinte forma: 1) Selecionar (com mouse ou teclas de movimentação) um grupo de células: 5 linhas x número de colunas igual ao número de parâmetros a estimar (variáveis independentes mais a constante); 2) Entrar a fórmula, indicando primeiro a coluna da variável dependente, em seguida a faixa de colunas das variáveis independentes, depois a existência ou não da constante no modelo (default = sim, 0 = não) e o desejo de receber o conjunto de informações completo (default = não, verdadeiro = sim), adquirindo o seguinte aspecto: =PROJ.LIN (a2:a13; b2:d13;;verdadeiro). Nem sempre se usará “:” e “;”. Conforme opções de instalação do programa, pode ser que sejam utilizados “.” e “,”. Na versão em inglês, usa-se “true” ao invés 5 10 15 20 25 30 40 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 de “verdadeiro”, sendo que também é possível que o correto (para um dado sistema) seja: =LINEST (a2. a13, b2.d13,,true). 3) Inserir esta função como matriz, pressionando simultaneamente CTRL+SHIFT+ENTER. Qualquer alteração na fórmula somente terá efeito se a matriz resposta for selecionada inteiramente e a nova fórmula for inserida igualmente com CTRL+SHIFT+ENTER. Como resultado dos cálculos efetuados pelo programa, será exibida uma matriz, sempre com o seguinte formato: ak ak-1 ... a2 a1 a0 epk epk-1 ... ep2 ep1 ep0 r2 epy #N/D #N/D #N/D #N/D F GL #N/D #N/D #N/D #N/D SQRegres SQResid #N/D #N/D #N/D #N/D Onde a0 é a constante, a1..ak são os coeficientes das variáveis, ep0...epk são os erros padrão de cada estimativa destas, R2 é o coeficiente de determinação, epy é o erro padrão da estimativa, F é o parâmetro de teste de Fischer-Snedecor, GL é o número de graus de liberdade, SQRegres é a soma dos quadrados da regressão e SQResid é a soma dos quadrados dos resíduos. Os elementos marcados como “#N/D” são espaços sem resultado, normais, decorrentes do desenho da função (na versão em inglês vem “#N/A”). É importante verificar que a posição dos elementos no quadro de resultados é sempre a mesma, independentemente da posição dos dados da amostra na planilha, indicados na fórmula. Os testes t podem ser determinados pela razão entre os dados da primeira e da segunda linhas 5 10 15 20 25 41 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod (tai=ai/epi). Os erros serão calculados utilizando os coeficientes determinados (atenção à posição deles: a constante está na última coluna, o coeficiente da primeira variável na penúltima, e assim por diante). Maiores esclarecimentos podem ser encontrados no item “regressão” (“regression”) no menu “AJUDA” do programa*. 5 42 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 5 10 15 20 25 8 MATEMÁTICA FINANCEIRA A maioria das questões financeiras é construída por algumas fórmulas-padrão e estratégias de negócio. Por exemplo, os investimentos tendem a crescer quando os bancos ou empresas oferecem juros compostos para seus clientes. Estamos em um momento financeiromundial em que as chamadas taxas de juros devem baixar para que não tenhamos um colapso da estrutura econômica (desemprego, repercussões sociais, etc.). Assim, a matemática financeira destina-se a fornecer subsídios para a análise de algumas alternativas de investimentos ou financiamentos de bens de consumo. De modo geral, podemos afirmar que esta disciplina é a divisão da matemática aplicada que estuda o comportamento do dinheiro ao longo do tempo, quantificando as transações que ocorrem no universo financeiro, levando em conta a variável tempo, ou seja, o valor monetário no tempo (time value money, como se diz usualmente no mercado financeiro). As principais variáveis tratadas no processo de quantificação financeira são taxa de juros, capital e tempo. Os conceitos de matemática financeira são integralmente aplicáveis tanto nos fluxos de caixa sem inflação, expressos em moeda estável “forte”, quanto nos fluxos de caixa com inflação, expressos em moeda “fraca”, que perdeu seu poder aquisitivo ao longo do tempo, em decorrência da inflação. Iniciaremos nossos estudos considerando a hipótese de moeda estável, isto é, assume-se que a moeda utilizada no fluxo 43 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod de caixa mantém o mesmo poder aquisitivo ao longo do tempo. A seguir, veremos os reflexos da inflação na análise dos fluxos de caixa, segundo os modelos pré-fixado e pós-fixado. A diferença básica existente nos dois modelos corresponde ao valor percentual da taxa de juros a ser adotada em cada caso. É evidente que nenhum conceito de matemática financeira sofre qualquer alteração pela mera variação do valor da taxa de juros. Consideremos um breve estudo dos conceitos mais utilizados: Juros Juro é a remuneração gerada por um capital aplicado ou emprestado; o valor é obtido pela diferença entre dois pagamentos, um em cada tempo, de modo que se tornem equivalentes. Podemos, então, dizer que juros são a remuneração de um capital aplicado a uma taxa estipulada previamente durante um determinado prazo; resumindo, é o valor recebido pela utilização de dinheiro emprestado. Logo, Juros (J) = preço do crédito. A incidência de juros é resultado de vários fatores, dentre os quais podemos destacar: • inflação: redução do poder aquisitivo da moeda num determinado espaço de tempo; • risco: os juros recebidos representam garantia contra possíveis riscos do investimento; 5 10 15 20 25 44 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 • fatores próprios da natureza humana, lembrando que a relação entre o homem e o dinheiro é uma das mais complexas de descrever, tanto social quanto psicologicamente. Taxa de juros É a forma de se estipular o montante de juros, ou seja, o valor percentual a ser pago pelo uso do capital emprestado durante um tempo pré-estipulado (anual, trimestral, semestral, mensal, etc.). Assim, a taxa de juros é o valor produzido numa unidade de tempo e é simbolizada pela letra i. Exemplo 10% ao mês; sua representação poderá ser feita na forma decimal, isto é, 0,10. Podemos observar, também, na tabela abaixo: Forma percentual Transformação Forma unitária 20% a.m. 20100 0,20 a.m. 3% a.a. 3100 0,03 a.a. 13,5% a.m. 13,5100 0,135 a.m. 5% a.d. 5100 0,05 a.d. A modalidade em que a taxa de juros é aplicada ao capital inicial ao longo de determinado período denomina-se sistema de capitalização simples (juros simples). Já quando a taxa de juros é aplicada sobre o capital atualizado com os juros do período (montante), temos um sistema de capitalização composta (juros compostos). Em geral e por razões óbvias, o mercado financeiro trabalha apenas a modalidade de juros compostos, em que temos maior rentabilidade. 5 10 15 20 45 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Diagrama de fluxo de caixa Um diagrama de fluxo de caixa é a representação gráfica de um conjunto de entradas e saídas monetárias, identificada temporalmente (isto é, em função do tempo). É fundamental para que se compreendam as operações de matemática financeira, demonstrando de forma clara o que ocorre com o capital durante o período estipulado. 0 1 2 3 4 5 6 7 Entradas de caixa (+) Tempo Saídas de caixa (-) A linha horizontal registra a escala de tempo, ou seja, o horizonte financeiro da operação. O ponto zero indica o instante inicial, e os demais pontos representam os demais períodos de tempo (datas). Exemplo Veja o diagrama de fluxo de caixa a seguir: 0 1 2 3 4 5 i% 500 200 700 200 200 800 O diagrama da figura acima, por exemplo, representa um projeto que envolve investimento inicial de oitocentos, pagamento de duzentos no terceiro ano e que produz receitas de quinhentos no primeiro ano, duzentos no segundo, setecentos no quarto e duzentos no quinto ano. Convenção Dinheiro recebido ⇒ flecha para cima ⇒ valor positivo Dinheiro pago ⇒ flecha para baixo ⇒ valor negativo 5 10 15 46 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Regras básicas Nas fórmulas da matemática financeira, o prazo da capitalização e a taxa de juros devem estar expressos, necessariamente, na mesma unidade de tempo. Os critérios de transformação do prazo ou da taxa para a mesma unidade de tempo dependem do regime de capitalização definido para a operação. Para juros simples, podemos observar os seguintes exemplos: • 24% a. a. = 24/12 = 2% ao mês; • 24% a. a. = 24/6 = 4% ao bimestre; • 24% a. a. = 24/4 = 6% ao trimestre; • 24% a. a. = 24/2 = 2% ao semestre. Critérios de capitalização Regime de capitalização simples1 Capitalização simples é aquela em que a taxa de juros incide somente sobre o capital inicial; não incide, pois, sobre os juros acumulados. A taxa varia linearmente em função do tempo. Se quisermos converter a taxa diária em mensal, basta multiplicar a taxa diária por trinta; se desejarmos uma taxa anual e tendo a mensal, basta multiplicar por doze, e assim por diante. Portanto, consiste na apuração de juros aplicando-se a taxa contratada sempre sobre o mesmo capital inicial. Havendo várias adições consecutivas de juros ao capital, todas as parcelas de juros geradas têm a mesma dimensão, significando isso que as parcelas de juros geradas anteriormente não se incorporam ao capital como base para a geração de novos juros. O montante de capital e juros se comporta como uma progressão aritmética. 1 Disponível em www.algosobre.com.br/matematica-financeira/ capitalizacaosimples.html. 5 10 15 20 25 47 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Juros simples i = 10% ao período Ano Saldo do início do período Juros apurados a cada período Saldo ao final do período 1 1.000,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.100,00 2 1.100,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.200,00 3 1.200,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.300,00 4 1.300,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.400,00 * Crescimento de 40% em 4 períodos Regime de capitalização composta2 Capitalização composta é aquela em que a taxa de juros incide sobre o principal acrescido dos juros acumulados até o período anterior. Nesse regime de capitalização, a taxa varia exponencialmente em função do tempo.O conceito de montante é o mesmo definido para capitalização simples, ou seja, é a soma do capital aplicado ou devido mais o valor dos juros correspondentes ao prazo da aplicação ou da dívida. Consiste na apuração periódica de juros com sua imediata incorporação ao capital gerador de novos juros. Dessa forma, o montante ao final do período “x” passa a ser o capital inicial para o período “x+1”. Os juros abonados em cada período tornam-se geradores de novos juros, e o montante de capital e juros se comporta como uma progressão geométrica. Juros compostos i = 10% ao período Ano Saldo do início do período Juros apurados a cada período Saldo ao final do período 1 1.000,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.100,00 2 1.100,00 0,10 x 1.100,00 = 110,00 1.210,00 3 1.210,00 0,10 x 1.210,00 = 121,00 1.331,00 4 1.331,00 0,10 x 1.331,00 = 133,10 1.464,00 * Crescimento de 46,41% em 4 períodos 2 Disponível em www.algosobre.com.br/matematica-financeira/ capitalizacaocomposta.html. 5 10 48 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Juros simples Os juros simples, diante de suas restrições técnicas, têm aplicações práticas bastante limitadas. São raras as operações financeiras e comerciais que formam temporalmente seus montantes de juros segundo o regime de capitalização linear. O uso de juros simples restringe-se, principalmente, às operações praticadas no âmbito de curto prazo. No entanto, as operações que adotam juros simples, além de apresentarem, geralmente, prazos reduzidos, não costumam apurar o seu percentual de custo (ou rentabilidade) por esse regime. Os juros simples são utilizados para o cálculo dos valores monetários da operação, mas não para apuração do efetivo resultado percentual (taxa interna de retorno). Vale ressaltar, ainda, que muitas taxas do sistema financeiro estão referenciadas a juros simples, porém, a formação dos montantes das operações processa-se exponencialmente. Um exemplo disso é a caderneta de poupança com juros de 6% ao ano, juros mensais de 0,5% ao mês, com capitalizações mensais a juros compostos. Vejamos outro exemplo3: Considere que R$ 100,00 são aplicados à taxa de juros simples de 1% ao mês, durante três meses; teríamos, nesse caso: • juros produzidos ao final do primeiro mês: J = 100.(1%).1 = 100.(1/100) . 1 = R$2,00; • juros produzidos ao final do segundo mês: J = 100.(1%).2 = 100.(1/100) . 2 = R$2,00; • juros produzidos ao final do terceiro mês: J = 100.(1%).3 = 100.(1/100) . 3 = R$3,00. 3 MARQUES, Paulo. Disponível em www.geocities.com/paulomarques_ math/arq9-2.htm. 5 10 15 20 25 49 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Notemos que: (a) Os juros – nesse caso, simples – são calculados sempre em relação ao capital inicial de R$ 100,00. (b) 1 % = 1/100 = 0,01; de uma forma geral, x % = x/100. Fórmulas de juros simples4 O regime de juros será simples quando o percentual de juros incidir apenas sobre o valor principal. Sobre os juros gerados a cada período não incidirão novos juros. Valor principal ou simplesmente principal é o valor inicial emprestado ou aplicado, antes de somarmos os juros. Transformando em fórmula, temos: J = C i n Onde: J = juros C = principal (capital) i = taxa de juros n = número de períodos Ao somarmos os juros ao valor principal, temos o montante. • Montante = Principal + Juros • Montante = Principal + (Principal x Taxa de juros x Número de períodos) M = C (1 + i n) Aplicações Exemplo 1: um capital de $ 80.000,00 é aplicado à taxa de 2,5% ao mês durante um trimestre. Pede-se determinar o valor dos juros acumulados neste período. 4 MARQUES, Paulo. Disponível em www.geocities.com/paulomarques_ math/arq9-2.htm. 5 10 15 20 25 50 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Solução C = $80.000,00 i = 2,5% a. m.→ 0,025 a. m. e n = 3 meses. J = C i n J = 80.000,00. 0,025. 3 J = $ 6.000,00. Devemos ressaltar que as fórmulas das taxas de juros devem sempre estar expressas na forma decimal. Exemplo 2: um negociante tomou um empréstimo pagando uma taxa de juros simples de 18% ao trimestre durante nove meses. Ao final desse período, calculou em $ 270.000,00 o total dos juros incorridos na operação. Determinar o valor do empréstimo. Solução i = 18% a.t. = 18% a.t.÷3 = 6% ao mês → 0,06 a.m. n = 9 meses e J = $270.000,00 C = ? J = C i n 270000,00 = C 0,06. 9 270000,00 = C 0,54 C = 500.000,00 O valor do empréstimo é $ 500.000,00. Notemos que, nos juros simples, para a obtenção da taxa mensal, conhecendo a taxa trimestral, basta dividir a taxa trimestral por três! Pois o prazo e a taxa devem estar na mesma unidade de tempo. Exemplo 3: uma pessoa fez uma aplicação de $ 18.000,00 à taxa de 1,5% ao mês durante oito meses. Determinar o valor acumulado ao final do período. 5 10 15 20 25 51 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Solução C = $18.000,00 i = 1,5% a. m.→ 0,015 a. m. n = 8 meses M = C (1 + i n) M = 18.000,00 (1 + 0,015. 8) M = 18.000,00. 1,12 M = 20.160,00 O montante acumulado é de $ 20.160,00. Exemplo 4: uma dívida de $ 90.000,00 irá vencer em quatro meses. O credor está oferecendo um desconto de 7% ao mês caso o devedor deseje antecipar o pagamento hoje. Calcular o valor que o devedor pagaria caso antecipasse a liquidação da dívida. Solução M = $90.000,00 i = 7% a. m.→ 0,07 a. m. n = 4 meses M = C (1 + i n) 90.000,00 = C (1 + 0,07. 4) 90.000,00 = C 1,28 C = 70.312,50 O valor que deveria ser pago na antecipação é de $ 70.312,50. Exemplo 5: qual é o valor dos juros correspondentes a um empréstimo de R$ 10.000,00, pelo prazo de quinze meses, sabendo-se que a taxa cobrada é de 3% a. m.? 5 10 15 20 25 52 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Dados: C = 10.000,00 n = 15 meses i = 3% a m. j = ? Solução j = C x i x n j = 10.000,00 x 0,03 (3/100) x 15 = 4.500,00 O valor dos juros a serem pagos é de R$ 4.500,00. Exemplo 6: um capital de R$ 25.000,00, aplicado durante 10 meses, rende juros de R$ 5.000,00. Determinar a taxa correspondente. C = 25.000,00 j = 5.000,00 n = 10 meses i = ? Solução j = C x i x n i = J / C x n = 5.000,00/25.000,0 x10 = 0,02 ou 2% a. m. A taxa para esse caso é de 2% a.m. Exemplo 7: uma aplicação de R$ 50.000,00 pelo prazo de 180 dias obteve um rendimento de R$ 8.250,00. Indaga-se: qual é a taxa anual correspondente a essa aplicação? C = 50.000,00 j = 8.250,00 n = 180 dias i = ? 5 10 15 20 25 53 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Solução i = j / C x n i = 8.250,00 / 50.000,00 x 180 = 0,00091667, ou 0,091667% ao dia. Taxa anual = 360 x 0,00091667 = 0,33 ou 33% a.a. A taxa anual será de 33% a.a. É muito importante lembrar que quando o prazo informado for em dias, a taxa resultante dos cálculos será diária; se o prazo for em meses, a taxa será mensal; se for em trimestre, a taxa será trimestral, e assim sucessivamente5. Juros compostos Entendemos por juros compostos quando, no final de cada período de capitalização, os rendimentos são incorporados ao capital, gerando um novo capital, sobre o qual serão calculadosos rendimentos do período seguinte. 110,00 121,00 133,10 110,00 110,00 121,00 133,10 Operação 1 Operação 2 Operação 3 Operação 4 1 mês 10% a.m. 1 mês 10% a.m. 1 mês 10% a.m. ... 0 1 2 3 Os juros compostos são conhecidos, popularmente, como “juros sobre juros”. Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um capital através de juros simples e juros compostos com um exemplo: 5 MARQUES, Paulo. Exemplos 5, 6 e 7 disponíveis em www.geocities. com/paulomarques_math/arq9-2.htm. 5 10 15 20 54 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10% a.a. Teremos: Principal = 100 Juros simples Juros compostos Nº de anos 1 2 3 4 5 Montante simples 100 + 0,1 (100) = 110 110 + 0,1 (100) = 120 120 + 0,1 (100) = 130 130 + 0,1 (100) = 140 140 + 0,1 (100) = 150 Montante composto 100 + 0,1 (100) 110 + 0,1 (110) 121 + 0,1 (121) 133,1 + 0,1 (133,1) 146,41 + 0,1 (146,41) = 110,00 = 121,00 = 133,10 = 146,41 = 161,05 Fonte: HAZZAN, Samuel; POMPEO, José Nicolau. Matemática financeira. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Observe que o crescimento do principal segundo juros simples é linear, enquanto que o crescimento segundo juros compostos é exponencial e, portanto, tem um crescimento muito mais “rápido”. Isso poderia ser ilustrado graficamente da seguinte forma: Juros compostos Juros simples C 110 1 t Na prática, as empresas, os órgãos governamentais e investidores particulares costumam reinvestir as quantias geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego mais comum de juros compostos na economia. Na verdade, o uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos. Fórmulas de juros compostos6 O regime de juros compostos é o mais comum no sistema financeiro e, portanto, o mais útil para cálculos de problemas do 6 Disponível em www.info.abril.com.br. 5 10 15 55 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod dia a dia. Os juros gerados a cada período são incorporados ao principal para o cálculo dos juros do período seguinte. Chamamos de capitalização o momento em que os juros são incorporados ao principal. Após três meses de capitalização, temos: • 1º mês: M = C (1 + i); • 2º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: M = C (1 + i) (1 + i); • 3º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior: M = C (1 + i) (1 + i) (1 + i). Simplificando, obtemos a fórmula: M = C (1 + i)n Importante: a taxa i tem que ser expressa na mesma medida de tempo de n, ou seja, taxa de juros ao mês para n meses. Para calcularmos apenas os juros, basta diminuir o principal do montante ao final do período: J = M - P Faremos mais exercícios, agora voltados para este tipo de regime (juros compostos) Aplicações Exemplo 17: calcule o montante acumulado pela aplicação de um capital de R$ 6.000,00 aplicado a juros compostos, durante um ano, à taxa de 3,5% ao mês. 7 Disponível em www.feg.unesp.br. 5 10 15 20 56 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Solução C = R$ 6.000,00 t = 1 ano = 12 meses i = 3,5 % ao mês = 0,035 M = ? Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos: M = 6.000 (1+ 0,035)12 M = 6.000 (1,035)12 M = 6.000.1,5111 = 9.066,41 Portanto, o montante é R$ 9.066,41. A taxa de juros está expressa ao mês, e o prazo está ao ano, portanto, devemos converter o prazo da operação para a mesma unidade de tempo. Exemplo 2: determinar o valor atual de um contrato de $ 30.000,00 com vencimento para quatro meses e através de uma taxa de juros de 3% ao mês, capitalizados mensalmente. Solução M = R$ 30.000,00 t = 4 meses i = 3 % a.m. = 0,03 C = ? Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos: 30.000 = C (1+ 0,03)4 C = 30.000 ÷1,034 C = 26.654,82 Portanto, o valor atual do contrato é: $ 26.654,82. 5 10 15 20 25 57 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Exemplo 3: uma loja financia um bem, no valor de R$ 4.200,00, sem entrada, para pagamento em uma única prestação de R$ 4.866,61 no final de cinco meses. Qual é a taxa mensal cobrada pela loja? C = R$ 4.200,00 M = R$ 4.866,61 t = 5 meses i = ? mensal Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos: 4.866,61 = 4.200. (1 + i)5 4.866,61 ÷ 4.200,00 = (1 + i)5 1,1587 = (1 + i)5 115875 , = 1 + i 1,0299 = 1 + i i = 0,0299 = 2,99 % ao mês A taxa mensal de juros cobrada pela loja é 2,99%. Uma dica: normalmente, em fatores ou índices calculados nas fórmulas, são colocadas de quatro a seis casas decimais e, nos demais casos, duas casas decimais! Exemplo 4: determine em que prazo um empréstimo de $ 10.000,00 pode ser quitado em um único pagamento de $ 11.261,62, sabendo que a taxa contratada é de 2% ao mês. C = R$ 10.000,00 M = R$ 11.261,62 i = 2% ao mês = 0,02 n = ? 5 10 15 20 25 58 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Solução Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos: 11.261,62 = 10.000,00. (1 + 0,02)n 11.261,62 ÷10.000,00 = 1,02n 1,1262 = 1,02n Aplicando logaritmo de base dez em ambos os membros e com o uso de uma calculadora científica, temos: log (1,1262) = log (1.02)n 0,0516 = n. log (1,02) 0,0516 = n. 0,0086 n = 6 meses O prazo contratado foi de seis meses. Exemplo 5: expresse o número de períodos n de uma aplicação, em função do montante S e da taxa de aplicação i por período. Solução Temos S = P(1+i)n Logo, S/P = (1+i)n Pelo que já conhecemos de logaritmos, poderemos escrever: n = log (1+ i) (S/P). Portanto, usando logaritmo decimal (base dez), vem: n S I P i S P i = + = − + log( ) log( ) log log log( )1 1 Temos também da expressão acima que n.log(1 + i) = logS – logP. 5 10 15 20 59 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod A partir desse exemplo, podemos perceber que o estudo dos juros compostos é uma aplicação prática do estudo dos logaritmos. Exemplo 6: um capital é aplicado em regime de juros compostos a uma taxa mensal de 2% (2% a.m.). Depois de quanto tempo esse capital estará duplicado? Solução Sabemos que S = P (1 + i)n. Quando o capital inicial estiver duplicado, teremos S = 2P. Substituindo, vem: 2P = P(1+0,02)n [Obs: 0,02 = 2/100 = 2%]. Simplificando, fica: 2 = 1,02n, que é uma equação exponencial simples. Teremos, então: n = log1,022 = log2 /log1,02 = 0,30103 / 0,00860 = 35. Portanto, o capital estaria duplicado após 35 meses (observe que a taxa de juros do problema é mensal), o que equivale a dois anos e onze meses. Resposta: dois anos e onze meses.8 Fórmulas na HP 12C Novamente, existem ferramentas em tecnologia de informação que nos facilitam tais cálculos. Além do próprio Excel da Microsoft, aqueles que trabalham no mercado financeiro encontram tais ferramentas nas calculadoras HP, modelo 12C, especialmente modeladas para esse tipo de cálculo matemático. Seu manual é bastante claro e apresenta como fazê-los. Na fórmula M = C (1 + i)n, o principal C é tambémconhecido como valor presente (PV = present value), e o montante M 8 Exercícios 5 e 6 disponíveis em www.matematiques.sites.uol.com. br/matematicafinanceira.htm. 5 10 15 20 25 60 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 é também conhecido como valor futuro (FV = future value). Então, essa fórmula pode ser escrita como FV = PV (1 + i) n. Isolando PV na fórmula, temos: PV = FV / (1+i)n Com essa mesma fórmula, podemos calcular o valor futuro a partir do valor presente. Na sequência, mais fórmulas que podemos obter diretamente de cada elemento a partir dos dados iniciais do problema. Na HP12C, o valor presente é representado pela tecla PV, e o valor futuro é representado pela tecla FV. Vejamos as definições a seguir: Valor Futuro FV PV . ( i) Valor e te PV FV i n n ⇒ = + ⇒ = + 1 1 Pr sen ( ) JJuros J PV i i Fator de PV para FV i Fator d n n n ⇒ = + − +( ) +( )− . ( )1 1 1 1 ee FV para PV Taxa i FV PV Taxa Efetiva n Tax n f nom n i i ⇒ = − ⇒ = + − 1 1 1 aa Equivalente i n FV PV i q ni⇒ = + − ⇒ = +( ) 1 1 1 ln ln (capitalização) (atualização) Prazo 5 10 15 20 61 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Juro exato e juro comercial É comum, nas operações de curto prazo, em que predominam as aplicações com taxas referenciadas em juros simples, ter-se o prazo definido em número de dias. Nesses casos, o número de dias pode ser calculado de duas maneiras: • pelo tempo exato: utilizando-se efetivamente o calendário do ano civil (365 dias). O juro apurado dessa maneira denomina-se juro exato; • pelo ano comercial: o qual admite o mês com trinta dias e o ano com 360 dias. Tem-se, por esse critério, a apuração do denominado juro comercial ou ordinário. Exemplo 12% a.a. equivale, pelos critérios enunciados, à taxa diária de: a) juro exato: 12/365 = 0,032877% ao dia. b) juro comercial: 12/360 = 0,033333% ao dia. Taxa proporcional e taxa equivalente Taxa proporcional é aquela encontrada pela divisão da taxa original pela quantidade de períodos existentes, iguais ao da taxa desejada, dentro do período da taxa original. Existem doze meses dentro de um ano. Para obtermos a taxa proporcional mensal, dividimos a taxa anual por doze, linearmente. Taxa equivalente é aquela que produz o mesmo montante que outra operação, com períodos de capitalização diferentes da taxa original. Vejamos a seguir: 5 10 15 20 25 62 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Duas taxas i1 e i2 são equivalentes, se aplicadas ao mesmo capital C durante o mesmo período de tempo; através de diferentes sistemas de capitalização, produzem o mesmo montante final. Seja o capital C aplicado por um ano a uma taxa anual ia. O montante M ao final do período de um ano será igual a M = C(1 + i a). Consideremos, agora, o mesmo capital C aplicado por doze meses a uma taxa mensal im. O montante M’ ao final do período de doze meses será igual a M’ = C(1 + im) 12. Pela definição de taxas equivalentes vista acima, deveremos ter M = M’. Portanto, C(1 + ia) = C(1 + im) 12. Disso, concluímos que 1 + ia = (1 + im) 12 Com essa fórmula, podemos calcular a taxa anual equivalente a uma taxa mensal conhecida. Exemplo 19: qual é a taxa anual equivalente a 0,5% ao mês? Em um ano, temos doze meses, então, teremos: 1 + ia = (1 + im) 12 1 + ia = (1,005) 12 ia = 0,0617 = 6,17% ao ano. Logo, 0,5% ao mês equivale a 6,17% ao ano. Exemplo 2: qual é a taxa mensal equivalente a 6% ao trimestre? 9 Disponível em www.algosobre.com.br/matematica-financeira/ capitalizacaocomposta.html. 5 10 15 20 25 63 MATEMÁTICA APLICADA Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 Gestão-1sem-2mod Em um trimestre, temos três meses, então, teremos: 1 + iT = (1 + iM) 3 1 + 0, 06 = (1 + iM) 3 1, 06 = (1 + iM) 3 1 063 , = 1 + iM 1, 0196 = 1 + iM i = 0,0196 = 1,96% ao mês. Logo, 6% ao trimestre equivalem a 1,96% ao mês. Referências bibliográficas FONSECA, Jairo Simon da; MARTINS, Gilberto de Andrade; TOLEDO, Geraldo Luciano. Estatística aplicada. São Paulo: Atlas, 2009. HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar: conjuntos, funções. vol.1. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. HAZZAN, Samuel; POMPEO, José Nicolau. Matemática financeira. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. JUER, Milton. Matemática financeira: praticando e aplicando. São Paulo: Qualitymark, 2003. MORETTIN, Pedro Alberto; HAZZAN, Samuel; BUSSAB, Wilton O. Cálculo: funções de uma e várias variáveis. São Paulo: Saraiva, 2003. MUROLO, Afrânio Carlos; BONETTO, Giacomo. Matemática aplicada à administração, economia e contabilidade. São Paulo: Thomson Learning, 2004. SILVA, Sebastião Medeiros da; SILVA, Élio Medeiros da; SILVA, Ermes Medeiros da. Matemática para os cursos de economia, administração e ciências contábeis. São Paulo: Atlas, 1999. 5 64 Unidade II Re vi sã o: E du ar do - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 19 /0 3/ 09 __________. Matemática básica para cursos superiores. São Paulo: Atlas, 2002. WEBER, Jean E. Matemática para economia e administração. 2. ed. São Paulo: Harbra, 1986. www.algosobre.com.br/matematica-financeira/ capitalizacaosimples.html. www.brasilescola.com.br. www.emersonmatematica.blogspot.com.br. www.feg.unesp.br. www.geocities.com/paulomarques_math/arq9-2.htm. www.inf.unisinos.br/gonzalez/valor/inferenc/excel.html. www.info.abril.com.br. www.matematiques.sites.uol.com.br/matematicafinanceira.htm. www.somatematica.com.br.
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