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Fundamentos Teologicos da Missão

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�ESCOLA MISSIONARIA E TEMPO DE COLHEITA
FUNDAMENTOS TEOLÓGICOS DA MISSÃO
	
Toda a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse revela o cuidado e a ação redentora de Deus pelas nações. Desde a expectativa do Velho Testamento até o cumprimento da promessa daquele que haveria de vir, no Novo Testamento. Vemos uma ação contínua de Deus, tendo Cristo como desdobramento da história e chegando ao seu clímax na grande comissão dos evangelhos.
1 Definição de Missão?
	No dizer de John Stott, “missão” significa “atividade divina que emerge da própria natureza de Deus”. Foi o Deus vivo quem enviou a seu filho Jesus Cristo ao mundo, que enviou pôr sua vez os apóstolos e a Igreja. Enviou também o seu Espírito Santo à Igreja e hoje envia aos nossos corações.
	Daí surge a missão da Igreja como resultado da própria missão de Deus, devendo a Igreja ser modelada pôr esta missão. Para que todos nós entendamos a natureza da missão da Igreja, precisamos entender a natureza da missão do Filho de Deus. Não podemos pensar em missão como um dos aspectos do ser Igreja, um departamento, mas como afirma o Dr. J. Andrew Kirk, “a Igreja é missionária pôr natureza ao ponto de que, se ela deixa de ser missionária, ela não tem simplesmente falhado em uma de suas tarefas, ela deixa de ser Igreja.”
	Para nós entretanto, não nos resta outra opção a não ser entender a missão a luz do ministério de Jesus. O que implica em dizer que missão é ser enviado; “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio a vós” (João 20:21). 
	Primeiramente ao mundo. Fomos enviados para que nos identifiquemos com outras pessoas, pois de fato o que Jesus fez foi se identificar conosco assumindo nossos pecados, experimentando nossa fraqueza, sendo tentado e morrendo a nossa morte. Somos enviados pôr Cristo para encarnar as necessidades das pessoas, necessidades espirituais e materiais num mundo cada vez mais hostil.
	Em segundo lugar, se compreendermos a missão de Jesus corretamente, vamos descobrir que ele veio ao mundo também com a missão de servir. Charles Van Engen ao citar Dietrich Bonhoeffer diz, “a Igreja existe para a humanidade no sentido de ser o corpo espiritual de Cristo e – a semelhança de Jesus – é enviada como serva”. Marcos 10:45 diz que “o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. A nossa missão como a dele deve ser uma missão de serviço.
	Citamos ainda John Stott dizendo que: “Missão, antes de tudo, significa tudo aquilo que a Igreja é enviada ao mundo para fazer.” Sendo que na sua caminhada ela deve mostrar a vocação da sua missão que é ser enviada ao mundo para ser Sal da Terra e enviada ao mundo para que lhe sirva de Luz do mundo.”
2 A perspectiva missionária do Antigo Testamento	
Ao começar, partindo do Velho Testamento, podemos dizer que sua mensagem é universal, e que ela tem em mente o mundo todo e que é válida para ele. Esta universalidade é a base da mensagem missionária do Antigo Testamento. 
2.1 A criação
Ao abrirmos as Escrituras lemos as primeiras palavras: "No princípio criou Deus os céus e a terra". 
Uma declaração simples, mas que segundo a carta aos Hebreus é necessário fé para crer que assim foi o acontecido: "Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem" Hb 11.3
O segundo relato é razoavelmente misterioso: "A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas" Gn 1.2 
	A terceira declaração adquire importância porque pela primeira vez nas Escrituras vemos que o Deus Criador é também um Deus que fala. Ele fala com a sua própria criação, comunicando a ela uma ordem de restauração ou de recriação: "Disse Deus: Haja luz; e houve luz" Gn 1.3. 
	Este é o primeiro ato missionário de Deus. Ele liberta a sua criação das trevas. Ele estabelece também um paradigma bíblico: Deus é quem toma a iniciativa de vir em socorro da sua criação. A terra recriada serve agora para os propósitos de Deus. 
2.2 A queda do homem 
	Desde a queda do homem Deus começou a colocar em pratica seu plano de redenção com o propósito de trazer a humanidade de volta para si pois a queda trouxe sérias conseqüências para o ser humano tanto no seu aspecto individual, pois a partir da queda o homem começou a ter: 
vergonha Gn 3.07
medo Gn 3.10)
condenação Gn 3.16 e 19
separação Gn 3.24
	Após a queda surge a primeira promessa redentora de Deus prometendo que da semente da mulher ele levantaria alguém (Jesus) que esmagaria a cabeça da serpente Gn 3.15.
	A partir daí surge a idéia daquilo que os missiólogos chamam de “Missio Dei”, isto é, a missão que surge como a iniciativa de Deus, e esta iniciativa é a ação divina para trazer o homem de volta para si construindo um caminho de retorno, mesmo o homem tendo escolhido o seu próprio caminho.
2.3 A chamada de Abraão
	A partir do capitulo 12 até o 50 o livro de Gênesis conta a história do propósito de Deus em quatro gerações de patriarcas. A eleição de Abraão era o início da resposta divina à necessidade espiritual duma humanidade pecaminosa e alienada. Ele era “o pioneiro de Missões” como progenitor do povo hebreu e o antecedente espiritual do povo de Deus disperso através de todas as raças da humanidade. 
	Não sabemos como, mas a Bíblia diz que Deus fala com Abraão chamando-o para fazer parte do projeto da redenção da humanidade, mas para atender a este projeto Deus faz algumas exigências para Abraão, exigências que para ser atendidas a pessoa tinha que ter muita convicção e pé no chão para cumpri-las. Quais eram as exigências de Deus?
2.3.1 Desprendimento de sua herança - Sai da tua terra.
2.3.2 Desprendimento familiar – Deixar “... a sua parentela... a casa de seu pai”
2.4 A eleição de Abraão/Israel
	Até aqui nós estudamos fatos históricos da chamada de Abraão e o inicio da formação do povo de Israel e a partir de agora vamos estudar mais especificamente a vocação missionária deste povo partindo da eleição (escolha) de Deus feita a Abraão e consequentemente Israel.
2.5 Por que Deus escolheu Abraão/Israel?
	Diante de todo este processo de escolha surge-nos uma pergunta por que Deus escolheu Abraão se ele não tinha nada de especial que merecesse tal escolha. Sua família era idolatra Js 24.02-03, ele também não vinha de uma raça superior, os seus antepassados também faziam parte das nações pós-diluviana, como nação Israel na sua origem não era diferente de nenhum outro povo também não tinham nenhum status particular, sobrenatural, pelo seu nascimento e pela sua história primitiva (Ez 16.03),
	A única resposta que temos para dar a escolha de Deus para Abraão como indivíduo e Israel como povo é a sua graça e misericórdia, que são os mesmos fatores que levaram Deus escolher a nós pecadores que além de não termos nenhum mérito também não temos nada de especial que poderia fazer com que Deus nos escolhesse 
2.6 Eleição X Favoritismo
	O fato de Deus escolher Abraão/Israel, não significa que ele rejeitou as outras nações da terra, pois esta eleição não tinha como alvo exclusivo a bênção somente de Abraão/Israel 
Mas tanto um Abraão como Israel seriam receptores e mediadores das bênçãos de Deus sobre os outros e isso vemos quando Deus chama Abraão “... tu serás uma bênção... em ti serão benditas todas as famílias da terra” Gn 12.2-3. Então quando Deus escolheu Abraão/Israel, não abandonou as nações, mas o fez em favor delas.
2.7 Serviço a função da eleição.
	Como já vimos nas colocações anteriores a escolha não é somente privilégio mas acima de tudo responsabilidade, isto é, Abraão/Israel foram escolhidos em função das outras nações para serem bênção a elas.
2.8 Eleição e ministério sacerdotal
	Israel teria um ministério sacerdotal para desempenhar diante das nações “E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo...” Ex 19.06. Israel seria o povo santo de Deus istoé separado para o exercício do ministério sacerdotal como nação, o termo santo em hebraico é qâdosh, este termo não significa santidade étnica, mas santidade através do relacionamento com Deus e para um serviço especial. Portanto Israel só seria povo santo enquanto estivesse se relacionando com Deus.
	O ministério sacerdotal de Israel não quer dizer que todo povo seria constituído inteiramente de sacerdotes, mas que Israel cumprirá função sacerdotal como um povo no meio dos povos; ele representaria Deus no mundo das nações. O que os sacerdotes são para um povo, Israel seria para as nações.
	Sendo assim Israel seria o ponto de referencia para os outros povos, sua vida em comunidade e sua justiça em relação ao próximo e sua dependência de um só e único Deus serviria de modelo para as nações, a presença de Deus no meio de Israel seria um sinal e garantia da presença de Deus no mundo, as nações seriam atraídas pela da bênção de Deus que repousava sobre Israel.
2.9 O perigo de não cumprir a Missão.
	Se a escolha de Israel era um chamado para ser benção as nações e não para seu próprio beneficio, o não cumprimento desta missão implicaria em punição divina para esta nação é o que nos diz o profeta Amós “De todas as famílias da terra somente a vós outros escolhi, portanto eu vos punirei por todas as vossas iniquidade” Am 3.02.
	Se a escolha (Eleição) prometia tantas bênçãos mas também era tão exigente, esta escolha se tornava um risco para Israel se este não cumprisse sua parte na missão, alias infelizmente Israel não conseguiu ver claramente sua escolha como uma escolha missionária, por isso as próprias nações pagãs foram de certa forma usadas por Deus para disciplinar Israel e através da sua história podemos ver quando Deus permitiu que Israel fosse levado cativo para outros países sendo esta uma das maneiras que Deus usou para que seu povo se voltassem para ele. 
2.10 A Aliança
	Enquanto a função da eleição é o serviço, e ela exige serviço; a Aliança exige obediência. Enquanto a eleição é coletiva, a aliança se dirige a cada membro do povo de Israel.
	A Eleição de Israel é uma questão de iniciativa divina, e da mesma forma que na eleição de Abraão ele foi totalmente passivo, ja na aliança ele se torna ativo tendo que crer naquilo que Deus estava prometendo, o povo de Israel deveria cumprir sua parte da aliança obedecendo as leis de Deus para ter direito as suas bênçãos como mostra Dt 28.
	Outro aspecto importante da aliança é que ele deveria ser renovada por cada geração, que deveriam se comprometer com Deus, para obedece-lo. 
2.11 A falha missionária de Israel
	Apesar de todas as expectativas missionárias do Antigo Testamento estarem em Israel, este povo falha em sua missão.
	Não podemos negar que Israel foi eleito para possessão divina e para o serviço. O objetivo de Deus não era principalmente a salvação corporativa nem a salvação somente dos israelitas, mas sim de todas as nações.
	Embora a eleição não significasse somente privilégio mas acima de tudo serviço, o alcance missionário de Israel entre todos os povos ficou prejudicado por causa de sua desobediência e obstinação. No Antigo Testamento a evangelização do mundo não passa de um conceito de PRESENÇA que era a presença de Deus no meio do seu povo, e a presença deste povo no meio das outras nações, mas este povo não proclama e nem dá demonstrações o suficiente do amor e da justiça de Deus.
	Israel retrocede tanto, ao ponto de que as revelações de Deus vão se acabando ao ponto de cessar totalmente, e ficar confinado em um judaísmo legalista. 
3 Perspectiva Missionária do novo testamento
	O Novo Testamento do início até o fim é um livro de missão. Os evangelhos são “gravações vivas” da pregação missionária, bem como as Epístolas, que são tanto uma forma apologética missionária, e instrumentos autênticos e reais da obra missionária.
3.1 Um novo povo missionário 
O povo de Israel, no Velho Testamento, era o veículo pelo qual Deus manifestava sua glória as nações.
	Infelizmente Israel falhou no seu propósito missionário. Então Deus decidiu organizar através de Jesus um novo povo, que é a Igreja no Novo Testamento. Então toda responsabilidade missionária que pertencia a Israel, Deus transferiu para a Igreja. Aliás os mesmos termos usados para Israel em Ex.19, Pedro usa para a Igreja em I Pe 2:09, e ele ainda salienta que somos tudo isso com propósitos missionários que é anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua maravilhosa luz
Em Efésios 2:14-16 Paulo fala do mistério de Deus que é a Igreja, um novo povo formado por judeus e não judeus, este povo será seu instrumento, para espalhar a sua glória entre as nações, e tem a responsabilidade de tornar conhecida a sabedoria de Deus aos homens conforme Efésios 3:10. 
Agora encontramos uma nova expectativa, Israel não é mais o centro. Um novo povo é chamado para sair, ir, ser enviado ao mundo das nações. Este povo é a Igreja.
 3.2 perspectiva missionária do pentecostes 
Qual o propósito fundamental do Pentecostes de Atos 2? Seria o batismo do Espírito Santo, o dom de línguas, a edificação da igreja? O objetivo deste estudo é mostrar que apesar de válidas, nenhuma das alternativas acima mereceria uma resposta afirmativa como um fim em si mesma. Tentaremos mostrar a partir de agora que o batismo do Espírito Santo, o dom de línguas e a edificação do povo de Deus foram necessários em Atos 2, mas apenas como meio e não como fim do propósito fundamental de Deus para a igreja e o mundo. A natureza e o propósito do Pentecostes são eminentemente missionários. E Lucas prepara o cenário para apresentá-lo desta forma quando diz em Atos 2.5: "Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu" . 
3.2.1 Principais características do pentecostes
Pentecostes foi um ato soberano do Espírito
Nesta ação soberana do Espírito Santo está evidente o caráter sobrenatural do Pentecostes quando o Espírito vem do céu e entra na casa com um som repentino como vento impetuoso e línguas de fogo que pousavam sobre cada um dos que ali estavam, ficando todos cheios do Espírito e passando a falar em outras línguas, segundo a concessão do próprio Espírito Santo. O dom das línguas em Atos 2 nos faz relembrar o ensino de Paulo em 1 Coríntios 12.11: "Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas cousas, distribuindo-as, como lhe apraz, a cada um, individualmente". 
Pentecostes de Atos 2 foi universal.
Um outro ponto que gostaríamos de destacar é o caráter universal do Pentecostes. Percebemos facilmente a intenção de Deus ao enviar o Espírito Santo numa ocasião em que "estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu" (At 2.5). Entre os judeus "vindos de todas as nações" havia também "prosélitos" (At 2.11). Mas isto não é tudo. O caráter universal do Pentecostes fica ainda mais evidente naquele trecho do discurso de Pedro que diz: "Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar" (At 2.39; cf. Jl 2.32).
3.3 Antioquia: a igreja e sua missão 
Biblicamente falando, todo campo missionário deveria se tornar, obrigatoriamente, numa base missionária. Mas infelizmente nem sempre tem sido esta a realidade em termos de igreja brasileira. Já a igreja de Antioquia foi, inegavelmente, um exemplo de igreja missionária. A igreja que outrora foi campo, que o Espírito Santo preparou para receber a boa semente do evangelho, passaria a ser oficialmente o portal da missão entre os gentios. Portanto, quando o Espírito Santo disse em Atos 13.2, "Separai-me agora ...", a partir daquele momento a igreja de Antioquia não seria mais a mesma em termos de visão missionária. Os princípios que nortearam a vida da igreja de Antioquia, e que, certamente, deveriam inspirar todas as igrejas, foram cuidadosamente observados e registrados por Lucas em Atos 13.3.3.1 Igreja missionária é igreja adoradora 
Atos 13.2 inicia assim: "E, servindo eles (os profetas e mestres do v1) ao Senhor...". A palavra grega leitourgou, do verbo leitourge, é empregado por Lucas em Atos 13.2 , isto é, servir em adoração; prestar culto a Deus. Uma igreja só pode ser verdadeiramente missionária se for verdadeiramente adoradora e vice-versa. 
O missiólogo Orlando Costas estava certo quando disse que "o culto está intrinsicamente relacionado com a ação de Deus na história e a conversão das nações ao Deus trino e uno". E ainda: O culto, em sua dimensão humana, surge da missão. É o resultado espontâneo da experiência da redenção.
3.3.2 Igreja missionária é igreja de oração
José Martins disse corretamente: "A oração é a essência da obra missionária. Não é só uma atividade necessária ao sucesso da obra - é a obra em si. É a prática mais missionária possível, quando vivida de maneira bíblica" . 
Se muito de nossas igrejas têm falhado na prática da oração, e falhado mais ainda em rogar ao Senhor da seara para que mande trabalhadores para a sua seara, em interceder pelos missionários e orar pela obra missionária de um modo geral, o que dizer então da prática do jejum em nossas igrejas? Quantos são os membros de nossas igrejas que jejuam? Quantos pastores jejuam? A igreja de Antioquia buscava a presença de Deus pelo simples prazer de estar servindo a Deus. E continuou assim quando enviou seus missionários e os sustentou com fervorosas orações. Que Deus conceda à igreja brasileira a graça de ser uma igreja que se alegre em estar em Sua presença, intercedendo dia após dia pela obra missionária do Brasil e do mundo.
3.3.3 Igreja missionária é igreja que ouve a voz do Espírito Santo.
Não sabemos ao certo como o Espírito Santo falou aos profetas da igreja de Antioquia. O importante é saber que Ele falou e a igreja ouviu. "Ouvir" é empregado em mais de um sentido nas Escrituras. Pode significar: captar, entender, abraçar e obedecer o que se ouve. Alguém pode escutar e ouvir, no sentido literal, o som das palavras, entender as palavras, mas ser totalmente surdo quanto à prática dessas palavras. 
A igreja de Antioquia era uma igreja sensível à voz do Espírito, e mais do que aguçar os ouvidos para ouvir a voz sonora do Espírito (se de fato é isso que aconteceu em Atos 13.2), ela ouviu, principalmente, obedecendo. E é exatamente nesse sentido de fazer o que Deus manda que a igreja brasileira hoje deve ouvir, através da Escritura, o que "o Espírito diz às igrejas" (Ap 2.7). 
3.3.4 A igreja missionária é igreja compromissada com os missionários. 
E o que determina se uma igreja é ou não missionária é o seu compromisso com os missionários. Este compromisso mostrará até onde a igreja está engajada em missões e, principalmente, até onde ela tem sido obediente à voz do Espírito de Deus. A igreja de Antioquia era uma igreja de compromissos. 
Ela estava compromissada com Deus (servindo a Deus, jejuando e orando, At 13.2,3) e com os missionários (impondo sobre eles (Barnabé e Saulo) as mãos, os despediram, At 13.3). É importante destacar, antes de tudo, que o envolvimento missionário da igreja de Antioquia não estava limitado àqueles cinco nomes de Atos 13.1. 
A imposição de mãos sobre Paulo e Barnabé não deve ser entendida, conforme observa W. L. Liefeld, como "uma ordenação para ensinar (Paulo e Barnabé já tinham estado no ministério cristão, e Paulo considerava que a sua autoridade vinha diretamente de Deus, e não dos homens, nem sequer por intermédio dos homens, Gl 1.1)". "O certo é que Paulo e Barnabé foram enviados para uma obra específica numa atmosfera de adoração, oração e jejuns (At 13.1-3), uma ação que, segundo At 14.26, os 'recomendou à graça de Deus'" . A interpretação de Liefeld é boa mas poderia ser melhorada. É que, além do que Liefeld diz, houve naquele ato de imposição das mãos um pacto entre a igreja de Antioquia e os missionários. 
 3.4 A Perspectiva missionária de Paulo
Deus decidiu precisar de homens e mulheres para realizar isso de proclamar seu Filho. Por isso, os resgata, os chama, os vocaciona, os capacita e os respalda para essa obra. 
3.4.1 Análise do movimento missionário de Paulo
Depois de participar do apedrejamento de Estevão, o primeiro mártir da igreja cristã, Paulo juntamente com outros judeus de Jerusalém levantaram-se em uma grande perseguição aos do “Caminho”. Impiedosamente, arrastava homens e mulheres cristãs de seus lares e os encarcerava. Contudo, os que foram dispersos continuavam a grande obra de expansão da igreja. Filipe prega em Samaria e dado a conversão de muitas pessoas naquela cidade, os apóstolos Pedro e João são enviados para lá pela igreja de Jerusalém.
Paulo ainda continuava na trilha da perseguição e para tanto pediu cartas de autorização ao sumo sacerdote para ir às sinagogas de Damasco, prender e levar para Jerusalém os irmãos que se encontrassem por lá. Mas, durante o caminho de Damasco ocorre o mais importante acontecimento da história, do Pentecostes até ao dia de hoje . 
Com a conversão de Paulo o movimento missionário ganhou força. Em Atos 13, o Espírito Santo mostra claramente a missão que Paulo e Barnabé deveriam desempenhar. Com o aval da igreja de Antioquia, os dois saem para a tarefa missionária.
A partir daí Paulo passa para a história, então, como uma combinação de teólogo profundo e missionário fervoroso. Para analisar o movimento missionário do apóstolo Paulo precisamos responder duas perguntas: o que motivou Paulo nessa tarefa e quais foram as estratégias missionárias que ele usou.
3.4.2 Por Trás dos Bastidores – Análise das Motivações Missionárias de Paulo
	Paulo estava motivado a evangelizar, plantar igrejas e organizar comunidades, apesar de toda hostilidade e perseguição de seu povo. Era óbvio que algo o movia. Podemos chamar isso de motivações missionárias de Paulo. A pergunta que nos urge é: o que motivava Paulo a pensar em missão? 
As Motivações missionárias de Paulo
Paixão por Cristo
A primeira motivação de Paulo era proveniente de um sentimento levado a um alto grau de intensidade, de um amor ardente, de uma inclinação afetiva, de um afeto dominador, um entusiasmo muito vivo por Cristo e sua obra. Este sentimento norteava o ministério de Paulo e o impelia para que levasse adiante as Boas Novas. Podemos descobrir isso através do conteúdo de suas cartas. 
Paixão pela igreja
Por diversas vezes vemos Paulo tomando as dores de Cristo pela igreja. Podemos entender essa preocupação como um resultado do amor ardente de Paulo por Cristo. O sentimento motivador de Cristo a se entregar pela igreja era o mesmo que Paulo tinha por ele. A entrega, portanto era bilateral: Cristo se entregou pela igreja, e Paulo se entregou por ele. 
Na sua segunda carta aos Coríntios (12:15) ele mostra que estava disposto a gastar-se totalmente para o bem da igreja. Essa paixão o levava a não pensar em si, mas demonstrava uma genuína solicitude sob aqueles que ele cuidava. 
Convicção do seu chamado
A terceira motivação missionária do apóstolo Paulo era a profunda convicção de que ele fora chamado para ser apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus. Isso se expressa na maioria de suas epístolas, nas quais ele recorre à autoridade de seu apostolado para confirmar seu ministério (Rm 1:1, 1 Co 1:1, 2 Co 1:1, Gl 1:1, Ef 1:1, Cl 1:1, 1 Tm 1:1, 2:7; 2 Tm 1:1, 1:11; Tt 1:1). Nas epístolas de Filipenses e Filemom, escritas com Timóteo, Paulo se intitula servo (Fl 1:1) e prisioneiro de Cristo Jesus (Fm 1).
Necessidade das pessoas
Outra motivação missionária que constrangia Paulo era a visão que ele tinha de que o mundo necessitava das Boas Novas. Em 1 Tm 2:4, ele diz que o desejo de Deus é que todos as pessoas cheguem ao pleno conhecimento da verdade; e esse era também um desejo do próprio Paulo. 
Segundo Lopes , o alvo de Paulo era o mundo, os gentios, o remanescente fiel, o maior número possível de eleitos, onde os pudesse encontrar. Essa visão, impossível de sermedida em números, fazia parte da motivação de Paulo em sair plantando igrejas ao longo de seu ministério.
Ele almejava ganhar o maior número de pessoas (1 Co 9:9), porque entendia a real necessidade do mundo em conhecer a Deus. Em Atenas, ele chega a se comover por ver as pessoas presas pelo pecado (At 17:16). Em Filipos, ele liberta uma moça possessa de um espírito adivinhador, indignado com a exploração que os donos dela realizavam (At 16:16-18). Isso mostra a grande compaixão que ele tinha com as pessoas. 
As Convicções teológicas de Paulo
Depois de sua conversão, Paulo se retirou para a Arábia por algum tempo (Gl 1:16-23). O motivo dessa viagem não aparece em seus escritos e nem em Atos. Mas é possível que Paulo tenha se ausentado para poder pensar em todas as implicações de seu encontro com o Cristo ressurreto na estrada de Damasco . Talvez essa temporada tenha sido uma ocasião para Paulo ajustar suas convicções teológicas judaicas com a revelação que recebera de Cristo. Provavelmente foi nesse período que Paulo tenha sido arrebatado até o terceiro céu, fato que ele menciona apenas uma vez para defender seu ministério apostólico (2 Co 12:2).
Depois desses três anos, ele vai a Jerusalém conhecer o apóstolo Pedro e passa quinze dias com ele. Após esse curto período, se dirige a Damasco e ali inicia seu ministério de pregação das Boas Novas. O fato de Paulo pregar em Damasco irritou tanto os judeus que ele teve que fugir para não ser morto, descendo numa cesta pela muralha da cidade (At 9:25). O importante a notar é que Paulo já voltou “preparado” para pregar o evangelho e assim o fez. 
Para Lopes , o que movia toda a ação missionária paulina eram duas convicções teológicas. A primeira é que Paulo tinha certeza que estava vivendo os dias do cumprimento, os fins dos séculos (1 Co 10:11). Em segundo lugar, era que as antigas promessas de Deus encontravam concretização histórica na igreja de Cristo. Desta forma, podemos concluir que suas motivações missionárias eram carregadas de paixão por Cristo e pela igreja, eram baseadas na certeza de seu chamado como apóstolo, estavam encharcadas com a visão divina acerca da necessidade das pessoas e do mundo, e por fim, tinham como pano de fundo suas convicções teológicas.
Estratégias Missionárias de Paulo: Análise das Viagens Missionárias
A partir de Atos 13, quando acontece seu comissionamento pessoal e de Barnabé pela igreja de Antioquia, Paulo realiza três viagens missionárias pregando em várias cidades importantes.
Pregação do Evangelho no poder do Espírito Santo
Uma marca peculiar da estratégia de missão de Paulo foi a pregação do Evangelho no poder do Espírito Santo. Paulo estava disposto a levar o evangelho por onde quer que fosse em toda sua integridade, embora fosse condenado e perseguido por isso. Em Éfeso, ele abre o coração para os presbíteros da igreja e revela as perseguições provenientes de anunciar e ensinar o evangelho (At 20:17-38). Em Roma, quando estava preso por causa da Nova Doutrina numa casa que alugara e esperando julgamento, não cessava de pregar e ensinar (At 28:30-31).
Contudo, a base para Paulo fazer isso era o próprio Espírito Santo. O apóstolo estava cheio do Espírito (At 13:9, 52; 19:2-6), e realizava toda obra no Seu poder. Foi o próprio Espírito que o vocacionou para a tarefa missionária (At 13:2), o enviou (13:4), o capacitou (13:9), o sustentou (13:52). Deus, através de seu Espírito, cuidava (At 20:23) e direcionava todo o ministério de Paulo, guiando-o a ponto de dizer onde pregar ou não (At 16:6-7).
Plantação de igrejas
Paulo foi um plantador de novas igrejas. Entretanto, Paulo não plantou igrejas por todo canto que passou, mas escolhia a dedo quais cidades valiam a pena este investimento. Aparentemente, Paulo parecia não querer perder tempo com cidades menos importantes. Ele escolhia cuidadosamente centros estratégicos e planejava como seria a proclamação da mensagem de salvação. Ele fez isso em cidades importantes como Listra, Antioquia da Pisídia , Filipos , Tessalônica , Atenas , Corinto , Éfeso e Roma, a principal cidade de todo império. 
O motivo dessa escolha, Jorge H. Barro explica bem: Não há dúvida de que uma das estratégias da missão de Paulo era os centros urbanos. Paulo escolhia as cidades mais urbanizadas, influentes e estratégicas a partir das quais as boas novas do Reino poderiam se espalhar. As cidades que Paulo entrou eram centros de administração romana, sob a influência grega e judaica, além de serem importantes centros culturais, sociais e comerciais. Quando passava pelos centros romanos, procurava proteção legal do governo e ainda usava um modo de influenciá-los para a aceitação do evangelho.
Segundo Nicodemus Lopes , Paulo centralizou suas atividades em importantes centros urbanos, considerado por ele estratégicos. A cidade de Tessalônica tornou-se a base missionária para a província da Macedônia; Corinto a base para a província da Acaia; e Éfeso, a sua base para a Ásia proconsular.
Formação de Liderança
Contudo, Paulo não parou por aí. Além de fundar novas comunidades, ele não deseja abandoná-las. Por isso ele trabalhava na formação de uma liderança que poderia substituí-lo quando fosse embora. Como seu ministério era um constante movimento, ele achou melhor discipular pessoas escolhidas por ele mesmo para serem os líderes dessas comunidades na sua ausência.
À medida que Paulo pregava o evangelho e discipulava novos líderes locais para a continuidade do trabalho, a comunidade local se fortalecia. Exemplos assim são vistos com Priscila e Áquila, Timóteo, Silas, Barnabé e Tito, todos preparados por Paulo que assumiram funções de dirigir diversas comunidades pela Ásia e Europa. 
É de se notar que os seus discípulos seguiram os seus passos nessa formação de liderança. Priscila e Áquila tomaram Apolo consigo e expuseram o caminho de Deus (At 18:23-26), que se tornou depois líder da igreja de Corinto (1 Co 3:3-6).
Contextualização missiológica
A estratégia missionária paulina era determinada pela necessidade e pelo contexto local que o apóstolo se encontrava. Paulo precisava se contextualizar com seus três públicos-alvo: judaico, romano e grego. É interessante notar que enquanto estava na cidade, ele analisava o novo ambiente, procurando descobrir elementos-chave que criariam pontes para a evangelização local. Podemos notar isso em Antioquia da Pisídia, quando ele foi num sábado à sinagoga, pressupondo-se que já estava observando a cidade há algum tempo (At 13:14); em Filipos, quando permaneceu alguns dias inserido no contexto local antes de ir num sábado à sinagoga para pregar (At 16:12-13); em Atenas, enquanto esperava seus companheiros, investigava toda a cidade e se revoltava com a idolatria, motivo que o impelia a pregar na sinagoga e na praça (At 17:16). Depois essa investigação se tornou preciosa quando pregava no Aerópago (At 17:22-23). 
Paulo estabelecia também um contato conveniente com as sinagogas das cidades onde passava. Como era conhecido pelo povo judeu como um aluno do mestre Gamaliel e como a base do cristianismo é o judaísmo, Paulo utilizava desses recursos para pregar a Palavra de Deus nas sinagogas dessas cidades, persuadindo judeus e constituindo assim um elo entre a antiga e a nova religião. 
Paulo fixava essas pontes como uma forma de abrir as portas dos demais segmentos da sociedade em que pregava, estabelecendo nas sinagogas contatos com os líderes religiosos locais e também com pessoas de grande influência na sociedade que ele estava inserido.
Retaguarda da igreja de Antioquia
Antioquia da Síria é a mais importante cidade da história primitiva do cristianismo, depois de Jerusalém. Nessa cidade foi estabelecida a primeira igreja gentílica (At 11:20-21), e foi ali também, que pela primeira vez, se chamaram cristãos os discípulos de Jesus Cristo (At 11:26). A igreja foi fundada por cristãos que tiveram que sair de Jerusalém após a morte de Estevão. Os apóstolos, vendo que o trabalho prosperava naquele lugar,enviaram Barnabé para ajudá-los (At 11:22). Paulo, depois da fuga cinematográfica de Damasco (At 9:25), é enviado para Jerusalém, Cesaréia de depois para Tarso. Barnabé, um dos primeiros de Jerusalém a crer na conversão de Paulo, vai buscá-lo em Tarso e leva-o para Antioquia para auxiliá-lo na tarefa de ensinar a igreja (At 11:25-26). Em Atos 13, há o comissionamento dos dois pela igreja para obra missionária. 
Depois da primeira e segunda viagens missionárias, Paulo retorna à igreja que o havia enviado pra relatar tudo o que tinha feito no tempo que ficou fora (At 14:26-27; 18:22-23). Já na terceira viagem missionária, Paulo é preso em Jerusalém, mas podemos entender que assim como aconteceu com as duas primeiras, seu desejo era de relatar aos irmãos o que havia acontecido nessa viagem. Paulo considerava isso importante estratégia em seu ministério.
Sua ligação com a igreja de Antioquia era grande. A sua “casa” oferecia apoio espiritual e moral (At 13:3). A questão financeira, muito embora não apareça explicita dessa forma, provavelmente existia, pois o apóstolo viajava com o aval da referida comunidade.
� marciano_silva@hotmail.com

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