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Eficácia da norma processual no tempo e no espaço 1. Eficácia espacial: em princípio, a eficácia espacial é regulada pela territorialidade, devido ao reflexo da soberania do Estado, sendo aplicadas, assim, as leis brasileiras no território brasileiro. No entanto, o ordenamento conhece a possibilidade de aplicação de leis estrangeiras no território brasileiro em determinadas situações, como, por exemplo, em questão à validade de um negócio cujo contrato foi celebrado em outro país. No Direito Processual só se admite a aplicação da lei processual brasileira. 2. Eficácia temporal: há conflito em relação a qual lei deverá ser aplicada: lei nova ou lei antiga? Presume-se que a lei nova é de melhor qualidade, visto que, possivelmente, está melhor adaptada à realidade em que se encontra, devendo, portanto, ser aplicada imediatamente. No entanto, essa lei nova deve respeitar certos limites, não podendo agir retroativamente àquilo que já foi estabelecido pela lei anterior. Neste caso, não pode alterar situações já estabelecidas, tais como o ato jurídico perfeito, a coisa julgada (sentença que se estabilizou por não caber mais recurso, tornando-se definitiva) e o direito adquirido, para não agredir ao princípio da certeza e segurança das relações jurídicas. Obs: se diz até que é possível que uma lei antiga não seja revogada por uma nova, como é no caso do Direito Penal, quando uma lei antiga é mais benéfica ao réu do que a lei nova. Com relação à questão processual, são três as situações: a) Norma processual nova em relação aos processos já terminados → lei nova não o atinge. b) Norma processual nova em relação aos processos que serão ainda desenvolvidos/criados → lei nova que agirá. c) Norma processual nova em relação aos processos em curso/andamento → concorrem em três sistemas: 1. Sistema de unidade processual: unidade dos atos em relação ao conflito, é considerado como um bloco único. O processo é uma sequência de atos conexos e consequentes com um fim determinado. É preconizado que a lei nova não poderá alterá-lo devido à unidade processual. 2. Sistema de fases processuais: são cinco as fases → postulatória (o autor apresenta a sua demanda); saneatória (o juiz para e vai dar margem à correção dos defeitos); fase de instrução (colheita de provas caso ainda haja necessidade); decisória (desfecho) e recursal. Caso a fase da qual a lei nova incide já tenha sido iniciada, não poderá ser utilizada, só incidindo caso surja antes da fase a que se refere o ato regulado. 3. Sistema de isolamento dos atos processuais: cada ato é considerado isoladamente, onde a lei nova incide imediatamente, respeitando os atos já praticados. É o sistema adotado no Brasil. Anotação: o livro base fala sobre a tentativa frustrada de estabelecer o sistema de fases no processo brasileiro, qual seja: a suspensão condicional do processo. O artigo 89 da lei 8099 diz que quando a pena mínima não é superior a um ano, é possível suspender o processo enquanto o agente cumpre certas condições, e cumpridas no tempo certo, está extinta a punibilidade, suspendendo o processo. O artigo 90 diz que o 89 não se aplica aos processos cuja instrução já estiver iniciada. Problemas: existe uma dupla natureza, norma material que regula diretamente a vida intersubjetiva X norma processual que regula o feito pelo Estado na resolução do conflito, existindo, portanto, normas com conteúdo material e processual, tal como o artigo 89. Portanto, se tem o conteúdo material e beneficia o réu com a suspensão, ela é uma lei penal mais benéfica, devendo prevalecer sobre a lei anterior, mesmo que já iniciada a sua instrução.
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