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procedimentos penais

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NATALIA BARROS RAMIRO MARCOS
PROCEDIMENTOS PROCESSO PENAL
JOINVILLE
2018�
Procedimento ordinário
O Procedimento será ordinário, quando a pena máxima do crime cometido for maior ou igual a 4 anos. Este procedimento se inicia com a denúncia do réu (ação penal pública), ou com a queixa-crime (ação penal privada).
Neste procedimento as partes poderão arrolar até 8 testemunhas.
Após oferecida a denúncia ou a queixa-crime, os autos irão para conclusão e o juiz poderá tomar uma de duas decisões:
- Receber a denúncia/queixa-crime
- Este recebimento se dará apenas se a peça inicial cumprir com os requisitos do artigo 41, ou seja, houver indícios de autoria e materialidade do crime.
- Para esta decisão não cabe recurso, porém poderá haver eventual Habeas Corpus.
- Rejeição (395 CPP)
- O juiz rejeitará a peça inicial caso esta seja inepta, falte condição ou pressuposto processual ou haja falta de justa causa.
- Para esta decisão cabe Recurso em sentido estrito (RESE)
Desconsideremos a rejeição por hora. Recebida a denúncia/queixa, o réu será citado no mesmo despacho em que o juiz realiza e comunica o recebimento.
Após citado, o réu irá dispor de 10 dias para apresentar a sua resposta à acusação.
A resposta a acusação parece uma contestação do processo cível, é a oportunidade que a defesa tem de apresentar todas as teses pertinentes à defesa do acusado.
Na resposta a acusação o advogado poderá levantar três tipos de teses, que levaram a três tipos diferentes de pedidos, quais sejam
- preliminar – levantam-se questões de nulidade processual.
- mérito – tese que tentará convencer o juiz a conceder a absolvição sumária do réu (art. 397 – julgamento antecipado da lide a favor do réu)
- tese subsidiária – Se, eventualmente, o juiz recusar as duas primeiras teses, poderá o advogado, sem prejuízo, alegar circunstâncias que visem melhorar a condição do réu caso este venha a ser condenado.
Como na denúncia/queixa o MP/querelante, podem arrolar suas testemunhas, este é o momento em que a defesa poderá realizar o arrolamento de suas testemunha.
O processo volta a conclusão para que o juiz aprecie os pedidos, podendo ocorrer uma de três hipóteses diferentes:
- Diante de novo juízo de admissibilidade, com uma nova cognição poderá rejeitar a denúncia (art. 395 do CPP);
- Determinar a absolvição sumária do réu (art. 397 do CPP); ou
- Designar a data de audiência de instrução e julgamento (art. 399 do CPP).
A audiência deverá ocorrer no prazo de 60 dias e, em regra, haverá uma única audiência.
Há exceções prescritas em lei:
- número de acusados for alto;
- causa complexa; ou
- deferida diligência complementar.
Não ocorrendo qualquer das hipóteses de exceções o juiz ouvirá as alegações finais de ambas as partes e então julgará o caso.
Procedimento Sumário
Procedimento será sumário quando a pena em abstrato for superiores a 2 anos e inferiores a 4anos . Aqui podem ser arroladas até 5 testemunhas.
O procedimento sumário ocorrerá da mesma forma que o ordinário, respeitando as mesmas regras processuais, com exceção do prazo para a realização da audiência que deverá ocorrer em 30 dias e não em 60 dias, como no ordinário.
Procedimento Sumaríssimo
Este é o procedimento adotado para o julgamento de infrações penais de menor potencial ofensivo, ou seja, quais quer contravenções penais ou crimes cujas penas máximas em abstrato não ultrapassem 2 anos e a competência para o julgamento destes é do Juizado Especial Criminal (JECRIM)
Este procedimento não está previsto no Código de Processo Penal, mas sim na lei 9099/1995.
Suas diferenças com os outros procedimentos desde antes do surgimento da ação penal, pois se o sujeito for preso em flagrante será lavrado um termo circunstanciado, ou se logo após o crime comparecer imediatamente ao juizado e assinar termo de compromisso informando que irá comparecer em audiência em data e local marcados, a este não será imposta prisão nem se exigirá fiança.
Nesta primeira audiência haverá, primeiramente, uma tentativa de conciliação que poderá ser de duas formar:
- Composição Civil: acordo entre vítima e acusado com a finalidade de se alcançar a reparação do dano causado.
- Transação Penal: acordo entre o acusado e o MP onde se estabelece alguma pena alternativa e, se o acusado cumprir o acordo, o MP deixará de propor ação penal. Porém, caso o acusado não venha a cumprir o acordo, a situação inicial retornará e o MP irá dar início a ação penal.
Caso seja infrutífera a conciliação será oferecida a denúncia, aqui feita de forma oral. Neste procedimento o número de testemunhas não está estipulado em lei, sendo adotado de modo geral até 5 testemunhas e em casos mais complexos pode vir a ser aceito até 8 testemunhas, há ainda correntes que dizem que por este ser um procedimento mais célere o número máximo deva ser 3 testemunhas.
Oferecida a denúncia será designada audiência de instrução e julgamento, nesta audiência una a defesa oferecerá sua defesa prévia, neste mesmo momento o juiz apreciará a defesa, caso rejeite cabe recurso de apelação em 10 dias, se aceita, haverá a oitiva das testemunhas, interrogatório, debates orais (20 minutos prorrogáveis por mais 10), neste procedimento não há previsão legal para substituição dos debates por memoriais.
Dada a audiência o juiz proferirá sentença, recorrível através de recurso de apelação, prazo de 10 dias, ou poderão ser oferecidos embargos de declaração no prazo de 5 dias.
RITO DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL (ARTS. 524 A 530-I, CPP)
 
1- Crimes contra a propriedade imaterial 
Art. 184 CP e art. 183 a 195 da Lei n. 9.279/96. Em regra, estes crimes são de ação penal privada.
Exceções 
Art. 186, CP
- artigo 184, § 1º e § 2º, CP - ação penal pública incondicionada
- artigo 184, § 3º, CP - ação penal pública condicionada à representação do ofendido
- crimes cometidos em desfavor de entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público – 
ação penal pública incondicionada
- artigo 191 da Lei n. 9.279/96 - ação penal pública incondicionada (art. 199 da mesma Lei)
2- os crimes contra a propriedade imaterial seguem o procedimento comum, previsto para os crimes apenados com reclusão (rito ordinário). Art. 524 do CPP
- O crime do artigo 184, caput, CP é infração penal de menor potencial ofensivo. Procedimento sumaríssimo. Lei 9.099/95
- O exame de corpo de delito é condição de procedimento para o exercício da ação penal. Art. 525 do CPP
- Prova de legitimidade e interesse. Art. 526 do CPP
3- No caso de crime de ação privada se procede na forma dos artigos 524 a 530 do CPP (art. 530-A do CPP)
- ocorrência de crime que deixa vestígios
- requerimento do ofendido para a colheita de prova preliminar para comprovação da materialidade
-busca e apreensão determinada pelo juiz
-laudo pericial em três dias, feito por dois peritos
-homologação do laudo pelo juiz
-oferecimento da queixa no prazo de trinta dias após a homologação do laudo ou oito dias se o réu estiver preso (prazo decadencial)
-recebimento da queixa
-rito ordinário
4- No caso de crime de ação pública se procede na forma dos artigos 530-B até 530-H (art. 530 I do CPP)
-ocorrência do crime
-apreensão dos bens pela autoridade policial com lavratura de termo
-perícia
-destruição dos bens a pedido da vítima
-sentença (confisco, eliminação ou doação dos bens)
CRIMES CONTRA A HONRA
 Os crimes contra a honra, em sua maioria, infrações penais de menor potencial ofensivo, pois a pena privativa de liberdade máxima não supera os (02) dois anos. 
No delito de calúnia 
-art. 138 do CP - a pena máxima é de (02) dois anos de detenção.
 Na difamação 
-art. 139 do CP e na injúria real art. 140, § 2°, do CP - a pena privativa de liberdade máximaé de (01) um ano de detenção
 Na injúria 
-art. 140 do CP - é de (06) seis meses de detenção. 
 Isoladamente, todos esses crimes são de competência do Juizado Especial Criminal e de aplicação do rito sumaríssimo, previsto na Lei 9.099/95. Nesses delitos, cuja sanção máxima de privação da liberdade não superar aos (02) dois anos, pode ocorrer o concurso de crimes ou a incidência de causas especiais de aumento de pena, como as expressamente previstas no artigo 141 do Código Penal, de modo a afastar a competência do Juizado Especial Criminal e a aplicabilidade do rito sumaríssimo.
Crimes de responsabilidade dos funcionários públicos 
Encontram-se previstos nos arts. 312 a 326 do CP. Seu procedimento encontra-se entre os arts. 513 e 518 do CPP, em seu Capítulo II.
Os crimes funcionais podem ser próprios ou impróprios, com aduz Nucci. Os próprios são os delitos que somente o funcionário público pode praticar, como a concussão e a corrupção passiva, enquanto os impróprios são os delitos que outras pessoas podem cometer, como pode ser o caso do peculato, respondendo com outro tipo penal. No caso de concurso de pessoas, aplica-se a regra prevista no art. 30 do CP, entendendo-se a condição de funcionário público ao sujeito que não a detém, por se tratar de elementar.
NUCCI, fundamenta que, por força do art. 514 do CPP , o procedimento especial somente se aplica aos crimes afiançáveis, isto é, os crimes previstos entre os arts. 312 e 326 do CP, exceto os previstos nos artigos 316, § 1º e 318 (facilitação de contrabando ou descaminho).
 São inafiançáveis os crimes apenados com reclusão em que a pena mínima for superior a 2 anos, conforme o art. 323, I, do CPP e, portanto, o rito especial se aplica a todos os crimes funcionais apenados com detenção e àqueles punidos com reclusão, cuja pena mínima seja de até 2 anos.
A queixa ou a denúncia podem ser instruídas com documentos ou justificação que façam presumir a existência do delito, bem como com declaração fundamentada na impossibilidade de apresentação de qualquer das provas (art. 513, CPP). 
Dispensa-se, neste caso, o inquérito policial, mas este poderá sempre ser utilizado para fundamentar a denúncia ou queixa.
Consoante o art. 514 do CPP, nos crimes afiançáveis, se a queixa ou denúncia estiver em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para que este apresente defesa prévia, dentro do prazo de 15 dias. A resposta poderá ser instruída com documentos e justificações.
Nucci ressalta que a notificação do acusado para, previamente ao recebimento da denúncia, manifestar-se sobre o tema, apresentando sua defesa e evitando que seja a inicial recebida, é privativa do funcionário público, não se estendendo ao particular que seja co-autor ou partícipe.
Dispõe o parágrafo único do art. 514, CPP, que será nomeado defensor dativo para apresentar resposta preliminar se não for conhecida a residência do acusado ou se este se achar fora da jurisdição do juiz. Nesse caso, a carta precatória para a notificação do funcionário público não será expedida. Há entendimento de que, em sendo conhecido o endereço do réu, a ausência de expedição viola o princípio da ampla defesa.
A doutrina diverge quanto aos efeitos causados pela inobservância do art. 514 CPP. Para alguns autores, como Bomfim, trata-se de nulidade relativa, devendo ser alegada pela parte interessada, sob pena de preclusão; todavia, para outros, trata-se de nulidade absoluta, pois a não observância do procedimento legal viola norma de ordem pública, não podendo o juiz suprimir fase ou etapa processual garantida em lei.
Com base na resposta do acusado, poderá o juiz rejeitar a queixa ou denúncia, em despacho fundamentado, desde que se convença da inexistência do crime ou da improcedência da ação (art. 516, CPP).
Contudo, a defesa prévia é dispensável quando a denúncia é lastreada em inquérito policial, em concordância com a Súmula 330 do STJ, pois nesse caso já há investigação prévia capaz de sustentar análise judicial da justa causa para o recebimento ou não da denúncia.
Recebida a denúncia ou queixa, o acusado será necessariamente citado e o processo seguirá o rito comum, previsto para os crimes punidos com reclusão, encontrados nos art. 517 e 518 do CPP
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 5. Ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.

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