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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

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DISCIPLINA: DIREITO CONSTITUCIONAL III
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA
O Título VII da Constituição Federal de 1988 introduz a chamada Ordem Econômica e Financeira, trazendo, no seu capítulo I, os princípios gerais da atividade econômica. O caput do art. 170 dispõe que a ordem econômica deve ser fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com o intuito de assegurar a existência digna a todos, conforme os ditames da justiça social, com a observância dos princípios da soberania nacional, da propriedade privada; da função social da propriedade; da livre concorrência; da defesa do consumidor; da defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; da redução das desigualdades regionais e sociais; da busca do pleno emprego e do tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
Nesse sentido, cabe entender o sentido e a amplitude de cada um dos princípios mencionados, a fim de observar os parâmetros constitucionais para o pleno funcionamento da ordem econômica.
PRINCÍPIOS DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
Inicialmente, cumpre mencionar passagem do livro de Celso Antônio Bandeirade Mello referente à relação entre o Direito Administrativo e o Direito Constitucional. Veja-se:
“A fisionomia do Direito Administrativo em cada País, seus contornos básicos, seus vetores e perspectivas são determinados pelo Direito Constitucional vigente. Assim, pois, todos os institutos interessantes ao Direito Administrativo que dizem com a intervenção do Estado no domínio econômico e no domínio social haverão de consistir na aplicação concreta dos correspondentes comandos residentes na Constituição. Cumpre, portanto, verificar quais são as diretrizes que a Lei Maior impôs nestas matérias.”
Assim, para melhor entender o funcionamento dessa intervenção do Poder Público no domínio econômico, deve-se, primeiramente, analisar o art. 170 da Carta Magna, referente aos princípios que a regem.
Como dito, ocaput do referido artigo dispõe que a ordem econômica tem a finalidade de assegurar a todos existência digna e que aquela será fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, observando os princípios elencados nos incisos, a serem detalhados a seguir:
SOBERANIA NACIONAL
A Constituição Federal inaugura a soberania como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil e do Estado Democrático de Direito (Art. 1º, inciso I) e coloca a independência nacional como princípio a reger suas relações internacionais (Art. 4º, inciso I). Então, quando o Art. 170, inciso I, aborda a soberania nacional como um dos princípios da ordem econômica e financeira, enfatiza que as atividades econômicas devem ser direcionadas para o desenvolvimento do País e, ainda, que estas atividades devem buscar meios de romper sua dependência em relação aos países desenvolvidos, no entanto, isso não significa o isolamento econômico, mas a necessidade de inserir o Brasil em condições de igualdade perante as nações modernas.       
Segundo Paulo Bonavides, esse inciso trata da soberania econômica, a qual não supõe isolamento econômico, mas sim modernização da economia com a ruptura da situação de dependência em relação às sociedades desenvolvidas. No mesmo sentido, José Afonso da Silva defende que, por meio da soberania nacional econômica, o constituinte de 1988 não quis romper com o sistema capitalista, quis, na verdade, que se formasse um capitalismo nacional autônomo, não dependente.
PROPRIEDADE PRIVADA
A propriedade privada estabelecida dentro do capítulo da ordem econômica e financeira fixou novos contornos e valores afastando o individualismo do século XVIII e XIX e o absolutismo, que prevalecia sobre o direito de propriedade, diante da nova concepção, eminentemente voltada ao interesse social. 
Trata-se de princípio também previsto como direito fundamental no art. 5°, XXII da Constituição Federal.
Tradicionalmente, era considerado como um direito “negativo”, ou seja, que demandaria somente abstenção do Estado e dos demais indivíduos e absoluto. Entretanto, hoje, a previsão constitucional da propriedade privada não permite que ela seja protegida indiscriminadamente de forma individualista, pois deve se ponderar a necessidade de cumprimento de sua função social, de modo a haver um ajuste entre os preceitos constitucionais. a essência da proteção constitucional é evitar que o Estado, por medidas genéricas ou abstratas, impeça a apropriação pelo indivíduo dos bens econômicos ou, já tendo esta ocorrido, venha a sacrificá-la mediante um processo de confisco.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
O princípio da função social da propriedade estabelecida no artigo 170, inciso III da Constituição Federal, reforça a tese de que a propriedade privada dos meios de produção quanto mais se distanciar da esfera da individualidade e se aproximar dos interesses da coletividade, mais reforçará a funcionalização do direito de propriedade-empresa dentro do contexto socioeconômico atual, à realização da existência digna de todos e da justiça social.
Da mesma forma que o artigo anterior, o art. 5°, no seu inciso XXIII, da CRFB também prevê o princípio aqui mencionado, ao dispor que “a propriedade atenderá a sua função social”.
Como mencionado, a propriedade privada e também a liberdade de contratar eram considerados valores absolutos do sistema capitalista. Atualmente, apesar de ainda serem protegidos juridicamente, tais valores são harmonizados com os demais dispositivos constitucionais, a exemplo da solidariedade social e da dignidade da pessoa humana.
Paulo Bonavides e Outros defendem que, no Brasil, a correlação entre propriedade e função social somente ingressou no ordenamento jurídico com a Constituição de 1946, em que se previu “o uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social. A lei poderá, com observância do disposto no art. 141, § 16, promover a justa distribuição da propriedade com igual oportunidade para todos”. Tal preceito se repetiu na Constituição de 1967, a qual elevou a função social à categoria de princípio da ordem econômica e social.
LIVRE CONCORRÊNCIA
Esse dispositivo visa assegurar o livre acesso e permanência de competidores no mercado, por meio de certa intervenção do Estado na liberdade de iniciativa dos agentes econômicos, pois, do contrário, haveria o domínio de alguns agentes, comprometendo, inclusive, a existência desse mercado.
A livre concorrência, além de ser importante para as empresas competidoras, é também essencial para o desenvolvimento nacional e para os próprios consumidores, uma vez que há um aumento da variedade e da qualidade dos produtos e uma consequente diminuição dos preços.
DEFESA DO CONSUMIDOR
Trata-se de princípio também previsto no art. 5°, XXXII da CRFB, o qual foi regulado pela Lei n° 8.078/90. Tal dispositivo visa proteger o consumidor, hipossuficiente, o qual se encontra em posição de inferioridade em relação ao chamado fornecedor, buscando-se o equilíbrio contratual.
O autor Rizzato Nunes bem destaca a relação entre o direito do consumidor e o direito econômico, in verbis:
“Ao estipular como princípios a livre concorrência e a defesa do consumidor, o legislador constituinte está dizendo que nenhuma exploração poderá atingir os consumidores nos direitos a eles outorgados (que estão regrados na Constituição e também nas normas infraconstitucionais). Está também designando que o empreendedor tem para oferecer o melhor de sua exploração, independentemente de atingir ou não os direitos do consumidor. Ou, em outras palavras, mesmo respeitando os direitos do consumidor, o explorador tem de oferecer mais. A garantia dos direitos do consumidor é o mínimo. A regra constitucional exige mais. Essa ilação decorre do sentido da livre concorrência.”  
DEFESA DO MEIO AMBIENTE INCLUSIVE MEDIANTE TRATAMENTO DIFERENCIADO CONFORME O IMPACTO AMBIENTALDOS PRODTOS E SERVIÇOS E DE SEUS PROCESSOS DE ELABOAÇÃO E PRESTAÇÃO.
José Afonso da Silva defende que o principal efeito da elevação da defesa do meio ambiente a princípio geral da ordem econômica é condicionar a atividade produtiva ao respeito ao meio ambiente, possibilitando ao Poder Público interferir, caso necessário, para que haja preservação da natureza.
Sendo assim, tal dispositivo tem a finalidade de disciplinar a utilização de recursos naturais, de forma racional bem como os fatores de produção, além de priorizar a redução da poluição e seus impactos no meio ambiente. Ademais, o Estado deve se fazer presente por meio do desenvolvimento de políticas que proíbam essas ações e que promovam o desenvolvimento sustentável, a fim de possibilitar o crescimento econômico, sem que haja a exploração indevida ou a destruição da natureza.
Vale ressaltar que a defesa do meio ambiente foi elevada a princípio constitucional a partir da Constituição de 1988, demonstrando uma maior conscientização da sociedade acerca da importância de se ter um meio ambiente saudável e equilibrado e das consequências geradas pela destruição dele.
 REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS E SOCIAIS
A redução das desigualdades também é prevista como um dos objetivos fundamentais da República, no inciso III, do art. 3°da Carta Magna.
Eros Roberto Grau esclarece que “a Constituição aí nada mais postula, no seu caráter de Constituição dirigente, senão o rompimento do processo de subdesenvolvimento no qual estamos imersos e, em cujo bojo, pobreza, marginalização e desigualdades, sociais e regionais, atuam em regime de causação circular acumulativa – são causas e efeitos de si próprias”.
Nesse sentido, a riqueza produzida no país não pode ficar concentrada em determinadas regiões, mas beneficiar a população brasileira no geral, de modo a se buscar uma justiça distributiva e proporcional. Inclusive, a Constituição Federal prevê mecanismos tributários e orçamentários para tentar diminuir as diferenças, a exemplo do art. 43.
BUSCA DO PLENO EMPREGO
Quanto a esse princípio, José Afonsa da Silva afirma que tem o objetivo de proporcionar trabalho a todos que estejam em condições de exercer atividade produtiva. Nesse sentido, deve o Poder Público propiciar, na medida do possível, o aproveitamento da força de trabalho existente na sociedade pelo mercado, de modo que as políticas públicas do Estado não objetivem somente em ofertar emprego e criar postos de trabalho (a mera busca quantitativa), mas sim tenham a finalidade de contribuir para o desenvolvimento do Brasil e para uma vida digna dos cidadãos.
TRATAMENTO FAVORECIDO PARA AS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE CONSTITUÍDAS SOB AS LEIS BRASILEIRAS E QUE TENHAM SUA SEDE E ADMINISTRAÇÃO NO PAÍS
Tal princípio tem o objetivo de proteger as entidades que não têm condições de competir diretamente com as grandes empresas e, assim, tenta-se pôr em prática a liberdade de concorrência e de iniciativa. A Lei Complementar n°123/06 instituiu o Estatuto da microempresa e da Empresa de pequeno porte o qual traz normas gerais acerca do tratamento diferenciado e favorecido a ser aplicado a tais empresas.
Esse tratamento diferenciado prevê menores encargos sociais, obrigações, maior apoio do Poder Público. Isso porque, segundo Josué Lafayete Petter, as empresas de pequeno porte são as que empregam mais mão-de-obra no País, valorizando o trabalho humano. E ainda, são essas empresas que estão mais próximas do consumidor, ao contrário das grandes corporações, porém são as que mais sofrem para adquirir financiamento junto a instituições financeiras, merecendo esses benefícios.
CONCLUSÃO
É possível concluir-se que a visão da propriedade como um direito absoluto favorece o desenvolvimento da sociedade e da economia.
A empresa que administra seus negócios, seus lucros, cumpre a legislação vigente, preza pela ética e colaborando com a comunidade está cumprindo sua função social.
A Livre concorrência estimula o mercado dos negócios e a livre iniciativa , aprimora o mercado de consumo e contribui para o crescimento da economia do país desde que não haja abuso do poder econômico.
REFERÊNCIAS
Unidade de estudo 3 – Princípios da atividade econômica (material disponibilizado pelo professor) 
SILVA, J.A. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1998. 876p. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4823.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 5ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008
TTER, Lafayete Josué. Princípios Constitucionais da Ordem Econômica Apud Dinara de Arruda. Da Ordem Econômica Constitucional à luz do princípio da dignidade da pessoa humana: um enfoque ao art. 170 da Constituição Federal. Disponível em: http://www.unimar.br/pos/trabalhos/arquivos/e208623f3f9dec844bda6cd96327e148.pdf
SILVA, José Afonso da. Comentários Contextual à Constituição Apud Comentários à Constituição Federal de 1988/coordenadores científicos: Paulo Bonavides, Jorge Miranda, Walber de Moura Agra; coordenadores editoriais: Francisco Bilac Pinto Filho, Otávio Luiz Rodrigues Júnior. Rio de Janeiro: Forense, 2009.

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