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Resenha Crítica de Fármacos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE FARMÁCIA
FAR454 – ACCS: BUSCA RACIONAL DE NOVOS FÁRMACOS DE ORIGEM VEGETAL
DOCENTE: MARA ZÉLIA DE ALMEIDA 
DISCENTE: VANESSA PIRES RAMALHO
RESENHA
CAMARGO, Maria Thereza Lemos de Arruda. As plantas medicinais e o sagrado, considerando seu papel na eficácia das terapias mágico-religiosas. Revista do Núcleo de Estudos de Religião e Sociedade (NURES). ISSN 1981-156X,n. 26, set. 2015. ISSN 1981-156X. 
Maria Thereza L. A. C, é especialista em etnofarmacobotânica. Tem especialização e atividades desenvolvidas em cursos e estágios junto à Disciplina Plantas Medicinais e Tóxicas , no Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Orestes Scavone e da Profa. Dra. Berta Lange de Morretes, de 1972 a 1985. Autora do Banco de Dados de sua coleção de plantas medicinais, conservadas junto ao Herbário do Departamento de Botânica da USP. Membro da diretoria do Centro de Estudos da Religião Duglas TTeixeira Monteiro , USP-PUCSP desde 1995. Pesquisadora do Centro de Estudos Etnofarmacológicos da Unifesp - Campus Diadema.
O artigo visa abordar a eficácia do papel das plantas medicinais em rituais de cura da medicina popular, evidenciando principalmente seu caráter mágico-religioso nas religiões africanas como o Candomblé e Ubanda. Para isso foi feito um estudo de campo e uma pesquisa bibliográfica ao qual foi complementada por um material botânico com os princípios ativos e atividades farmacológicas dessas plantas.
	Na primeira parte, a autora apresenta seu entendimento sobre as práticas médicas populares serem todas aquelas que não se enquadram nos padrões da medicina hegemônica, destacando também os conflitos que a medicina popular vem sofrendo já a alguns séculos e que ocorrem até hoje. Em destaque para medicina popular brasileira, a autora apresenta uma herança comum as três principais matrizes influenciadoras que é a espiritualidade. A espiritualidade confere um caráter sacral a medicina popular gerando no homem a crença nos poderes sobrenaturais dos curadores e terapias mágico-religiosas resultando assim na cura de seus males. O homem é considerado não apenas como um ser biológico, mas também espiritual com suas dimensões simbólicas.
Considerando a dimensão espiritual do homem, as plantas medicinais tinham grande importância em todos os momentos da vida religiosa, principalmente nos sistemas de crença afro-brasileiros que admitiam rituais envolvendo a cura de doenças físicas, mentais ou espirituais. Portanto, são desempenhadas pelas plantas medicinais, um duplo papel complementar: um papel sacral de valor simbólico e de poderes curativos sobrenaturais como também um papel funcional com base no valor intrínseco, considerando os componentes químicos responsáveis por atividades biológicas.
Diante dessa perspectiva trazida pela autora, podemos concluir como a complementariedade das plantas medicinais foi e ainda é importante no campo da saúde mostrando ser necessário evoluirmos cada vez mais com o diálogo efetivo entre os saberes sistematizados na academia com os conhecimentos tradicionais e religiosos transmitidos entre as diversas gerações. Além disso, o texto traz uma questão importante sobre os conflitos em que a medicina popular enfrentou e ainda enfrenta ao se estabelecer na sociedade frente a medicina hegemônica, que ainda se mantêm muito negligente frente as necessidades sacrais dos homens, inviabilizando o uso em conjunto de ambos os saberes na atuação da saúde.
A obra pode ser dirigida a todos àqueles que se importam com a qualidade da saúde pública brasileira. Apesar de ser mais coerente para estudantes da área de saúde, por ter uma linguagem simples, o texto pode ser uma leitura interessante para a população de forma geral sendo lido e entendido sem grandes dificuldades.

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