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Assistência de Enfermagem Clínica e Cirúrgica ao idoso Módulo: Atenção à Saúde do Idoso Profa: Rosana Stopiglia Schreen Grandes Síndromes Geriátricas Bio-Psico-Sociais Incapacidade Cognitiva Imobilidade Instabilidade Postural Incontinência Urinária Iatrogenia Insuficiência Familiar Indiferença Isolamento Social Institucionalização Saúde do idoso está relacionada a... FUNCIONALIDADE Capacidade de gerir a própria vida, ou seja, cuidar de si mesmo. Consideramos o idoso saudável quando ele é capaz de “funcionar” sozinho, ou seja, de forma independente e autônoma, ainda que tenha doenças!! Tal capacidade de “funcionar” sozinho é avaliada pela Análise das Atividades de Vida Diárias (AVDs) AUTONOMIA E INDEPENDENCIA Autonomia= Capacidade individual de decisão e comendo sobre suas ações ( dependem da cognição e do humor). Independência= capacidade de realizar algo com os próprios meios, significa execução ( depende da mobilidade e comunicação). Instabilidade Postural Aumenta o risco de ocorrência de quedas. Pode ser consequência de: alterações no sistema locomotor (com alteração da marcha); no sistema vestibular (vertigens, tonturas); no sistema sensorial (em especial a diminuição da acuidade visual); no sistema de propriocepção (capacidade de perceber o próprio corpo e seu entorno) . A principal consequência dessa síndrome é a ocorrência de quedas que são devastadoras na vida das pessoas idosas . Porque “Queda em idosos” é um evento tão importante? Pode ser devastador, comprometendo a saúde e a independência dos idosos; pode levá-lo ao óbito e, além disso, custa caro para o Estado e para as famílias. Sequencia indesejada (queda/imobilização/ cirurgia/ retorno hospital/ complicação pós operatória/óbito). Pesquisas mostram que, entre os idosos que sofreram queda há um aumento de aproximadamente 50% na mortalidade no ano subsequente à mesma. Cascata de problemas... exemplo: Uma pessoa idosa sofre uma queda acidental e desenvolve medo de cair novamente. Torna-se assim, mais insegura reduzindo suas atividades físicas. Haverá menor mobilidade que, por sua vez, pode culminar com maior declínio funcional. Este pode levar à perda da independência, repercutindo de forma significativa em sua qualidade de vida. Ptofobia= é o nome dado para caracterizar a fobia de quedas das pessoas idosas. IMOBILIDADE A Síndrome da Imobilidade (SI) envolve a incapacidade de deslocamento sem o auxílio de terceiros para os cuidados necessários à vida diária podendo o idoso estar restrito ao leito ou a uma cadeira de rodas. Conjunto de alterações decorrentes de um período de imobilização prolongada que comprometem a independência e, consequentemente, a qualidade de vida da pessoa idosa. IMOBILIDADE Por imobilidade entende-se qualquer limitação do movimento. No grau máximo de imobilidade, conhecido como síndrome de imobilização ou da imobilidade completa, o idoso é dependente completo e, usualmente, apresenta: déficit cognitivo avançado, rigidez e contraturas generalizadas e múltiplas, disfagia, afasia, incontinência urinária e fecal, úlceras por pressão. Necessita de cuidados em tempo integral. Suas principais CAUSAS são: a) Problemas osteoarticulares incluindo problemas nos pés (deformidade, calosidade); b) Alterações cardiovasculares (AVE, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica); c) Doenças respiratórias (DPOC); d) Iatrogenia medicamentosa (neurolépticos, ansiolíticos, hipnóticos) e) Doenças neurológicas e psiquiátricas (demência, depressão, Parkinson); f) Desnutrição; g) Quedas repetidas; h) Isolamento social COMPLICAÇÕES: desenvolvimento de úlceras por pressão, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, isquemia arterial aguda, fraturas, incontinência, retenção urinária, infecções, atrofia muscular, encurtamento dos tendões, contraturas, constipação, delirium, inversão do ritmo do sono, depressão, entre outras. As principais consequências da imobilidade... Sistema cardiovascular: hipotensão ortostática; intolerância ortostática (taquicardia, náusea, sudorese e síncope após repouso prolongado); redistribuição do volume circulante dos membros inferiores; redução da capacidade aeróbica, com redução da tolerância ao exercício; maior risco de trombose venosa profunda; Sistema respiratório: redução do volume corrente e da capacidade vital; hipersecreção brônquica; tosse ineficaz; pneumonia; retenção de secreção; embolia pulmonar; insuficiência respiratória; Sistema digestório: anorexia secundária a restrição dietética, doença de base, efeito de medicamentos, alterações psíquicas; desidratação por redução da ingestão hídrica; maior risco de aspiração pulmonar, por engasgo, tosse ou refluxo associados a posicionamento inadequado; doença do refluxo gastroesofágico; constipação intestinal e fecaloma; As principais consequências da imobilidade... Sistema geniturinário: aumento do volume residual da bexiga e maior risco de retenção urinária ; maior risco de incontinência urinária de urgência, maior risco de infecção urinária aguda ou recorrente; nefrolitíase (hipercalciúria da imobilidade e menor ingestão de água); Pele: prurido e irritação nas regiões de dobras cutâneas, particularmente nas regiões infra mamária e Inter glútea; dermatite da “fralda”; escoriações, hematomas frequentemente causados por manipulação inadequada do idoso; úlcera por pressão devido à compressão prolongada da pele, redução do tônus e da força muscular (3 a 5% ao dia), encurtamento e atrofia muscular; redução da elasticidade das fibras colágenas, encurtamento muscular e tendinoso. MOBILIDADE É fundamental para a execução das decisões tomadas (independência funcional), responsável pelo deslocamento do indivíduo e manipulação do meio. Está intrinsecamente associada ao movimento ou deslocamento no espaço, possibilitando a independência do indivíduo. A capacidade de deslocamento é avaliada através da postura, marcha e transferência. A capacidade de manipulação do meio depende dos membros superiores, responsáveis pelo alcance, preensão e pinça. A instabilidade postural é frequente nos idosos e tem como complicações as quedas e a imobilidade. As quedas ocorrem em 30% dos idosos. A síndrome do “ombro doloroso” é uma importante causa de dor, limitação funcional e dependência física no idoso. Tem como causas principais as artrites, tendinites e bursites. COGNIÇÃO É o conjunto das capacidades mentais, ou seja, é a capacidade mental de compreender e resolver os problemas do cotidiano. Formada por: memória, função executiva, linguagem, praxia (capacidade de executar ato motor), gnosia (capacidade de reconhecer estímulos), função visuoespacial (capacidade de localização e percepção objetos). Domínio Cognitivo Conceito Memoria Capacidade de Aquisição, formação, conservação e evocação de informações. Linguagem Capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita. Funções administrativas ou executivas Capacidade para planejamento, formulação de estratégias para se alcançar determinado objetivo, iniciação e sequenciamento de atividades, auto monitoramento e flexibilidade para modificar o que foi previamente planejado. Praxias Capacidade de executar um ato motor. Gnosia ou percepção Capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis. Habilidades visuoespaciais Capacidade de localização no espaço e percepção das relações dos objetos entre si. COGNIÇÃO A cognição é responsávelpela nossa capacidade de decidir. Juntamente com o HUMOR (motivação), é fundamental para a manutenção da autonomia. A avaliação das atividades de vida diária (AVD) é a primeira fase da avaliação cognitiva. Insuficiência Cognitiva Denomina-se todas as vezes em que há um comprometimento dessas funções, capaz de prejudicar ou, mesmo, impedir a pessoa de gerir a própria vida ou cuidar de si mesma. INSUFICIÊNCIA COGNITIVA Conceito= conjunto de funções cerebrais formadas pela memória (armazenamento das informações), função executiva (capacidade de planejamento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas complexas), linguagem (compreensão e expressão da linguagem escrita e oral), praxia (capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuo-espacial (capacidade de localização no espaço e percepção das relações entre os objetos). O funcionamento integrado dessas diferentes funções permite que os indivíduos interajam entre si e com o mundo, buscando resolver as situações e dificuldades cotidianas (capacidade de decidir) que juntamente com nosso humor (motivação) são responsáveis pela manutenção da autonomia da pessoa idosa. A incapacidade cognitiva é um diagnóstico sindrômico que envolve esquecimento confirmado por familiares, dificuldade no desempenho de atividades cotidianas e alteração na triagem cognitiva. Está associada a quatro grandes causas: a) Demência b) Depressão c) Delirium d) Doença mental. PERDA DA COGNIÇÃO A perda da cognição ou incapacidade cognitiva é, portanto, o “apagamento” da identidade que nos define como ser pensante. As principais causas da incapacidade cognitiva são demência, depressão, delirium e doenças mentais, como esquizofrenia, e outras... COMUNICAÇÃO É atividade primordial do ser humano. A possibilidade de estabelecer um relacionamento produtivo com o meio, trocar informações, manifestar desejos, ideias e sentimentos está intimamente relacionada a habilidade de se comunicar. É através dela que o indivíduo compreende e expressa seu mundo. As habilidades comunicativas compreendem quatro áreas distintas: linguagem, audição, motricidade oral e a fala/voz. A visão pode ser incluída como a quinta função comunicativa, atuando como função compensatória, na ausência das outras habilidades da comunicacao oral-verbal. Problemas de comunicação podem resultar em ... perda de independência e sentimento de desconexão com o mundo, sendo um dos mais frustrantes aspectos dos problemas causados pela idade perda ou restrição da participação social (funcionalidade), comprometendo a capacidade de execução das decisões tomadas, afetando diretamente a independência do indivíduo. HUMOR O humor (ânimo, motivação) é uma função indispensável para a preservação da autonomia do indivíduo, sendo essencial para a realização das atividades de vida diária. O rebaixamento do humor ou baixa motivação varia desde a tristeza isolada até a depressão maior (importante: a depressão NÃO é uma consequência natural do envelhecimento). Incontinência Urinária e Fecal Entre as incontinências, a urinária é a mais comumente observada nas pessoas idosas. Isso não faz dessa condição algo “normal” na velhice, muito pelo contrário. Ela representa uma alteração que deve ser investigada e tratada dadas seu impacto na qualidade de vida das pessoas acometidas. Alterações na micção ocorrem com o envelhecimento, nos dois sexos. É mais comum entre os idosos a noctúria ou seja, urinar à noite. - Há uma redução da contratilidade e da capacidade de armazenamento vesical, - Diminuição da habilidade em retardar a micção, - Aumento do volume residual . Nos homens, a hipertrofia da próstata é comum, deslocando a pressão para o colo da bexiga e resultando em retenção urinária, incontinência e infecção do trato urinário . Nas mulheres, em especial as multíparas, podem apresentar incontinência por estresse ou seja, liberação involuntária de urina quando do aumento da pressão intra- abdominal (tosse, espirro, carregar peso, gargalhar,etc) em decorrência do enfraquecimento da musculatura pélvica e da bexiga. Incontinência Urinária A continência esfincteriana é decisiva para a independência do indivíduo. A perda do controle esfincteriano é causa importante de restrição da participação social, isolamento e baixa autoestima. A presença de incontinência urinaria deve ser prontamente reconhecida, solicitando-se ao paciente a descrição da sua micção (volume, frequência, intervalo, aspecto, etc.), dando-se ênfase na presenca de urgencia miccional e nocturia, sintomas comumente associados a incontinência urinaria. O diagnóstico de incontinência urinaria deve ser seguido por investigação precisa das possíveis causas. Incontinência Fecal Mais rara, porém, presente é a incontinência fecal. A real incontinência fecal é geralmente associada a alterações no esfíncter anal externo e está associada a presença de AVE, neuropatia periférica (diabetes) e declínio cognitivo. Suas consequências são tão ou mais desastrosas que as observadas na IU. Devemos lembrar que o intestino sofre várias alterações com o processo de envelhecimento que podem ocasionar maior prevalência de constipação, neoplasias e doença diverticular. Não é incomum que idosos com impactação fecal (fecaloma). O tratamento deve ser feito com o uso de enemas, laxativos, uso de fibras e aumento na ingestão de líquidos. Iatrogenia Malefício causado pelos profissionais da saúde! Refere-se a um estado de doença, efeitos adversos ou complicações causadas por ou resultantes do tratamento médico, sendo condições iatrogênicas que não resultam necessariamente de erros médicos . Exemplo: anorexia, alopecia, náusea e vômito pós QT Idoso já é vulnerável e a Iatrogenia pode resultar de... -iatrofarmacogenia( polifarmácia e interação medicamentosa); -internação hospitalar ( subnutrição, imobilidade= UPP, infecções); -iatrogenia palavra (desconhecimento palavras técnicas); -iatrogenia silêncio (dificuldade de ouvir paciente e familiares); -subdiagnóstico (“todas as queixas são da idade”) -cascata propedêutica( excesso solicitação exames); -prescrições de intervenções fúteis ou sem comprovação científica e excesso intervenções reabilitadoras ( equipe interdisciplinar) Para minimizar essas ocorrências, alguns cuidados são necessários com as prescrições das pessoas idosas: a) Estar atento à presença de reações adversas e tratamentos desnecessários; b) Considerar a adesão, a informação e o tipo de embalagem do medicamento (pode confundir os idosos) e escolaridade da pessoa idosa; c) Investigar a automedicação; d) Prestar atenção ao aprazamento entre as drogas (amplos intervalos entre as doses); e) Revisar a prescrição em todo atendimento do idoso e relembre com ele a indicação de cada medicamento; f) Investigar reações adversas potenciais; g) Estar atento a possíveis interações medicamentosas. INSUFICIENCIA FAMILIAR Família é essencial para o bem estar biopsicossocial do idoso É a principal responsável pelo cuidado do idoso! Com a transição demográfica houve diminuição capacidade de cuidar dos idosos... Porque??? - Diminuição número de filhos - Mulher mercado trabalho - Valorização do individualismo - Conflitos geracionais - Mudanças nas dimensões de habitação Institucionalização Na sociedade contemporânea, é uma característica da família – de base capitalista – conviver com mais idosos, porém, o idoso é visto como incapaz e improdutivo, por vezes,descartável e como se não pudesse participar de nada nem opinar. Muitos idosos (pobres ou ricos) que se encontram em estado de patologias crônicas ou demência, cujo cuidado ficou impossível em casa, buscam, ou seus familiares, pela internação asilar. Quando nas ILPIs (Instituições de Longa Permanência de Idosos) irão deparar-se com limites e fronteiras, espaços contraditórios com temporalidades e histórias entrecruzadas, normas não escolhidas pelos mesmos; espaço estruturado por funções coletivas, relações hierarquizadas de poder, separação do espaço institucional da vida sociocomunitária de até então. As ILPIs não deveriam ser configuradas apenas como instituições que acolhem idosos rejeitados ou abandonados pela família, mas também deveriam ser lembradas, compreendidas e respeitadas como uma ESCOLHA dentro do contexto de vida de cada indivíduo. O idoso terá que reconstituir seus vínculos, quando institucionalizado, e se adaptar a um cotidiano marcado pelo desconhecido e pela imprecisão do lugar. Na ILPI, o idoso passará a desfrutar de um cotidiano, deixando para trás seu estilo de vida... Referencias BRASIL. Ministério da Saúde. Moraes EN, Atenção à saúde do idoso: Aspectos Conceituais. Brasília. 2012. Disponível em: http://apsredes.org/site2012/wp- content/uploads/2012/05/Saude-do-idoso-WEB1.pdf. Acesso em 31 Jan 2017. http://portalamigodoidoso.com.br/alimentacao-saudavel-para-idosos/alimentacao- saudavel-para-idosos/#prettyPhoto/0/ Moraes EM, Marino MCA, Santos RR. Principais síndromes geriátricas. Rev Med Minas Gerais 2010; 20 (1):54-66. Vilela AL; Moraes EM; Lino V. Grandes Síndromes Geriátricas. In: Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Rio de Janeiro: EAD/ENSP, 2008. Duarte YAO. Grandes Sindromes Geriátricas. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4111269/mod_resource/content/0/Texto%2 0de%20apoio_Sindromes%20geri%C3%A1tricas.pdf. Acesso em 05 Fev 2018. Referencias BRASIL. Governo Federal Ministério da Saúde . Borges APA; Coimbra AMC (org). Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Secretaria de Atenção à Saúde .FIOCRUZ. 2010. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/444168/mod_resource/content /1/Envelhecimento_e_saude_da_pessoa_idosa.pdf#page=194. Acesso em 05 Fev 2018. Duarte LMN. O processo de institucionalização do idoso e as territorialidades. Espaço como lugar? Estud. Interdiscipl. Envelhec., Porto Alegre, v. 19, n. 1, p. 201-217, 2014.
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