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ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 1 - TRIBUTO Ao iniciarmos o estudo do direito tributário, parte material, compreende-se necessário estudar o conceito de tributo e suas repercussões frente a matéria que será objeto de análise na presente obra. Leciona o artigo 3º do CTN que tributo é: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Diante do referido acima exposto, compreende-se que tributo é toda prestação pecuniária compulsória, ou seja, uma vez prevista em norma criada pelo respectivo ente competente, ocorrendo o fato gerador e sem qualquer dispensa prevista na Constituição Federal (imunidades ) ou em norma infraconstitucional (isenções ou convênios), terei de pagar tributo. Diante disto, o pagamento de tributo é obrigatório, compulsório. Outrossim o pagamento do referido tributo previsto em norma deverá ser realizado, via de regra, em dinheiro. Entretanto o próprio Código Tributário Nacional faculdade a possibilidade de pagamento de tributo mediante a dação em pagamento de bem imóvel, uma vez presente tal opção nas formas de extinção do crédito tributário. Art. 156. Extinguem o crédito tributário: (...) XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (Incluído pela LCP nº 104, de 2001). Mas questiona-se: será sempre possível realizar a extinção do crédito tributário, ou seja, o pagamento mediante dação em pagamento de bem imóvel? A ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA resposta é negativa. Somente poderá ser assim realizada mediante a existência de alguns requisitos e observações: Entretanto, além do ponto acima exposto, pergunta-se: poderão os entes competentes criarem norma infranconstitucional que estabeleça novas formas de extinção do crédito tributário, como por exemplo, dação em pagamento de bem móvel? Mediante análise legalista e constitucionalista, compreende-se que não, visto que a Constituição Federal, no seu artigo 146, é bastante clara que as normas gerais de direito tributário somente poderão ser realizadas pela União, mediante lei complementar. Art. 146. Cabe à lei complementar: I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Da Dação de Pagamento em Bem Imóvel Lei Específica Do Ente Competente Não Gera Direito Adquirido ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239. Entretanto cabe ressaltar que o Supremo Tribunal Federal vem afirmando, mais precisando através da ADI 2.405-MC, que os entes competentes poderão criar novas formas de extinção desde que constitucionais. Igualmente, diante deste contexto fático, lecionou o mesmo tribunal superior (ADI 1.917) que não poderão os entes públicos criarem extinção do crédito tributário mediante dação em pagamento de móvel visto que estaria realizando-se fraude ao sistema licitatório, infrigindo assim o artigo 37, XXI da Constituição Federal. Ainda sobre o conceito de tributo leciona o artigo 3º do CTN que nenhum tributo poderá ter caráter sancionatório, ou seja, ser forma de punição a qualquer pessoa. Por esta razão, compreende-se que se alguém vende drogas, pratica o jogo do bicho ou realiza crime ambiental, para este jamais poderá ser criado um tributo como espécie de sanção ou punição pelo ato realizado. Sobre isto leciona com magnitude Ricardo Alexandre1: “Aqui, uma importantíssima observação. O dever de pagar tributo – conforme será detalhado em momento oportuno – surge com a ocorrência, no mundo concreto, de uma hipótese abstratamente prevista em lei (o fato gerador). Portanto, se alguém obtém disponibilidade econômica ou jurídica de rendimentos, passa a ser devedor do imposto de renda (CTN, art. 43), mesmo se esses rendimentos forem oriundos de um ato ilícito, ou até criminoso, como a corrupção, o tráfico ilícito de entorpecentes etc. A 1 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. Página 72. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA justificativa para o entendimento é que, nesses casos, não se está punindo o ato com o tributo (a punição ocorrerá na esfera penal e, se for o caso, na administrativa e civil). A cobrança ocorre porque o fato gerador (obtenção de rendimentos) aconteceu e deve ser interpretado abstraindo-se da validade jurídica dos atos praticados (CTN, art. 118, I).” Mas, importante dizer que os frutos oriundos da atividade ilícita poderão ser tributados, visto que na forma do artigo 118, I do Códito Tributário Nacional vou abstrair a validade dos fatos jurídicos praticados pelo contribuinte. Logo para o direito tributário, aplicamos o princípio da pecunia non olet, ou seja, o dinheiro não tem cheiro. Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. Diante disto muito embora não seja tributado o ato de comercializar drogas ou apontar jogo do bicho, os frutos e/ou rendas auferidas com a realização de tais atos, será tributada normalmente. Por fim, vale ressaltar que nenhum tributo será pago, sem lei que o estabeleça, atendendo ao princípio máximo da legalidade estrita na forma do artigo 150, I da Constituição Federal, bem como o administrador público deverá analisar objetivamente o que contido na norma (vinculação total) para tributar o contribuinte, não podendo assim realizar nenhum ato discricionário para à cobrança do mesmo. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Depois de compreendermos o que é tributo, resta alertar sobre quais são as espécies de tributoque os entes competentes poderão criar. Assim diante desta análise, devemos compreender que tributo é um gênero onde apresentam-se 5 (cinco) espécies tributárias: impostos, taxas, contribuições de melhoria, contribuições especiais e empréstimos compulsórios ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 2 – COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA Mas afinal de contas, quem poderá criar o que compreendemos de tributo? Lembre-se que a Constituição Federal não criará nenhum tributo ou fará sua exigência, mas tão somente a nossa Carta Mãe entregará poderes para que os respectivos entes competentes (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) venham a criar as espécies de tributo. Leciona sobre isto Ricardo Alexandre2: “A Constituição Federal não cria tributos, apenas atribui competência para que os entes políticos o façam. Da mesma forma que os penalistas dizem que não há crime sem lei anterior que o defina, pode-se afirmar que não há tributo sem lei anterior que o defina. Assim, apesar de a Constituição Federal atribuir à União a competência para a criação do imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII), a inércia legislativa faz com que esse tributo não exista no atual ordenamento jurídico. Enfim, para que sejam criados tributos, o ente tributante deve editar lei (ou ato normativo de igual hierarquia, diga-se, Medida Provisória) instituindo-os abstratamente, ou seja, definindo seus fatos geradores, bases de cálculo, alíquotas e contribuintes.” Antes de citar quais tipos de tributos os entes poderão criar, importante dizer sobre as características da competência tributária. a) Indelegável: nenhum ente poderá transferir a sua competência de criar e/ou majorar tributo para outro ente competente. Art. 7º A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma 2 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. Página 106. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA pessoa jurídica de direito público a outra, nos termos do § 3º do artigo 18 da Constituição. § 1º A atribuição compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir. § 2º A atribuição pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido. § 3º Não constitui delegação de competência o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos. Art. 8º O não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído. Entretanto, muito embora indelegável a competência tributária, a capacidade ativa tributária poderá ser delegada para outra pessoa jurídica de direito público. Mas do que trata-se a capacidade ativa tributária? Exercer a capacidade ativa tributária não compreende-se o exercício da competência de criar e/ou majorar, mas sim o exercício administrativo de fiscalizar, executar as normas e arrecadar tributo em nome do ente competente. Leia-se os clássicos exemplos do ITR e IR Retido na Fonte. Também é importante dizer sobre a delegação da capacidade ativa tributária que somente e tão exclusivamente o ato de arrecadação poderá ser delegado para outra pessoa jurídica de direito privado na forma do artigo 7º, §3º do CTN. b) Facultativa: o ente competente e assim compreendido na forma do texto constitucional somente criará o tributo de sua competência de assim desejar. Veja o que diz o artigo 145 da Constituição, onde refere-se claramente em poderão: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos (...) ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Mas e se o exercício da competência tributária não for realizado? Muito embora defenda-se sua facultatividade, já existe posição de tribunal superior informando que o ente competente que abre mão de receitas, terá a penalidade da vedação das transferências voluntárias na forma da lei complementar 101/2000. Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos. c) Irrenunciável: nenhum ente poderá abrir mão e/ou renunciar a competência tributária para qualquer outro ente ou pessoa jurídica, seja pública ou privada. d) Inalterável: a competência tributária não poderá ser alterada mediante norma infranconstitucional, podendo sim ser alterada mediante emenda constitucional. Após analisada as características da competência tributária, temos de saber quais são os tributos que os entes (União, Estados, DF e Municípios) poderão criar conforme texto constitucional. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Das competências acima expostas da União, duas questões são extremamente importantes e tem recorrência em provas: será sempre e somente da União a competência para criar novos tipos de impostos (os chamados residuais) e novas contribuições sociais residuais. E tudo isto, mediante tão somente lei complementar. Art. 154. A União poderá instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) União Impostos Imposto de Importação Imposto de Exportação Imposto de Renda Imposto Territorial Rural Imposto sobre Operações Financeiras Imposto sobre Grandes Fortunas Imposto sobre Produtos Industrializados Imposto Extraordinário Guerra Imposto Residual Taxa Contribuição de Melhoria Contribuições Especiais Contribuições Sociais Contribuição Previdenciária de Servidor Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico Contribuição de Categoria Profissional Empréstimo Compulsório ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. Após análise da competência da União, vejamos a competênciado Distrito Federal. Vale dizer que na forma do artigo 155 e 147 da Constituição Federal que o Distrito Federal terá competência cumulativa dos Estados e dos Municípios. Já os Estados poderão criar os seguintes tributos na forma do artigo 155 da Constituição Federal: Por fim, os Municípios na forma do artigo 156 da Constituição Federal poderão criar os seguintes tributos: Distrito Federal Impostos Imposto Predial Territorial Urbano Imposto Transmissão Bens Imóveis Imposto sobre Serviços Imposto sobre Propriedade Veicular Imposto Transmissão Causa Mortis ou Doação Imposto sobre Circulação de Mercadorias Taxa Contribuição de Melhoria Contribuições Especiais Contribuição Previdenciária de Servidor Contribuição sobre Custeio de Iluminação Pública Estados Impostos Imposto sobre Propriedade Veicular Imposto Transmissão Causa Mortis ou Doação Imposto sobre Circulação de Mercadorias Taxa Contribuição de Melhoria Contribuições Especiais Contribuição Previdenciária de Servidor ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Ainda, no que tange a competência para os mais variados tributos, faço-me uso da tabela retirada do livro Direito Tributário Esquematizado, do Professor Ricardo Alexandre3: CLASSIFICAÇÃO ESPÉCIES DEFINIÇÃO EXEMPLOS Quanto à competência impositiva Federais Criados privativamente pela União II; IE; IR; IPI; ITR; IOF; IGF Estaduais Criados privativamente pelos Estados e pelo DF ITCMD; ICMS; IPVA Municipais Criados privativamente pelos Municípios e pelo DF IPTU; ITBI; ISS Quanto ao exercício da competência Privativos A competência para criação é atribuída a determinado ente com caráter de exclusividade Impostos; empréstimos compulsórios; contribuições especiais Comuns A competência para criação é atribuída indiscriminadamente a todos os entes políticos Taxas e contribuições de melhoria 3 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. Página 237. Municípios Impostos Imposto Predial Territorial Urbano Imposto Transmissão Bens Imóveis Imposto sobre ServiçosTaxa Contribuição de Melhoria Contribuições Especiais Contribuição Previdenciária de Servidor Contribuição sobre Custeio de Iluminação Pública ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Residuais A Constituição atribui à União competência para criar tributos não previstos ordinariamente Novos impostos e novas contribuições para a seguridade social Quanto à finalidade Fiscais Finalidade arrecadatória IR; IGF; IPVA; ICMS; ITCMD; IPTU; ITBI; ISS; IEG; empréstimos compulsórios Extrafiscais Finalidade interventiva II; IE; IPI, IOF; ITR; CIDE Parafiscais Finalidade de arrecadar para atividades específicas Contribuições sociais e corporativas Quanto à hipótese de incidência Vinculados Cobrança depende de atividade estatal específica relativa ao contribuinte Taxas e contribuições de melhoria Não vinculados Cobrança independe de atividade estatal específica relativa ao contribuinte Impostos Quanto ao destino da arrecadação De arrecadação vinculada Os recursos arrecadados somente podem ser utilizados em atividades determinadas Empréstimos compulsórios; CPMF; custas e emolumentos De arrecadação Os recursos arrecadados podem ser utilizados em Impostos ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA não vinculada qualquer despesa prevista no orçamento Quanto à possibilidade de repercussão Diretos Oneram diretamente a pessoa definida como sujeito passivo (não permitem a repercussão) IR; ITR; IPTU Indiretos Oneram pessoa diferente daquela definida como sujeito passivo (permitem a repercussão) ICMS; ISS; IPI; IOF Quanto aos aspectos subjetivos e objetivos da hipótese de incidência Reais Incidem objetivamente sobre coisas, desprezando aspectos subjetivos IPTU; ITR; ITCMD; IPI Pessoais Incidem de forma subjetiva, levando em consideração aspectos pessoais do sujeito passivo IR Quanto às bases econômicas tributadas Sobre o comércio exterior Incidem sobre as operações de importação e exportação II e IE Sobre o patrimônio e a renda Incidem sobre a propriedade de bens móveis ou imóveis e sobre o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos ITR; IPTU; IPVA; IGF; IR Sobre a produçã o e a circulação Incidem sobre a circulação de bens ou ICMS; ISS; IPI; IOF ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA valores e sobre a produção de bens ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 3 – LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR - PRINCÍPIOS Para que o ente público, através dos seus poderes constituídos, exerça a sua competência tributária será necessário balizar suas atividades nas limitações ao exercício do poder de tributar dispostos na Constituição Federal. Assim a nossa Carta Magna acaba pode ser uma espécie de filtro para o exercício da instituição e/ou majoração de tributos, servindo tais limitações assim precipuamente para a defesa dos contribuintes de qualquer tipo de cobrança arbitrária. Lembrando que tais limitações uma vez desrespeitadas irão gerar a inconstitucionalidade do ato ou da lei realizada pelo ente público competente. Ademais vale ressaltar que tais limitações dividem-se entre princípios e imunidades. 3.1 – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Reza o artigo 150, I, da Constituição Federal que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; Logo, conforme acima exposto, nenhum tributo poderá ser criado ou majorado sem lei que o estabeleça. Portanto, via de regra, somente o Poder Legislativo poderá criar ou majorar tributo, sempre mediante observação do devido processo legislativo. E o Poder Executivo, não poderá atuar na criação ou majoração de tributos? Obviamente que a Constituição Federal lhe reservou possibilidades, até como forma de controlar a economia e o mercado. Diante disto podemos afirmar que houve mitigação ao princípio da legalidade. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA a) 1ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo da União mediante decreto, portaria ou resolução,alterar as alíquotas dos impostos (II, IE, IOF e IPI) abaixo descritos. Veja que alterar, a nossa acepção significa, majorar ou reduzir sem qualquer espécie de processo legislativo. Importante ressaltar sobre a presente exceção que a Camex é o órgão de controle do comércio exterior do nosso país e está vinculada a administração pública federal, logo por esta razão lhe é possibilitada tal alteração de alíquotas. Ademais outro fato que pode-se questionar é da justificativa do porque é mitigado aqui o princípio da legalidade: tais impostos são extrafiscais, ou seja, servem para regular o mercado econômico. Por fim cabe dizer que tal possibilidade encontra-se respaldada em nosso texto constitucional no seu artigo 153,§1º da Constituição Federal: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: § 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V. b) 2ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo igualmente por meio de decreto ou convênio, reduzir ou restabelecer as alíquotas de CIDE e ICMS Combustível. Mas por favor, não esqueça: aqui não trata-se de majoração, mas tão somente redução ou retornar o quanto era anteriormente as alíquotas. Poder Executivo - Alterar Alíquotas Resolução Camex Imposto Importação Imposto Exportação Decreto/Portaria Imposto sobre Operações Financeiras Imposto sobre Produtos Industrializados ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) I - a alíquota da contribuição poderá ser: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III, b; Sobre isto leciona Ricardo Alexandre4: “Com o advento da Emenda Constitucional 33/2001, foram previstas duas outras exceções ao princípio da legalidade no tocante a alterações de alíquotas. Ambas se referem à tributação de combustíveis. A primeira permite ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da CIDE- combustíveis (o Presidente da República tem usado o Decreto como via normativa para o exercício da competência prevista no art. 177, § 4.º, I, b, da CF/1988). A segunda permite aos Estados e ao Distrito Federal, mediante convênio (realizado no âmbito do CONFAZ, conforme será estudado em momento oportuno), definir as alíquotas do ICMS-monofásico incidente sobre combustíveis definidos em Lei Complementar (CF, art. 155, § 4.º, IV).” c) 3ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá o Poder Executivo também por através de decreto, portaria, atualizar base de cálculo de tributo. Mas aqui é importante ressaltar: trata-se de mera atualização, recomposição da base, jamais podendo representar onerosidade ao contribuinte. 4 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. Página 263. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Assim é importante também salientar que esta atualização deverá observar os limites estabelecidos pelos indexadores oficiais, ou seja, dentro de um máximo permitido observando-se estes índices. Tudo o que for superior aos indexadores, não poderá ser realizado pelo Poder Executivo, visto que tratar-se-a de onerosidade, logo podendo ser realizado apenas por meio de lei. Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso. § 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo. Súmula 160 STJ - É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. d) 4ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá igualmente o Poder Executivo Federal mediante Medida Provisória criar ou majorar qualquer espécie tributária. Entretanto para que assim o faça terá de atender a dois requisitos: que o tributo possa ser criado por lei ordinária e que seja convertido em lei no mesmo ano de sua edição. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) § 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA e) 5ª Exceção ao Princípio da Legalidade: poderá, por fim, o Poder Executivo alterar o prazo para pagamento de tributo por meio de decreto ou portaria. Compreende-se pela desnecessidade de norma visto tal matéria não está assim disposta no artigo 97 do CTN, ou seja, não sendo necessário lei para tal realização. Após vistos as exceções ao princípio da legalidade, pode-se questionar qual tipo de lei poderá instituir ou majorar tributo? Via de regra os tributos serão criados ou majorados mediante lei ordinária. Entretanto existem 4 exceções de tributos, estas pelas quais somente serão operacionalizadas (criadas ou majoradas) mediante Lei Complementar. Vale ressaltar que se apenas esta última espécie normativa citada poderá realizar, tais tributos não poderão ser criados igualmente por Medida Provisória. Outro ponto importante sobre o princípio da legalidade é sobre os incentivos ou benefícios fiscais. Na forma do artigo 150, §6º da Constituição Federal tais concessões somente poderão ser realizadas mediante lei, com exceção da isenção do ICMS que deverá ser realizada por meio de convênio na forma do artigo 155, §2º, XII, g, da Constituição Federal. Por fim, vale dizer ainda que se para criar ou majorar tributos será necessário norma legal, para sua extinção ou redução igualmente será necessário lei. Aplica-se aqui portanto o paralelismo de formas, ou seja, preciso de norma de nível hierárquico igual ou superior para extinguir ou reduzir os tributos. Somente por Lei Complementar - Criação ou Majoração Imposto Residual - pela União - art. 154, I, da CF Contribuição Social Residual - pela União - art. 195, §4º da CF Empréstimo Compulsório - pela União - art. 148 da CF Imposto sobre Grandes Fortunas - pela União - art. 153, VII, da CF ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 3.2 – PRINCÍPIO DA ISONOMIA Reza o artigo150, II, da Constituição Federal que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; Diante do que compreendido pelo inciso supra citado todos terão tratamento igualitário perante a norma tributária, carecendo somente de um trato desigual aqueles que se apresentam em uma situação de desigualdade. Tal princípio está intimamente ligado ao princípio da capacidade contributiva (art. 145, §1º da CF) e o da não discriminação (art. 152 da CF). 3.3 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE O presente princípio irá limitar a possibilidade da cobrança do tributo criado e/ou majorado. Diante disto, tal princípio irá limitar a possibilidade e atividade dos entes competentes de cobrarem os tributos por eles respectivamente realizados. Logo este princípio servirá para informar ao contribuinte quando ele deverá e poderá ser cobrado dos respectivos tributos uma vez realizados os fatos geradores dispostos na norma tributária. Mas desde já, lembre-se: como trata-se de limitação ao exercício da competência tributária, ele será observado apenas quando da criação ou majoração de tributo, visto que quando tratar-se de medida desonerativa (mais favorável) ao ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA contribuinte, tal norma terá aplicação imediata. Igualmente para efeitos de Exame da Ordem, vale ressaltar que tal princípio trata-se de regra de eficácia e não de vigência. O princípio da anterioridade, com razão precípua da necessidade de evitar a surpresa aos contribuintes, é entendido conforme texto constitucional pela anterioridade do exercício e a anterioridade nonagesimal. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Diante disto, na forma do artigo 150, III, B, da Constituição Federal, todo tributo criado ou majorado somente poderá ser exigido no primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, uma vez publicado, por exemplo no ano de 2017, somente poderá ser exigido no primeiro dia do ano de 2018. Entretanto, considerando que até 2003 apenas a Constituição Federal contemplava o presente artigo como princípio da anterioridade, ainda restava presente muitas surpresas aos contribuintes, visto que os tributos eram criados ou majorados no dia 28 de dezembro e já eram exigidos no dia 01 de janeiro do ano seguinte, ou seja, após apenas alguns dias da publicação. E para evitar esta surpresa, houve uma alteração no texto constitucional vindo a criar o princípio da anterioridade nonagesimal. Assim na forma do artigo 150, III, C, da Constituição Federal, todo tributo criado ou majorado, somente poderá ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA ser exigido após 90 (noventa) dias da publicação, justamente para evitar as surpresas acima citadas. Assim, via de regra, todos os tributos criados ou majorados deverão aguardar as duas anterioridades (requisitos cumulativos), ou seja, somente poderão ser exigidos no exercício seguinte da sua publicação somado a 90 (noventa) dias igualmente da publicação. Entretanto, como tudo não são flores em qualquer área do direito, compreendeu por bem o constituinte reservar a alguns tributos uma possibilidade de exigência mitigada, justamente para enfrentar o mercado econômico (política econômica e social) ou a necessidade de exigência do tributo. Assim positivou o constituinte, mitigando portanto os princípios da anterioridade: Art. 150 da CF - § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) Logo, conforme positivado no parágrafo supra indicado, assim compreendeu o constituinte: Terão exigência imediata, ou seja, mesmo que majorados ou criados poderão ser exigidos tão logo publicados: Imposto Importação, Imposto Exportação, Imposto sobre Operações Financeiras, Empréstimo Compulsório Guerra Externa ou sua Iminência, Empréstimo Compulsório Calamidade e Imposto Extraordinário Guerra. Outrossim terão exigência respeitando apenas a anterioridade nonagesimal, ou seja 90 dias após a sua publicação, sendo portanto possível a sua exigência no mesmo ano de sua publicação: Imposto sobre ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Produtos Industrializados, Contribuições Sociais e CIDE/ICMS Combustíveis. E terão exigência respeitando apenas a anterioridade do exercício, ou seja, podendo ser majorados em 28 de dezembro, publicados em 29 e já exigidos no dia 01 de janeiro: Imposto de Renda (alíquotas, base de cálculo) e Base de Cálculo (apenas) de IPVA e IPTU. Pós análise das exceções dispostas no artigo 150, §1º da Constituição Federal cabe ainda dizer que conforme Informativo 757 do STF, revogação ou isenção de benefício fiscal, mesmo que parcial, deverá observar os dois princípios da anterioridade. Assim, se minha empresa goza de um benefício e este venha ser revogado, o fisco deverá aguardar as duas anterioridades para exigir o tributo cujo o qual minha empresa tinha benefício. Por fim, outra questão de grande valia sobre o princípio da anterioridade, é de que a modificação de prazo para pagamento, mesmo que venha antecipar a arrecadação/pagamento, não estará sujeita a anterioridade na forma da Súmula Vinculante nº 50 do STF. Súmula Vinculante 50 Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. 3.4 – PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE Reza o artigo 150, III, A, da Constituição Federal que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - cobrar tributos: ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; Em face do que disposto na presente alínea a norma tributária não poderá retroagir, ou seja, não poderá atingir fatos geradores que ocorreram antes de sua vigência.Sendo assim, aplico a lei vigente, alíquota e base de cálculo que estiver em vigor quando da ocorrência do fato gerador. Logo conclui-se: a norma tributária, via de regra, não poderá retroagir justamente para preservar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a proporcionar para todos uma segurança jurídica. E vale dizer ainda que a Constituição Federal não trás nenhuma mitigação ou exceção. Entretanto o Código Tributário Nacional nos apresenta 3 exceções a este princípio: a) 1ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que tenha caráter interpretativo de norma antiga, que venha solucionar pontos obscuros portanto da norma antiga, desde que não cause penalidade ao contribuinte, poderá retroagir. Assim a lei nova de caráter interpretativo, poderá retroagir, desde que não cause onerosidade ao contribuinte. Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; b) 2ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: a norma nova que venha deixar de tratar ato como infração (extinguir multa) ou reduzir a infração (reduzir o percentual da multa), poderá retroagir para fatos geradores já ocorridos, desde que exista ato pendente de julgamento (seja judicial ou administrativo). Vale ressaltar: trata-se de retroatividade mais benéfica somente e tão exclusivamente no campo das infrações (jamais no tocante as alíquotas ou base de cálculo). Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA II - tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. c) 3ª Exceção ao Princípio da Irretroatividade: por fim, poderá retroagir norma nova que venha instituir ou estabelecer novos critérios de fiscalização e/ou proporcionar ao crédito tributário nova classificação. Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. 3.5 – PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO Reza o artigo 150, IV, da Constituição Federal que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: IV - utilizar tributo com efeito de confisco; Conforme acima exposto nenhum ente público poderá estabelecer ou exigir tributo com caráter confiscatório, ou seja, que impeça o uso adequado da propriedade ou não possibilite o livre exercício da atividade privada. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Logo o contribuinte não precisará vender seus bens em face da exigência de tributos que o impeçam de fazer o livre exercício do direito fundamental da propriedade. Importante ainda ressaltar que o STF passou a aplicar o presente dispositivo para as multas, ou seja, nenhuma multa (penalidade) poderá ser exigida com o caráter confiscatório, como por exemplo multa moratória (por atraso no pagamento) não poderá ter percentual superior a 20% (vinte por cento). Sobre a matéria importante colacionar 3 súmulas que tem trato recorrente no Exame da Ordem, inclusive como teses para peças processuais. SÚMULA 70 STF É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. SÚMULA 323 STF É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos. SÚMULA 547 STF Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades profissionais. 3.6 – PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE TRÁFEGO Reza o artigo 150, V, da Constituição Federal que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Nenhum tributo poderá impedir o livre exercício do direito de ir e vir, salvo a própria mitigação exposta no inciso no que tange à cobrança de pedágios. Lembrando que, salvo melhor juízo, quem cobra pedágio não cobra tributo, mas sim tarifas ou preço público em que o contribuinte pagará para permissionários e/ou concessionárias do serviço público. 3.7 – PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA Reza o artigo 151, I e II, da Constituição Federal que: Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País; II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes; Tal princípio tem força coercitiva diretamente para a União. Assim o presente ente federativo, em razão do texto constitucional, não poderá tratar os demais entes federativos e seus contribuintes de forma desigual. Assim, exemplificando, a incidência sobre o Imposto de Renda que será considerado no Rio Grande do Sul, igualmente deverá ser no Rio de Janeiro, não podendo haver tratamento diferenciado. A justificativa para a presente norma cogente é: respeito a isonomia e pacto federativo. Entretanto o mesmo inciso I trabalha com uma mitigação onde faculta a União conceder tratamento diferenciado na tributação de sua competência à fim de ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA proporcionar desenvolvimento sócio econômico de determinada região. Aqui encontra-se o clássico exemplo da Zona Franca de Manaus. E na forma do inciso II do artigo supra indicado a União também não poderá conceder tratamento diferenciado para seus servidores, bem como as obrigações de dívidas públicas. Logo se um Magistrado Federal tem retenção de 27,5% de seu ordenado, o mesmo deverá valer para o Magistrado Estadual, não podendo portanto a União conceder tratamento diferenciado para o federal em face deste pertencer aos quadrosfederais. 3.8 – PRINCÍPIO DA ISENÇÃO HETERÔNOMA Reza o artigo 151, III, da Constituição Federal que: Art. 151. É vedado à União: III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. ‘ Na forma do presente inciso a União não poderá intrometer-se no que tange a benefícios fiscais nos tributos que não são de sua competência. Assim não caberá isenções heterônomas, ou seja, a União não poderá conceder isenção de tributos que são de competência dos demais entes. Mas entretanto, algumas mitigações compreendidas na realidade como imunidades por estarem expressas na Constituição Federal, poderemos visualizar: a) 1ª Exceção: Imunidade de ISSQN para serviços destinados ao Exterior. Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002) II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) b) 2ª Exceção: Imunidade de ICMS para Mercadorias e Serviços para Exterior Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) c) 3ª Exceção: segundo o STF os Tratados ou Convenções Internacionais, uma vez ratificados pelo Presidente da República, este agindo como Chefe de Estado (Pessoa Jurídica de Direito Público Internacional), poderá isentar tributos estaduais e municipais, observando o que disposto no artigo 98 do CTN. Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 4 – LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR - IMUNIDADES Dentro do estudo das limitações ao poder de tributar torna-se igualmente importante e assunto presente em termos do Exame da Ordem a análise das imunidades. Mas afinal de contas o que é uma imunidade? Imunidade é a dispensa constitucional de pagar tributo, ou seja, tratam-se de formas de dispensas constitucionais para que o contribuinte não realize o pagamento do crédito tributário. Ademais vale ressaltar que apresentam-se dois tipos de imunidades: as específicas e as genéricas. Antes de adentrarmos as espécies de imunidades cai ao lanço afirmar que elas são garantias constitucionais ao contribuinte, portanto, verdadeiras cláusulas pétreas onde não serão admitidas suas revogações ou extinções, bem como admitem todas as formas de interpretação. As imunidades específicas são todas aquelas dispostas no texto constitucional, que dizem respeito a determinado caso concreto e o mais importante: poderão albergar qualquer espécie tributária. Aqui, exemplificando, apresentam-se os casos no texto constitucional: não incidir ISS de serviço destinado ao exterior, não incidir contribuição social para as entidades de assistência social sem fins lucrativos, entre outros. Outrossim também apresentam-se na Carta Magna as imunidades genéricas, dispostas todas no artigo 150, VI, da Constituição Federal e apresentam dispensa constitucional apenas no que tange aos impostos. São espécies de imunidades genéricas: a) 1ª Espécie – Art. 150, VI, A, CF – Imunidade Recíproca: os entes públicos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) não poderão cobrar impostos entre si sobre o patrimônio, renda e serviços. Assim, exemplificando, a União não poderá cobrar IR sobre a renda auferida pelo Município, bem como o Estado não poderá cobrar IPVA dos automóveis da União. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; Sobre a presente espécie de imunidade genérica vale ressaltar que elas são extensivas as autarquias e fundações públicas na forma do artigo 150, §2º da Constituição Federal, desde que a renda, patrimônio e serviços sejam destinados e/ou utilizados para o cumprimento da finalidade essencial das referidas entidades públicas citadas. § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Mas para que estas autarquias e fundações públicas venham gozar de imunidade elas precisarão cumprir alguns requisitos que estão disposto no artigo 150, §3º e §4º da Constituição Federal, isto é: Ser mantidas ou instituídas pelo poder público; Manter atividade essencialmente pública; Não entrar na concorrência privada; Não cobrar taxa ou tarifa. Também cabe ressaltar a posição do Supremo Tribunal Federal, muito embora a omissão da Constituição Federal, que as Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista também terão direito a gozar desta espécie de imunidade genérica, desde que explorem atividade essencial pública em caráter de monopólio e não visem lucro. Nesta condão fora deferida as imunidades para os Correios (Agência e não Franquia), Infraero, Casa da Moeda, entre outros. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA § 3º As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. § 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas "b" e "c", compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços,relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. b) 2ª Espécie – Art. 150, VI, B, CF – Imunidade Templos de Qualquer Culto: a presente imunidade, tão criticada contemporaneamente, visa proteger a liberdade religiosa. Lembrando que a Constituição Federal não objetivou ser aquela ou outra a religião a ser imunizada, visto que vivemos em um estado laico. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: b) templos de qualquer culto; Portanto gozarão desta imunidade toda e qualquer religião que prestigie um Deus, que tenha como objetivo levar a palavra de Deus para toda uma comunidade. Entretanto para que estas religiões venham gozar desta espécie de imunidade genérica sobre seu patrimônio, renda e serviços, deverão aplicar seu patrimônio ou renda auferida para o cumprimento da finalidade essencial. Logo, se a igreja ou templo faz um bingo para manter a “Casa do Senhor”, ou seja, a renda auferida será revertida para a finalidade essencial, não terá que pagar impostos sobre tal valor recebido. O mesmo vale para cobrança de dízimos, ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA estacionamento para fiéis ou até mesmo cemitério em nome da instituição religiosa. Tudo isto observando o que disposto no artigo 150, §4º da Constituição Federal. Mas sobre a presente imunidade, algumas perguntas restarão em aberto e faz-se necessário a devida resposta: Maçonaria goza de imunidade? Não, visto tratar-se de filosofia de vida. Cemitério em nome de empresa privada goza de imunidade? Não, visto que empresa privada visa lucro. c) 3ª Espécie – Art. 150, VI, C, CF – Imunidade Subjetiva: a presente imunidade contempla algumas pessoas, ou seja, observando igualmente o artigo 150, §4º do CTN, os partidos políticos e suas fundações, sindicato dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos terão direito a não pagar impostos sobre seus patrimônios, rendas e serviços, desde que observado o cumprimento da norma e a finalidade essencial. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; Mas diferente das demais espécies de imunidades genéricas aqui a norma elenca a observação e cumprimento dos requisitos previstos em lei. Qual seria a lei, artigo e seus requisitos? São aqueles dispostos no artigo 14 do CTN. Assim para estas pessoas gozaram desta imunidade também deverão ater-se aos requisitos do artigo supra referido. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (Redação dada pela Lcp nº 104, de 2001) II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. Vale ressaltar nesta imunidade, que as entidades de assistência social sem fins lucrativos, na forma do artigo 195, §7º da Constituição Federal também terão imunidade no que tange as contribuições sociais, tratando-se aqui de clássico exemplo de imunidade específica. § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. E acaso estas pessoas vierem a locar um imóvel seu e reverter os valores locatícios para o cumprimento da finalidade essencial, gozarão desta imunidade? Sim, na forma da Súmula Vinculante 52 e Súmula 724 do STF, continuaram a gozar desta imunidade genérica. SV 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. d) 4ª Espécie – Art. 150, VI, D e E, CF – Imunidade Objetiva: por fim a presente imunidade diz respeito a espécie de imunidade genérica no tocante a alguns objetos. Portanto os livros, períodos, jornais e papéis destinados a sua ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA impressão, bem como CD´S e DVD´s confeccionados por artistas ou interpretes brasileiros não pagarão impostos. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013) Mas é importante que se diga: aqui a imunidade será apenas no tocante ao objeto e não sobre eventual renda auferida com a venda do objeto ou imóvel pertencente a fábrica do jornal. E para gozarem desta imunidade quais são os requisitos necessários que sejam observados: transmitir um pensamento e ter ideia formalmente orientada independentemente do conteúdo. Portanto, inclusive as revistas com apelo sexual gozaram desta imunidade. Entretanto, e as revistas com finalidade de marketing, que desejam prioritariamente vender produtos? Estas revistas não gozarão de imunidade. Já a lista telefônica gozará desta imunidade? Sim, visto que ela tem caráter informativo. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Vale ainda ressaltar que inclusive o papel fotográfico destinado (Súmula) a impressão dos itens acima expostos gozará de imunidade, ao contrário da tinta destinada a impressão que não terá imunidade. Súmula 657 – STF - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da Constituição Federal abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos. Por fim, colaciona-se importante e recente julgado, que faz contemplar a presente imunidade os livros eletrônicos, decisão está realizada pelo STF e reconhecida em sede de repercussão geral. EMENTA - Recurso extraordinário. Repercussão geral. Tributário. Imunidade objetiva constante do art. 150, VI, d, da CF/88. Teleologia multifacetada. Aplicabilidade. Livro eletrônico ou digital.Suportes. Interpretação evolutiva. Avanços tecnológicos, sociais e culturais. Projeção. Aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e-readers). 1. A teleologia da imunidade contida no art. 150, VI, d, da Constituição, aponta para a proteção de valores, princípios e ideias de elevada importância, tais como a liberdade de expressão, voltada à democratização e à difusão da cultura; a formação cultural do povo indene de manipulações; a neutralidade, de modo a não fazer distinção entre grupos economicamente fortes e fracos, entre grupos políticos etc; a liberdade de informar e de ser informado; o barateamento do custo de produção dos livros, jornais e periódicos, de modo a facilitar e estimular a divulgação de ideias, conhecimentos e informações etc. Ao se invocar a interpretação finalística, se o livro não constituir veículo de ideias, de transmissão de pensamentos, ainda que formalmente possa ser considerado como tal, será descabida a aplicação da imunidade. 2. A imunidade dos livros, jornais e periódicos e do papel destinado a sua impressão não deve ser interpretada em seus extremos, sob pena de se subtrair da salvaguarda toda a ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA racionalidade que inspira seu alcance prático, ou de transformar a imunidade em subjetiva, na medida em que acabaria por desonerar de todo a pessoa do contribuinte, numa imunidade a que a Constituição atribui desenganada feição objetiva. A delimitação negativa da competência tributária apenas abrange os impostos incidentes sobre materialidades próprias das operações com livros, jornais, periódicos e com o papel destinado a sua impressão. 3. A interpretação das imunidades tributárias deve se projetar no futuro e levar em conta os novos fenômenos sociais, culturais e tecnológicos. Com isso, evita-se o esvaziamento das normas imunizantes por mero lapso temporal, além de se propiciar a constante atualização do alcance de seus preceitos. 4. O art. 150, VI, d, da Constituição não se refere apenas ao método gutenberguiano de produção de livros, jornais e periódicos. O vocábulo “papel” não é, do mesmo modo, essencial ao conceito desses bens finais. O suporte das publicações é apenas o continente (corpus mechanicum) que abrange o conteúdo (corpus misticum) das obras. O corpo mecânico não é o essencial ou o condicionante para o gozo da imunidade, pois a variedade de tipos de suporte (tangível ou intangível) que um livro pode ter aponta para a direção de que ele só pode ser considerado como elemento acidental no conceito de livro. A imunidade de que trata o art. 150, VI, d, da Constituição, portanto, alcança o livro digital (e-book). 5. É dispensável para o enquadramento do livro na imunidade em questão que seu destinatário (consumidor) tenha necessariamente que passar sua visão pelo texto e decifrar os signos da escrita. Quero dizer que a imunidade alcança o denominado “audio book”, ou audiolivro (livros gravados em áudio, seja no suporte CD-Rom, seja em qualquer outro). 6. A teleologia da regra de imunidade igualmente alcança os aparelhos leitores de livros eletrônicos (ou e- readers) confeccionados exclusivamente para esse fim, ainda que, eventualmente, estejam equipados com funcionalidades acessórias ou rudimentares que auxiliam a leitura digital, tais como dicionário de sinônimos, marcadores, escolha do tipo e do tamanho da fonte etc. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Esse entendimento não é aplicável aos aparelhos multifuncionais, como tablets, smartphone e laptops, os quais vão muito além de meros equipamentos utilizados para a leitura de livros digitais. 7. O CD-Rom é apenas um corpo mecânico ou suporte. Aquilo que está nele fixado (seu conteúdo textual) é o livro. Tanto o suporte (o CD- Rom) quanto o livro (conteúdo) estão abarcados pela imunidade da alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. TESE DA REPERCUSSÃO GERAL: 9. Em relação ao tema nº 593 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do portal do STF na internet, foi aprovada a seguinte tese: “A imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/88 aplica-se ao livro eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo.” RE 330817-RJ Dica do Guigui - Quem goza de imunidade genérica somente terá dispensa de impostos e não dos demais tipos de tributos, como por exemplo taxas e contribuições de melhoria. - Quem goza de imunidade terá dispensa apenas de pagar, ou seja, da obrigação principal e não das obrigações acessórias (de fazer, como por exemplo, tirar nota fiscal). e) Por fim, segue um quadro retirado da obra do Professor Ricardo Alexandre que trabalha as demais formas de imunidades previstas no texto constitucional. 5 Fundamento constitucional Objeto/Pessoa/Operação imunizados Tributos cuja incidência é impedida Art. 5.º, XXXIV - Obtenção de certidões, exercício do direito de petição Taxas em geral 5 ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 8. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. Página 509. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Art. 5.º, LXXIII - Ação popular, salvo comprovada má-fé Custas judiciais (consideradas taxas pelo STF) Art. 5.º, LXXVI - Registro civil de nascimento e certidão de óbito, para os reconhecidamente pobres Emolumentos (considerados taxas pelo STF) Art. 5.º, LXXVII - Habeas corpus, habeas data e, na forma da lei, atos necessários ao exercício da cidadania Custas judiciais e emolumentos (considerados taxas pelo STF) Art. 149, § 2.º, I - Receitas decorrentes de exportação Contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico Art. 153, § 3.º, III - Exportação de produtos industrializados IPI Art. 153, § 4.º, II - Pequenas glebas rurais, definidas em lei, exploradas por proprietário que não possua outro imóvel ITR Art. 153, § 5.º c/c ADCT, art. 74, § 2.º - Ouro definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial Tributos em geral, salvo CPMF e IOF Art. 155, § 2.º, X - Exportações de mercadorias e serviços; - Operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; - Prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita ICMS ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA Art. 155, § 3.º - Operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País Impostos em geral, exceto II, IE e ICMS Art. 156, § 2.º, I - Transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital; - Transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica,salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil ITBI Art. 184, § 5.º - Operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária Impostos em geral Art. 195, II - Rendimentos de aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social Contribuição previdenciária Art. 195, § 7.º - Entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei Contribuições para financiamento da seguridade social Art. 226, § 1.º - Celebração do casamento civil Taxas em geral Art. 85 do ADCT - Contas-correntes de depósito especialmente abertas e exclusivamente utilizadas para operações de: a) câmaras e prestadoras de serviços de compensação e de liquidação de que trata o parágrafo único do art. 2.º da Lei 10.214, de 27 de março de 2001; CPMF ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA b) companhias securitizadoras de que trata a Lei 9.514, de 20 de novembro de 1997; c) sociedades anônimas que tenham por objeto exclusivo a aquisição de créditos oriundos de operações praticadas no mercado financeiro; - Contas-correntes de depósito, relativos a: a) operações de compra e venda de ações, realizadas em recintos ou sistemas de negociação de bolsas de valores e no mercado de balcão organizado; b) contratos referenciados em ações ou índices de ações, em suas diversas modalidades, negociados em bolsas de valores, de mercadorias e de futuros; - Contas de investidores estrangeiros, relativos a entradas no País e a remessas para o exterior de recursos financeiros empregados, exclusivamente, em operações e contratos referidos nas letras “a” e “b” do item anterior. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 5 – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA A legislação tributária, muito embora ignorada por grande parte dos “oabzeiros fiscais” tem relevante importância para a resolução de questões do Exame da Ordem em Direito Tributário. Outrossim tal temática também enseja inúmeras dúvidas, o que tentarei dirimir através de um texto sistematizado. E a primeira grande questão que é recorrente é: qual tipo normativo poderá criar e/ou majorar tributo? Via de regra, será mediante lei ordinária possível a criação ou majoração. Entretanto existem 4 (quatro) espécies tributárias que somente poderão ser criadas ou majoradas mediante lei complementar: Imposto Residual (art. 154, I, CF), Contribuição Social Residual (art. 195, §4º, CF), Imposto sobre Grandes Fortunas (art. 153, VII, CF) e Empréstimos Compulsórios (art. 148, CF). Entretanto para que sejam criados estes tributos, seja por meio de lei ordinária ou complementar, o legislador terá que ater-se a uma série de requisitos e imposições legais descritos em lei complementar. Portanto, via de regra, normas gerais de direito tributário somente poderão ser realizadas mediante lei complementar na forma do artigo 146 da Constituição Federal. E onde estão estas normas gerais de direito tributário? Estão no Código Tributário Nacional visto que este foi recepcionado como lei complementar pela Constituição Federal de 1988. Importante ainda referir que tal temática tem vínculo com o princípio da legalidade. Portanto, muito embora acima cita-se a possibilidade de criação ou majoração de tributo mediante lei ordinária, não poderemos esquecer que Medida Provisória também assim poderá fazer, uma vez obedecidos os requisitos do artigo 62, §2º da Constituição Federal. ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 6 – OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Teremos a ocorrência da obrigação tributária toda vez que o contribuinte praticar um fato (fato gerador) que está descrito em uma lei (hipótese de incidência). Assim a obrigação nada mais é do que o resultado da realização do fato gerador no mundo exterior. Sobre a obrigação tributária leciona o CTN: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. No teor do referido artigo conseguimos vislumbrar a existência de dois tipos de obrigação tributária: a principal e a acessória. A obrigação principal é toda aquela obrigação do contribuinte para o pagamento do tributo ou da penalidade (multa). Já a obrigação acessória é toda aquela obrigação que não consiste em pagamento, mas sim no ato de fazer ou deixar de fazer. Portanto são exemplos de obrigações acessórias o ato de fazer um speed contábil, um balanço, tirar ou não rasurar uma nota fiscal. Lembrando ainda que a obrigação acessória tem como objetivo colaborar para a fiscalização e o pagamento do crédito tributário. Ainda sobre o referido artigo, mais precisamente na forma do parágrafo 3º, uma vez o contribuinte não realizando ou cumprindo com sua obrigação acessória, surgirá uma obrigação principal (multa). ROTEIRO DE AULA & MATERIAL DE APOIO – DIREITO MATERIAL TRIBUTÁRIO 1ª FASE DIREITO TRIBUTÁRIO – EXAME XXV MATERIAL PRODUZIDO POR: PROF. GUILHERME PEDROZO DA SILVA 6.1 – ELISÃO FISCAL Reza o artigo 116, §º único do CTN: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) O presente parágrafo único faz nascer a subjetividade frente à realização de planajemanto tributário pelo contribuinte e sua validação ou não. Mas como a presente obra não tem como objetivo doutrinar ou suscitar divergências, cabe ao signatário informar que se acaso o enunciado da peça ou questão no Exame da Ordem deixe claro a existência de ato realizado com a tentativa de não pagar tributo, simular ou cometer fraude, poderá o fisco desconsiderar tal ato e cobrar os tributos devidos pela realização dos fatos geradores. 6.2 – SUJEITO ATIVO E PASSIVO DA RELAÇÃO TRIBUTÁRIA Mas afinal de contas, quem poderá cobrar e quem irá pagar a obrigação tributária? Serão respectivamente o sujeito ativo e passivo da relação tributária. O sujeito ativo na forma do artigo 119 do CTN é toda pessoa jurídica de direito público que tem a competência constitucional para criar e/ou exigir o crédito tributário, observando a norma e à realização do fato gerador pelo
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