Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caso 1. A.B.F., sexo masculino, 38 anos de idade, casado, raça caucasiana, motorista de caminhão, natural e residente em Soure. Recorreu à Consulta por alterações da ficha lipídica, estando assintomático. Nos antecedentes pessoais referiu hábitos tabágicos. História familiar: duas filhas de 19 e de 18 anos, ambas com valores de CT superior a 300 mg/dl e Apo B superior a 160mg/dl. Dois sobrinhos também com perfil lipídico e lipoproteico idênticos. Exame objetivo: bom estado geral, IMC 21, tensão arterial 130/80 mmHg, Ausência de xantomas, xantelasmas ou arco corneano. Abdómen depressível, indolor à palpação, sem organomegalias. Sem sopros. Membros inferiores com pulsos palpáveis Caso 2. F.S.M.F., sexo masculino, 28 anos de idade, solteiro, raça caucasiana, atleta profissional, natural e residente em Leiria. Sem hábitos tabágicos ou etílicos. Antecedentes familiares: Pai com A.V.C. aos 49 anos de idade, com repetição do acidente isquêmico há menos de um ano, um irmão com hipercolesterolemia grave, tio com enfarte agudo do miocárdio aos 46 anos de idade. Exame objetivo: bom estado geral, IMC 28, Apresenta arco corneano, xantelasmas, xantomas cutâneos localizados às regiões axilares e dorsais, P.A. 140/80 mmHg, Abdómen sem hepato ou esplenomegalia. Sem sopros audíveis. Membros inferiores com pulsos palpáveis, apresentando xantoma tendinoso e alargamento dos tendões calcâneos, com 5 cm HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR Motivos? Suspeita de diagnóstico: Transporte de colesterol por lipoproteínas A doença: -O gene do RLDL localiza-se no cromossomo 19 e codifica uma proteína de 839 aminoácidos. Mutações: Mais de 900 mutações foram encontradas: Cinco tipos funcionais: • tipo 1 – causam deficiência na síntese do receptor; • tipo 2 (mais comum) – aquelas que originam proteínas incapazes de ser transportadas entre o retículo endoplasmático e o Complexo de Golgi ou produzem proteínas capazes de ser transportadas, mas em quantidades muito baixas ; • tipo 3 –originam proteínas que alcançam a superfície da célula, mas não têm capacidade de ligação; • tipo 4 – raras, produzem receptores que podem ligar LDL, mas não são interiorizadas; • tipo 5 – produzem receptores que têm a capacidade de ligação à LDL, são internalizados, mas não liberam as LDL nos endossomos, impedindo a reciclagem dos receptores Padrão : autossômico dominante • heterozigose: 0,2% (1/500) •homozigose: 0,0001% (1/1.000.000 Outras hipercolesterolemias hereditárias: •APO B (ligante do receptor na lipoproteína): doença DFB • PCS K9 (degradação do receptor de LDL): doença FH3 • Genes ABCG5 eABCG8 (controle da absorção intestinal e excreção hepática do colesterol): doença Sitosterolemia • Gene ARH (proteína que possui um domínio ligante ao domínio citoplasmático do LDLR e favorece a captação do colesterol plasmático) : Hipercolesterolemia Recessiva Autossômica Diagnóstico clínico e Diagnóstico Genético Xantelasma e Xantoma Tendinoso Arco Córneo TRATAMENTO Objetivo: Redução dos níveis de LDL NÃO FARMACOLÓGICO Atividade física : Manutenção ou redução de peso Melhora na tolerância a glicose e na sensibilidade a insulina Benefícios psicológicos Ajuda Regulação Pressão Arterial Elevação do HDL Interromper alcoolismo e tabagismo Dieta: Redução de gorduras – principalmente saturadas - e colesterol Redução de quantidade de calorias . Restringir alimentos de origem animal: Leite e derivados, carnes vermelhas gordurosas. Consumir ácidos graxos insaturados: Ômega-6 -Óleos Vegetais: girassol, milho e soja Ômega-3 - Peixes: salmão, sardinha, arenque Ômega-9 - Azeite de oliva, oleaginosas, abacate Aumentar consumo de fibras solúveis: Pectina (frutas), gomas (aveia, cevada), leguminosas (feijão, ervilha) FARMACOLÓGICO • Estatinas - inibidores da HMG CoA redutase • Resinas • Ácido nicotínico • Fibratos • LDL Aférese – Refratários ou intolerantes à terapêutica HF severa – Em geral Homozigotos • Terapia gênica ACONSELHAMENTO GENÉTICO • Histórico familiar de doença cardiovascular precoce associado a alta incidência da doença na família – Pai, avó paterna, tios paternos... • Famílias com histórico de HF, o aconselhamento genético tem grande utilidade, principalmente se ambos os pais forem afetados • Ajuda na detecção precoce da doença, assim como no controle da doença desde os primeiros anos de vida, prevenindo doença cardiovascular e permitindo extensão da expectativa de vida. BIBLIOGRAFIA • Familial hypercholesterolemie, An educational booklet for patients with familial hypercholesterolemia.Dr. Leiv ose. Disponível no site http://www.learnyourlipids.com , novembro de 2011 . • Hypercholesterolemia – beyond pharmacological treatment , Mariana de Bastos Fernandes ; • Mestrado integrado em Medicina. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, ICBAS, fevereiro de 2011. • http://www.spmi.pt/revista/vol06/vol6_n3_1999_159-163.pdf • http://painel-colesterol.blogspot.com/2008/11/o-mecanismo-de-transporte-do- colesterol.html • http://www.sistemanervoso.com/pagina.php?secao=5&materia_id=38&materiaver=1 • http://www.youtube.com/watch?v=6d4gcmtijoA&feature=relmfu • Vieira J.R.S, 2005. Hipercolesterolemia e Risco Genético para Doença Arterial Coronária. NewsLab edição 72;166-130,2005. • SILVA, AMILCAR; FORTUNA, JORGE; MOURA, VEIGA; MIRANDA, ODETE; COELHO, ÁLVARO; FERREIRA, MARIO RUI; MIRALDO, MANUEL. • Hipercolesterolemia primária. Medicina Interna.Vol.06, N.03,199 • FORTI, Neusa ; DIAMENT, Jaime ; GIANNINI, Sergio Diogo ; HIRATA, M. H. ou HIRATA, M. ; HIRATA, Rosario Dominguez Crespo . Alterações genéticas e • Colesterolemia:Recentes Estudos Brasileiros. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, SÀo Paulo, v. 80, n. 5, p. 565-571, 2003
Compartilhar