Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DEPOSITO Artigos 627 a 652 CC Dever de guardar um objeto alheio. Ex eu vou fazer uma viagem e entrego os meus bens, para que o meu vizinho guarde- ele será o depositário dos meus bens. Conceito = É o contrato pelo qual uma das partes – o depositário- recebe da outra, que seria o depositante – um objeto móvel, para guardar até que o depositante o reclame. Durante a permanência do depositário na posse da coisa, ele deve assumir a posição de guarda. LOGO, Depósito é o contrato em que uma das partes, nomeada depositário, recebe da outra, denominada depositante, uma coisa móvel, para guardá-la, com a obrigação de restituí-la na ocasião ajustada ou quando lhe for reclamada. Dispõe o art. 627 do Código Civil que “pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame”. Observação: Vamos imaginar que enquanto eu permaneça fora, em outra cidade, eu entrego as chaves do meu apartamento, para o meu vizinho tomar conta ( ele terá que impedir que terceiros ingressem, cuidando da minha gata Salomé), em outras palavras, ele esta me prestando um serviço. Eu firmo com ele uma prestação de serviços, não ha que se falar em depósito imobiliário, mas sim uma prestação de serviço. CARACTERÍSTICAS O contrato de depósito apresenta as seguintes características: ■ Tem por finalidade a guarda de coisa alheia. ■ Exige a entrega da coisa. ■ Tem por objeto coisa móvel. ■ Impõe ao depositário a obrigação de restituir. ■ Lhe é peculiar a gratuidade.(ver CRG) A principal característica do depósito reside na sua finalidade, que é a guarda de coisa alheia. É o traço que o distingue do comodato, pois o comodatário recebe a coisa para seu uso. No depósito, todavia, não pode o depositário dela se servir “sem licença expressa do depositante.”ver 640 Em vários outros contratos, um dos contraentes assume também a obrigação de guardar a coisa recebida, como ocorre, por exemplo, na locação (CC, art. 569, I) e no comodato (art. 582), mas não como a finalidade primordial da avença. Nesses contratos, tal obrigação se mostra secundária. CUIDADO: Natureza do contrato : real, somente se aperfeiçoa após a entrega do bem, o mero ajuste, acordo, documento escrito pelo qual uma das partes se obriga a receber a outra em deposito, não é suficiente. Entrega do objeto - aqui se chama tradição. Ver CC Seção 1 Deposito voluntario = E Seção 2 Deposito necessário = 1 deposito voluntário é o livremente ajustado ente as partes, decorre da vontade. 2 deposito necessário = não resulta de um ajuste de vontades, ele é celebrado por força das circunstâncias, e essas circunstancias impedem o depositante em escolher quem é o depositário, ele é obrigado a contratar com pessoa, cujas características desconhece. Ocorre, portanto, quando o depositante é premido pelas circunstancias, a contratar, a firmar o deposito. O deposito necessário, vai se desdobrar em 3 sub- modalidades distintas: a) Legal: ele vai se fazer no desempenho de uma obrigação legal, em alguns ocasiões a própria lei ordena o deposito ex quando uma pessoa acha um objeto perdido, estou na piscina de um hotel e acho uma carteira perdida de um hospede; ou eu guardo ou entrego a entidade hoteleira. b) miserável = tem a ver com a ideia de calamidade inundação, incêndio, naufrágio que faz com que alguém entregue a outra pessoa - a primeira pessoa que eu encontrar na rua, peço que ela guarde os meus objetos, eu não tenho como escolher uma pessoa fidedigna, eu entreguei os meus objetos para a primeira pessoa que eu encontrei. Ver conceito legal - 647 c) hoteleiro = é o que fazemos com os hotéis e pousadas, confiamos os nossos objetos para que a entidade hoteleira venha a guarda-los. Ex bagagens ver conceito legal 649 ver 628 – o contrato de deposito é gratuito, exceto se houver convenção em contrário, se resultante de atividade negocial ou se o depositário o praticar por profissnao ver p u 628 Os regramentos que vamos comentar a partir de agora dizem respeito ao DV o DV presume-se gratuito é como se fosse um contrato entre amigos eu vou viajar e peço para colocar as minhas joias no cofre dele. Presunção juris tantum de gratuidade exceto: se houver previsão em contrario, exceto se resultante de atividade negocial, ex depósitos efetuados em cofres bancários; exceto se o depositário praticar o deposito por profissão, que esta sempre cobrando pelo guarda de objetos alheios CUIDADO no p u, o 628 reporta-se ao deposito oneroso= se a contraprestação não for acertada ou não decorrer da lei, deve-se levar em conta os usos do local e na falta, o arbitramento judicial. Ver art 629 = o depositário é obrigado a tratar a guarda e conservação da coisa depositada o cuidado e diligencia necessária, bem como devolva os frutos... AQUI estão as principais obrigações do depositário decorrentes do contrato de depósito. (o de guarda, de conservação e de restituição) O de guarda= custódia O de conservação= se materializa por meio de atos que buscam preservar o bem se eu peço para que o meu vizinho guarde a minha gata, (bem da classe dos semoventes) ele deve comprar comida, levar ao veterinário, quando ela estiver doente. Se a cadelinha que foi dada em depósito veio a dar cria, os filhotes devem ser conservados e restituídos ao seu dono. Art 630 se o deposito se entregou fechado, lacrado, nesse mesmo estado se manterá. Embora o artigo não mencione, entende a doutrina e a jurisprudência que eventual rompimento do lacre, há obrigatoriedade de se ressarcir as perdas e danos. Ver 631 - As despesas de restituição cabem por conta do depositante. ex se eu peço ao meu vizinho que tome conta do meu cachorro enquanto eu estiver fora, lá na casa do vizinho, é que eu devo busca-lo e pagar as despesas de restituição.(o depositante é que arca com os gastos- ex eu entreguei em deposito uma maquina de halterofilismo que pesa mais de uma tonelada 5 pessoas vão ser necessárias para pegar a maquina e me entregar LOGO, as despesas de restituição cabem por conta do depositante Se a coisa tiver sido depositada no interesse de terceiro...ele este aquele - artigo confuso o 632 O principal interessado ex vamos imaginar que em contrato de C e V eu me obrigue a entregar um quadro de um pintor famoso a uma outra pessoa, só que a pessoa esta viajando, então o quadro deveria ser entregue em depósito a outra já especificada no contrato, até que essa pessoa, que tem direito a receber o quadro, retorne e possa recebe-lo. Cria-se uma relacão jurídica entre depositante e depositário- o depositante sou eu, o depositário é o que recebe para guarda-lo e tem ainda o terceiro beneficiado. Não poderá o depositário exonerar-se, entregando ao depositante, restituir o objeto sem o consentimento do terceiro. Essa é a ideia! Art 633- ainda que o contrato fixe prazo a restituição o depositário deve entregar a coisa assim que se o exija, SALVO: 1 – Direito de retenção: é quando o depositário pode reter o objeto em sua posse de forma legitima, ex até que se pague a retribuição devida (lembrar do depósito oneroso) e o valor líquido das despesas feitas, ou dos prejuízos que do depósito surgirem. ver 644 outro ex dei em deposito um boi contaminado, que veio a contaminar outros bois do depositário, esses prejuízos devem ser ressarcidos 2- Se o objeto for embargado judicialmente : Nessa situação o objeto está “preso” ao juízo, está sub judice. 3- Pendencia de execução sobre o objeto, se sobre ele incidir execução: A execução deve ser notificada ao depositário, o objeto está sub judice.4- motivo razoável para suspeitar que a coisa foi dolosamente obtida: Foi obtida por furto, roubo, ex meu vizinho me entrega o seu automóvel para que eu o guarde, eu vejo um anuncio no jornal dando uma indenização para quem encontrar o automóvel. Nessa situação, o depositário precisa expor ao juízo os motivos da suspeita e requerer que a coisa seja levada ao deposito oficial (repartição publica onde as coisas “aparentemente” roubadas/furtadas são recolhidas) ver art 634 LOGO, essas 4 situações legitimam uma recusa do depositário a proceder a restituição do objeto Art 635 – quando o depositário por motivo plausível não a possa guarda-la e o depositante não queria recebe-la Normalmente o deposito é realizado na amizade, assim o depositário não é obrigado a manter a coisa a qualquer custo e se o depositante se recusar a receber, nada mais resta do que requerer o deposito judicial. Motivo plausível (motivo justificável, razoável) Ex o depositário tem que realizar um viagem inadiável, ou tenha que fazer a transferência do seu domicilio para outra cidade; não é a mesma coisa que caso fortuito e força maior (evento inevitável, irresistível, ex guerra, incêndio, inundação. Para efeito de escusa do depositário o nosso CC já se contenta com a existência de um motivo plausível. O depositário deverá proceder a devolução da coisa ao depositante, se o depositante se recuse a recebê-la, deverá promover o deposito judicial. Art 636 - o depositário enquanto que estava com o objeto sob a sua custodia, veio a perdê-lo, por motivo de força maior e depois recebeu outro objeto em seu lugar, esse objeto recebido deve ser restituído ao depositante. Ex contrato de seguro automotivo, que garante o segurado contra riscos decorrentes da perda ou depreciação do veículo, em dado momento o veículo é roubado, o depositário exigira da seguradora uma indenização ou a entrega de outro veiculo, semelhante ao que foi roubado, recebe novo objeto para substituir o que se perdeu, entende-se que o depositário é obrigado a entregar esse segundo objeto ao depositante. (cessão de direitos do depositário ao depositante) Art 637 = O herdeiro do depositário que, de boa fé, vendeu a coisa depositada é obrigado a assistir ao depositante, na reivindicação... se reporta a morte do depositário. Como fica a situação, sob o ponto de vista jurídico? O depositário faleceu, com a sua morte o herdeiro se habilita para receber o seu patrimônio, o herdeiro se confundiu : achou que o automóvel integrava o patrimônio do depositário. De boa fé, ele vende a coisa depositada a um comprador de boa fé. Diante desse contexto, qual a solução jurídica a aplicar? Lembrar da evicção (acontece toda vez que uma pessoa sofre a perda judicial de uma coisa em favor de seu legitimo pp) O dono do objeto e legitimo propriatário é o depositante. Ele, provavelmente, moverá uma ação reivindicatória contra o comprador. CUIDADO: O herdeiro é obrigado a ASSISTIR (intervenção de terceiros- auxiliar a parte litigante) o depositante na reivindicação e ao mesmo tempo RESTITUIR ao comprador o preço pago/recebido, ele terá, portanto, duas obrigações. Art 638 Salvo os casos previstos nos arts 633 e 634 não poderá o depositário furtar-se ao deposito... Esses artigos se referem as 4 hipóteses em que o depositário poderá se recusar a restituir, mas o que essas hipótese tem a ver com o 638? Ler de novo!!! salvo os 4 casos supramencionados, não poderá o depositário frutar-se a restituição, alegando não pertencer a coisa ao depositante, nem sempre o depositante é proprietário da coisa ex usufruto, entrego um automóvel para o joão ser o usufrutuário, em nenhum momento eu transmiti a propriedade, ele em dado momento entrega em deposito, ex carro estacionado no shopping, o depositário não pode furtar-se a restituição, com base na alegação de que a coisa não seja do usufrutuante, que não seja de sua propriedade, outro ex motorista particular peço para ele fazer uma compra no shopping o automóvel foi confiado ao estacionamento pelo motorista, que é preposto, empregado. CUIDADO ver 638 A principio não cabe compensação (as mesmas partes são, reciprocamente, credora e devedora uma da outra ex uma deve a outra 1000 reais, elas são extintas até onde se compensarem), exceto se essa compensação se fundar em outro deposito. Exemplo: Relação jurídica 1 = A entrega veiculo em deposito a B, sendo B o depositário, que é obrigado a restituir. Relação jurídica 2= A, em outro negocio jurídico, esta devendo a B 30 mil, vamos dizer que A não paga o que deve a B, poderia B, baseado na primeira relação, alegar compensação de divida e se recusar a entregar o carro? A resposta é negativa. A única hipótese em que a compensação seria possível é quando fundada em outro depósito. Ex entre A e B exista a seguinte situação: B entrega uma moto em depósito a A, e A se recusa a restituir a moto, enquanto B não restituir o automóvel de A nesse caso poderia se falar em compensação de deposito. Ver art 639 Sendo dois ou mais depositantes e divisível a coisa cada uma só entregara ao depositário a sua parte, salvo se houver solidariedade Pluralidade de depositantes e coisa divisível Ex dois depositantes 1 e 2, imaginemos que o objeto do deposito seja 10 garrafas de um vinho raro, foram entregues em deposito ao depositário. O depositante 1 aparece e exige a devolução, devera receber 5. Excepcionalmente se houver solidariedade, pode exigir as 10. Art 640= sob pena de responder por perdas e danos, não poderá o depositário sem licença expressa do depositante .... Imaginem que eu entregue o meu relógio em depósito ao vizinho e ele passa a assumir a função de guarda, só que ele tem uma festa hoje e resolve ir com o meu relógio, ai ele estaria descumprindo uma obrigação natural ao contrato de deposito, que é de guarda, no momento em que ele usa o bem, ele deixa de ser depositário e passa a ser comodatário- é como se houvesse uma evasão do contrato de deposito e uma incursão no contrato de comodato. No momento em que o depositante passa a ver no uso a sua função precípua. O contrato de deposito é um contrato personalíssimo= porque foi firmado em virtude das características especiais do depositante = relação de confiança- se foi infringido o 640, cabe perdas e danos. Ver 64 0 p. U.= Culpa: imaginemos que o depositante autorize o depositário a transferir a coisa a um terceiro, o depositário responde, caso tenha agido com culpa na escolha do terceiro= culpa in elegendo Exemplo: durante uma viagem eu entrego o meu cachorro para o vizinho, ele, em dado momento, não pode mais tomar conta, entra em contato comigo por e-mail, me explicando que o meu animal não poderá ficar sob a sua custodia, e eis que ele me sugere a entregar o animal a uma terceira pessoa, que vai velar adequadamente pelo meu animal e o meu animal vem a morrer em suas mãos, nessa situação, se o meu vizinho procedeu culposamente na escolha desse terceiro, ele deve assumir a total responsabilidade. Ver 641= se o depositário se tornar incapaz a pessoa que assumir a regência dos bens, imediatamente ira restituir a coisa depositada, não podendo recebe-la recolhera ao deposito publico ou providenciara outro depositário. Ex eu, entrego o meu relógio, em deposito a José, que fica com esse relógio sob sua custodia, dias depois, ele sofre um acidente e entra em coma- superveniência da incapacidade civil do depositário- as pessoas incapazes devem ser representadas pelos seus pais, tutores ou curadores. Duas opções: 1- recolher a coisa ao deposito publico, 2- proceder a nomeação de outro depositário Ver 642- O depositário não respondepelos casos de força maior- caso fortuito, mas para que valha a escusa terá que prová-los. Ex a coisa foi entregue em depósito ao depositário, na pendência do deposito ocorreu um terremoto, ou a coisa é roubada. Ver 643- a principio, o contrato de deposito é gratuito, se presume a gratuidade, somente em caso excepcional, quando for ajustada a remuneração ou o depositário é profissional, é que vai se falar em depósito oneroso. Ex cachorro faz xixi no tapete persa do depositário, gerou prejuízo. SE durante o deposito, o depositário suportar prejuízo, a principio, o depositante é obrigado a pagar. Ver 644- o depositário poderá reter o depósito ate que se lhe pague a retribuição devida. Referente as despesas e aos prejuízos, nem com a retribuição devida, se for deposito oneroso, ele depositário pode exercer o direito de retenção.(direito de manter a coisa em sua posse ate ser ressarcido) É uma prerrogativa do depositário. Vamos imaginar que essas dividas despesas e prejuízos sejam ilíquidos, em relação a deterioração do tapete persa, é preciso contratar um avaliador. Se as dividas, prejuízos, despesas forem ilíquidos ou não ficarem suficientemente provados, entende o p.u. que o depositário terá o direito de exigir uma caução, situação 1- que, de certa maneira, assegure a reposição da coisa. Nesse caso, a coisa deve ser restituída. Situação 2 – o depositante não presta caução- consequência: O depositário pode requerer que a coisa seja recolhida ao deposito publico ate que os valores sejam liquidados. 645- o deposito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos de mesmo gênero, quantidade e qualidade, se regerá pelo mútuo. ALEM DE MOVEL, a coisa também deve ser infungível. Ex animal de estimação, veículo automotor de uso pessoal- coisa móvel infungível. Deposito de coisas fungíveis= deposito irregular Não é deposito, é mútuo. O 645 equipara o deposito de coisas fungíveis ao mútuo. Ex deposito bancário 646- o deposito voluntario provar-se-á por escrito, a prova testemunhal não é satisfatória; o depósito necessário admite qualquer meio de prova, inclusive testemunhal. Deposito necessário 647 – Conceito: DN é aquele em que o depositante é forçado pelas circunstâncias a efetuar o depósito com pessoa cujas virtudes desconhece. A contingência da situação é que leva o depósito necessário a ser realizado. 1- o que se faz em desempenho de obrigação legal = DL 2- o que se efetua por ocasião de calamidade= DM 3- 649= o das bagagens dos viajantes e hóspedes= D Hoteleiro ex 1 achado de coisa perdida, em um ônibus, em um restaurante, em um taxi ver artigo em dir das coisas –todo aquele que achar coisa perdia, obriga-se a restitui-la ao seu proprietário ou legítimo possuidor. Ate que isso ocorra, o “achador’ deve manter a coisa em seu depósito. Bagagem= conjunto de objetos que os hospedes ordinariamente levam consigo. Exemplo: roupas, material de banho, perfume, maquiagem. O hotel responde pelos furtos ou roubos. Se eu entro no hotel com uma obra de arte que vale milhões, destoa da ideia de objetos ordinários Se as normas do deposito necessário, forem omissas ou ineficientes, aplicam-se as regras do deposito voluntario. Ver 650 = cessa, no caso do artigo antecedente, a responsabilidade dos hospedeiros pelas bagagens, se ficar provado que o prejuízo sofrido não poderia ser evitado ( CF ou FM) ex terremoto, alguns pertences dos hospedes perecem ou arrastão. CUIDADO: 651- o DN não se presume gratuito. Na hipótese do 649- deposito hoteleiro, a remuneração pelo deposito esta incluída no preço da hospedagem. MESMO que tenha cofre, não pode cobrar pelo uso. Seria abusiva a cobrança extra para ter direito a um cofre. 652- hoje essa regra, não tem a menor importância prática. Ele retoma a questão de depositário infiel, artigo 5 inciso 67 da CF/88, matéria já pacificada pelo STF, tendo inclusive uma sumula vinculante n 25. Invalidade de cláusula de não indenizar A obrigação de ressarcir o prejuízo não pode ser excluída nem mediante cláusula de não indenizar pactuada com o hóspede, pois o hoteleiro é um prestador de serviços, sujeitando-se ao Código de Defesa do Consumidor, no que este não contrariar o Código Civil (CC, art. 593). E o art. 51, I e IV, do diploma consumerista considera nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que atenuem, por qualquer forma, a responsabilidade do fornecedor de produtos e prestador de serviços. No dia 3 de dezembro de 2008, o Supremo Tribunal Federal, por maioria do Plenário, negou provimento ao RE 466.343-SP, oriundo de uma ação concernente a um contrato de alienação fiduciária. A referida decisão pôs fim à prisão civil do depositário infiel, tanto nas hipóteses de contratos, como os de depósito, de alienação fiduciária, de arrendamento mercantil ou leasing, por exemplo, como no caso do depositário judicial. Em consequência, o mesmo Tribunal revogou a Súmula 619, segundo a qual a prisão do depositário judicial podia “ser decretada no próprio processo em que se constituiu o encargo, independentemente da propositura de ação de depósito”. A tese majoritária atribuiu status supralegal, acima da legislação ordinária, aos tratados sobre Direitos Humanos, embora situados em nível abaixo da Constituição. Por força da Emenda Constitucional n. 45/2004, foi acrescentado ao art. 5º da Constituição Federal um novo parágrafo (§ 3º), que confere valor de emenda constitucional ao tratado que for aprovado com quorum qualificado de três quintos dos votos de cada Casa Legislativa, em duas votações — o que ainda não veio a ocorrer com nenhum tratado internacional. Prevaleceu, no aludido julgamento da nossa Suprema Corte, o entendimento de que o direito à liberdade é um dos direitos humanos fundamentais priorizados pela Constituição Federal, somente podendo ocorrer a sua privação em casos excepcionalíssimos, como no da prisão por dívida alimentar. O Pacto de São José da Costa Rica proíbe, em seu art. 7º, n. 7, a prisão civil por dívida, excetuando apenas o devedor voluntário de pensão alimentícia. O mesmo ocorre com outros tratados sobre direitos humanos aos quais o Brasil aderiu, como, verbi gratia, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966, patrocinado pela ONU, e a Declaração Americana dos Direitos da Pessoa Humana, firmada em Bogotá em 1948. Assim, “por ter havido adesão ao Pacto de São José da Costa Rica, que permite a prisão civil por dívida apenas na hipótese de descumprimento inescusável de prestação alimentícia, não é cabível a prisão civil do depositário, qualquer que seja a natureza do depósito” Todavia, o STF pôs fim à prisão civil do depositário infiel, tanto nas hipóteses de contratos como nas de depósito e de alienação fiduciária, v.g., no caso do depositário judicial, revogando, em consequência, a Súmula 619.
Compartilhar