Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito do Trabalho SEÇÃO 3 SUA PETIÇÃO Seção 3 Direito do Trabalho Sua causa! Na audiência de instrução em que ambas as partes compareceram restou consignado na ata de audiência que seriam intimadas acerca da prolação da sentença. Assim, foi publicado despacho em 21/11/2017 para que reclamante e reclamado tomassem ciência da decisão de primeiro grau. Nesta data foi prolatada a seguinte decisão: Caro aluno, bem vindo à seção 3! Agora iremos analisar a apresentação de recurso pelo trabalhador para a decisão de mérito prolatada pela 2ª Vara do Trabalho de Goiânia/ GO, nos autos do processo n. 0010001- 10.2017.518.0002. Disponível em: <https://goo.gl/r8VRxV>. Acesso em: 08 out. 2017. PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO 2ª VARA DO TRABALHO DE GOIÂNIA RTOrd 0010001-10.2017.518.0002 RECLAMANTE: ALBANO MACHADO 2 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DIREITO DO TRABALHO - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 3 SENTENÇA 1- RELATÓRIO Albano Machado ajuizou a reclamação trabalhista n. 0010001- 10.2017.518.0002 contra Maria José Pereira, alegando que foi contratado em 01/02/2014 e dispensado por justa causa em 06/02/2017. Alega que laborava em regime 12x36, sempre de 07h00min às 19h00min, sem autorização por norma coletiva, razão pela qual faz jus as horas extras excedentes à 8ª diária, desde sua contratação até 01/06/2015, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiro salário e na multa de 40% do FGTS. Em virtude do labor no citado regime, pleiteia o pagamento em dobro dos domingos e feriados trabalhados. O reclamante aduz que nunca usufruiu de uma hora de intervalo para refeição e descanso, tendo direito a uma hora extra por dia de trabalho, nos termos da Súmula n. 437, do TST, desde a publicação da Lei Complementar n. 150, em 02/06/2015, até o término do contrato de trabalho, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiros salário e na multa de 40% do FGTS. Requer, ainda, a reversão da justa causa que lhe foi aplicada, ao fundamento de que não houve qualquer conduta grave a ponto de ensejar a medida extrema. Pugna, ainda, pela condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais, haja vista que foi registrado em sua CTPS a modalidade da dispensa. Por fim, uma vez revertida a justa causa, requer a aplicação da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. Atribuiu à causa o valor de R$ 50.000,00. Juntou documentos. RECLAMADO: MARIA JOSÉ PEREIRA PODER JUDICIÁRIO FEDERAL 33 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Citada, a reclamada compareceu à audiência. Proposta a conciliação, não foi aceita. A Reclamada apresentou contestação rechaçando a pretensão de horas extras ao fundamento de que a jornada 12x36 foi autorizada pelo contrato individual de trabalho. Afirma que neste sistema de trabalho os domingos e feriados trabalhados são compensados, não sendo devido o seu pagamento em dobro. No tocante ao intervalo intrajornada assevera que foi regularmente usufruído. No que fiz respeito à justa causa afirma que ela se deu, na verdade, em razão do obreiro ter comparecido ao trabalho completamente embriagado. Assim, não é devida a reversão da dispensa e, consequentemente, a multa do art. 477, §8º, da CLT. Neste particular, sustenta que a multa em questão somente é devida pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias, o que não ocorreu. Em relação ao pleito de reparação civil, afirma que as anotações que foram feitas na CTPS obedecem ao disposto no art. 29, parágrafo 2º, “c”, da CLT. Sucessivamente, aduz que, mesmo que tivesse havido equívoco na anotação, não é devida indenização por danos morais, pois não foi demonstrada a existência de qualquer constrangimento que tenha sido causado pela aposição da informação da dispensa por justa causa em sua CTPS. Fixados os pontos controvertidos e definido o ônus da prova, consensualmente, procedeu-se à oitiva das partes e de uma testemunha de cada parte. Como declararam que não desejavam produzir outras provas, encerrou-se a instrução. Alegações finais remissivas. Renovada a tentativa de conciliação, não foi aceita. 44 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ 2-FUNDAMENTAÇÃO 2.1 – JORNADA DE TRABALHO O fundamento jurídico do pleito obreiro para fazer jus às horas extras além da 8ª diária é de que não há autorização por norma coletiva para a adoção da jornada 12x36. A reclamada aduz que há previsão no contrato de trabalho para adoção deste sistema, o que o legitima mesmo antes da publicação da Lei Complementar n. 150/15, pois o labor tinha cunho social. A pretensão do trabalhador não merece ser acolhida. Inicialmente deve-se destacar que os trabalhadores domésticos, como é o caso do reclamante, passaram a ter direito às horas extras desde 02/04/2013, quando foi publicada a Emenda Constitucional n. 72. A Lei Complementar n. 150/15 somente acrescentou a necessidade de o empregador doméstico ter registro de ponto, ou seja, após sua vigência (02/06/2015) a ausência do registro de jornada implica em presunção relativa de veracidade do período de trabalho declinado na petição inicial. Todavia, no caso sob exame não há discussão acerca do horário de início e término da jornada de trabalho. A controvérsia incide sobre a validade jurídica do trabalho em regime 12x36 antes da publicação da Lei Complementar n. 150/15, já que ela prevê sua regularidade quando já previsão no contrato de trabalho, como é o caso dos autos. Diante da omissão legislativa anterior à publicação da LC 150/15, no que diz respeito ao trabalhador doméstico, deve-se avaliar a validade jurídica do regime 12x36 à luz da Constituição Federal de 1988, da CLT e dos princípios que norteiam o Direito do Trabalho. O art. 7º, inciso XIII, da CF/88, prevê que a duração do trabalho normal não deve ser superior a oito horas por dia, o que se aplica também ao trabalho doméstico, por força do parágrafo único, 55 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ do art. 7º, da Carta Magna. Assim, pelo texto constitucional, eventual sistema de compensação de jornada, como pode ser encarado o regime 12x36, necessita de pactuação por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho. Neste sentido é, inclusive, a Súmula n. 444, do Colendo TST, invocada pelo reclamante em sua peça de ingresso. Entretanto, não se pode perder de vista a atividade de cunho social exercida pelo cuidador de idosos ou de doentes no âmbito familiar. O direito à saúde pertence a todos, devendo ser promovido pelo Estado, nos termos dos art. 194, 197, 203 e 227, da CF/88. Além disso, o art. 230, da Carta Magna, prevê que o Estado deve assistir o idoso, “defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo- lhes o direito à vida”, preferencialmente em casa. Nota-se, portanto, que a empregador contratou os serviços do reclamante em substituição à atividade estatal não visando qualquer espécie de lucro, mas tão somente o bem estar de seu marido idoso e enfermo. Neste contexto, o Tribunal Superior do Trabalho já analisou diversas situações idênticas (processos n. 3205-12.2011.5.12.0028; 466- 76.2010.5.04.0302; 2808-12.2011.5.08.0206), afastando o rigor formal da previsão da Súmula n. 244, conferindo validade jurídica à jornada 12x36 que for pactuada bilateralmente, como ocorre no caso em comento, em que houve ajuste neste sentido no contrato de trabalho. Diante do exposto, válido o sistema 12x36 adotado pelas partes, razão pela qual julgo improcedente o pedido de pagamento de horas extras excedentes à 08ª diária. 2.2 – TRABALHO AOS DOMINGOS E FERIADOS O pleito do reclamante de pagamento de domingos e feriados em dobro merece ser acolhido parcialmente. 66 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJA Súmula 444, do Colendo TST, dirime esta questão: Súmula nº 444 do TST JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 - republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA-504.280/2012.2 - DEJT divulgado em 26.11.2012 É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. Como se infere, há previsão expressa de que o feriado deve ser pago em dobro. Isto porque o trabalhador, mesmo em regime 12x36, tem direito à folga neste dia, além daquelas 36 horas de descanso que são inerentes ao sistema em questão. Uma vez ocorrido o labor em dia de feriado, sem qualquer compensação, é devido seu pagamento em dobro. No que diz respeito ao domingo, o entendimento é diferente. A Lei n. 605/49 prevê que o descanso deve ser preferencialmente aos domingos. No mesmo sentido, é a disposição sobre o repouso semanal remunerado constante no art. 7º, inciso XV, da Constituição Federal de 1988. Assim, o domingo, quando laborado, já é compensado, razão pela qual o obreiro não tem direito ao seu pagamento em dobro. Diante do exposto, julgo procedente o pedido de pagamento em dobro dos feriados trabalhados, conforme se apurar em liquidação de sentença, e improcedente o pleito de pagamento dos domingos eventualmente laborados. 77 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ 2.3 – INTERVALO INTRAJORNADA O reclamante requer o pagamento de horas extras no período posterior à vigência da Lei Complementar n. 150/15. Compulsando os autos, não se vislumbra qualquer cartão de ponto, como exige o art. 12, da referida Lei Complementar. Ademais, não foi ouvida nenhuma testemunha a respeito da pausa intervalar. Tendo em vista que o ônus probatório era da reclamada, condeno-a ao pagamento de uma hora por dia, acrescida de 50%, a partir de 02/06/2015 até o término do contrato de trabalho, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiros salário e na multa de 40% do FGTS. 2.4 – JUSTA CAUSA Alega o obreiro que foi dispensado por justa causa pelo fato de não ter seguido às ordens da reclamada, notadamente no que tange ao horário do banho e em razão de deixar o seu marido assistir televisão. A empregadora rechaça a pretensão, confirmando a modalidade de dispensa, mas tendo como justificativa o fato de o trabalhador ter comparecido bêbado para prestar serviços. O ônus de prova da existência de fatos que autorizam a justa causa é da empregadora, eis que ela constitui fato impeditivo à manutenção do vínculo empregatício (arts. 818, da CLT e 373, inciso II, do CPC). Neste particular, a reclamada se desincumbiu do ônus de prova que lhe competia. A única testemunha ouvida no feito, Sr. Euclides da Cunha, porteiro do prédio em que o reclamante prestava serviços assim afirmou: 88 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Que conhece o reclamante, pois trabalha no prédio em que ele presta serviços há mais de vinte anos; que no início de janeiro de 2017 o reclamante chegou para trabalhar visivelmente embriagado; que teve dificuldades para entrar no prédio tamanha a sua embriaguez; que a reclamada logo percebeu o grau etílico de seu funcionário, tendo solicitado ao depoente ajuda para retirá-lo de sua residência; que sabe dizer que no mesmo dia a reclamada solicitou o comparecimento de outra pessoa para cuidar do marido doente, pois ele não pode ficar sozinho; que não se recorda do reclamante chegar bêbado no trabalho em outra oportunidade; que ele era um bom trabalhador, apesar de ter pequenas discussões com a reclamada; que não tem conhecimento de qualquer advertência ou suspensão sofrida pelo reclamante. Não resta dúvida que a atividade obreira quebra a confiança que é inerente à relação empregatícia, notadamente naquela que é prestada em âmbito doméstico, envolvendo cuidados com idoso enfermo. A conduta do trabalhador, portanto, enquadra-se no disposto no art. 482, “f”, da CLT, o que autoriza esta modalidade de rescisão contratual. Frisa-se que o referido preceito legal autoriza a dispensa por justa causa quando a embriaguez for em serviço, isto é, mesmo que tenha ocorrido uma única vez, como no caso sob exame. Neste sentido, é a jurisprudência do Colendo Tribunal Superior do Trabalho: RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO ANTERIORMENTE À VIGÊNCIA DA LEI 11.496/2007. EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO. CONDUTA ÚNICA. JUSTA CAUSA. A hipótese, que versa sobre a possibilidade de rescisão contratual em virtude da conduta única de embriaguez do empregado no serviço, situa-se muito mais no plano da justiça, que invoca o juízo de proporcionalidade na gradação da pena a ser aplicada, do que na esfera legal. A alínea f do art. 482 da CLT, ao estabelecer como justa causa a -embriaguez habitual ou em serviço- sugere a possibilidade de uma única conduta de embriaguez em serviço configurar 99 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ o ilícito laboral. Não há, sob esse prisma, violação literal a tal preceito. Para sopesar a análise fria do art. 482, f, da CLT devem ser agregados outros elementos que revelem, por exemplo, o comportamento pretérito do empregado, a repercussão da conduta do Reclamante no âmbito funcional e social do empregador etc. Não constam do acórdão prolatado pelo Tribunal Regional, entretanto, elementos que pudessem mitigar o rigor da pena aplicada, razão por que a Turma negou provimento ao Recurso de Revista. Incólumes os arts. 482, f, da CLT e 5.º, II, da Constituição Federal. Embargos não conhecidos. (TST - E-RR: 1299000412002502 1299000-41.2002.5.02.0900, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de Julgamento: 18/12/2008, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,, Data de Publicação: DJ 06/02/2009.) O fato de não haver nos autos prova documental acerca de outras penalidades (advertências ou suspensões) porventura sofridas por ele não modifica a conclusão deste julgado, vez que se baseia na gravidade da conduta e não na sua reiteração. Destaca-se que o obreiro foi imediatamente dispensado, estando presentes os requisitos necessários para o rompimento do pacto laboral por justa causa. Diante do exposto, julgo improcedente o pedido de reversão da justa causa e seus consectários. 2.5 – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS No caso em tela é incontroversa a anotação na CTPS de que a dispensa se deu por justa causa. Com a devida vênia, tal anotação não encontra amparo no invocado art. 29, da CLT. Ele determina que as anotações nela contidas devem ser limitadas ao tempo de serviço, às suspensões e interrupções do contrato e remuneração. Por 1010 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ sua vez, o §4º, do art. 29, da CLT, veda a anotação de qualquer conduta desabonadora. O fato de o trabalhador ter de fato cometido falta suficiente para a justa causa não autoriza o registro desta modalidade de dispensa na sua CTPS. Neste sentido é pacífica a jurisprudência pátria, como se extrai do seguinte julgado do Colendo TST: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMISSIBILIDADE. DANO MORAL. ANOTAÇÃO DESABONADORA DA CTPS. REGISTRO DE JUSTA CAUSA POR ABANDONO DE EMPREGO. RESCISÃO CONTRATUAL POR INICIATIVA DO RECLAMANTE. PROPOSTA DE EMPREGO MAIS FAVORÁVEL. 1. O registro na CTPS de que o obreiro foi demitido por justa causa por abandono de emprego não constitui condição especial de trabalho amparada no artigo 29, caput, da Consolidação das Leis do Trabalho, porquanto não se destinaa esclarecer as circunstâncias da contratação, tampouco constitui informação de interesse da Previdência Social. 2. Esse fato é ainda mais reprovável quando provado nos autos que a referida anotação na CTPS se deu em retaliação à iniciativa do obreiro em solicitar a rescisão do contrato por haver recebido proposta de emprego mais favorável. Trata-se de conduta não só desabonadora como também abusiva e ilícita, o que configura afronta extrapatrimonial do empregado, sujeitando o infrator à reparação do dano. 3. Frise-se que o § 4º do artigo 29 da Consolidação das Leis do Trabalho veda expressamente o registro de circunstâncias desabonadoras, que devem ser entendidas como aquelas que têm o condão de causar algum prejuízo ao trabalhador em sua colocação no mercado de trabalho. 4. Precedentes. 5. Agravo de Instrumento a que se nega provimento. DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). ANOTAÇÃO DESABONADORA NA CTPS. CONDUTA AGRAVADA PELA NEGATIVA DE AUTORIA. NECESSIDADE DE EXAME GRAFOTÉCNICO. 1. Diante da ausência de critérios objetivos norteando a fixação do quantum devido a título de 1111 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ indenização por danos morais, cabe ao julgador arbitrá-lo de forma equitativa, pautando-se nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como nas especificidades de cada caso concreto, tais como: a situação do ofendido, a extensão e gravidade do dano suportado e a capacidade econômica do ofensor. Tem-se, de outro lado, que o exame da prova produzida nos autos é atribuição exclusiva das instâncias ordinárias, cujo pronunciamento, nesse aspecto, é soberano. Com efeito, a proximidade do julgador, em sede ordinária, com a realidade cotidiana em que contextualizada a controvérsia a ser dirimida, habilita-o a equacionar o litígio com maior precisão, sobretudo no que diz respeito à aferição de elementos de fato sujeitos a avaliação subjetiva, necessária à estipulação do valor da indenização. Conclui-se, num tal contexto, que não cabe a esta instância superior, em regra, rever a valoração emanada das instâncias ordinárias em relação ao montante arbitrado a título de indenização por danos morais, para o que se faria necessário o reexame dos elementos de fato e das provas constantes dos autos. Excepcionam-se, todavia, de tal regra as hipóteses em que o quantum indenizatório se revele extremamente irrisório ou nitidamente exagerado, denotando manifesta inobservância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, aferível de plano, sem necessidade de incursão na prova. 2. No caso dos autos, o Tribunal Regional, ao fixar o valor atribuído à indenização devida por danos morais, em R$ 20.000,00 (vinte mil reais), levou em consideração os critérios da razoabilidade e proporcionalidade, observada a capacidade econômica do ofensor e, especialmente, a gravidade da conduta da empresa ao promover registro desabonador e inverídico na CTPS de que a rescisão contratual se dera por justa causa configurada por suposto abandono de emprego e pela posterior negativa de autoria dessas anotações, exigindo do juízo a determinação de exame grafotécnico, por meio do qual se constatou a veracidade da alegação do autor. 3. Agravo de Instrumento a que se nega provimento. (AIRR - 341-15.2012.5.12.0012 , Relator Desembargador Convocado: Marcelo Lamego Pertence, Data 1212 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ de Julgamento: 21/10/2015, 1ª Turma, Data de Publicação: DEJT 23/10/2015) A alegação da reclamada de que não ficou demonstrado qualquer dano constrangimento com a anotação da dispensa por justa causa na CTPS do trabalhador, não tem o condão de afastar o dever de indenizar. Isto porque se trata da típica hipótese de dano moral in re ipsa, isto é, situação em que a gravidade da conduta é por si só suficiente para acarretar a reparação civil, sendo desnecessária qualquer prova do abalo psicológico da vítima. Tendo em vista o dever de indenizar, fixo a indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais), quantia que não se revela razoável frente ao dano ocorrido e à capacidade econômica das partes. 2.6 – MULTA DO ART. 477, §8º, DA CLT Tendo em vista a manutenção da justa causa e o pagamento das verbas rescisórias decorrentes desta dispensa no prazo legal, como comprovam os documentos carreados aos autos, julgo improcedente o pleito de pagamento da multa prevista no art. 477, §8º, da CLT. 2.7 – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA Defiro a assistência judiciária gratuita para ambas as partes, ante a condição de miserabilidade provada documentalmente por ambas. 2.8 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 1313 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ A Lei n. 13.467/17 acrescentou na CLT o art. 791-A, que prevê o pagamento de honorários advocatícios, mesmo quando for concedida a assistência judiciária gratuita (§4º). Diante da procedência parcial da presente reclamação trabalhista e da impossibilidade de compensação dos honorários advocatícios (§3º), fixo-os em 5% para cada parte, devendo ser calculado sobre o valor a ser apurado em liquidação de sentença. 3 - DISPOSITIVO Pelo exposto, julga-se parcialmente procedente os pedidos, condenando a reclamada ao pagamento das seguintes parcelas: - feriados laborados em dobro; - pagamento de uma hora por dia decorrente da supressão o intervalo intrajornada, acrescida de 50%, a partir de 02/06/2015 até o término do contrato de trabalho, com reflexos em aviso prévio, férias + 1/3, décimo terceiros salário e na multa de 40% do FGTS; - indenização por danos morais no importe de R$ 10.000,00; Os demais pedidos são improcedentes. São devidos honorários advocatícios de 5% para cada parte, devendo ser calculado sobre o valor a ser apurado em liquidação de sentença. Fixa-se o valor da condenação em R$ 30.000,00 (trinta mil reais), com custas (2% do valor da condenação) de R$ 600,00 (seiscentos reais). Goiânia/GO, 17/11/2017. Juiz do Trabalho 1414 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Fundamentando! Vamos verifi car os pressupostos ou requisitos processuais que são necessários para que o operador do direito maneje, corretamente, o recurso a ser interposto. 1) Recurso Ordinário O art. 895 da CLT dispõe que é cabível Recurso Ordinário das decisões defi nitivas ou terminativas do feito prolatadas pelas Varas do Trabalho ou “das decisões defi nitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária”, sempre no prazo de 08 (oito) dias. Além disso, é possível sua interposição nas hipóteses elencadas na Súmula n. 214 do TST. O Recurso Ordinário é o meio adequado para recorrer da parte da decisão que lhe foi desfavorável, devolvendo à instância superior toda a discussão sobre a matéria tratada na peça recursal. Ele é dirigido a quem prolatou a decisão, que fará o primeiro juízo de admissibilidade, isto é, verifi cará se é tempestivo, se as custas e o depósito recursal foram recolhidos corretamente, se o recorrente está regularmente representado, assim como se o recorrente tem legitimidade e capacidade para a interposição do Recurso Ordinário. Admitido o recurso, será intimada a parte adversa para apresentar contrarrazões no prazo de 08 (oito) dias (art. 900, da CLT). 2) Pressupostos ou requisitos recursais Para que os recursos trabalhistas sejam interpostos é necessário que sejam observados alguns pressupostos ou requisitos. 1515 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ O primeiro deles é o cabimento do recurso, isto é, cada recurso tem sua hipótese de cabimento definida em lei. Deste requisito emana outro, que é denominado de “adequação”. Segundo ele cada recurso é legalmente previsto para combaterdeterminado tipo de decisão, sendo, portanto, adequado a cada uma. A tempestividade é talvez o requisito mais conhecido. Diz respeito ao prazo que a parte tem para apresentar ao Poder Judiciário o seu inconformismo com a decisão prolatada. Via de regra, os prazos recursais trabalhistas são de 08 dias. O novo Código de Processo Civil prevê, em seu art. 219, que os prazos devem ser contados em dias úteis. Entretanto, esta regra não se aplicava ao Direito Processual do Trabalho, uma vez que contraria o princípio da celeridade processual. Todavia, a Lei n. 13.467/17, alterou a redação do art. 795, da CLT, passando a prever que os prazos no Direito Processual do Trabalho também devem ser contados em dias úteis. O preparo, quarto requisito, abrange o pagamento das custas e o depósito recursal. As custas devem ser pagas na ordem de 2% do valor arbitrado à condenação, conforme disposição do art. 789, inciso I, da CLT. Devem ser comprovadas nos autos, pelo vencido, no prazo recursal. No Direito Processual do Trabalho, deve-se analisar o disposto no art. 789, da CLT, a fim de verificar a necessidade de pagamento das custas processuais, notadamente se houver sido concedida a assistência judiciária gratuita. O depósito recursal nada mais é do que garantia antecipada do juízo. Todavia, a reclamada não pode ser compelida a depositar à disposição da Justiça do Trabalho vultosas quantias quando o valor arbitrado à condenação for elevado, sob pena de impedir que seja interposto qualquer recurso. Neste contexto, anualmente, o Tribunal Superior do Trabalho atualiza os valores máximos que a reclamada tem que depositar 1616 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ quando for feita a interposição de cada recurso¹ . Assim, se o valor da condenação for superior à quantia descrita na tabela do TST para aquele recurso, o depósito recursal deve ser feito no limite previsto pelo Tribunal. Da mesma forma que as custas, o seu pagamento deve ser comprovado nos autos no prazo recursal, não sendo possível a concessão de prazo para posterior demonstração de sua correta quitação. Tendo em vista sua natureza de garantia, o reclamante não irá efetuar o depósito recursal, uma vez que é credor de eventuais valores a serem deferidos na ação judicial. Pelo mesmo motivo, ele somente é exigível nas obrigações em pecúnia, ou seja, quando há a condenação da reclamada para pagamento de valores, sendo dispensado nas ações judiciais meramente declaratórias. Por fim, ainda em relação a este tema, deve-se frisar a natureza de garantia do depósito recursal, de modo que a quantia depositada não pode ser sacada pelo reclamante ou pela reclamada (caso a demanda seja improcedente) enquanto o processo não transitar em julgado. O quinto requisito recursal é a regular representação processual. Antes do advento do novo Código de Processo Civil o Direito Processual do Trabalho não admitia a regularização da representação processual na fase recursal. Dessa forma, se o recurso fosse assinado por advogado não constituído nos autos, por exemplo, ele não era conhecido, não tendo a parte prazo para sanar o vício. ¹Os valores do depósito recursal vigentes entre 01/08/2017 e 31/07/2018 são os seguintes: a) R$ 9.189,00 (nove mil, cento e oitenta e nova reais), no caso de interposição de Recurso Ordinário; b) R$ 18.378,00 (dezoito mil, trezentos e setenta e oito reais), no caso de interposição de Recurso de Revista, Embargos e Recurso Extraordinário; c) R$ 18.378,00 (dezoito mil, trezentos e setenta e oito reais), no caso de interposição de Recurso em Ação Rescisória. 1717 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ O CPC de 2015 prevê, em seu art. 76, a possibilidade de regularização da representação processual também na fase recursal, o que foi admitido pelo Processo do Trabalho. Diante da nova previsão legal o TST alterou a redação da Súmula n. 383, que passou a ter a seguinte redação: Súmula nº 383 do TST RECURSO. MANDATO. IRREGULARIDADE DE REPRESENTAÇÃO. CPC DE 2015, ARTS. 104 E 76, § 2º (nova redação em decorrência do CPC de 2015) - Res. 210/2016, DEJT divulgado em 30.06.2016 e 01 e 04.07.2016 I – É inadmissível recurso firmado por advogado sem procuração juntada aos autos até o momento da sua interposição, salvo mandato tácito. Em caráter excepcional (art. 104 do CPC de 2015), admite-se que o advogado, independentemente de intimação, exiba a procuração no prazo de 5 (cinco) dias após a interposição do recurso, prorrogável por igual período mediante despacho do juiz. Caso não a exiba, considera-se ineficaz o ato praticado e não se conhece do recurso. II – Verificada a irregularidade de representação da parte em fase recursal, em procuração ou substabelecimento já constante dos autos, o relator ou o órgão competente para julgamento do recurso designará prazo de 5 (cinco) dias para que seja sanado o vício. Descumprida a determinação, o relator não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente, ou determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido (art. 76, § 2º, do CPC de 2015). Como se infere, a parte terá o prazo de 5 (cinco) dias para sanar o vício de representação também na fase recursal. Para que seja possível a interposição de recurso não pode haver fato incompatível, extintivo ou impeditivo do direito de recorrer, como, por exemplo, acordo superveniente, renúncia ao direito de recorrer, cumprimento espontâneo da decisão, dentre outros. O sétimo requisito é a legitimidade, ou seja, somente pode apresentar recurso a quem a lei conferiu este direito: à parte vencida, ao terceiro prejudicado e ao Ministério Público do 1818 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Trabalho, como parte ou como fiscal da lei (aplicação subsidiária do art. 996 do CPC de 2015). Por fim, a parte tem que ter interesse em recorrer, isto é, tem que ser minimamente sucumbente no objeto da demanda para que possa recorrer daquilo que lhe foi desfavorável. Estes, portanto, são os requisitos essenciais que devem ser observados quando da interposição de qualquer recurso trabalhista. Não se esqueça de mencionar o número do processo, eis que esta identificação é necessária para que seja destinado ao juízo correto. Todavia, além das questões procedimentais, deve-se, também, analisar o Direito Material do Trabalho que pode amparar a pretensão recursal de Albano Machado. 3) Horas extras A sentença julgou improcedente o pedido de pagamento de horas extras ao fundamento de que não deve ser aplicada ao caso em comento a Súmula n. 444, do Colendo TST, isto é, a exigência de negociação coletiva para a validade do regime 12x36 pode ser afastada. Ainda mais quando se trata de atividade de cunho social exercida pelo trabalhador, em prol de família que não visa lucro com a prestação de serviços contratada. Dessa forma, você, aluno, na qualidade de advogado do reclamante, terá que rebater estes argumentos na peça recursal. A interpretação do art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 é fundamental, pois prevê que a jornada máxima permitida por dia é de oito horas, salvo pactuação por Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho, o que inexiste na espécie. Além disso, a Súmula n. 444, do TST, dispõe que é necessária previsão em lei ou negociação coletiva para que a adoção do regime 12x36 seja considerada válida. 1919 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Dessa forma, você, aluno, deve analisar a previsão constitucional e sumular para uma correta fundamentação do recurso a ser interposto. 4) Trabalho aos domingos A sentença também indeferiu ao trabalhador o pagamento em dobro dos domingos trabalhados. O fundamento utilizado foi de que o domingo passa a ser dia normalcom a adoção do regime 12x36, sendo compensado com outro dia de folga, o que não viola o disposto na Lei n. 605/49 e art. 7º, inciso XV, da Constituição Federal de 1988. Esta questão já está pacificada pela jurisprudência do TST consoante a tese adotada na decisão de primeiro grau. Todavia, os entendimentos judiciais são mutáveis, cabendo aos operadores do direito demonstrarem o caminho para esta mudança. Nesta linha de raciocínio, pode-se ressaltar que no caso em comento a jornada 12x36 não é válida, eis que não amparada por lei ou norma coletiva. Assim, a eventual compensação do domingo por folga noutro dia da semana não tem validade jurídica. 5) Justa causa A justa causa foi mantida ao fundamento de que o trabalhador chegou bêbado ao trabalho, o que constitui falta grave o suficiente para ensejar esta medida extrema. Neste particular, os fundamentos a serem utilizados no recurso não devem ser aqueles constantes da petição inicial, pois ao longo da instrução processual e na sentença restou consignado que a dispensa por justa causa não se deu em razão das discussões entre as partes, mas exclusivamente pelo fato de ter ido laborar bêbado. 2020 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Um dos princípios que devem ser observados quando da aplicação da justa causa é o da proporcionalidade entre o ato praticado e a medida extrema. No caso em comento, a sentença informa a inexistência de outras penalidades sofridas pelo trabalhador, tendo a única testemunha ouvida no feito afirmado que ele era um bom trabalhador. Assim, pode-se alegar a desproporcionalidade da pena, como se infere dos julgados abaixo, que devem ser consultados para fins de coleta de argumentos para fundamentar o recurso a ser interposto: • Acórdão do TST – processo n. 29740-11.1994.5.01.0050: Disponível em: <https://goo.gl/VCwBc6>. Acesso em: 05 nov. 2017. • Acórdão Tribunal Regional da 18ª Região – processo n. 0011596-47.2016.5.18.0081: Disponível em: <https://goo. gl/Hia5kr>. Acesso em: 05 nov. 2017. 6) Multa do art. 477, 8º, da CLT No tocante à multa do art. 477, §8º, da CLT, a decisão de primeiro grau indeferiu o pleito em razão de ter sido mantida a justa causa. Em grau recursal, deve-se requerer o seu deferimento justamente com fulcro na reversão da justa causa, ou seja, como consectário lógico desta, conforme jurisprudência majoritária. 7) Honorários advocatícios O trabalhador foi condenado ao pagamento de honorários advocatícios no importe de 5% do valor da condenação apurado em sede de liquidação de sentença. 2121 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Para combater esta condenação deve-se lançar mão, primeiramente, do direito intertemporal, ou seja, mesmo a reclamação trabalhista sendo distribuída antes da vigência da reforma trabalhista (Lei n. 13.467/17) a nova regra dos honorários advocatícios prevista no art., 791-A, da CLT, vai ser aplicada? Sugere a leitura do artigo denominado “(In)aplicabilidade imediata dos honorários de sucumbência recíproca no processo trabalhista” de autoria de José Affonso Dallegrave Neto, disponível em: • <www.amatra9.org.br/opiniao-inaplicabilidade-imediata- dos-honorarios-de-sucumbencia-reciproca-no-processo- trabalhista/#_ftn1>. Acesso em: 05 nov. 2017. Além disso, deve-se incidentalmente questionar a constitucionalidade da disposição do art. 791-A, da CLT. Os argumentos a serem lançados na peça recursal são os mesmos utilizados na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 5766, em trâmite no Supremo Tribunal Federal, disponivel em: • <https://goo.gl/hHFrrV>. Acesso em: 05 nov. 2017. QUADRO SINÓPTICO DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA APLICÁVEL (Referidos e não referidos nas explicações anteriores) Fonte: Elaborado pelo autor. Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST Outros Recurso Ordinário - Art. 789; Art. 795; Art. 893; Art. 895; Art. 899; Art. 900 Art. 76; Art. 219; Art., 996 Súmula n. 197; Súmula n. 383 - Trabalho em regime 12x36 Art. 7º, inciso XIII; art. 7º, inciso XVI. Art. 59-A; - Súmula n. 444 - 2222 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST Outros Trabalho em domingos Art. 7º, inciso XV - - Súmula n. 444; Acórdão n. 000359- 40.2010.5.12.0001 Lei n. 605/49 Justa Causa - Art. 474; Art. 482; Art. 818 Art. 373 Acórdão n. 29740- 11.1994.5.01.0050 Acórdão n. 0011596- 47.2016.5.18.0081 do TRT da 18ª Região Multa do art. 477, §8º, da CLT. - Art. 477, §8º - Acórdão n. 0001589- 05.2011.5.03.0108 - Honorários Advocatícios - Art. 791-A; - - ADI n. 5766, do STF. Vamos peticionar! Caro aluno, a peça processual deve ser endereçada para o juízo que prolatou a decisão, devendo combater a decisão de primeira instância. Nela é essencial que se combata os fundamentos lançados na sentença, não sendo o recurso mera reprodução da petição inicial. Indique na peça recursal as razões pelas quais é cabível o citado recurso no caso sob exame. Tendo em vista que a tempestividade é um dos requisitos do recurso, é necessário para fi ns didáticos que o recurso tenha tópico relativo a ela, a fi m de demonstrar que a peça processual foi interposta no momento adequado. 2323 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Indique na peça recursal as razões pelas quais é cabível o citado recurso no caso sob exame. Elenque na sua peça processual os argumentos fáticos e os fundamentos jurídicos que amparam a pretensão de sua cliente. Utilize linguagem impessoal. Quando se referir à decisão não faça menção ao juiz ou juíza prolator da decisão, pois o Recurso Ordinário não visa combatê-lo, mas sim a decisão por ele prolatada. Refira-se, portanto, à decisão ou à sentença, que é justamente o que se ataca pela peça recursal. Mãos à obra! PRIMEIRA FASE! Questão 1 – O Recurso Ordinário é bastante utilizado no Direito Processual do Trabalho, sendo o meio legal cabível para a reanálise do julgado. Acerca do Recurso Ordinário assinale a alternativa correta: a) Não é cabível Recurso Ordinário das decisões definitivas ou terminativas do feito prolatadas pelas Varas do Trabalho. b) Não é cabível Recurso Ordinário das decisões definitivas ou terminativas do feito prolatadas pelas Varas do Trabalho ou “das decisões definitivas ou terminativas dos Tribunais Regionais, em processos de sua competência originária”. c) No Recurso Ordinário é vedada a discussão de matéria fática. d) O prazo para interposição do Recurso Ordinário é de 08 dias corridos. e) O Recurso Ordinário é o meio adequado para recorrer da parte da decisão de primeira instância que lhe foi desfavorável. 2424 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ Questão 2 – A Lei n. 13.467/17, conhecida como “Reforma Trabalhista”, trouxe novas regras ao Direito Processual do Trabalho, especialmente no que diz respeito à assistência judiciária gratuita, aos honorários periciais e advocatícios. Neste contexto, analise as proposições abaixo e assinale a alternativa correta: I – Aqueles que recebem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social podem ser destinatários da assistência judiciária gratuita. II – Caso o beneficiário da assistência judiciária gratuita seja vencido na reclamação trabalhista, ainda assim terá que arcar com os honorários advocatícios caso tenha obtido em outro processo créditos capazes de suportar a despesa. III – No Direito Processual do Trabalho são devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômicoobtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. a) Todas as proposições são verdadeiras. b) Somente as proposições I e II são verdadeiras. c) Somente as proposições II e III são verdadeiras. d) Somente as proposições I e III são verdadeiras. e) Todas as proposições são falsas. Gabarito: Questão 1 – e) O Recurso Ordinário é o meio adequado para recorrer da parte da decisão que lhe foi desfavorável, devolvendo à instância superior 2525 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ toda a discussão sobre a matéria tratada na peça recursal, isto é, tanto a discussão fática, quanto a jurídica. Ele é dirigido a quem prolatou a decisão, que fará o primeiro juízo de admissibilidade, isto é, verificará se é tempestivo, se as custas e o depósito recursal foram recolhidos corretamente, se o recorrente está regularmente representado, assim como se o recorrente tem legitimidade e capacidade para a interposição do Recurso Ordinário. Admitido o recurso, será intimada a parte adversa para apresentar contrarrazões no prazo de 08 (oito) dias (art. 900, da CLT). Não se pode olvidar que a nova redação do art. 795, da CLT, prevê que o prazo do Recurso Ordinário é de 08 dias úteis e não mais corridos. Questão 2 – a) A Lei n. 13.467/17 alterou o art. 790, da CLT, cujo §3º, passou a ter a seguinte redação: § 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. As alterações mais profundas, contudo, estão inseridas no art. 791-A: “Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do 2626 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ proveito econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa. § 1o Os honorários são devidos também nas ações contra a Fazenda Pública e nas ações em que a parte estiver assistida ou substituída pelo sindicato de sua categoria. § 2o Ao fixar os honorários, o juízo observará: I - o grau de zelo do profissional; II - o lugar de prestação do serviço; III - a natureza e a importância da causa; IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. § 3o Na hipótese de procedência parcial, o juízo arbitrará honorários de sucumbência recíproca, vedada a compensação entre os honorários. § 4o Vencido o beneficiário da justiça gratuita, desde que não tenha obtido em juízo, ainda que em outro processo, créditos capazes de suportar a despesa, as obrigações decorrentes de sua sucumbência ficarão sob condição suspensiva de exigibilidade e somente poderão ser executadas se, nos dois anos subsequentes ao trânsito em julgado da decisão que as certificou, o credor demonstrar que deixou de existir a situação de insuficiência de recursos que justificou a concessão de gratuidade, extinguindo- se, passado esse prazo, tais obrigações do beneficiário. § 5o São devidos honorários de sucumbência na reconvenção.” Diante do exposto, nota-se que todas as assertiva da questão estão previstas na CLT, razão pela qual todas são verdadeiras. 272727 Direito do Trabalho - Sua Petição - Seção 3NPJ
Compartilhar