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Imunodeficiências Sarah Falcão Imunologia Médica O que é imunodeficiência? O que é imunodeficiência? Distúrbios graves e muitas vezes fatais provocadas por defeitos em um ou mais componentes do sistema imune. Qual a principal consequência da imunodeficiência? História típica: infecções frequentes História típica: infecções frequentes A pergunta necessária: imunodeficiência? Aumento da frequência de infecções Exposição aumentada: condições precárias de higiene, superpopulação e promiscuidade; Aumento da frequência de infecções Exposição aumentada: condições precárias de higiene, superpopulação e promiscuidade; Defeitos anatômicos: cardíacos (congênitos ou adquiridos), urinários (estenose), fenda palatina, não fechamento do tubo neural; Aumento da frequência de infecções Exposição aumentada: condições precárias de higiene, superpopulação e promiscuidade; Defeitos anatômicos: cardíacos (congênitos ou adquiridos), urinários (estenose), fenda palatina, não fechamento do tubo neural; Corpos estranhos: cateteres (venosos, urinários), válvulas (cardíacas, ventriculares), acidentais; Aumento da frequência de infecções Exposição aumentada: condições precárias de higiene, superpopulação e promiscuidade; Defeitos anatômicos: cardíacos (congênitos ou adquiridos), urinários (estenose), fenda palatina, não fechamento do tubo neural; Corpos estranhos: cateteres (venosos, urinários), válvulas (cardíacas, ventriculares), acidentais; Alterações tegumentares: anatômicas (eczema, cílio imóvel), alteração da flora (antibióticos); Aumento da frequência de infecções Exposição aumentada: condições precárias de higiene, superpopulação e promiscuidade; Defeitos anatômicos: cardíacos (congênitos ou adquiridos), urinários (estenose), fenda palatina, não fechamento do tubo neural; Corpos estranhos: cateteres (venosos, urinários), válvulas (cardíacas, ventriculares), acidentais; Alterações tegumentares: anatômicas (eczema, cílio imóvel), alteração da flora (antibióticos); Drogas: imunossupressores, antibióticos, quimioterápicos; Aumento da frequência de infecções Exposição aumentada: condições precárias de higiene, superpopulação e promiscuidade; Defeitos anatômicos: cardíacos (congênitos ou adquiridos), urinários (estenose), fenda palatina, não fechamento do tubo neural; Corpos estranhos: cateteres (venosos, urinários), válvulas (cardíacas, ventriculares), acidentais; Alterações tegumentares: anatômicas (eczema, cílio imóvel), alteração da flora (antibióticos); Drogas: imunossupressores, antibióticos, quimioterápicos; Imunodeficiência!!! Quando suspeitar que o aumento da frequência de infecções pode ser devido à imunodeficiência? Altamente sugestivos Infecções crônicas; Infecções recorrentes; Agentes infecciosos pouco usuais ou oportunistas; Cura incompleta entre episódios; Resposta incompleta ao tratamento. Sinais clínicos associados às imunodeficiências Moderadamente sugestivos Lesões cutâneas (eczema, exantemas, candidíase); Diarréia crônica; Crescimento deficiente; Hepatoesplenomegalia; Abscessos recorrentes; Osteomielite recorrente. Sinais clínicos associados às imunodeficiências Classificação Congênitas ou primárias Adquiridas ou secundárias Classificação Congênitas ou primárias: defeitos genéticos que geram aumento de susceptibilidade à infecção. • Alterações gênicas; • Ausência de enzimas; • Ausência de fator de transcrição; • Alteração celular. Classificação Congênitas ou primárias: • Manifestado no início da infância e adolescência; • As vezes é clinicamente diagnosticada mais tarde; • Nos EUA, 1 em cada 500 nasce com defeito em algum componente do SI. Classificação Adquiridas ou secundárias: não são herdadas. • Desnutrição; • Câncer disseminado; • Tratamento com imunosupressores; • Infecção das células do sistema imune (principalmente o HIV). Características gerais imunodeficiências primárias Aumento da susceptibilidade à infecção; Susceptíveis a certos tipos de câncer; Há casos de associação com o aumento de doenças autoimunes (mecanismo não conhecido); Pode resultar dos defeitos no desenvolvimento ou ativação de linfócitos; Ou resultar dos defeitos nos mecanismos efetores da imunidade inata e adaptativa. O que causa as imunodeficiências primárias? RA Goldsby et al. Kuby Immunology. ´5th edition, WH Freeman NY, 2003 Alterações do cromossomo X RA Goldsby et al. Kuby Immunology. ´5th edition, WH Freeman NY, 2003 Alterações do cromossomo X Mulheres heterozigotas? Qual a natureza dos defeitos nas imunodeficiências primárias? Defeitos no desenvolvimento dos linfócitos Defeitos no processo de ativação dos linfócitos Defeitos na regulação da resposta imune Defeitos na efetuação da resposta imune Imunodeficiências primárias Defeitos na RI inata RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 4th edition, WH Freeman NY, 2000 Afetam a via do complemento ou os fagócitos. Defeitos do SI – RI inata Defeitos no complemento (imunidade inata) Nas vias clássicas, alternativas do complemento ou na via das lectinas. Proporcionam infecções bacterianas recorrentes (principalmente as encapsuladas). RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 4th edition, WH Freeman NY, 2000 INATA Doença granulomatosa crônica Mutações nos componentes do complexo enzimático da oxidase fagocitária (phox). Padrão de origem recessiva ligada ao X (mais comum) ou autossômico recessivo. Ligada ao X: mutação no gene que codifica a subunidade 91kD α do citocromo b558 (proteína integral também conhecida como phox-91). Doença granulomatosa crônica Mutações autossômicas recessivas: mutações nos genes dos outros componentes do complexo phox. Produção defeituosa das ROS. Os fagócitos não conseguem destruir os patógenos fagocitados sem a phox. Infecções recorrentes: bactérias e fungos intracelulares (desde a primeira infância). Doença granulomatosa crônica A infecção generalizada estimula RI mediada por células crônicas: ativação de células T. Células T ativam macrófagos que formam granulomas. Doença é fatal mesmo com terapia agressiva com antibióticos. Doença granulomatosa crônica O IFN-g aumenta a transcrição do gene que codifica o phox- 91 e também estimula outros componentes do complexo enzimático da oxidase fagocitária. Estimula produção de superóxido pelos PMNs normais e os PMNs CGD. Terapia com IFN-g é usada como tratamento de CGD ligada ao X. RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 4th edition, WH Freeman NY, 2000 INATA RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 4th edition, WH Freeman NY, 2000 INATA Deficiências de adesão de leucócitos Grupos de distúrbios autossômicos recessivos. Defeitos nas moléculas de adesão leucocitária e endoteliais. Há tipos diferentes de deficiências de adesão leucocitária. Mutações em genes diferentes. RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 4th edition, WH Freeman NY, 2000 INATA HUMORAL E CELULAR No desenvolvimento dos linfócitos: mutaçõesgenéticas codificam variedades de moléculas (enzimas, adaptadores, proteínas de transporte, fatores de transcrição). Defeitos do SI – RI adaptativa No desenvolvimento dos linfócitos: mutações genéticas codificam variedades de moléculas (enzimas, adaptadores, proteínas de transporte, fatores de transcrição). No desenvolvimento dos LB: anticorpos deficientes (níveis reduzidos de imunoglobulina sérica (Ig), resposta de anticorpos defeituosos à vacinação), números reduzidos de células B na circulação ou tecidos linfoides. Defeitos do SI – RI adaptativa No desenvolvimento dos linfócitos: mutações genéticas codificam variedades de moléculas (enzimas, adaptadores, proteínas de transporte, fatores de transcrição). No desenvolvimento dos LB: anticorpos deficientes (níveis reduzidos de imunoglobulina sérica (Ig), resposta de anticorpos defeituosos à vacinação), números reduzidos de células B na circulação ou tecidos linfoides. Na maturação e função dos LT: deficiência de imunidade mediada por células e podem também resultar na produção reduzida de anticorpos. Defeitos do SI – RI adaptativa Processo de desenvolvimento de linfócitos LT + LB: imunodeficiência combinada grave LB: agamaglobulinemia ligada ao cromossoma X LT: síndrome de DiGeorge Defeitos no desenvolvimento de linfócitos Processo de ativação de linfócitos LB: deficiências seletivas de isótipos de imunoglobulinas (IgA e IgG) LB: síndrome de hiper-IgM ligada ao cromossomo X LT: doença linfoproliferativa ligada ao cromossomo X MHC I: mutação de TAP e redução da expressão de MHC I MHC II: síndrome do linfócito desnudo Defeitos na ativação de linfócitos Exemplos de imunodeficiências primárias... Imunodeficiência combinada grave www.sciencemuseum.org.uk RA Goldsby et al. Kuby Immunology. ´5th edition, WH Freeman NY, 2003 SCID ligado ao X IL-7R, IL-15R (NK) Ausência de anticorpos por falta de auxílio das células T. RECESSIVA AUTOSSÔMICA Cadeia alfa do IL-7R Mas não NK! ARTEMIS Imunodeficiência combinada grave (SCID) AUSÊNCIA DE RECOMBINAÇÃO V(D)J Mutações recessivas autossômicas nos componentes da sinalização de citocinas: mutação no gene da cadeia alfa do IL-7R ou na JAK3 cinase. Ausência da recobinação V(D)J: - Mutações nos genes das RAG1 e RAG2 ou gene da ARTEMIS: recessiva autossômicas raras. Ausência de LT e LB. - Mutação na DNAligase (fazem junção final de reparo) - Aumento da sensibilidade celular à radiação, microcefalia, dismorfismos faciais, desenvolvimento de dente defeituoso. Imunodeficiência combinada grave Falha no MHC II: sem ativação de LT CD4+. Falha no MHC I: defeito na TAP-1 e 2 (transportador associado ao processamento de antígeno – transporte de antígeno do citosol para o RE). - Lesões granulomatosas, necrotizantes na pele e infecções bacterianas no trato respiratório, mas não virais, o que é surpreendente pois LT CD8 é a principal defesa contra os vírus. Imunodeficiência combinada grave Imunodeficiência combinada grave Aplasia tímica (timo mal desenvolvido). Infecções fatais nos primeiros anos de vida: diarréia, pneumonias. Tratamento: transplante de medula óssea. Síndrome de DiGeorge RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 5th edition, WH Freeman NY, 2003 Síndrome de DiGeorge A doença é provocada por supressão no cromossomo 22q11. Falha ou desenvolvimento incompleto e defeituoso do primórdio do timo leva a um desenvolvimento defeituoso do LT. Leva à deficiência de maturação dos LT, ausência de glândulas paratireoides, por isso homeostase do cálcio anormal, e tremor muscular, desenvolvimento anormal dos grandes vasos e deformidades faciais. Síndrome de DiGeorge LT ausentes ou reduzidos no sangue periféricos, as células não respondem aos ativadores, os níveis de anticorpos normalmente são normais, mas podem ser reduzidos em pacientes gravemente afetados. Susceptíveis a micobactérias, infecções virais e fúngicas. Os pacientes podem apresentar graus variáveis da doença. Síndrome de DiGeorge Pode ser corrigida por transplante fetal do timo, transplante de medula, mas não é necessário pois a função dos LT tendem a melhorar. Essa doença dura até os 5 anos de idade, pois alguns locais extratímicos (não definidos), assumem a função da maturação dos LT. Ou o tecido tímico pode desenvolver-se em locais atípicos. Não se sabe ao certo. Síndrome de DiGeorge RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 5th edition, WH Freeman NY, 2003 Camundongo nude, defeito hereditário, atímico (sem timo), defeito em determinadas células epiteliais na pele, por isso não tem pelos. Mutação no gene FoxN1. RA Goldsby et al. Kuby Immunology. 4th edition, WH Freeman NY, 2000 INATA HUMORAL Agamaglobulinemia ligada ao X RA Goldsby et al. Kuby Immunology. ´5th edition, WH Freeman NY, 2003 (Enzima) (Pré-BCR) Agamaglobulinemia ligada ao X Também chamada de doença de Bruton, provoca ausência de LB e de gamaglobulina no sangue. Mutações e deleções no gene da enzima chamada bruton tirosina cinase (Btk), que uma vez deficiente não gera sinais de transdução do receptor pré-BCR necessário para sobrevivência e desenvolvimento em pré-B. Uma das imunodeficiências congênitas mais comuns. Agamaglobulinemia ligada ao X Imunoglobulina sérica baixa ou indetectável, células reduzidas ou ausentes no sangue periférico e tecidos linfoides, sem centros germinativos nos linfonodos. Os LT são geralmente normais (função e números normais), mas há n° reduzido de LT ativadas, devido a redução da apresentação pela falta de LB. 20% dos pacientes apresentam autoimunidade mas não se sabe o motivo. Agamaglobulinemia ligada ao X Tratamento: injeções periódicas de preparações de gamaglobulina agrupadas (anticorpos pré-formados contra patógenos comuns e fornecem imunidade passiva eficaz). RA Goldsby et al. Kuby Immunology. ´5th edition, WH Freeman NY, 2003 Hiper-IgM ligada ao X Burmester GR et al. Color Atlas of Immunology. Thieme, 2003 Hiper-IgM ligada ao X Hiper-IgM ligada ao X Não há mudança para isotipos IgG e IgA, portanto, são ausentes ou reduzidos. O principal isótipo detectado é o IgM. Defeitos na imunidade mediada por células. Aumento de infecções. Exemplos de imunodeficiências secundárias... Imunodeficiências secundárias AIDS Malária Sarampo Mononucleose Sífilis Rubéola Varicela Paracoccidioidomicose IMUNOSSUPRESSÃO ↓ INFECÇÕES OPORTUNISTAS Desnutrição Viroses: sarampo, rotavirose, infecções respiratórias, herpes. Infecções bacterianas: respiratórias, diarréias, tuberculose, hanseníase. Parasitoses: intestinais, leishmaniose, tripanossomose, esquistossomose. Resposta diminuída a vacinas. Redução de linfócitos T, fagocitose, IgA secretória, complemento Diabetes Suscetibilidade aumentada a infecções piogênicas (pus) infecções graves e de curso prolongado. Redução: capacidade fagocitária de neutrófilos, quimiotaxia, metabolismo oxidativo. Operações, cirurgias e anestesias Aumento transitório da suscetibilidade a infecções. Aumento cortisol sérico. Linfopenia (2h a 4 dias). Hipofunção de linfócitos T citotóxicos (1 a 6 dias). Senescência Frequência e gravidade aumentadas: gripe,pneumonias, infecções urinárias, neoplasias. Resposta deficiente a vacinas. Deficiência de linfócitos T e anticorpos. Gestação Redução resistência a algumas viroses: gripe, varicela, poliomielite e hepatite. Remissão de doenças autoimunes (LES, AR, MG). Hipofunção de LT. Normal: LB e imunoglobulinas. Hiperfunção: fagocitose, atividade bactericida, complemento. Prematuridade Infecções frequentes, graves, disseminadas, prolongadas por agentes de baixa virulência. Candidíase. Ausência de aumento de órgãos linfoides. Imaturidade funcional de LT e LB.
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