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Relatório de observação de estágio TATI (1) alterado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
CURSO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - LICENCIATURA (A DISTÂNCIA)
ALTERNATIVAS METODOLÓGICAS PARA O ALUNO COM DEFICIÊNCIA MENTAL
TATIANA GARCIA FLORES
RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
Porto Alegre 
2016
RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO
Relatório apresentado ao curso de Educação Especial, da Universidade Federal de Santa Maria (Polo Porto Alegre RS).
Professora: Eliana
Porto Alegre RS
2016
APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO
Este relatório traz uma experiência de observação em escola regular de ensino fundamental, com inclusão de crianças com e sem diagnósticos. O foco da observação para o relatório é a deficiência mental. Não tivemos como deixar passarem despercebidas outras questões que envolvem a inclusão em geral, até porque estudamos educação especial em um contexto geral.
2. CONTEXTO DO ESTÁGIO
2.1 LOCAL DO ESTÁGIO:
Na antiguidade as crianças que nasciam com alguma deficiência eram eliminadas, abandonadas ou confinadas. Já na Idade Média os deficientes eram considerados filhos de Deus já não podendo mais ser eliminados. Finalmente, na Idade moderna começam estudos e experiências evidenciando as patologias.
Ao analisarmos a Educação especial, podemos perceber que ela passa por diversas etapas de evolução e, mesmo não estando ainda em um modelo ideal de atendimento, é possível notarmos avanços em alguns pontos. Por certo descaso do governo, algumas leis que favorecem os deficientes não são colocadas em prática ainda como deveriam. 
 
 Escola Municipal de Ensino Fundamental Podalírio Inácio de Barcellos
Endereço: Rua Alegrete, nº 20- Bairro Maria Regina, p. 58. Alvorada
Ao nos apresentarmos na escola, fomos apresentadas à coordenadora pedagógica Odete. Na sala dela havia um grande fichário com vários CIDS de crianças. Eram muitas as variações, porém nos detemos na deficiência mental. A coordenadora nos falou sobre algumas dificuldades que tem para atender alguns casos, citando como motivos para tais dificuldades, entre outros, a falta de estagiários em sala, dificuldades de diálogo com a família, e até mesmo certo desinteresse de pais em questões peculiares de alunos. Resistências de pais ao encaminharem filhos a buscar diagnóstico, e aceitação dos mesmos, são grandes impasses que a escola enfrenta. Ela explica também que há casos de crianças com psicoses e muito agressivas, e que isso se tornava as vezes um transtorno com relação aos outros pais de crianças que já haviam sido agredidas.
Nesse sentido, podemos citar Meurer, Costas e Marquezan (2005), “o uso de certos instrumentos auxiliares pode possibilitar, a um só tempo, o desenvolver da regulação da conduta reflexa e a própria construção da consciência”.
2.2 Contextualização dos Sujeitos
 
A aluna observada foi Júlia Queiroz de Souza, que possui CID 10 F 70, baixa visão, tem oito anos e está em uma turma de segundo ano, aluna da professora Otília Beatriz Gomes. 
Esta sala de aula possui 26 alunos, e a única criança que possui diagnostico médico Júlia.
Conforme o que foi observado a Júlia tem um bom relacionamento com os colegas, todos gostam de ajudar, a professora Otília incentiva esta interação e trabalha a questão da autonomia da Júlia . 
A professora comentou que no ano anterior ela era muito dependente, não ia nem ao banheiro sozinha, andava carregada pela mão por um monitor. Através dos relatos da professora foi possível perceber que Júlia teve grandes avanços esse ano, e pelo caderno de Júlia é bem visível seu progresso, não só no desenvolvimento cognitivo mas também em relação à sua autonomia.
Julia vem de uma criação de vó, que superprotege. A professora tem muitas conversas com essa vó, para que a mesma deixe a Júlia ser mais independente. Professora e vó tem um bom relacionamento, o que facilita o progresso de Júlia. A mãe de Júlia não participa muito da vida escolar por trabalhar o dia inteiro e ter pouco interesse, a professora falou que essa relação mãe e filha é um tanto fria e distante, informação obtida através de relatos da vó com a professora.
No primeiro dia de observação a primeira coisa que notei é que a classe de Júlia ficava ao lado da mesa da professora, com a classe colada. No quadro havia uma atividade que estava o nome de todos os alunos e da professora, ela me informou que estavam trabalhando projeto identidade. No mesmo quadro havia separado uma atividade para Júlia que eram as vogais. Nesse momento a classe da Julia foi para frente do quadro. Onde ela pode copiar a atividade, pois isso facilitava a sua visão.
 Figura 1. A professora em sala de aula.
 Fonte: Autora
As atividades de Júlia são diferentes do restante dos colegas, o caderno de Júlia tem uma quantidade significativa de atividades, a professora está sempre estimulando com as atividades e comemora com os colegas de Júlia quando ela acerta a atividade o que deixa a Júlia feliz.
A Júlia já identifica as vogais, mas escreve em cima dos pontilhados, professora respeita o tempo que ela precisa pra conseguir assimilar pela diferença que tem, e esses desafios para a professora são um trabalho que realiza com prazer, pela fala dela percebe-se o prazer em ver a Júlia evoluir com o trabalho que é feito, reconhece que é lento, da mesma forma ela contribui muito para essa evolução. 
Conforme: Meurer, Costas e Marquezan (2005), Vygotsky (1993, p.183) acreditava que,
O desenvolvimento do conceito científico de caráter social se produz em processo de instrução, que constitui uma forma singular de cooperação sistemática do pedagogo com a criança. Durante o desenvolvimento dessa cooperação amadurecem as funções psíquicas superiores da criança com ajuda e participação do adulto.
A professora é atenciosa e faz com que Júlia participe das atividades, não deixa sem atividades e traz junto dos colegas para que trabalhe de forma coletiva.
Júlia apaga o caderno, repete novamente várias vezes os exercícios e exige dela mesma a perfeição. 
Professora pede pra ela fazer no quadro algumas vogais, ela faz e depois copia no caderno.
Figura 2. A aluna Julia em sala de aula com seu caderno.
 
 Fonte: Autora
PROPOSTA DE ATUAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA ESCOLA
A Escola Podalírio conta com sala de recursos e uma professora formada em educação especial na PUCRS. A professora milita pela causa e contribui com pesquisas e interesse que realmente a inclusão aconteça não somente em leis e sim de maneira eficaz para alunos que necessitem de recursos e interesse dos professores. A professora da sala de recurso utiliza um software chamado GCOMPRIX, um programa com muitas ferramentas interessantes e coloridas que chama a atenção dos alunos, essa sala é usada no turno inverso e ela explica que alguns não participam e faltam nessas aulas, então alguns alunos são retirados de aula em alguns momentos para poderem participar.
 Além de jogos pedagógicos ela procura trabalhar de forma lúdica com as crianças com jogos e artes plásticas.
Nesse sentido, podemos citar Meurer, Costas e Marquezan (2005), “o uso de certos instrumentos auxiliares pode possibilitar, a um só tempo, o desenvolver da regulação da conduta reflexa e a própria construção da consciência” Meurer, Costas e Marquezan (2005).
A sala de recursos é uma sala ampla, com vários brinquedos, alfabetos e números expostos. Percebemos um comprometimento da professora de Educação especial com todos. Dessa forma eles se organizam em reuniões em todas as quartas feiras para dar conta dessas demandas. Esse trabalho é feito em conjunto entre elas e todos os professores, pois todos possuem alunos com alguma especificidade, embora não sejam todos os alunos que possuam laudo médicos, eles procuram atender toda a classe. Professora de educação especial explica que esse empenho não se dá com todos os professores mas ela tenta fazer oque pode para atendê-los de forma que todos evoluam.
Tivemos o prazer de observar uma aula com um professor de música que levou o violino. O professor coloca as notas musicais no quadro e também pede a participação de todos. A turma quer bagunçar, mas o professor não aceita e grita, tentando colocar ordem. No momento em que o professor grita Júlia coloca as duas mãos no ouvidos. Demonstra muita irritação com o ocorrido.
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 Figura 3. Professor de música com seu violino.
 Fonte: Autora
A cada aula o professor leva um instrumento, explora-o com eles e sempre expõe as notas musicais no quadro. Por ser diferente e mais animado faz com que os alunos se “agitem” Não acreditamos que isso seja errado, pois o modelo de escola tradicional é tediante. Esse professor traz uma proposta diferente por trabalhar com instrumentos e fazer com que todos participem e repitam as notas com ele. Júlia na aula dele fica de fora, ele não exige a sua participação.
Na hora do recreio Júlia, brinca com uma turma de amigas, ela gosta de ficar puxando as colegas, o que causa desconforto em algumas meninas, mas basta pedirem para parar, ela respeita. A professora Otília comentou que no início do ano havia muita rejeição dos colegas com a Júlia, teve muitas conversas com a turma, e projetos que mudaram as relações em sala de aula e turma com a Júlia. 
Figura 4. Aluna Julia brinca no pátio
Fonte: Autora
Nesse momento Júlia deixou as amigas e foi atras desse menino que estava brincando sozinho com esse carrinho de boneca. Os dois brinacaram por um tempo depois, Júlia não queria devolver o carrinho. Uma das características dela é ser mimada e intransigente em alguns aspectos, a professora diz ser devido a proteção da vó e a questão da mesma não impor limites. A prefessora além de colocar limites conversa com a vó para que essa relação de proteção seja medida e os limites sejam colocados. 
Júlia demonstra estar alegre na compania dos colegas, se diverte no recreio. nessa turma alguns vão ao refeitório mas maioria leva lanche de casa, assim eles sentam em uma praça no pátio e se repartem, com o auxílio da professora, quem quer comer somente o seu, professora deixa á vontade.
Em um dos dias na volta do recreio a professora precisou se ausentar por problemas pessoais. Ela deixa exercícios no quadro e no caderno da júlia deixa outros conforme ela tem trabalhado com vogais e pontilhados.
No momento que aprofessora sai um estagiário assume a turma, deixa eles bem a vontade, eles fazem uma bagunça, Júlia participa.
 Conforme relatos da professora Otília, por ausência de estímulos antes da júlia entrar na turma, pelo fato de sua avó ser analfabeta e somente superprotegê-la, sem nunca impor limites, mãe estar ausente quase sempre, pai nunca procurá-la interfirio de forma significativa na sua evolução. A professora do primeiro ano não sabia lidar com a situação e contava com o estagiário que fazia tudo por ela. Esse pequeno histórico podemos perceber o que contribuiu para atrasos na sua autonomia.Conforme Meurer, Costas e Marquezan (2005), Vygotsky (1986) salientam,
a aprendizagem é um processo que depende embora não de maneira absoluta, da maturação. Mas é dependente, principalmente das relações que as crianças estabelecem com os outros, mais especificamente com o adulto, pois nessas relações interativas reside o seu caráter social.
 Depois dessa experiência que considero significativa, chega-se a conclusão que a mediação da professora contribuiu e vem contribuindo para os avanços de Júlia. Além da aluna estar aprendendo dentro do seu tempo, as suas limitações são respeitadas pela professora. O convívio dela com colegas tem ajudado muito ela aprender a se relacionar e respeitar ao mesmo tempo a todos. Essa professora se importou em conhecer a história da aluna em contatar a família e explicar a importância dela ter mais autonomia. Essas atitudes e olhares fizeram a diferença nesse contexto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência da observação em sala de aula nos traz uma visão plena de professor-aluno, aluno-professor e aluno-aluno. A possibilidade de ver uma classe com 26 alunos e uma aluna especial foi grandiosa, pois nos deparamos com uma professora que tem um bom manejo, trocas nesse sentido sempre são enriquecedoras. A relação estabelecida entre os sujeitos desse contexto são boas e somativas. Quando a professora se preocupa e se reune seguidamente com a educadora especial para que, juntas busquem os caminhos da evolução dos alunos que precisam dessa ajuda, o trabalho de ambas ganha potencial e é facilitado.
Figura 5. Julia e eu.
Fonte: Autora
Referências:
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
MEURER, Ane Carine; COSTAS, Fabiane Adela Tonetto; MARQUEZAN, Lorena Inês Peterine. Psicologia da educação III.Santa Maria: Pallotti, 2005. 80 p.
http://fatimamaciel2013.blogspot.com.br/2013/04/historia-da-educacao-especial-resumo.html
ANEXO

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