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LITÍASE RENAL AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E TRATAMENTO Ana Teixeira Unidade Nefrologia Pediátrica – CH São João Curso para Internos SPP (Março, 2012) LITÍASE RENAL � Incidência variável � Adultos 5-15% � Crianças 1/10 – 1/40 metodologia de estudo, diferenças geográficas, genéticas e socioeconómicas � Subdiagnóstico Sinais e sintomas subtis e inespecíficos� Sinais e sintomas subtis e inespecíficos � Sem predomínio de idade � Sexo masculino (2:1) � História familiar positiva (40%) LITÍASE RENAL � Alteração metabólica / morfológica subjacente (>75%) � Tubulopatia � Doença hereditária do metabolismo � Infeção trato urinário � Malformação nefro-urológica � Nutrição � Desequilíbrio entre promotores / inibidores Cálcio Oxalato Fosfato Urato Carbonato Cistina Sódio Citrato Magnésio Glicosaminoglicanos Proteínas pH, produto solubilidade � Avaliação diagnóstica detalhada e sistemática � História clínica pessoal e familiar � Exame objetivo � Estudo imagiológico� Estudo imagiológico � Avaliação laboratorial Cálculos renais são sinais avisadores de doença!Cálculos renais são sinais avisadores de doença! CLÍNICA � Assintomático � Sintomas inespecíficos � Dor abdominal (cólica, inespecífica) � Defesa na palpação dos flancos Piúria estéril� Piúria estéril � ITU repetidas � Hematúria (macro e microscópica, não glomerular) � GI secundários: vómitos, flatulência, obstipação � Trato urinário inferior � Disúria, perturbações da micção, retenção urinária, enurese, micções frequentes, hematúria � Lactentes CLÍNICA � Retenção urinária aguda � Complicar / revelar � Doença renal policística � Rim em ferradura � Divertículo vesical � Antecedentes pré e neonatais � História nutricional / Ingestão de fluidos � Fármacos (vitamina A, vitamina D, corticoides, diuréticos) � Imobilização � Suplementos minerais ANAMNESE � Doenças GI crónicas (DII, FQ, pós ressecção intestinal) � Doenças neurológicas (antiepiléticos, ingestão hídrica reduzida) � Anomalias do trato urinário (hidronefrose, megaureter, bexiga neurogénica – estase, infeção) � História familiar de litíase, hematúria, doença renal crónica, doenças hereditárias do metabolismo � Disponibilidade de ecografia e tomografia na avaliação de outras situações � Deteção de cálculos cada vez mais frequente � Avaliação detalhada e sistemática Avaliação morfológica do trato urinário AVALIAÇÃO IMAGIOLÓGICA � Avaliação morfológica do trato urinário � Alterações congénitas / adquiridas � Obstrução / estase � Radiologia convencional � Oxalato de cálcio e fosfato de cálcio – radiopacos � Estruvite (fosfato de amónio e magnésio) e cistina – densidade intermédia � Ácido úrico – radiolucentes AVALIAÇÃO IMAGIOLÓGICA Ácido úrico – radiolucentes � Fármacos (indinavir, ceftriaxone, sulfadiazina) e matriz proteica extracelular – densidade variável e difíceis de distinguir do tecido circundante � Ecografia � Facilmente disponível � Ausência de radiação ionizante � Anatomia trato urinário � Hidronefrose / outras malformações AVALIAÇÃO IMAGIOLÓGICA Geralmente a melhor Geralmente a melhor escolha inicial e a escolha inicial e a única necessáriaúnica necessária � Hidronefrose / outras malformações � Cálculos 1,5-2 mm � Menos sensível que tomografia � Cálculos de menores dimensões � Ureteres / pelve � Variabilidade inter e intra-observador � Pouca reprodutibilidade na monitorização da evolução da doença / tamanho dos cálculos � Tomografia computorizada � Radiação ionizante � Sedação � Mais sensível que ecografia � Monitorização independente do observador AVALIAÇÃO IMAGIOLÓGICA � Monitorização independente do observador � Exames contrastados (urografia computorizada, pielografia intravenosa, uretrografia retrógrada) � Suspeita de obstrução � Cálculos radiolucentes ou de baixa densidade � Delineação detalhada do trato urinário � Condições predisponentes � Hipercalciúria � Hiperoxalúria � Hipocitratúria AVALIAÇÃO LABORATORIAL � Avaliação sistemática � Identificação da condição subjacente � Terapêutica atempada e dirigida � Evicção de complicações � Algumas crianças têm mais do que um fator / condição subjacente � Rastreio dos familiares � Suspeita de doença hereditária do metabolismo � Urina � Avaliação de pH � Densidade � Análise microscópica de sedimento � Hematúria glomerular / não glomerular AVALIAÇÃO LABORATORIAL Hematúria glomerular / não glomerular � Contagem de GB � Deteção de cristais (cistina, fármacos, cálcio) � Urocultura � Doseamento de creatinina, cálcio, ácido úrico, oxalatos, fosfato, magnésio e citrato � Cistina (cromatografia de aa) � Sangue � Cálcio, fósforo, magnésio, ácido úrico, fosfatase alcalina, pH, bicarbonato e creatinina � PTH, vitamina D e seus metabolitos, vitamina A (hipercalciúria), oxalatos (hiperoxalúria primária) AVALIAÇÃO LABORATORIAL oxalatos (hiperoxalúria primária) � Estudos de genética molecular � Urina de 24 horas � Flutuações diurnas da dieta e ingestão hídrica � Colheita válida se volume adequado e excreção apropriada de creatinina (2 mg/kg ± 0,8 mg) � Recipiente apropriado com conservante (timol a 5% em COLHEITA DE URINA � Recipiente apropriado com conservante (timol a 5% em isopropanolol ou ácido hidroclorídrico 2N) � Conservar em local fresco (4ºC) durante o período de colheita � Amostra pontual � Lactentes e crianças pequenas � Relação de cada constituinte com a creatinina (U) � Manter a dieta e ingestão hídrica habitual � Presença de cálculos pode diminuir a excreção de material litogénico � Colheitas devem ser diferidas até um mês após infeção, obstrução ou litotrícia � Evitar colheita sob alimentação parentérica � Se amostra única, pela variabilidade habitual da dieta e ingestão COLHEITA DE URINA � Se amostra única, pela variabilidade habitual da dieta e ingestão hídrica – 3 amostras em dias diferentes � Valores normais de excreção têm variabilidade regional, cultural e inter-institucional Cálcio (todas as idades) < 0,1 mmol (4 mg)/kg Oxalato < 0,5 mmol (45 mg)/1,73 m2 Citrato M F >1,9 mmol (365 mg)/1,73 m2 > 1,6 mmol (310 mg)/1,73 m2 Ácido úrico (todas as idades) < 0,56 mg/dL por TFG VALORES DE REFERÊNCIA – URINA DE 24 HORAS Ácido úrico (todas as idades) < 0,56 mg/dL por TFG Magnésio > 0,04 mmol (0,8 mg)/kg Fosfato < 3 meses < 6 meses 2-15 anos < 3,3 mmol/L < 2,6 mmol/L < 2,44 mmol/L Cistina < 10 anos > 10 anos > Adultos < 55 umol (13 mg)/1,73 m2 < 200 umol (48 mg) < 250 umol (60 mg) Cálcio < 12 meses 1-3 anos 3-5 anos 5-7 anos > 7 anos mol/mol < 2 < 1,5 < 1,1 < 0,8 < 0,6 mg/mg < 0,81 < 0,53 < 0,39 < 0,28 < 0,21 Oxalato mmol/mol mg/g VALORES DE REFERÊNCIA – URINA PONTUAL 0-6 meses 7-24 meses 2-5 anos 5-14 anos > 16 anos < 325-360 < 132-174 < 98-101 < 70-82 < 40 < 260-288 < 110-139 < 80 < 60-65 < 32 Citrato 0-5 anos > 5 anos mol/mol > 0,25 > 0,15 g/g > 0,42 > 0,25 Magnésio mol/mol > 0,63 g/g > 0,13 Ácido úrico > 2 anos < 33 umol/l < 0,56 mg/dl � Espetroscopia por infravermelhos � Difração por raios X � Análise qualitativa após a eliminação � 1/3 é formado apenas por uma substância ANÁLISE DOS CÁLCULOS � Determinação de todos os componentes � Composição variável ao longo do tempo � Todos os cálculos, obtidos em episódios recorrentes, devem ser analisados � Após litotrícia – recuperação dos fragmentos por filtração da urina � Litíase secundária a DHM é rara mas mais grave que a secundária a infeção, malformação ou alteração nutricional � A sua identificação tem importantes consequências terapêuticas e de aconselhamento genético DOENÇAS HEREDITÁRIAS DOMETABOLISMO Quando suspeitar Início precoce Antecedentes familiares de litíase renal Consanguinidade Cálculos bilaterais e múltiplos Recidivas frequentes Nefrocalcinose associada Disfunção tubular Poliúria, atraso EP Acidose metabólica, défice de concentração Alterações extra-renais específicas � Hipercalciúria � Hipercalciúria hipocalcémica (AD; 3q13.3-q12, CASR) � Nefrocalcinose com hipercalciúria e hipomagnesemia familiar (AR; 3q27, 1p34.2, CLDN16, CLDN19) � Doença de Dent (X; Xp11.22, CLCN5) � Síndrome de Lowe (X; Xq.25-26, OCRL1) Síndrome de Bartter tipo 1 (AR; 15q15-q21.1, NKCC2) CONDIÇÕES ASSOCIADAS A UROLITÍASE � Síndrome de Bartter tipo 1 (AR; 15q15-q21.1, NKCC2) � Síndrome de Bartter tipo 2 (AR; 11q24, ROMK) � Síndrome de Bartter infantil com surdez neurossensorial (AR; 1p31, 1p36, BSND, CLCNKB) � Síndrome de Williams-Beuren (AD, ELN, LIMK1, RFC2) � Nefrolitíase e osteoporose associada a hipofosfatémia devido a mutação no co-transportador de sódio tipo 2 (?; 5q.35) � Hiperoxalúria � Hiperoxalúria primária tipo I (AR; 2q.37.3, AGXT) � Hiperoxalúria primária tipo II (AR; 9q.11, GRHPR) � Cistinúria � Cistinúria tipo A (AR; 2p q.16.3, SLC3A1) CONDIÇÕES ASSOCIADAS A UROLITÍASE � Cistinúria tipo A (AR; 2p q.16.3, SLC3A1) � Cistinúria tipo B (AR; 19q.13.1, SLC7A9) � Cistinúria tipo A/B (SLC3A1, SLC7A1) � Alteração do metabolismo das purinas e pirimidinas � Síndrome de Lesch-Nyhan (X; Xq26, HPRT) � Glicogenose tipo 1a (AR; 17q.21, G6PC) � Glicogenose tipo 1b (AR; 11q.23, SLC37A4) � Deficiência de adenina fosforribosiltransferase (AR; 16q.24.3, APRT) � Xantinúria clássica (AR; 2p.22, XDH) CONDIÇÕES ASSOCIADAS A UROLITÍASE � Acidose tubular renal distal � ATR AD (AD; 17q.21-q.22, SLC4A1, AE1) � ATR AR associado a perda auditiva (AR; 2cen-q13, ATP6B1) � ATR AR (AR; 7q.33-34, SLC4A1) � Hidratação � (2-3L/m2/dia – diurese 2-3mL/kg/hora) � Intervalos regulares durante o dia e a noite � Nutrição � Controlo ingestão sódio (NaCl) TRATAMENTO – MEDIDAS GERAIS � Controlo ingestão sódio (NaCl) � 4-8 anos: 1.2-1.9 g/dia � 9-18 anos: 1.5-2.3 g/dia � Ingestão de potássio (citrato de potássio, frutos e vegetais) � 4-8 anos: 3.8 g/dia � 9-18 anos: 4.5 g/dia � Na/K (u) < 2.5 � Controlo consumo proteínas de origem animal � Cálculos de cálcio � Hipercalciúria e hipocitratúria � Citrato de potássio (pH alcalino promove a formação de cálculos de fosfato de cálcio…) � Hidroclorotiazida TRATAMENTO FARMACOLÓGICO � Hiperoxalúria � Primária: hidratação, diuréticos tiazídicos, magnésio, citrato, (restrição), piridoxina, colonização intestinal com Oxalobacter formigenes � Secundária (idiopática, secundária a alteração GI): correção da patologia primária, restrição ingestão oxalato, aumento ingestão cálcio, colonização intestinal com Oxalobacter formigenes � Cistinúria � Excreção normal de cistina <30mg/dia � Homozigoto excreta 400-3000mg/dia � Solubilidade cistina 250mg/L (se excreção 750mg/dia – volume urinário 3L) � Hidratação diária regular TRATAMENTO FARMACOLÓGICO � pH urinário 7-7.5 (citrato) � Controlo ingestão sódio � D-penicilamina � Tiopronina � Captopril � Cálculos relacionados com infeção � Proteus spp., Staphylococcus aureus, Klebsiella spp. � Estruvite, apatite � Tratamento da infeção � Correção da anomalia trato urinário TRATAMENTO FARMACOLÓGICO � Correção da anomalia trato urinário � Remoção do cálculo � Cálculos de ácido úrico � Devido a excreção elevada / baixo pH urinário � Alcalinização (citrato potássio) � Dieta pobre em purinas TRATAMENTO FARMACOLÓGICO � A sintomatologia tem dois componentes � Aumento da pressão (dor; mecanismo direto) � Aumento do peristaltimo a montante (produção renal de prostaglandinas - aumento da diurese; mecanismo indireto) � Tratamento � Anti-inflamatórios (1ª escolha) CÓLICA RENAL � Anti-inflamatórios (1ª escolha) � AINES (efeito anti-inflamatório; analgésico direto e indireto por bloqueio da produção de prostaglandinas) – Acetilsalicilato de lisina � Corticoides – Prednisolona; metilprednisolona � Analgésicos � Paracetamol � Morfina � Anti-espasmódicos � Butilescopolamina � Hidratação � Controvérsia (adaptado a hidratação / diurese / sede) � Litotrícia extracorporal � Sob anestesia � 1ª escolha para cálculos <20mm (cistina <15mm) � Menor taxa de sucesso em cálculos nos cálices inferiores � Complicações: hematúria, equimose local, cólica renal, hematoma perirrenal TRATAMENTO CIRÚRGICO perirrenal � Nefrolitotomia percutânea � Cálculos de maiores dimensões ou complexos � Ureteroscopia � Cálculos alojados no ureter distal � Cirurgia convencional � Correção MNU � Cochat P, Baccheta J, Sabot JF, Bertholet A. Lithiase urinaire de l’enfant. Pédiatrie 2011; 4-086-D-10 � Evan AP. Physiopathology and etiology of stone formation in the kidney and the urinary tract. Pediatr Nephrol 2010;25:831-41 � Hoppe B, Kemper MJ. Diagnostic examination of the child with urolithiasis or nephrocalcinosis. Pediatr Nephrol 2010;25:403-13 � Straub M, Gschwend J, Zorn C. Pediatric urolithiasis: the current surgical management. Pediatr Nephrol 2010;25:1239-44 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Pediatr Nephrol 2010;25:1239-44 � Alon US. Medical treatment of pediatric urolithiasis. Pediatr Nephrol 2009;24:2129-35 � Attanasio M. The genetic components of idiopathic nephrolithiasis. Pediatr Nephrol 2011;26:337-46
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