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11. Medicina na Idade Contemporânea

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MEDICINA NA IDADE CONTEMPORÂNEA 
 
 
Elaine Alves 
Paulo Tubino 
 
 
SÉCULO XIX 
 
 No século XIX houve mais mudanças na estrutura da sociedade humana do que nos mil anos 
anteriores: revolução no pensamento social; revolução na economia; revolução nos costumes; 
revolução na política; revolução na tecnologia. 
 Como exemplos: o século começou iluminado pela luz de velas, passou pela iluminação a gás e 
terminou com a luz elétrica; do transporte por meio de diligências às estradas de ferro com 
locomotivas a vapor; dos veleiros aos navios a vapor cruzando o Atlântico; a produção em massa de 
aço pelo processo Bessemer1; a transformação da agricultura pela maquinaria e pela química; 
invenções diversas, como os balões e aeronaves, telégrafo, telefone, rádio. 
 
 
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL 
 
 Começou na Grã-Bretanha em meados do século XVIII e se espalhou pela Europa no século 
XIX, com a consequente migração em massa das pessoas que viviam no campo para as cidades 
recentemente industrializadas. Cidades como Londres, Berlim e Paris cresceram rapidamente para 
abrigar milhões de pessoas. Para se ter uma idéia, Londres tinha um milhão de habitantes em 1800; 
um século depois tinha quase sete milhões. 
 Os operários das novas fábricas sofriam com péssimas condições tanto no trabalho quanto nas 
suas casas resultando no surgimento regular de doenças como a cólera e a febre tifóide. Entretanto, o 
crescimento das associações sindicais e reformas políticas forçaram muitos governos a reconhecer as 
necessidades de seus povos, levando ao desenvolvimento da saúde pública. 
 Por outro lado, o desenvolvimento da tecnologia industrial trouxe novos recursos tecnológicos 
para a ciência, como produtos químicos e microscópios, permitindo uma expansão sem precedentes 
do conhecimento médico. A ciência e a economia se retroalimentariam e próprio termo cientista foi 
criado em 1833, pelo polímata inglês William Whewell (1794-1866). O desenvolvimento dos novos 
métodos de comunicação permitiu que os médicos trocassem conhecimento em minutos. O mundo 
foi completamente mudado pela Revolução Industrial e os efeitos na medicina foram profundos. 
 
 
CIÊNCIA NO SÉCULO XIX 
 
 O desenvolvimento da moderna tecnologia médica do século XX se baseia em grande parte no 
trabalho dos cientistas, médicos e químicos do século XIX, dos quais citaremos alguns. 
 Um dos mais revolucionários cientistas do século XIX foi o naturalista britânico Charles 
Robert Darwin (1809-1882), ex-estudante de medicina e de teologia, com sua teoria sobre a origem 
das espécies, publicada em 1859. A teoria da evolução trouxe uma nova perspectiva ao relacionamento 
 
1
 Sir Henry Bessemer (engenheiro inglês, 1813-1898) desenvolveu um método para a produção em massa de 
aço a partir da fusão de ferro gusa (remoção das impurezas do ferro mediante a oxidação produzida pela 
insuflação de ar no ferro fundido; a oxidação aumenta a temperatura da massa de ferro e a mantém em estado 
de fusão). 
 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 2 
 
do homem com outras espécies. Trouxe, também, dinamismo à biologia, que se tornou independente 
da medicina. 
 No início do século, os químicos sintetizaram o álcool etílico e a uréia. F. August Kekulé von 
Stradonitz (1829-1896) desenvolveu a teoria da tetracovalência do carbono; criou a hipótese das 
ligações múltiplas e em 1865 propôs, após um sonho que teve (uma serpente comendo a própria 
cauda), a fórmula hexagonal do benzeno. 
 Na física, a enunciação da lei da conservação da energia abriu as portas para a termodinâmica e 
para as várias aplicações práticas da energia derivada do calor. Michael Faraday (1791-1867) 
descobriu o princípio da indução eletromagnética em 1831, criando o gerador elétrico e, depois, o 
motor elétrico. O estudo da óptica e da natureza da luz levou à descoberta da análise espectral, que 
permite definir a composição química de uma substância por meio do seu espectro (átomos de 
qualquer elemento químico têm a capacidade de irradiar em um determinado grupo de comprimentos 
de onda). Assim, foi possível conhecer tanto a natureza íntima das moléculas quanto a natureza de 
astros a milhões de quilômetros de distância. 
 O físico alemão Wilhelm Röntgen (1845-1923), em 8 de novembro de 1895, trabalhando em 
seu laboratório em Wurzburg na Baviera, produziu radiação eletromagnética nos comprimentos de 
onda que correspondem aos chamados “raios-X”. Na época, vários cientistas investigavam fenômenos 
relacionados com descargas elétricas em gases. Os experimentos de Röntgen relacionavam-se com 
fenômenos luminosos e outras emissões geradas por descargas de correntes elétricas em tubos de 
vidro com vácuo2 e o ambiente estava escurecido. A cerca de dois metros do tubo havia uma folha de 
papel usada como tela, tratada com platinocianeto de bário. Röntgen viu a tela brilhar, emitindo luz, 
mas o tubo estava coberto por cartolina negra e nenhuma luz poderia ter vindo dele. Surpreso, 
Röntgen fez várias investigações. Virou a tela, expondo o lado sem o revestimento de platinocianeto 
de bário, e esta continuava a brilhar. Colocando diversos objetos entre o tubo e a tela, viu que todos 
pareciam transparentes. Para sua maior surpresa, viu na tela os ossos da própria mão. 
 
 
 
 
 
 
 
2 Esses tubos eram conhecidos como "tubos de Crookes", em homenagem ao químico e físico inglês William 
Crookes (1832-1919). 
 
 O anúncio da descoberta dos raios-X foi ilustrado com a 
radiografia da mão da Sr.a Anna Bertha Röntgen (1839?-1919), 
esposa de Wilhelm Röntgen (figura 1). A descoberta de 
Röntgen foi considerada um milagre médico e os raios-X logo 
se tornaram uma importante ferramenta diagnóstica, que pela 
primeira vez permitia ver dentro do corpo humano sem 
cirurgia. Os raios-X foram usados no campo de batalha, 
durante a Guerra (Greco-Turca) de 1897, na pesquisa de balas e 
ossos quebrados. Röntgen recebeu o Prêmio Nobel de Física 
em 1901. 
 Em 1896, o físico francês Antoine Henri Becquerel 
(1852-1908) descobriu que os sais de urânio emitiam radiação 
semelhante aos raios-X: capacidade de atravessar papéis negros 
e outras substâncias opacas à luz e produzir sombras de objetos 
metálicos sobre chapas fotográficas envolvidas em papel preto. 
Concluiu que essa impressão era devida a uma radiação que 
atravessava o papel, não dependia de insolação preliminar e 
persistia quando o minério era conservado no escuro durante 
meses; denominou-a “radiação penetrante”. 
 Esse foi o início da descoberta da radioatividade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Esse foi o início da descoberta da radioatividade. 
Figura 1 – Radiografia da mão 
da Sr.a Anna Bertha Röntgen 
(imagem em domínio público). 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 3 
 
 Em 1898, Pierre Curie (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934) descobriram os elementos 
químicos polônio e rádio. Estimulada pela descoberta dos raios-X e das radiações do urânio, Marie 
Curie iniciou trabalhos de pesquisa que a levariam a identificar três diferentes tipos de emissão 
radioativa, mais tarde chamados de alfa, beta e gama. Foi ela a criadora do termo radioatividade. 
 Como a radiação era capaz de causar dano aos tecidos, surgiu a idéia de usá-la para destruir 
tecidos tumorais e as primeiras experiências nesse sentido datam do século XIX. A radioterapia foi 
reconhecida como especialidade médica no Congresso Mundial de Oncologia em Paris, no ano de 
1922, quando foi mostrado que a radioterapia poderia curar um câncer avançado de laringe e evitar as 
sequelas de uma cirurgia. Tumores de pele foram tratadoscom sucesso no início do século XX. 
 
 
MEDICINA NO SÉCULO XIX 
 
 No início do século XIX os pilares da medicina eram a clínica e a anatomia patológica graças, 
sobretudo, à Escola de Paris3. Os principais recursos terapêuticos eram os mesmos dos séculos 
anteriores: sangria, dieta, enemas, uso de diaforéticos, purgantes e eméticos, fumigações, banhos, 
massagens, exercício, repouso. Os cirurgiões 
 Entretanto, dois grandes avanços marcaram o conhecimento médico: a descoberta dos 
microorganismos como causa de doenças e a anestesia. Outras contribuições também tiveram grande 
significação, como: a demonstração da célula como a unidade anatômica fundamental, a enunciação 
dos princípios fisiológicos relacionados com o meio interno do corpo e a introdução de novas 
ferramentas diagnósticas. 
 
 ANATOMIA, HISTOLOGIA E PATOLOGIA 
 Marie-François Xavier Bichat (1771-1802), foi um proeminente médico, cirurgião e 
anatomista francês, um dos fundadores da medicina científica francesa. Com base em seus estudos 
experimentais e na dissecção de mais de 600 cadáveres (obtidos graças às muitas execuções na 
guilhotina durante a revolução francesa), desenvolveu a teoria de que o corpo vivo era uma 
“intrincada rede de membranas ou tecidos”, passo importante para a futura teoria celular de Virchow 
algumas décadas depois. Sem o auxílio de um microscópio, ele identificou 21 tipos de “membranas” 
ou tecidos e suas estruturas normais e patológicas (dentre esses estão os tecidos nervoso, vascular, 
mucoso, seroso, conjuntivo, fibroso, sinovial e ósseo). Seus conceitos lançaram as bases da moderna 
anatomia clínica, da histologia e da patologia. Seu nome é mencionado em vários epônimos, como a 
bola gordurosa de Bichat (corpo adiposo da bochecha). 
 A velha teoria humoral, com dois mil anos de idade, foi contestada por Rudolf Virchow 
(1821-1902), “pai” da patologia moderna e da medicina social. Em obra histórica, o livro Patologia 
Celular, descreveu o corpo como uma “democracia celular”. Em 1858, Virchow estabeleceu o conceito 
da “teoria celular”: todas as formas de lesão orgânica começam com alterações moleculares ou 
estruturais das células. Elucidou o mecanismo do tromboembolismo; foi o primeiro a publicar um 
trabalho científico sobre leucemia. Em 1874, padronizou a técnica da necropsia. Criou as disciplinas: 
patologia celular, patologia comparativa e antropologia. 
 
3 O surgimento dos grandes hospitais contribuiu para o desenvolvimento de importantes escolas clínicas em 
várias capitais europeias, como Paris, Viena, Londres, Berlim, Edimburgo. A chamada “Escola de Paris” 
floresceu do final do século XVIII a meados do século XIX e se dedicou à caracterização anatomoclínica das 
doenças, aproveitando o abundante material humano disponível nos hospitais de Paris. Dentre os nomes que 
se destacaram estão os de: Jean Nicolas Corvisat (1755-1821), médico pessoal de Napoleão; René 
Théophile Hyacinthe Laënnec (1781-1826), aluno de Corvisat, inventor do estetoscópio e um dos médicos 
mais notáveis da história da medicina ocidental; Pierre-Charles-Alexandre Louis (1787-1872), pioneiro da 
análise estatística e quem demonstrou que a sangria não beneficiava os pacientes com pneumonia; Jean 
Cruveilhier (1791-187), anatomopatologista seguidor de Giambattista Morgagni e professor em Montpellier 
e Paris; Guillaume Dupuytren (1777-1834), primeiro cirurgião do rei Luís XVIII (1755-1824). 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 4 
 
 FISIOLOGIA 
 Claude Bernard (1813-1878) é considerado um dos maiores homens de ciência de todos os 
tempos. Suas pesquisas e conceitos lançaram as bases da fisiologia moderna. Fundador da medicina 
experimental, escreveu em 1865 sua memorável obra Introduction à l’étude de la médicine experimentale. 
Claude Bernard estudou a homeostasia (constância do meio interior); descobriu a função glicogênica do 
fígado; demonstrou as várias funções do suco pancreático; estudou o músculo liso; o mecanismo 
vasomotor; o metabolismo dos carboidratos; a ação do curare e de outros venenos. Descreveu ainda a 
chamada síndrome de Claude Bernard-Horner (síndrome ocular simpática), caracterizada pela 
seguinte tríade: enoftalmia, miose, estreitamento da fenda palpebral, devida a uma afecção unilateral 
do nervo simpático cervical. 
 
 MICROBIOLOGIA 
 Louis Pasteur (1822-1895), químico francês, deu histórica contribuição à imunologia 
desenvolvendo vacinas contra o carbúnculo (antraz) nos porcos, a cólera das galinhas e a vacina 
antirrábica. Pasteur defendeu “teoria germinal das doenças infecciosas”, ou seja, toda doença 
infecciosa tem sua etiologia em um micróbio com capacidade de propagar-se entre as pessoas. 
Consequentemente deve-se buscar o micróbio responsável pela doença para se encontrar o modo de 
combatê-lo. 
 Robert Koch (1845-1910), bacteriologista alemão, foi um dos fundadores da microbiologia e 
um dos principais responsáveis pela compreensão da epidemiologia das doenças transmissíveis. 
Descobriu e descreveu agente do carbúnculo e seu ciclo; a etiologia da infecção traumática; os 
métodos de fixação e coloração de bactérias para estudo no microscópio e, em 1882, o bacilo da 
tuberculose (que ficou conhecido como bacilo de Koch). 
 
 MEDICINA CLÍNICA E ESPECIALIDADES 
 O maior avanço da medicina clínica foi na arte do diagnóstico. Mas deve ser mencionado que 
houve o surgimento de especialidades médicas como: dermatologia e venereologia, urologia, 
neurologia. Alguns grandes médicos da época serão citados a seguir. 
 René Théophile Hyacinthe Laënnec (1781-1826), médico francês, inventor do estetoscópio 
e o primeiro a criar um sistema completo para o diagnóstico das afecções pulmonares e cardíacas. Em 
1761, Leopold Auenbrugger (1722-1809) havia publicado em Viena seu livro Inventum Novum em que 
apresentava a percussão como um novo método de exame clínico para detecção de consolidação 
pulmonar, derrame pleural, etc. Nesse mesmo ano (1761), Giovanni Battista (Giambattista) 
Morgagni (1682-1771) publicou De Sedibus et Causis Morborum, que se tornou um marco do moderno 
estudo da anatomia patológica. O trabalho de Auenbrugger passou relativamente despercebido até 
1808, quando Jean Nicolas Corvisart (1755-1821), médico de Napoleão Bonaparte, o traduziu do 
latim original para o francês. Esse trabalho teve forte influência sobre os médicos franceses 
contemporâneos, incluindo Laënnec, que foi estimulado a melhorar ainda mais as técnicas de 
diagnóstico clínico. Na verdade, ele considerava a técnica da ausculta direta (ou seja, encostar o ouvido 
no tórax do paciente) desconfortável tanto para o médico quanto para o paciente, provocando uma 
aversão que a tornava impraticável nos hospitais. Dizia ainda ser um método inconveniente no exame 
de mulheres em vista do obstáculo físico representado pelas mamas. 
 Em 1816, Laennec examinava uma jovem mulher com sinais de doença cardíaca. Diante da 
paciente bastante gorda, o que dificultava também a palpação e a percussão, ficou inibido e 
lembrando-se de que um som se amplifica quando transmitido através de um sólido, enrolou folhas de 
papel formando um tubo bem apertado e o usou para auscultar. Para sua satisfação conseguiu ouvir 
perfeitamente o coração. Em 1818, publicou sua obra De l’Auscutation Médiate. 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 5 
 
 Josef Skoda (1805-1881), médico checo, um dos pioneiros da medicina torácica. Oriundo de 
uma família humilde4 (era filho de um pobre serralheiro) estudou medicina em Viena, onde se tornou 
professor em 1846. Juntamente com o médico e professorde anatomia patológica Carl von 
Rokitansky (1804-1878), seu conterrâneo, fundou a moderna escola de medicina de Viena. Em 1858, 
foi o primeiro professor de Viena a dar suas aulas em alemão, em vez de latim. 
 Skoda investigava os fundamentos da percussão e da ausculta desde 1836 e a partir de suas 
repetidas observações, ao contrário da doutrina da escola francesa, defendeu que os fenômenos 
acústicos produzidos pela percussão não eram específicos de um determinado órgão e sim da 
quantidade de ar ou líquido existente. Também se pronunciou em relação aos sons ouvidos através do 
estetoscópio; os primeiros escritores franceses haviam comparado os sons com os sons da natureza, 
como corujas, cães, madeira sendo serrada, ranger de couro novo. Skoda, entretanto, denominou os 
sons em uma base física, pelo tom musical e timbre. 
 Ludwig Traube (1818-1876), médico alemão que deu grandes contribuições à semiologia. 
Entre outras, descreveu o espaço de Traube (área de projeção do fundo gástrico na parede torácica 
que corresponde a um espaço em forma de meia lua na altura do nono espaço intercostal esquerdo, 
ventralmente à linha axilar anterior, cuja percussão é normalmente timpânica) e sistematizou a 
documentação médica com a introdução da curva de temperatura, pulso e frequência respiratória na 
prática clínica. 
 Ignaz Philipp Semmelweis ou, em húngaro, Semmelweis Ignác Fülöp (1818-1865), era 
médico obstetra e foi um dos pioneiros no controle das infecções hospitalares, sendo considerado o 
“pai do controle das infecções” (figura 2). Húngaro de nascimento, trabalhou em Peste (Hungria) e 
em Viena (Áustria). Estudava Direito quando assistiu uma conferência sobre anatomia e decidiu trocar 
as leis pela carreira médica. Escolheu a obstetrícia, na ocasião uma área negligenciada da Medicina e 
praticada principalmente por parteiras iletradas. Em 1846, conseguiu seu primeiro emprego na 
Maternidade do Hospital Geral de Viena (Allgemeine Krankenhaus), a qual era dividida em duas clínicas: 
a primeira clínica, em que as parturientes eram atendidas por médicos e estudantes de medicina, e a 
segunda, cujo atendimento era dado por parteiras; as pacientes eram destinadas para as clínicas 
aleatoriamente em dias alternados. Semmelweis, por ser húngaro e questionador, desde o início 
enfrentou a desconfiança de seu superior, o professor de obstetrícia da Universidade de Viena, 
Johann Klein (1788–1856). 
 Duas observações tiveram extrema influência nos conceitos de Semmelweis sobre a febre 
puerperal. A primeira delas foi a intrigante constatação que a mortalidade por febre puerperal era três 
a dez vezes maior nas mãos dos médicos do que nas das parteiras. A segunda foi quando, assistindo 
uma necropsia feita em um colega patologista que havia morrido do que era então chamado de 
“envenenamento cadavérico” (provocado por um ferimento recebido durante o exame pós-mortem 
de um paciente), percebeu a similaridade entre esse “envenenamento” e a febre puerperal. 
Semmelweis concluiu que o excesso de mortes na primeira clínica se relacionava com os 
procedimentos de rotina realizados nos cursos com a participação dos médicos e estudantes. Estes 
começavam cada dia fazendo as autópsias das mulheres que haviam morrido de febre puerperal e iam 
em seguida, sem lavar as mãos, para a maternidade onde tinham que fazer toques vaginais em todas as 
pacientes internadas. Na segunda clínica, as parteiras e suas alunas evidentemente não faziam exames 
pós-mortem e nem tinham uma rotina de exames vaginais. 
 Assim, muitos anos antes da descoberta das bactérias como causa de doenças, Semmelweis 
acreditou que havia uma transferência de “matéria morbida” pelas mãos dos alunos e passou a exigir 
que todos lavassem as mãos em água clorada. Suas incipientes medidas antissépticas, anos antes de 
Joseph Lister, foram suficientes para baixar a mortalidade de cerca de 25% para 1%. 
 Mas suas idéias foram recebidas com ceticismo e mesmo escárnio. Seus colegas se ressentiam 
com as restrições que estavam sofrendo e com a implicação de que eram agentes da morte. Seus 
 
4 O irmão mais velho de Joseph, Franz Skoda, também era médico com atuação em saúde pública na Boêmia 
(na atual República Checa). O irmão mais novo, Johann, seguiu o ofício do pai e mais tarde fundou uma 
fábrica de locomotivas, depois de armamentos e que atualmente é a fábrica de automóveis Skoda. 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 6 
 
superiores ficaram descontentes com suas ideias não convencionais e sua ações não-conformistas. Foi 
demitido duas vezes e, por fim, escreveu um livro Die Ätiologie, der Begriff und die Prophylaxis des 
Kindbettfiebers (“A etiologia, conceitos e profilaxia da febre puerperal”). Seu trabalho antecipou a teoria 
germinal de Pasteur e a antissepsia de Lister. Em meados de 1865 começou a apresentar mudanças de 
comportamento, cujas causas não são bem explicadas até hoje. Passou seus últimos dias em um asilo 
para insanos e, como que por ironia, morreu de sepse causada por uma ferida de origem controversa 
em sua mão. 
 
 
 
 
 Hermann von Helmholtz (1821-1894), médico e físico alemão, que contribuiu para a 
oftalmologia inventando o oftalmoscópio, em 1850, com base em princípios similares aos do 
telescópio de Galileu, 250 anos antes. Helmholtz foi cirurgião do exército prussiano e enquanto vivia 
nas barracas de Postdam (sua cidade natal) escreveu sua primeira dissertação, sobre a fisiologia das 
fibras nervosas nos gânglios do caranguejo. Estudou termodinâmica e fisiologia. Suas pesquisas em 
fisiologia incluíram a medição da velocidade dos impulsos nervosos, a demonstração de que a energia 
muscular é uma das fontes principais de calor animal e o estudo sobre o mecanismo da acomodação. 
Helmholtz era apaixonado pela ciência e pelas artes, incluindo o teatro e a literatura. Como músico 
talentoso era fascinado pela acústica e pesquisou bastante sobre o tímpano e os ossículos da orelha. 
Em diferentes ocasiões ocupou cátedras de física, fisiologia, patologia e anatomia, mas sempre afirmou 
que seu primeiro amor foi a medicina. 
Figura 2 – Estátua em honra a 
Semmelweis, localizada em frente ao 
Hospital São Roque, onde trabalhou de 
graça quando saiu de Viena e voltou 
para sua cidade natal Buda. Budapeste, 
Hungria (fotografia dos autores). 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 7 
 
 William Osler (1849-1919), canadense, indiscutivelmente o médico mais famoso do mundo 
na virada do século XX e que foi considerado o “Pai da Medicina Moderna”, embora ele próprio 
achasse que esse título deveria pertencer a Avicena. Ao longo de sua vida profissional, Osler escreveu 
mais de 1500 artigos e livros. Foi um dos primeiros a descrever as plaquetas (1876), escreveu sobre 
tumores abdominais (1895) e endocardite maligna (1908). Descreveu a policitemia rubra vera em 1903 
(mas mais tarde soube e insistiu na prioridade de Vaquez5), que ficou conhecida como doença de 
Vaquez-Osler ou doença de Osler. A telangiectasia hereditária com hemorragias recorrentes também é 
conhecida como doença de Osler. Deu contribuições significativas ao estudo das desordens 
neurológicas e gastrointestinais, assim como de doenças bacterianas e parasitárias. Era um clínico geral 
por excelência, com interesse especial na história natural das doenças, e abjurava a especialização. 
 Foi professor nas Universidades McGill (Canadá), da Pensilvânia e Johns Hopkins (Estados 
Unidos) e, finalmente na de Oxford (Inglaterra) como Regius Professor6. Osler foi um dos quatro 
professores fundadores do Johns Hopkins Hospital7, sendo seu primeiro professor de medicina e criador 
do Serviço de Clínica Médica.Diz-se que ele se tornou um grande herói para os estudantes em McGill, 
Pennsylvania, Hopkins e Oxford porque ele ensinava não as ciências da medicina, mas a arte da 
medicina à luz da ciência. 
 Uma de suas maiores contribuições para a medicina foi, sem dúvida, a criação do primeiro 
programa de Residência Médica em Hopkins. Osler foi o primeiro a retirar os estudantes da sala de 
aula e levá-los para o treinamento clínico ao lado do leito do paciente. 
 
 O SÉCULO DOS CIRURGIÕES 
 Na primeira metade do século XIX as técnicas cirúrgicas não diferiam muito das usadas por 
Ambroise Paré (1510-1590). As qualidades de um cirurgião eram rapidez e ousadia. Mas na segunda 
metade do século, com o advento da anestesia e da antissepsia (seguida logo depois pela assepsia), a 
cirurgia entrou em um período brilhante de exploração e inovação. 
 Alguns grandes cirurgiões do século XIX são destacados a seguir. 
 Guillaume Dupuytren (1777-1835), anatomista e cirurgião militar francês. Foi o primeiro a 
extirpar a mandíbula, drenar um abscesso cerebral com êxito por meio de trepanação e a descrever 
claramente a luxação congênita do quadril. Idealizou a operação para o câncer cervical e, com base nos 
trabalhos de John Hunter, a criação de um ânus artificial. Propôs o tratamento cirúrgico para a 
doença (contratura) de Dupuytren, em que uma fibrose na palma da mão causa retração permanente 
de um ou vários dedos. 
 Joseph Lister (1827-1912), cirurgião britânico. Em 1865, na Inglaterra, após conhecer as 
pesquisas de Pasteur sobre fermentação e putrefação que indicavam a presença de organismos vivos 
invisíveis no ar, relacionou tais conceitos com o que ocorria nas feridas cirúrgicas e passou a usar 
curativos com compressas de linho embebidas em ácido carbólico (fenol) para eliminar os 
microorganismos vivos em feridas e incisões cirúrgicas. Lister teve essa ideia ao conhecer os 
resultados impressionantes obtidos com o ácido carbólico no tratamento do mau odor dos esgotos. 
Em agosto desse ano (1865) evitou amputar a perna do menino James Greenlees, que havia sofrido 
uma fratura exposta da tíbia esquerda, usando curativos embebidos em fenol. Nessa época, todas as 
fraturas expostas infectavam e muitos pacientes morriam de sepse, sendo a amputação a única 
esperança. 
 
5 Louis Henri Vaquez (1860-1936), médico e professor francês, membro da Academia de Medicina. Seus 
trabalhos mais importantes foram sobre doenças do sangue e dos vasos. Publicou o artigo Sur une forme spéciale 
de cyanose s’accompagnant d’hyperglobulie excessive et persistante. Comptes rendus de la Société de biologie, Paris, 
1892, 44:384-8. 
6 Cátedras “reais” (Regius Professorships) são as cátedras criadas pelos monarcas nas antigas universidades do 
Reino Unido e da Irlanda. Regius Professors são tradicionalmente tratados como Regius e não Professor. 
7 Os “Quatro Grandes” eram: William Osler, professor de medicina; William Steward Halsted, professor de ci-
rurgia; Howard Atwood Kelly, professor de ginecologia; E. William H. Welch, professor de patologia. 
 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 8 
 
 Lister iniciou assim uma nova era na cirurgia demonstrando que o ácido carbólico era um 
agente antisséptico efetivo e reduzindo o número de mortes por infecções pós-operatórias. Em 1870, 
introduziu um aparelho para borrifar ácido carbólico no ambiente durante as operações. O método 
antisséptico usado no manejo das feridas produziu resultados surpreendentes e, apesar de alguma 
oposição, logo foi adotado. 
 Até meados do século XIX a cirurgia era extremamente limitada por dois motivos. Um deles 
era a ocorrência quase inevitável de infecção da ferida operatória, que muitas vezes evoluia para a 
sepse fatal. Essa complicação era especialmente comum em hospitais onde os pacientes sucumbiam 
misteriosamente à “gangrena hospitalar” ou mesmo a um vago “hospitalismo”. O outro fator limitante 
eram os meios inadequados para o controle da dor, o que restringia a extensão das intervenções 
cirúrgicas, uma vez que a velocidade era essencial para reduzir o choque. A introdução da anestesia 
com éter, em 1846, tornou a cirurgia indolor, mas o terrível flagelo da sepse permaneceu. Se algo 
mudou, foi para tornar as chamadas “doenças hospitalares” ainda mais descontroladas, assumindo 
proporções epidêmicas em muitos lugares. Sir James Young Simpson (1811-1870), médico obstetra 
escocês que descobriu as propriedades anestésicas do clorofórmio e o empregou no oitavo parto da 
Rainha Vitória (1819-1901), dizia que “o homem deitado em uma mesa de operações em um de 
nossos hospitais cirúrgicos está exposto a mais chances de morte do que o soldado inglês no campo 
de Waterloo” (figura 3). 
 
 
Figura 3 – Teatro operatório (sala de operações) do antigo St. Thomas’ Hospital de Londres, Inglaterra, que 
funcionou de 1821 a 1862. Este é o único teatro operatório do início do século XIX que não foi demolido ou 
reformado. Observar que até a mesa de operações é de madeira, o que caracteriza a época pré-listeriana (foto-
grafia: Elizabeth Ribeiro, setembro/2010). 
 
 Theodor Billroth (1829-1894), cirurgião alemão, considerado o fundador da moderna cirurgia 
abdominal. Era um cirurgião hábil, pesquisador e professor celebrado. Ficou particularmente famoso 
por intervenções novas no trato gastrointestinal, remoção total ou parcial do esôfago, laringe, 
estômago e pâncreas. Foi professor de cirurgia nas Universidades de Zurich e Viena, onde em 29 de 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 9 
 
janeiro de 1881 fez a primeira gastrectomia bem sucedida em Therese Heller, 43 anos, com tumor 
gástrico. Também era músico e foi amigo e confidente do famoso compositor alemão Johannes 
Brahms (1833-1897). 
 Johann Von Mikulicz-Radecki (1850-1905), cirurgião polonês, foi o primeiro a suturar uma 
úlcera gástrica perfurada (1885), a restaurar cirurgicamente uma parte do esôfago (1886) e a remover 
um tumor maligno do cólon (1903). Descreveu a doença de Mikulicz (lesão linfoepitelial benigna: 
aumento uni ou bilateral das glândulas salivares). Era um defensor do uso dos antissépticos durante as 
operações e em 1897 descreveu o uso da máscara cirúrgica, que consistia de uma só camada de gaze. 
Já chama a atenção para o fato de que deveria cobrir a boca, o nariz e a barba. Mikulicz foi um dos 
primeiros a usar luvas quando operava. 
 William Steward Halsted (1852-1922), cirurgião americano, considerado o “Pai da Cirurgia 
Científica Americana”. Conta-se que era um cirurgião extremamente delicado em suas manobras 
cirúrgicas e sua pinça hemostática traduz bem o que a história lhe atribui: “Uma cirurgia de seda, com 
espírito de seda, gestos de seda, fios e instrumentos de seda.” Dentre suas contribuições notáveis estão 
o desenvolvimento da técnica da mastectomia radical, o reparo da hérnia inguinal e o aprimoramento 
da anastomose intestinal. Seus métodos consistiam de técnica estritamente asséptica, manuseio 
delicado dos tecidos, uso dos mais finos fios de seda, pontos pequenos, baixa tensão e fechamento 
completo das feridas sempre que possível. Foi também quem criou o programa de treinamento 
cirúrgico na Johns Hopkins University, que serviu de modelo para muitos outros. 
 Em 1889, Halsted introduziu o uso das luvas cirúrgicas de borracha fina que poderiam ser 
esterilizadas na autoclave ou por ebulição. Tudo começou quando a enfermeira chefe de sua sala 
cirúrgica, Caroline Hampton, se queixou de que a solução de cloreto de mercúrio (em que todos 
banhavam as mãos e braços) estava lhe causando uma dermatite. Considerando que sua enfermeira era 
muito eficiente, Halsted solicitou à Goodyear RubberCompany que produzisse experimentalmente dois 
pares de luvas de borracha fina com punhos compridos. Os testes foram muito satisfatórios e depois 
de certo tempo todos estavam usando as luvas, inclusive os cirurgiões. Em junho de 1890, Halsted e 
Caroline se casaram. 
 
 ANESTESIA 
 O médico e farmacêutico americano Crawford Williamson Long (1815-1878) foi o primeiro 
a usar o éter como anestésico durante uma intervenção cirúrgica. Em 30 de março de 1842, Long fez 
com que seu paciente James Venable inalasse os vapores do éter e assim pôde ressecar um tumor em 
seu pescoço sem que o paciente sentisse qualquer dor. O preço do procedimento com anestesia foi de 
dois dólares. Com o bom resultado obtido, Long passou a usar o éter em amputações e partos durante 
algum tempo, mas desistiu por pressão da comunidade onde vivia. Não se preocupou em publicar os 
resultados de seus trabalhos, só o fazendo em 1849, quase três anos depois das publicações de 
William Thomas Green Morton (1819-1868). 
 Em 10 de dezembro de 1844, um dentista itinerante chamado Horace Wells (1815-1848) 
assistia a uma demonstração com gás hilariante (óxido nitroso) em uma feira em Connecticut (EUA) 
quando um espectador caiu, feriu a perna e nada sentiu enquanto estava inalando o gás. Wells 
percebeu as propriedades anestésicas do gás e tentou demonstrá-las em uma sessão pública de 
extração dentária sem dor diante de estudantes de medicina. Mas foi mal sucedido (o gás foi mal 
administrado ou havia algum defeito) e o voluntário sentiu dor e os outros estudantes gritavam que 
era uma farsa. O fracasso o perturbou a tal ponto que o levou ao suicídio em 1848. 
 Em 16 de outubro de 1846 a história da Cirurgia foi mudada para sempre. O dentista William 
Thomas Green Morton, ex-sócio de Wells na fabricação de dentaduras, em uma demonstração diante 
de John Collins Warren (1778-1856), um dos mais renomados cirurgiões americanos do século XIX, 
comprova a eficácia da anestesia feita com éter. O paciente foi Edward Gilbert Abbott, operado no 
Massachusetts General Hospital (Boston, EUA). Frases ditas por Morton e Warren, respectivamente: 
 – “Seu paciente está pronto, senhor.” 
– “Cavalheiros, isto não é uma farsa.” 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 10 
 
 A PRÁTICA MÉDICA 
 Como a medicina passa a depender em grande parte da ciência, o laboratório assume papel 
importante. Nos fins do século XIX desponta a corrente que irá conduzir a medicina aos caminhos do 
diagnóstico clínico-laboratorial e à especialização. O médico de família começa a perder terreno para o 
“diagnosticador hospitalar”; o clínico de sobrecasaca começa a adotar o jaleco branco do cientista. 
 Mas houve uma expansão do horizonte profissional do médico: grandes guerras e epidemias 
precisavam de homens com talento para cirurgia, medicina e higiene; a expansão do comércio 
encorajou a investigação da higiene naval e das doenças tropicais; a indústria em desenvolvimento e o 
crescimento urbano estimularam o estudo das doenças ocupacionais e dos problemas de saúde 
pública. 
 
 
SÉCULO XX 
 
 Houve uma evolução significativa nos conceitos a respeito de saúde e doença. De acordo com 
a Organização Mundial da Saúde (OMS), fundada em 1948, saúde já não é apenas ausência de doença, 
mas um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Compreendeu-se que a saúde depende 
de múltiplos fatores, não só da medicina, e houve o reconhecimento de que a saúde é um dos direitos 
fundamentais do ser humano, cabendo ao Estado zelar pela sua manutenção. Foram valorizadas as 
medidas voltadas para o meio ambiente, como a importância do saneamento básico e dos hábitos de 
higiene. Entretanto, ainda há muitos problemas a serem resolvidos, principalmente nos países em 
desenvolvimento. 
 Cientificamente, a medicina evoluiu mais no século XX do que em toda a história prévia da 
humanidade: terríveis flagelos como a varíola, cólera e peste, que devastavam populações até finais do 
século XIX, agora são raras ou inexistentes; há vacinas eficazes que previnem, entre outras doenças: 
tuberculose, tétano, difteria, coqueluche, cachumba, sarampo, rubéola, varicela, febre amarela, 
poliomielite, hepatite A, hepatite B (graças a um trabalho epidemiológico internacional bem sucedido, 
desde 1980 a varíola foi considerada extinta pela OMS); os antimicrobianos foram descobertos, 
possibilitando o controle de doenças infecciosas até então sem tratamento; os hormônios (como a 
insulina e a cortisona), assim como as vitaminas, foram isolados e sintetizados; métodos de 
diagnóstico por imagem permitiram a visualização das partes do corpo que eram anteriormente 
inacessíveis; técnicas cirúrgicas sofisticadas possibilitaram abordar o crânio, a cavidade torácica, o 
coração; o desenvolvimento da fibroendoscopia e da cirurgia minimamente invasiva; a invenção da 
diálise renal e do marcapasso cardíaco; órgãos irremediavelmente danificados puderam ser substituídos 
por enxertos e transplantes; o desenvolvimento de técnicas bioquímicas de alta sensibilidade, como a 
do radioimunoensaio, possibilitou a dosagem das substâncias existentes nos fluidos do corpo humano 
como, por exemplo, a quantificação dos hormônios; o nascimento de Louise Brown em 1978, na 
Inglaterra, na primeira fertilização in vitro bem sucedida em humanos, mudou a história da reprodução 
humana. 
 Foi possível conhecer o funcionamento íntimo da célula, a unidade básica do corpo. Francis 
Crick (1916-2004) e James Watson (n. 1928), em 1953, descobriram a estrutura química exata do 
ácido desoxirribonucléico (ADN ou DNA, da sigla em inglês). Crick e Watson receberam o Prêmio 
Nobel de Medicina em 1962. Essa descoberta foi o ponto de partida para o desenvolvimento da 
engenharia genética (graças à qual se abriram as possibilidades de alteração o código genético da 
célula), o mapeamento do genoma humano (Projeto Genoma Humano, iniciado em 1990 e 
completado em 2003), a clonagem de animais e o estudo das células-tronco. 
 Novas áreas de conhecimento se desenvolveram, como: genética humana; imunologia; 
virologia; cancerologia; psiquiatria; psicanálise; patologia, com o advento da microscopia eletrônica; 
medicina nuclear; reabilitação; saúde pública. 
 
 
 
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 DESCOBERTAS CIENTÍFICAS QUE MODIFICARAM OS DESTINOS DA 
HUMANIDADE 
 
 PSICANÁLISE 
 Sigmund Freud (1856-1936), neurologista austríaco, criou uma abordagem totalmente nova 
para a compreensão da personalidade humana. Ele é considerado uma das personalidades mais 
influentes e controversas do século XX. De família judaica, ele mesmo era não-praticante. Formou-se 
em medicina em 1881, pela Universidade de Viena, trabalhando depois no Hospital Geral de Viena. 
Pesquisou, juntamente com o médico austríaco Josef Breuer (1842-1925), o tratamento da histeria. 
Foi para Paris em 1885, como estudante do famoso neurologista francês Jean-Martin Charcot 
(1825-1893). Em seu retorno a Viena, no ano seguinte, Freud se dedica à prática privada, 
especializando-se em distúrbios do sistema nervoso e do cérebro (figura 4). Em 1896 usa pela primeira 
vez o termo psicanálise e em 1897 inicia sua auto-análise. Entre 1899 e 1900 publica sua principal 
obra “A Interpretação dos Sonhos”. Freud desenvolveu a teoria de que os seres humanos têm um 
inconsciente no qual os impulsos sexuais e agressivos estão em perpétuo conflito pela supremacia com 
as defesas que há contra eles. Entre 1902 e 1938 foi professor de Neuropatologia da Universidade de 
Viena. Em 1910 é fundada a Associação Psicanalítica Internacional, da qual o psiquiatra suíço Carl 
Gustav Jung (1875-1961), seu colaborador próximo, foi o primeiropresidente. Jung, posteriormente, 
rompe com Freud e desenvolve suas próprias teorias. Freud havia recebido o diagnóstico de câncer 
bucal em 1923, tendo sido submetido a dezenas de operações desde então. Em 1933 os nazistas 
queimam seus livros e em 1938 é forçado a emigrar para a Inglaterra, morrendo em Londres em 1936. 
 A moderna psicofarmacologia tem seu início no final da década de 1940, com a introdução dos 
primeiros fármacos específicos para tratar transtornos mentais. 
 
 
Figura 4 – Sala de espera do consultório de Sigmund Freud em Viena (fotografia dos autores). 
 
 
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 ANTIMICROBIANOS 
 Sir Alexander Fleming (1881-1955) descobriu, por acaso, a penicilina (Penicillium notatum). Em 
setembro de 1928, ao examinar umas culturas antigas antes de destruí-las, notou que a colônia de um 
fungo havia crescido espontaneamente, como um contaminante, numa das placas de Petri semeadas 
com Staphylococcus aureus e provocado a lise bacteriana. Mas a penicilina somente foi comercializada na 
década de 1940, graças alo médico farmacologista australiano Howard W. Florey (1898-1968) e pelo 
bioquímico alemão-britânico Ernst Boris Chain (1906-1979), que desenvolveram uma tecnologia de 
fermentação que possibilitou a produção de penicilina altamente purificada e em grande quantidade 
para uso médico. Os três dividiram o Prêmio Nobel em Medicina de 1945. 
 Em 1944, Selman Waksman (1888-1973), bioquímico e microbiologista nascido em Odessa, 
na Ucrânia (parte do Império Russo, na época), e naturalizado americano, isolou a estreptomicina de 
uma bactéria do solo: Streptomyces griseus. O Streptomyces griseus foi a origem de quase dois terços de todos 
os antibióticos naturais conhecidos e da maioria dos novos antibióticos nos últimos 50 anos, incluíndo 
tetraciclinas e eritromicina. Selman Waksman, que recebeu o Prêmio Nobel em medicina de 1952, foi 
quem propôs o termo antibiótico. Além da estreptomicina descobriu vários outros antibióticos, dentre 
os quais a actinomicina e a neomicina. A estreptomicina foi o primeiro antibiótico usado no 
tratamento curativo da tuberculose. Novos antibióticos foram desenvolvidos rapidamente após a II 
Guerra Mundial, mas desde o início dos anos 1960 poucas famílias fundamentalmente novas de 
antibióticos foram introduzidas. 
 No início do século XXI, cerca de 14 milhões de pessoas morrem por ano de doenças 
infecciosas. Estafilococos multirresistentes e pneumococos resistentes, desde meados dos anos 1990, 
têm causado preocupação em todo o mundo com o que parece ser um risco iminente de emergência 
de bactéria resistente a todos os antibióticos conhecidos. A resistência bacteriana tem se tornado uma 
preocupação da saúde pública em todo o mundo. A descoberta dos antimicrobianos reduziu de modo 
drástico a mortalidade por doenças infecciosas que, no passado, matavam milhares de pessoas como: 
febre tifóide, hanseníase, tuberculose, sífilis, pneumonia. Porém, o surgimento da resistência 
bacteriana aos antimicrobianos evidencia a necessidade da busca continuada de novas substâncias 
ativas e o uso criterioso dos já existentes. 
 
 HORMÔNIOS 
 Outro fato marcante foi o isolamento e a determinação da estrutura química da maioria dos 
hormônios, possibilitando sua síntese no laboratório. Como exemplos: 
− Adrenalina, isolada em 1900/1901, o químico nipo-americano Jokichi Takamine (1854-1922), 
hormônio secretado pela medula adrenal, o primeiro a ser obtido na forma pura. 
− Insulina, isolada em 1921-1922 pelos médicos canadenses Frederick Banting (1891-1941) e 
Charles Best (1899-1978), o último ainda um jovem estudante na época da pesquisa. Receberam 
o Prêmio Nobel em Medicina de 1923. 
− Cortisona, isolada em pelo químico americano Edward Kendall (1886-1972). Na década de 1930, 
pesquisando juntamente com o reumatologista Philip Hench (1896-1965), o químico Edward 
KENDALL (1886-1972), na Mayo Clinic (EUA), isolou seis hormônios do córtex adrenal: os 
compostos A a F. O composto E recebeu o nome de cortisona e foi usado para tratar a artrite 
reumatoide. Receberam o Prêmio Nobel em Medicina de 1950. Além do cortisol e outros 
hormônios esteroides da glândula adrenal (corticosterona, cortisona, 11-deidrocorticosterona), 
Kendall também isolou a tiroxina da glândula tireoide. 
 
 VITAMINAS 
 A descoberta das vitaminas permitiu a prevenção e o tratamento das doenças resultantes das 
carências desses elementos: escorbuto (déficit de vitamina C); beribéri (falta de vitamina B1); pelagra 
(falta de niacina, uma das vitaminas do complexo B); raquitismo (falta de vitamina D). 
 No início do século XX, o médico e pesquisador holandês Cornelis Adrianus Pekelharing 
(1848-1922), professor de Anatomia e Patologia, dedicava-se ao estudo da nutrição. Em 1905, 
 
Alves E, Tubino P. Medicina na Idade Contemporânea, 2013. 13 
 
observou que animais alimentados com proteínas purificadas, carboidratos, gorduras, sais inorgânicos 
e água só se desenvolviam se fossem adicionadas à dieta pequenas quantidades de leite. Concluiu que 
havia no leite alguma substância não reconhecida que, em quantidades muito pequenas, era necessária 
para o crescimento e a manutenção normais. Sem ela, disse Pekelharing, o organismo não tinha 
capacidade de metabolizar os nutrientes principais. 
 Em 1911, Casimir Funk (1884-1967) bioquímico polones, isolou um concentrado no farelo 
de arroz que curou a polineurite em pombos. Deu o nome de “vitamina” ao concentrado porque 
parecia ser vital para a vida e, provavelmente, era uma amina. Embora o concentrado (no caso era a 
tiamina – vitamina B1) e as outras substâncias alimentares acessórias não fossem aminas, o nome ficou. 
 Em 1913, dois grupos de pesquisa nos EUA (Osborne & Mendel e McCollum & Davis) 
descobriram uma substância alimentar acessória solúvel em gordura. Inicialmente parecia ser uma só vitamina, 
mas dois fatores separados estavam envolvidos. Um, eficaz contra xeroftalmia, foi chamado vitamina 
A; o outro, eficaz contra o raquitismo, vitamina D. 
 Em 1928, foi isolado o fator que impedia o escorbuto. Conhecido como "C solúvel em água", 
foi rebatizado como ácido ascórbico. Em 1937, o Prêmio Nobel de química foi concedido ao químico 
britânico Walter Haworth (1883-1950) por seu trabalho na determinação da estrutura do ácido 
ascórbico. O prêmio foi dividido com o químico suíço Paul Karrer (1889-1971) por seu trabalho 
sobre as vitaminas. Nesse mesmo ano o Prêmio Nobel de medicina foi entregue ao fisiologista 
húngaro Albert von Szent-Gyorgyi (1893-1986) por seus estudos sobre as funções biológicas do 
ácido ascórbico. 
 
 MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 
 Imagem por ressonância magnética: técnica não invasiva que utiliza o fenômeno da 
ressonância magnética nuclear para a obtenção de informações sobre a estrutura e composição do 
corpo a ser testado. As informações são processadas pelo computador. A ressonância nuclear 
magnética foi descrita pela primeira vez pelo físico estadunidense Isidor Isaac Rabi (1898-1988) que 
recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1944 por este trabalho. A técnica foi expandida para o uso em 
líquidos e sólidos em 1945/1946 por dois físicos que trabalhavam, independentemente, em 
universidades americanas: o suíço Felix Bloch (1905-1983), da Universidade de Stanford, e o 
estadunidense Edward Purcell (1912-1997), da Universidade de Harvard. Esses pesquisadores 
dividiram o Prêmio Nobel de Física de 1952.. 
 O método foi aprimorado para uso médico, a partir de 1971, pelo médico e cientista norte-
americano de origem armênia Raymond Damadian (n. 1936). Em um artigo publicado em 1971 na 
revista Science, Damadian, que era professor da Downstate Medical CenterState University of New York 
(SUNY), relatou que os tumores e tecidos normais podiam ser diferenciados in vivo pela ressonância 
magnética nuclear e sugeriu que a técnica poderia ser utilizada para diagnosticar o câncer. Damadian 
criou a primeira máquina de ressonância magnética do mundo em 1972, que foi usada com sucesso a 
partir de 1977. Damadian nunca foi indicado para o Prêmio Nobel, mas recebeu a Medalha Nacional 
de Tecnologia dos EUA em 1988 e foi incluído no National Inventors Hall of Fame dos EUA, 1989. 
 Ultrassonografia médica: a ultrassonografia é um método diagnóstico que aproveita o eco 
produzido pelo som para verificar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas e órgãos do 
organismo. Um pequeno instrumento chamado transdutor, semelhante a um microfone, emite ondas 
de ultrassom. Essas ondas de som de alta frequência são transmitidas para a área do corpo em estudo 
e o seu eco é recebido. O transdutor capta os ecos das ondas de som e um computador converte os 
ecos em uma imagem que aparece na tela. Há relatos de diversos pesquisadores trabalhando com a 
energia ultrassônica, mas considera-se que a ultrassonografia médica foi inventada em 1953 na 
Universidade de Lund (Suécia) pelo cardiologista sueco Inge Edler (1911-2001), considerado também 
o “pai da ecocardiografia”, e Carl Hellmuth Hertz (1920-1990), físico alemão. Ambos receberam o 
Prêmio Albert Lasker de Investigação Médica em 1977. 
 Tomografia axial computadorizada: desenvolvida em 1972 pelo engenheiro britânico 
Godfrey Hounsfield (1919-2004) e pelo físico sul africano Allan McLeod Cormack (1924-1998) da 
 
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Tufts University, Massachusetts. Hounsfield e Cormack receberam, por seus trabalhos independen-
tes, o Prêmio Nobel de Medicina em 1979. 
 
 TRANSPLANTES 
 Entusiasmados pelos avanços na anestesia, antissepsia e métodos cirúrgicos, alguns 
investigadores, no início do século XX, começaram a explorar as possibilidades de transplante renal 
em animais e, ocasionalmente, em humanos. Durante a primeira década do século XX, o cirurgião 
francês Alexis Carrel (1873-1944), em Lyon (França), tendo desenvolvido e refinado técnicas de 
suturas para anastomoses vasculares, começou a transplantar rins em animais de experimentação. 
Carrel recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1912 por sua técnica de ligação dos 
vasos do receptor aos do doador, possibilitando as transfusões sanguíneas em uma época em que não 
havia anticoagulantes. Com a experiência que adquiriu, pôde conluir que enxertos do mesmo animal 
sobreviviam e eram funcionais enquanto que os de outros animais inevitavelmente falhavam, 
explicando essa diferença com base em uma atividade desconhecida do hospedeiro. Somente em 1954, 
a equipe comandada pelo cirurgião estadunidense Joseph Edward Murray (1916-2012), no Peter 
Brigham Hospital em Boston (EUA), realizou o primeiro transplante renal com sucesso em humanos, 
transplantando um rim de Ronald Herrick para seu gêmeo idêntico, Richard, que estava morrendo de 
doença renal em fase final e sobreviveu por mais oito anos depois do transplante (figura 1). 
Entretanto, o transplante em pessoas não relacionadas continuou sendo mal sucedido até que os 
pesquisadores foram capazes de prevenir a rejeição aos transplantes por meio de drogas que 
diminuiam as respostas imunológicas do receptor. 
 Posteriormente, o transplante renal se tornou viável em uma escala razoavelmente grande. 
Christiaan Barnard (1922-2001), cirurgião nascido na África do Sul, fez o primeiro transplante de 
coração bem sucedido em humanos em 1967, embora o paciente tenha sobrevivido apenas 18 dias. 
Atualmente, também são feitos os transplantes de coração, pulmão, fígado, pâncreas e medula óssea, 
entre outros. Esse sucesso se deve, antes de tudo, à imunologia, pela descoberta dos antígenos de 
histocompatibilidade, e à farmacologia, pela obtenção de drogas imunossupressoras. 
 
 
Figura 1― O primeiro transplante renal bem sucedido, por Joel Babb (1996). 
 
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 A despeito de todo o progresso científico, certas doenças se tornaram notáveis no século XX, 
algumas epidêmicas e outras relacionadas aos novos hábitos e à maior expectativa de vida: 
− gripe espanhola (pandemia de gripe entre 1918 e 1919, que afetou 50% da população mundial, 
cerca de um bilhão de pessoas, e matou entre 20 e 40 milhões de pessoas); 
− SIDA (AIDS), em 1984 foi reconhecido que o vírus da imunodeficiência humana (HIV) 
causava a síndrome da imunodeficiência adquirida; 
− doença de Alzheimer; 
− doença de Parkinson; 
− obesidade (estilo de vida). 
 
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